domingo, 2 de agosto de 2009

O FIM OU COMEÇO?


Se consultarmos um dicionário de Mitologia pode-se ler: “Arthur, rei da Bretanha, filho de Uther Pendragon e de Ygrein, criado por Antor e casado com Guinevere – a loira”.
Porém, na realidade, Guinevere não era loira, nem ruiva. Tinha cabelos castanhos, olhos escuros e pele branca.
O próprio Arthur (pronunciava-se Árthur - como até hoje) também não era ruivo, mas cabelos num castanho claro, quase beirando o loiro e de olhos azuis.
Media quase 2 metros de altura e, como quase todos os cavaleiros da Távola Redonda, era dotado de força física incomum.
Os historiadores apresentam datas totalmente equivocadas para o nascimento e morte de Arthur. Por isso, suas conclusões e análises são igualmente improcedentes.
A memória da natureza mostra claramente que Arthur nasceu em 454 e morreu em 508, com 54 anos, ferido à traição em combate contra Mordred em sua décima terceira batalha. E quando se fala que Arthur lutou em 13 batalhas, isso se refere somente as "grandes batalhas", onde o rei e seus melhores cavaleiros matavam, cada um, sozinhos, entre 250 e 300 inimigos.
Na última batalha, Arthur foi ferido mortal e traiçoeiramente no rim direito por seu filho bastardo, Mordred.
Após haver pedido a Perceval que devolvesse Excalibur à Dama do Lago, Arthur foi levado à Avalon, acompanhado de várias mulheres da ilha jinas de Avalon e seu inseparável amigo e mentor Merlin. A morte de Arthur foi um acontecimento chocante na época.
Dessa última batalha apenas sobreviveu Perceval, e Arthur viu nessa batalha seus irmãos de armas tombarem, um a um, até ele mesmo ser atingido.
Perceval sobreviveu, mesmo muito ferido, porque tinha a missão de realizar as cerimônias fúnebres dos companheiros mortos. Arthur foi cremado na misteriosa Avalon.

Seja como for, numa época em que magia e mistério se mesclavam com o mundo comum e corrente, Arthur é o personagem central do ciclo que leva seu nome.
Segundo as suposições de vários historiadores, sua genealogia é bem pródiga e difícil de narrar. Dizem que teve pelo menos duas irmãs: Enna (ou Morcades, casada com o rei Loth, mãe de Gwain, Agawain e Gaheris) e Morgana.
De seu casamento com Guinevere não teve filhos [isso é verdade]. Mas, dizem, foram filhos ilegítimos de Arthur: Anir, Loholz e Mordred [apenas Mordred]. Mordred é fruto de um incesto com Morcades [não é verdade; foi adultério e Morcades ou Morkause não era irmã de Arthur], quem seduziu o irmão (Arthur), usando filtros, encantamentos e feitiços [sim, isso é verdade] - prática muito comum na época entre os celtas - com um propósito bem definido: conceber um filho de Arthur para sucedê-lo no trono, já que Guinevere não era fértil (ou sua fertilidade fora abortada por sortilégios mágicos da própria Morcades)[isso foi verdade].
Bem, tudo isso são histórias e lendas. Disso tudo, o importante mesmo é que Arthur fora preparado para cumprir uma missão cósmica, na qual foi bem sucedido, apesar de haver cometido alguns erros, como o adultério com Morkause do qual nasceu Mordred, cuja educação, a cargo de Morkause, voltou-se unicamente para derrubar Arthur do Trono Bretão.



“Voltarei quando a Bretanha precisar de mim".


Com essa frase histórica, segundo as lendas inglesas, Arthur, o maior de todos os reis de sua história abandonou este mundo, depois de transformar a vida dos habitantes por completo, com a unificação das ilhas, e expulsão dos invasores, trazendo à glória.
E por que não dizer, também os conduzindo à queda.

Teriam, esses fatos, realmente acontecido?

Não importa. Uma lenda fora forjada atravessando sua época e trazendo a mística, os ideais de cavalaria e a busca incessante por um mundo melhor, próspero e justo.
Os efeitos de Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda ecoam até hoje como simpáticos,
não importa quanto tempo passe, ou quantas vezes os escutemos.
Decerto, quem os escuta, nunca os esquece.

"Este é o segredo de todo o sucesso. Aí reside a magia."

Os trovadores – figuras folclóricas, que sempre foram retratados em livros como condutores de entretenimento para as cortes de todo o mundo – na verdade fazem muito mais, sendo para o povo o que Merlin foi para Arthur: conselheiros.
Havia alguma coisa errada na vida de um camponês?
Bastava ouvir uma canção a respeito das virtudes de Arthur,
e o simples homem do campo ganhava força para continuar.
Orgulhoso pela forma que a vida mostrava-se próspera?
Bastava um simples exemplo de falha por parte de um cavaleiro da Távola
e o orgulho era trocado pela cautela e prudência.
Em um tempo em que não haviam escolas, e que apenas os mais ricos podiam aprender,
os trovadores levaram o ensino às ruas, constituindo não somente a fama de uma lenda,
mas toda uma revolução no comportamento do povo bretão.

Arthur voltará? Com certeza, pois ele nunca foi embora.
Habita os corações e mentes da humanidade, um a um. Dormindo.
Aguardando, esperando que seja necessário, trazer seus ideais mais uma vez à tona,
e conduzir cada um novamente a glória.

Só depende de cada um de nós fazê-lo.
E não existiu ou existirá hora melhor que agora.

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