segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O SANTO GRAAL XXXIX - GLASTONBURY

Escrevemos anteriormente sobre a Capela Rosslyn situada ao sul de Edimburgo na Escócia, como local onde poderia encontrar-se o Santo Graal.
Como segundo local a deter esse privilégio, conforme as lendas, escolhemos Glastonbury,
que, por sinal, encontra-se precisamente sob o mesmo meridiano que passa pela Capela Rosslyn.
Glastonbury é uma pequena cidade situada no sudoeste da Inglaterra, aproximadamente a 150km de Londres em Somerset, sendo um ponto de peregrinação importante no Ocidente desde a Idade Média, é o local onde se encontram enterrados santos que ali haviam vivido, como San Patrício, San David, San Dunstan, San Benedictus e Santa Brígida.
Suas coordenadas geográficas coincidem precisamente com o meridiano norte-sul que passa pela capela de Rosslyn. Essa linha longitudinal chamada de Linha Rosa é o marco tradicional da ilha de Avalon, do rei Arthur, e é considerada o pilar central da geometria sagrada da Grã Bretanha.





Conta à lenda que José de Arimatéia veio para a Inglaterra, para Glastonbury, logo após a morte de Jesus, e com ele trouxe o Cálice que Jesus utilizou na Última Ceia. Uma lenda local diz que o cálice está enterrado em algum lugar debaixo da colina “The Tor” na referida cidade.
Na chegada ao oeste da Inglaterra, José e seus 12 missionários foram aparentemente vistos com ceticismo pelos bretões, mas foram recebidos com cordialidade pelo rei Arviragus da Silúria, irmão de Caractacis, Pendragon.
Em consulta com outros chefes locais, Arviragus concedeu a José 12 medidas de terra (hides) de Glastonbury – cerca de 1.440 acres (582 hectares).
Aqui, em 63-64 d.C., eles construíram uma única e pequena igreja, uma escala do antigo Tabernáculo de Moisés. Isso concedeu a José o direito de isenção pela terra por muitos séculos, e foi confirmado no livro “Domesday” de 1086: “A Igreja de Glastonbury tem sua própria vila de 12 medidas de terra e nunca pagará impostos”.
“The Tor” é a única colina situada na região completamente plana. São cerca de 500 metros de altura, tendo em cima as ruínas da torre da Igreja de St. Michael construída no século XII.
Uma curiosidade é que suas encostas vistas de lado ou de cima, lembram uma imensa espiral ou labirinto em três dimensões, conduzindo para o alto.
É um local antigo de ritual na região e ainda hoje é um lugar de peregrinação a pé. Fica fora da zona rural de Somerset. Como o nome “Tor” em Celta significa portal, passagem, muito esotéricos acreditam que ali, no topo, fica porta de entrada do nosso mundo para a antiga Avalon cujo senhor é Gwynn ap Nud. A colina é também conhecida como “Montanha Mágica”.




A colina de TOR


Ali, expedições arqueológicas realizadas, encontraram não só vestígios de um rei Arthur em carne e osso como também do seu refúgio, a lendária ilha de Avalon, famosa pelas suas densas brumas. Avalon era o local preferido pelo rei Arthur, que para lá se dirigia em busca de conselhos ou para se curar magicamente das feridas ocasionadas pelas sucessivas guerras.





