sábado, 3 de outubro de 2009

A JORNADA HERÓICA

Herói é todo aquele que é "chamado" para cumprir um determinado destino.
O chamado representa a necessidade de que um valor mais antigo, pessoal ou tribal, seja superado.
Geralmente o caminho é nítido, mas certamente, nunca será fácil.
O herói deverá persistir diante do maior obstáculo que é sua própria letargia, seu medo e seu desejo de voltar para casa.
Muitas vezes, o herói poderá receber ajuda, como aconteceu com Cuchalainn, que infelizmente, não teve olhos para reconhecer e receber os préstimos da Deusa Morrigan.
O caminho será sempre pontuado de diversas tentações: os demônios da dúvida, da esperança de um caminho mais fácil, das seduções pela riqueza e do poder.
O herói da maioria das histórias parte para uma jornada muitas vezes sem volta, pois deverá descer às profundezas do seu inconsciente. Se ele sobreviver a batalha que travará com os monstros que lá encontrar, então poderá empreender a subida e ser transformado.
Para Cuchulainn, a maior das batalhas não foi vencida, o confronto com a Deusa Morrigan e a assimilação de sua consciência lunar.

Ele não soube compreender o que a Deusa queria, pois atrás de sua postura heróica estava também sua convicção defensiva. Essa é a condição que assumem a maioria dos homens da nossa atualidade, que também não compreendem e não conseguem se relacionar muito bem com as mulheres. Isso porque, o arquetípico masculino é o domínio do distanciamento e da separação e agressão contra a natureza e os seres humanos, tendo em vista a sobrevivência.
O masculino desenvolve o aspecto solar da consciência que envolve a divisão e as guerras para estabelecer suas fronteiras. Já o feminino, desenvolve a consciência lunar e é concebida como a voz oracular da natureza.
Tais diferenças primárias para cada sexo, são percebidas, pelo valor que atribuem as suas façanhas. Por exemplo: as mulheres dão à luz e criam seus filhos com amor, enquanto os homens matam e forjam suas armas. Os homens exibem seus troféus (seja um animal, uma cabeça humana ou um escalpo) com o mesmo orgulho que as mulheres acalentam em seus braços um recém-nascido.
Na história e em nossa sociedade atual, os homens manifestam a tendência de desvalorizar o feminino neles mesmos e nas mulheres. Muitos dos atributos femininos são considerados "fraquezas" na tradicional sociedade patriarcal. Em conseqüência dessa distorcida valoração, os homens lutam para se excluir e se diferenciar das mulheres.
Entretanto, o papel materno da mulher, universal, tem efeito tanto sobre o desenvolvimento da personalidade masculina e feminina quanto sobre a hierarquia dos sexos. O relacionamento primal com a mãe não é apenas o primeiro relacionamento, mas também a imagem e o protótipo das relações em geral. Como são basicamente as mulheres que cuidam das pessoas em seus anos da infância, a voz da autoridade feminina tem entonações poderosas.
Com o desenvolvimento do ego e da individualização, ocorre um movimento de baixo para cima, ou seja, do inconsciente para a consciência e, sendo assim, o âmbito matriarcal assume o caráter daquilo que tem de ser superado: o infantil, o arcaico, o abissal e o caótico.
Todos esses símbolos estão ligados ao Feminino Terrível, ou o "Dragão Devorador" que reveste-se o feminino. Nesse sentido, o Feminino Terrível torna-se símbolo de estagnação, regressão e morte.
Os homens, portanto, não se diferenciam das mulheres, racional ou objetivamente, mas sim por "medo do feminino", que ameaça devorá-los e levá-los de volta aos braços da Mãe Terrível que está dentro dele, e que em seu abraço incestuoso promete a paz da morte por meio da rendição do Eu.
Mas, faz parte do desenvolvimento normal do ego masculino como herói que ele tenha êxito em resgatar o Feminino da dominação materna. O casamento com o Feminino, para o homem, é sagrado, e constitui um pré-requisito para o desenvolvimento do Eu no qual os opostos estão contidos para que a inteireza seja obtida.

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