sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O SANTO GRAAL XXXIII - JOSÉ DE ARIMATÉIA

Nos artigos escritos, em muitos deles aparecem à figura de José de Arimatéia.

O seu nome algumas vezes é confundido com o de Tiago (o Justo) irmão de Jesus e em outras com Lázaro. Mas quem seria José de Arimatéia, esse homem que ousou solicitar a Pilatos o corpo de Jesus para enterrá-lo?

Devido a essa pergunta achei por bem trazer à baila, alguns dados sobre essa figura algumas vezes controvertida que é citada na Bíblia e ligada ao nome de Jesus e ao do Santo Graal.







José de Arimatéia, um “judeu cristão”







No Evangelho de Pedro, cuja primeira cópia foi localizada em um vale do Alto Egito em 1886, embora ele seja mencionado pelo Bispo da Antioquia em 180 d.C., de acordo com este Evangelho Apócrifo, José de Arimatéia era amigo íntimo de Pilatos e que a tumba onde foi enterrado Jesus, situa-se em uma localidade chamada “O Jardim de José”. E as últimas palavras de Jesus na cruz são particularmente chocantes: “Meu poder, meu poder, por que me desamparaste?” (Evangelho de Pedro 5:5).
José de Arimatéia era um homem rico e membro proeminente do conselho (Sinédrio), Colégio onde se reuniam os mais altos magistrados do povo judeu, formava a suprema magistratura judaica. Tinha o poder para pronunciar a condenação à morte, que devia, então, ser executada pelo procurador da Judéia. O Sinédrio era composto de 71 membros dividido em três classes: a dos anciões, representantes da aristocracia leiga; os pontífices e os escribas, geralmente do partido dos fariseus. O Sumo Sacerdote era o Presidente. Foi o referido conselho que efetuou a condenação de Jesus.
José tinha muitas qualidades admiráveis. Ele era um homem justo e bom que esperava o reino de Deus. Ele se destacou entre os seus companheiros para crer em Jesus. Ele não permitiu que nomes como “blasfemo”, “samaritano”, “enganador” e “poder de Belzebu”, o dispusessem contra Jesus.

Quando o Conselho havia condenado a Jesus entregando-o a Pilatos para a sentença de morte, José “não tinha concordado com o desígnio e ação” (Lucas 23:51).

Com a morte de Jesus e a necessidade de ter um enterro decente, José “Dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José.” diz Marcos (15:43).

McGarvey fala acerca do ato de coragem de José: “É estranho que aqueles que não tinham medo de ser discípulos tiveram medo de pedir o corpo do Senhor, mas aquele que teve medo de ser discípulo não temeu fazê-lo” (The Fourfold Gospel, p.735).

Nicodemos era o Chefe dos judeus, fariseu, também membro do conselho. João em seu relato teve o cuidado de identificar o Nicodemos como aquele que ajudou no enterro de Jesus. Nicodemos, assim como José, tinham muitas excelentes qualidades. Nicodemos bem como José, não haviam confessado abertamente a sua fé em Cristo por temer represálias, mantendo esse amor em segredo. Na morte de Cristo, entretanto, corajosamente uniu-se a José no enterro, Nicodemos forneceu os ungüentos e José o túmulo.
O enterro de Jesus foi repleto de incenso, de gestos de coragem e de realeza. Realeza de quem veio para servir. E de muito suor dos acompanhantes. Eles intercederam pelo corpo, desceram-no da cruz, sepultaram e moveram a pesada pedra do sepulcro.
O sepultamento de Jesus não só obedeceu a ritos profanos bem como religiosos, próprios do judaísmo e do contexto religioso e político daqueles momentos terríveis.
José de Arimatéia foi quem “oficiou” as exéquias de Jesus, amigo de Nicodemos (Naqdimon ben Gurion), era chamado de Iossef de Ramataim, discípulo secreto de Iehoshua bem Iossef, de Jesus de Nazaré.
Segundo alguns historiadores, José era do vilarejo de Ramataim, em grego Arimathaia, de localização incerta. O sentido hebraico da palavra Ramataim designa a altura (ram) dupla (staim), a Dupla Elevação, designando provavelmente uma cidade possuindo dois bairros situados em colinas vizinhas.