Ruínas da Abadia de Glastonbury



Para muitos respeitáveis estudiosos, porém, não há duvidas de que a pacata e bucólica Glastonbury de hoje foi outrora à mística ilha de Avalon. Todos os anos milhares de visitantes e peregrinos, de todo o mundo, acorrem aos seus verdes campos e imponentes castelos para encontrar na força do mito das personagens e nos feitos fantásticos, um pouco da magia interior sufocada pela vida moderna.
A primeira data digna de menção é de cerca de 750 d.C. quando o Rei Ine fundou ali um mosteiro. Escavações arqueológicas trouxeram à luz restos de primitivas construções feitas de vime e barro, enquanto, dos muitos edifícios de pedra construídos ao longo dos séculos, restam apenas seus contornos.
Somente em 1191 a ilha de Avalon foi realmente identificada como Glastonbury. A definição dessa localização em terra se justifica pelo fato de Glastonbury estar situada em uma baixada aquosa, e das vilas de Godney e Meare, próxima a lagos, remontarem ao ano 200 a.C., aproximadamente. Entretanto, por causa da anomalia geográfica, o nome Vale de Avalon se tornou uma alternativa popular. Antes dessa data, não havia uma ligação direta reconhecida entre Arthur e Glastonbury, exceto por uma breve menção feita por Cardoc de Llancarfan. Em 1140, ele escreveu que o abade de Glastonbury fora de real importância na libertação de Guinevére do rei Melwas de Somerset, no entanto ele não sugeriu que Glastonbury fosse a ilha de Avalon.
Avalon deve muito de seu mistério às lendas celtas que consideram uma porta de passagem para outro nível de existência. Uma existência povoada de magia e amplitude espiritual. Também era chamada de “Ynis Vitrín” ou ilha de vidro, onde seres mágicos, isolados do mundo mortal, desfrutam a eternidade. O seu nome tem origem no semideus celta Avalloc. Pesquisas arqueológicas atestam que os campos de Glastonbury há milhares de anos, foram pântanos drenados, ou seja, a cidade já foi uma ilha, o que reforça sua proximidade com as lendas de Avalon.



Vista geral da Abadia de Glastonbury



Avalon era a ilha lendária encantada onde “Escalibur”, a espada do Rei Arthur tinha sido forjada e para onde o próprio rei tinha voltado vitorioso depois da sua última batalha para ser curado de um grave ferimento.
Geoffrey de Monmouth, o autor da lenda sobre o Rei Arthur, chama-lhe de “Insulis Avallonis”, que traduz por uma Ilha das Maçãs, num claro simbolismo paradisíaco. A ilha é ainda associada às místicas ilhas Afortunatas, mas situadas em águas ocidentais.
A ilha de Avalon segundo a lenda, é dirigida pela Fada Morgana também conhecida como Bruxa Morgana, irmã de Arthur, considerada uma feiticeira e curandeira que vivia rodeada de nove donzelas sacerdotisas, responsável pela cura do Rei Arthur que se encontrava deitado numa cama de ouro.
A ilha era o local onde se refugiam os espíritos. Arthur permanece nela vivo por artes mágicas, esperando a hora do regresso. Para muitos, junto com Merlin, simboliza o mundo da magia no embate entre o paganismo e o cristianismo.
Grande é a associação de Glastonbury com Avalon. A grande abadia de Glastonbury foi fundada no século V. A seu lado havia uma pequena igreja, muito antiga, de paredes de taipa e argamassa, que se dizia ser o primeiro santuário construído na Bretanha, e, assim, associado a José de Arimatéia, que teria trazido o Santo Graal para a Bretanha e ali construiu a primeira igreja cristã. Uma tradição muito antiga fala de que José de Arimatéia trouxe o seu sobrinho Jesus quando ainda era menino para visitar estas terras celtas, fato esse que ficou imortalizado nas famosas palavras da canção do poeta e visionário William Blake: “aqueles pés pisaram em tempos remotos os verdes pastos da Inglaterra”.



