terça-feira, 18 de agosto de 2009

O SANTO GRAAL XI


Nasceu o Buscador.
O Ego que não estava acostumado alguém a ditar normas,
sente o seu poder e tenta lutar,
procura por todos os meios não perder o que conquistou até aquela data.
No entanto, o Buscador pensa diferente e ele é um ser altruísta.
Ele dá sem desejar nada em troca e o Ego não estava percebendo.
É como a humanidade que muitas vezes
encontra-se cega para determinados atos de Amor e Sabedoria.
O leitor nesse ponto deve parar para refletir e perguntar:
- O que é o Graal? Qual a sua forma?
- Onde o mesmo se encontra?
- Como poderemos alcançá-lo?
Continuemos nossa leitura.

O Rei Arthur enfrentando seus inimigos


Sexta Etapa
- O Nascimento do Observador -

- Eu lhes disse - prosseguiu Merlim - que a motivação do buscador era ser capaz de ver, e isso logo emerge. A sexta etapa, o nascimento do observador, está logo abaixo da superfície de qualquer buscador. A busca por si só não encerra nenhuma realização; a vida seria seca e frustrante se vocês buscassem e nada encontrassem. Afortunadamente, no plano divino, todas as perguntas trazem consigo suas respostas, todas as metas vêm a serem encontradas na origem. Tão logo você verdadeiramente pergunte. Onde está Deus? Você verá a resposta.
“ Não quero iludi-los aqui. O nascimento do observador é tão revolucionário quanto qualquer um dos anteriores. Ele significa a extinção do ego, a extinção de toda identificação externa”.“ Imaginem que sua vida é um filme projetado sobre uma tela em branco. Enquanto estiverem dominados pelo ego, vocês se concentrarão nas imagens que se movem e as considerarão reais. Quando o observador entra em cena, vocês começam a perceber a irrealidade delas. Mas com o nascimento do observador, vocês se voltam e olham para a luz. A auto-imagem agora é vista pelo que ela é, uma insignificante projeção transformada em realidade pela necessidade desesperada do ego de atribuir importância à mente e ao corpo restringidos pelo tempo”.
" O observador enxerga através dessa motivação e não mais se deixa influenciar por ela. Em vez de verem a si mesmos como carne e osso abrigando um espírito, um fantasma dentro de uma máquina, vocês compreendem que tudo é espírito. O corpo é espírito amalgamado numa forma que os sentidos podem sentir, ver e cheirar; a mente é o espírito numa forma que pode ser ouvida e compreendida. O espírito, em sua forma pura, não é nenhuma dessas coisas e só pode ser percebido pela intuição refinada. Certamente vocês já ouviram a frase:
'Aqueles que O conhecem não falam Dele; aqueles que falam Dele não O conhecem.' Esse é o mistério do espírito”.
- Mas você não está falando Dele neste exato momento? -perguntou Galahad, parecendo confuso.
- Não da maneira que você possa pensar. Quando falo sobre uma rocha, você pode vê-la e tocá-la. Quando falo do espírito, estou apontando em direção a um mundo invisível. Setas de luz voam desse mundo em direção a nós para inflamar nossas almas, mas não podemos mandar de volta setas de pensamento.
- Isso parece muito misterioso - murmurou Percival.
- A rosa seria misteriosa se você só pudesse pensar nela e nunca experimentá-la. O espírito é uma experiência direta, mas ele transcende este mundo. Ele é o silêncio puro combinando-se ao potencial infinito. Quando você obtém o conhecimento de qualquer outra coisa, você obtém o conhecimento de alguma coisa; quando você obtém o conhecimento do espírito, você se toma o próprio conhecimento. Todas as perguntas cessam porque você dá consigo no útero da realidade, onde tudo simplesmente é. Quando o olhar do observador cai sobre alguma coisa, esta é simplesmente aceita pelo que ela é, sem ser julgada.
“ Não existe uma necessidade do ego de tomar, possuir ou destruir. Na ausência do medo, essas motivações não se manifestam, porque a necessidade de possuir nasce da falta. Quando você não tem nenhuma carência a preencher, simplesmente estar aqui neste mundo, em seu corpo, é a mais elevada meta espiritual que você possivelmente poderia alcançar”.
“ Percival e Galahad ficaram muito impressionados com essa parte do discurso de Merlim. Eles haviam seguido as primeiras etapas com atenção, mas o ego, o empreendedor e o doador já lhes eram familiares. Quando o mago falou sobre o buscador, os dois cavaleiros viram a si mesmos como eram naquele momento. O observador, contudo, encheu-os de admiração, como se fossem exploradores chegando ao topo de uma montanha e examinando um novo e vasto horizonte há muito esperado, porém ainda não experimentado”.
- Eu quero ser esse observador do qual você fala - declarou ardentemente Galahad.
Merlim concordou com a cabeça.
- O que significa que você está pronto para isso. Para o mago só existem três tipos de pessoas: aquelas que ainda não vivificaram o Ser puro, aquelas que o experimentaram, e aquelas que o exploraram completamente. Você o experimentou e agora deseja explorá-lo. Para você este mundo começará a desaparecer como uma coisa sólida e a retroceder na luz esmagadora do Ser. Numa terra distante chamada Índia, as pessoas dizem que a vida comum se torna pálida diante de Deus, como a vela que parecia brilhar num quarto escuro mas se torna invisível quando trazida para o sol do meio-dia. - Ele se voltou para Percival.
- E eu o estou incluindo também neste estágio, não importa como você possa imaginar que eu o julguei.
Percival ficou vermelho e depois gaguejou:
- Como será essa nova vida?
- Como sempre, ela parecerá um novo nascimento. O observador difere do buscador por não mais ter que selecionar e escolher. O buscador ainda está envolvido numa ilusão quando sai por aí dizendo: "Deus está aqui, Deus não está aqui".
O observador, por outro lado, vê Deus na própria vida. A longa guerra interior finalmente terminou, e o descanso chega para o guerreiro. Em lugar da luta, você vivência todos seus desejos se tomarem realidade naturalmente e sem esforço. Não existem sinais externos que definam quem são os observadores entre nós, mas interiormente eles se sentem abertos e satisfeitos, eles permitem que os outros sejam quem querem ser, que é a forma mais elevada de amor, não colocam empecilhos às outras pessoas e aos acontecimentos, e abandonaram totalmente o senso egoísta do "eu".
Nasceu o Observador, o Ego extinguiu-se.
Quem virá agora? Qual a surpresa que o Mago nos reservou?
Segue...

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