Vitrail de José de Arimatéia portando duas galetas




Após a morte de Jesus, no que pesem as terríveis circunstâncias políticas e humanas implicadas, num lance de ousadia e de quem não deixa intimidar-se, José de Arimatéia vai pessoalmente reclamar junto a Pôncio Pilatos a liberação do Corpo de Jesus para dar-lhe sepultamento e cumprir os ritos de exéquias.
Pilatos permite, não sem antes estar seguro da realidade da morte de Jesus de Nazaré (Mt. 15,44).
Sua situação de “nobre conselheiro”, mencionada por Marcos, indica que José de Arimatéia era um homem suficientemente importante socialmente para ter livre acesso a Pilatos.
José de Arimatéia sabia que a tradição judaica era a de sepultar os seus mortos no mesmo dia de sua morte (Jô 11,27). No caso de um enforcado, a Lei exigia esse procedimento (Dt 21,23).
Os romanos, pelo contrário, tinham como lei deixar os cadáveres dos crucificados à mercê dos animais selvagens e aves de rapina.
Estava-se na preparação do shabat da Páscoa e esse favor pedido a Pilatos por José de Arimatéia, tem também um alcance religioso: tratava-se, na liturgia judaica, do shabat da libertação dos hebreus da escravidão, na véspera da Páscoa. Tratava-se de uma festa pagã que se incorporou ao Catolicismo Romano e foi usada como um substituto para as comemorações judaicas da Passagem, dos Pães Ázimos e dos Primeiros Frutos – todas celebradas em três dias consecutivos durante a primeira semana do ano novo judaico.
Normalmente, o clandestino de um partido ou de uma seita, nunca é apreciado, mas o comprometimento público – no mais alto nível - de José de Arimatéia para pôr a salvo o corpo de Jesus, vai torná-lo merecedor de menção elogiosa pelos quatro evangelistas.
Ele oferece o mausoléu de sua família, uma sepultura cavada no rochedo do Calvário, bem próximo ao local da crucifixão.




Túmulo de Jesus pertencente a José de Arimatéia





No final do dia, José de Arimatéia ajudado por outro fariseu, Naqdimon ben Gurion, o Nicodemos, desce Jesus da cruz, envolve-o em seus braços e depois na mortalha de linho. Nicodemos e José de Arimatéia buscam observar as práticas rituais prescritas pelos fariseus numa situação limite nessas circunstâncias.
Segundo relato de Marcos, José de Arimatéia é quem compra a mortalha, essa longa peça de linho na qual os judeus tinham o costume de envolver seus mortos. Na oportunidade tinham levando grande quantidade de aromas preciosos: mais de trinta quilos de mirra e aloés (Jo 19,39)! Nesse gesto, Nicodemos vê em Jesus, o messias de Israel.
Finalmente, eles o depositam na sepultura cavada na rocha, onde ninguém ainda havia sido posto (Lc 23,53). Ajudado por muitos homens, possivelmente por amigos fariseus, José de Arimatéia num esforço final rola a pedra circular. Provavelmente ela avança sobre uma caneleta, até a abertura do sepulcro. Imediatamente José de Arimatéia se retira, cansado e suado, junto com seus irmãos fariseus. É shabat.
Robert de Boron conta que os Judeus aborrecidos com o desaparecimento do corpo, por ocasião da ressurreição, prenderam José de Arimatéia, de modo que ninguém mais o encontrasse, em uma cela sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializava deixando-lhe uma hóstia, seu único alimento durante todo o cárcere, graças ao qual sobrevive.
Uma das lendas informa que Cristo lhe aparece na prisão. Arimatéia confessa seu amor, mas que jamais tinha ousado falar com Ele e pede desculpas por estar sempre na companhia dos que desejavam sua morte. Jesus o consola dizendo:
“Deixei que ficaste com eles por saber que irias me prestar grandes serviços, ajudando-me onde meus discípulos não ousariam. E tu fizeste por compaixão. Tu me amaste secretamente como também eu a ti, e nosso amor se revelará a todos para prejuízo dos infiéis, porque tu terás sob tua guarda o sinal da minha morte, hei-lo aqui”. Jesus então mostra o Graal.
A que tudo indica, José de Arimatéia está bastante ligado não só com a vida de Cristo como também com o Santo Graal.
José esconde a taça que Jesus usou na Última Ceia, a mesma que ele próprio usou para recolher o sangue de Cristo antes de colocá-lo na tumba.
Ao ser libertado, viaja para a Inglaterra com um grupo de seguidores e funda a Segunda Mesa da Última Ceia, ao redor da qual sentam doze pessoas (conforme a Távola Redonda).
No lugar de Cristo é colocado um peixe. O assento de Judas Iscariotes fica vazio e quando alguém tenta ocupá-lo é “devorado pelo lugar” de forma misteriosa.
A partir desse momento esse assento é conhecido como a Cadeira Perigosa (mesmo nome do assento da Távola Redonda que também ficava vazio e só poderia ser ocupado pelo “cavaleiro mais virtuoso do mundo”).