Pedra com o nome de Jesus e Maria




Em 1184, um incêndio destruiu a pequena igreja, bem como a maioria dos prédios da abadia. Um programa de reconstrução foi iniciado por Henrique II rei da Inglaterra (Criador do Império Angevino, filho de Godofredo Plantageneta, conde de Anjou, e de Matilde, filha de Henrique I e neta de Guilherme, o Conquistador), mas, como demandava somas intensas, era necessária alguma coisa para atrair peregrinos com suas bolsas. Na oportunidade Henrique II concedeu à comunidade uma Carta de Renovação, na qual Glastonbury era citada como “a mãe e o local de sepultamento dos santos, fundado pelos próprios discípulos de Nosso Senhor”.
Foi quando desconfiado de que ali teria sito o centro da antiga Avalon, o rei Henrique II ordenou que se procedessem as escavações no local.
Anos depois em 1190, os monges de Glastonbury encontraram a suposta sepultura de Artur no cimo de um pequeno monte que dantes se encontrava circundado de água. No local encontraram uma cruz de madeira com a seguinte inscrição em Latim: “Hic iacet sepultus inclitus rex arturius in insula avalonia”, disseram ser este o local da mística pagã de Avalon. A inscrição existente no túmulo dizia: “Aqui jaz enterrado o famoso rei Arthur, na Ilha de Avalon”.
Alguns palmos abaixo, num túmulo de carvalho, acharam o esqueleto de um homem alto com o crânio avariado. Pequenos ossos e fios de cabelos dourados também foram encontrados e creditados a Guinevére, que teria sido sepultada ao lado do esposo. Atualmente Arthur e Guinevére repousam em um túmulo duplo, aberto à visitação turística.
Uma Capela à Senhora foi construída em pedra naquela época e o complexo cresceu para se tornar uma ampla abadia beneditina, superada em tamanho e importância apenas pela Abadia de Westminster, em Londres. Figuras prestigiosas associadas a Glastonbury incluem St. Patrick (o primeiro abade do século V) e St. Ducan (abade de 940-946).





O poço do cálice



O mosteiro de Glastonbury tinha a tradição de ter sido fundado por José de Arimatéia, e por isso era um lugar ligado à mística do Graal. Paralelamente a esta Avalon haveria uma outra Avalon mística do Além, onde Arthur permaneceria retirado do mundo e permanecendo sempre imortal. Existia lá um poço denominado de “Chalice Well”, cuja tradução literal é “Poço do Cálice”, local onde José de Arimatéia teria escondido o Santo Graal. O poço fica próximo às colinas do “Tor” e é um lugar muito apreciado para meditação.
De uma fonte, sai uma água pura e cristalina com propriedades medicinais. Segundo a lenda, o sangue de Jesus contido no Graal teria se misturado às águas do poço, o que explica seu tom levemente avermelhado (segundo os cientistas, tal cor é devido à grande quantidade de ferro existente no solo). Para os turistas e locais, beber as águas do “Chalice Well” é beber da própria fonte da juventude, atualmente o local é uma propriedade privada.



Taça de Nanteos




Sob a colina de “The Tor”, pode existir uma cadeia de túneis subterrâneos, que há muito tempo encontram-se fechados hermeticamente e supõe-se que o Graal tenha sido enterrado em um desses túneis.
Em Glastonbury foi encontrada uma taça denominada de Nanteos, que muitos estudiosos acreditam poder ser o Graal original. O compositor alemão Richard Wagner nela se inspirou para escrever a sua peça intitulada Parsifal.
A tradição diz que quem beber do Santo Cálice ganhará a imortalidade.
No ciclo arturiano, o Graal tem um significado mais simbólico, representa a busca de um sentido interior, da própria recuperação da fé.
Em 1906, o escritor Wellesley Pole achou uma taça de vidro azul num poço da cidade, e informou que o lugar lhe foi revelado numa visão mística.
Desde 1963 ocorre em Glastonbury o maior festival de rock da Inglaterra, sendo normal encontrarmos nessa época o local povoado de hippies, com seus filhos pendurados no colo, bem como peregrinos pagãos, cristãos, protestantes, livres pensadores, ortodoxos, espiritualistas, budistas, krishnes e todo o tipo de espíritos livres.

Continuando os nossos relatos sobre os locais onde segundo os escritores e historiadores informam da existência da possibilidade de se encontrar o Santo Graal, vamos, no próximo artigo, falar sobre a vila de Rennes-le-Château, situada na França.

Um comentário:

  1. magnifico aprender sobre Glastonbury! lugar maravilhoso e cheio de curiosidades.

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