quinta-feira, 4 de junho de 2009

CULTURA

Embora os povos celtas tenham chegado a ocupar, entre os séculos V e III a.C., a maior parte do continente europeu, sua fragmentação política e sua posterior derrota frente aos latinos - o que para eles significou desaparecimento ou assimilação - fizeram com que, durante muito tempo, sua cultura constituísse um enigma, duvidando-se até mesmo da existência de um nexo comum entre as chamadas tribos célticas.
Ao longo de muitos séculos, praticamente as únicas fontes de informação sobre a cultura celta foram os autores gregos e sobre tudo os latinos.
Em grande parte, isso ocorreu porque os antigos celtas não conheciam a escrita.
Todavia, com a cristianização da Irlanda, última região dominada pelos povos célticos, os monges introduziram o alfabeto latino.
Dessa forma surgiu a primeira língua céltica com expressão escrita, o gaélico (uma outra variedade se desenvolveu em Gales e na Bretanha francesa).
Assim, por volta do século XII, os mosteiros irlandeses reuniram em manuscritos as tradições orais - épicas e mitológicas - da Irlanda celta.
Mais tarde, sobre tudo a partir de meados do século XIX, as escavações arqueológicas trouxeram à luz um grande número de túmulos e objetos de arte.
O estudo conjunto da arte e da literatura - que, por sua vez, contribuiu para o conhecimento de suas concepções sociais e religiosas - levou à conclusão de que realmente existiu um substrato espiritual comum aos diversos povos célticos, caracterizado por um sentimento mágico da natureza e pela rejeição do realismo, que divergia radicalmente do racionalismo mediterrâneo.
Fator importante nessa unidade cultural (e não política) das tribos celtas foi sem dúvida seu sistema de crenças religiosas, transmitidas por uma casta sacerdotal, os druidas, cujos ensinamentos seriam legados aos bardos e vates da Grã-Bretanha


As manifestações artísticas celtas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana).
Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos.
Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados.
A influência da arte celta está ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do noroeste europeu, na música e arquitetura de boa parte da Europa ocidental.

Também muitos dos contos e mitos populares do ocidente europeu têm origem na cultura dos celtas.
Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres e ou asas laterais, comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos, entre outros.
Essas imagens se devem em parte ao conhecimento divulgado sobre os celtas durante o século XIX.
Diógenes Laércio, na sua obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, comenta que a origem do estudo da filosofia era atribuída aos celtas, (entre outros povos considerados bárbaros).
O conhecimento da filosofia era atribuído aos druidas e aos semnothei.
Massalia era um conhecido centro de aprendizagem onde os celtas iam aprender a cultura grega, a ler e a escrever.
Entre os eruditos da antiguidade de origem celta ou oriundos das regiões celtas são conhecidos Gneu Pompeu Trogo, Marcelo Empírico, Públio Valério Catão, Marco Antônio Gnífon, Cornélio Galo, Rutílio Cláudio Namaciano, Virgílio, Vibius Gallus, Tito Lívio Cornélio Nepos e Sidônio Apolinário.

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