Ruínas da Abadia de Glastonbury






Em algumas versões, é o assento de Lancelot que sempre fica vazio. Lancelot, o mais dedicado cavaleiro, que assim como Judas em relação a Jesus era o que mais amava Arthur e também o traiu.
José de Arimatéia fundou sua congregação em Glastonbury. No lugar onde teria edificado sua igreja com barro e palha. Atualmente ainda encontram-se as ruínas de uma abadia construída muito posteriormente. A mesma, onde se diz estarem enterrados os corpos do rei Arthur e de sua esposa Guinevere e onde estaria também o Santo Graal.
A estreita ligação entre José de Arimatéia e Jesus está relatada no livro “A Linhagem do Santo Graal” de Laurence Gardner quando escreve:
“Enquanto isso sabemos que Jesus era o herdeiro do trono de Davi. O título patriarcal de José se aplicava ao sucessor imediato e, nesse sentido, com Jesus considerado o herdeiro, então seu irmão mais velho, Tiago, era o José designado. Assim, José de Arimatéia emerge como o próprio Tiago, irmão de Jesus. Não é nenhuma surpresa, portanto, que Jesus tenha sido sepultado num sepulcro que pertencia à sua família real. Tampouco é surpresa que Pilatos deixasse o irmão de Jesus cuidar de tudo ou que as mulheres da família de Jesus aceitassem os planos feitos por José (Tiago), sem questioná-los.”
O mesmo Laurence Gardner em seu livro “O Legado de Madalena” nos diz que:
“Enquanto na Britânia, o projeto de José de Arimatéia era mantido na tradição apostólica por um círculo fechado de 12 eremitas (devotos). Se um morresse, ele seria substituído por outro. Esses monges eremitas irlandeses foram citados como os “Irmãos de Alain”, que era um de seus nomes. Portanto, eles eram filhos simbólicos de Bran (o pai da Velha Igreja, em oposição ao mais recente título de “Papa” em Roma – por esse motivo, Alain é às vezes incluído nas listas das famílias como o filho de Bran).
Entretanto, depois da morte de José de Arimatéia, em 82 d.C., o grupo desintegrou-se – principalmente porque, naquela época, a invasão romana e o controle tinham mudado para sempre a personalidade da Inglaterra.
Consta na “História da Igreja” de Cressy (que incorpora os registros do mosteiro de Glastonbury) e afirma que Tiago, o Justo irmão de Jesus, também conhecido como José de Arimatéia (ha Rama Theo) morreu em 27 de julho de 82 d.C., após ter sido formalmente excomungado em Jerusalém, vinte anos antes.
O dia consagrado a José de Arimatéia onde se processam os seus festejos é 17 de março.
Onde se encontra o Santo Graal?
O que na realidade representa o Santo Graal?
No próximo artigo abordaremos a figura do “Santo Graal” sendo representada de diversas outras maneiras, conforme informações de escritores e historiadores.

2 comentários:

  1. acho esse assunto muito interesante .... tenho estudado esse assunto

    ResponderExcluir