Em tempos passados vivia em Penllyn um homem de generosa linhagem, chamado Tegis Voel, e sua residência era no meio do lago Tegid, onde ele vivia com sua mulher chamada Ceridwen. Lá nasceu seu filho Morvran ab Tegid, e também uma filha chamada Creirwy, a mais bela virgem do mundo; e eles tinham um irmão, o mais feio homem do mundo, Avagddu.Ceridwen sua mãe achava que ele dificilmente seria admitido entre homens de berço nobre, em decorrência de sua feiura, a não ser que ele tivesse alguns méritos ou conhecimentos, pois isso foi no começo do período de Arthur e da Távola Redonda. Então ela resolveu, através das artes do livro de Fferyllt, cozinhar no Caldeirão da Inspiração e Ciência para seu filho, para que assim ele adquirisse conhecimento dos mistérios e do futuro estado do mundo. Então ela iniciou a fervura do caldeirão, que não pararia de ferver por um ano e um dia, até que três gotas abençoadas fossem obtidas, dando Graça e Inspiração. Ela colocou Gwion Bach o filho de Gwreang de Llanfair, em Caereinion, situado em Powys, para mexer o caldeirão; colocou um homem cego chamado Morda para inflamar o fogo abaixo do caldeirão pelo tempo de um ano e um dia. Ela mesma, de acordo com o livro dos astrônomos, nas horas planetárias, deveria colher todos os dias as ervas para o feitiço.Um dia, no final do ano, enquanto Ceridwen estava selecionando ervas e fazendo encantamentos, aconteceu que três gotas do licor enfeitiçado voaram do caldeirão e caíram no dedo de Gwion Bach. Devido ao grande calor ele colocou o dedo em sua boca, e no instante em que as maravilhosas gotas foram ingeridas, ele previu tudo o que iria acontecer, e percebeu que seu maior cuidado deveria ser proteger-se da astúcia de Ceridwen, pois vasta era sua habilidade. Com grande medo ele fugiu em direção à sua própria terra. O caldeirão explodiu em dois pedaços, e devido ao fato de que todo o fluído era venenoso, exceto as três gotas enfeitiçadas, os cavalos de Gwyddno Garanhir foram envenenados pela água do riacho no qual o líquido do caldeirão escorreu, e a confluência daquele riacho foi chamada Veneno dos Cavalos de Gwyddno a partir deste dia. Então veio Ceridwen e percebeu que toda a labuta de um ano havia sido perdida. Ela então pegou uma acha de lenha e bateu na cabeça do cego Morda até que seus olhos caíram em suas bochechas. Ele disse, ”Erroneamente tu hás me desfigurado, pois sou inocente. Tal perda não foi minha culpa.” “Tu falas a verdade” disse Ceridwen, “foi Gwion Bach quem me roubou”. Ela foi atrás dele correndo. Gwion avistou-a, e transformou-se numa lebre para fugir. Mas ela se transformou num cão cinza e o perseguiu. Ele correu até o rio e se transformou num peixe. E ela na forma de uma lontra o perseguiu embaixo d’água , até que ele se viu forçado a se transformar num pássaro e voar. Ela ,como um falcão, o seguiu e não lhe deu descanso no ar. E quando ela estava a ponto de atacá-lo, ele com medo da morte, avistou uma pilha de trigo recém selecionado no chão do celeiro, e caiu no meio do trigo se tornando um dos grãos. Ela então se transformou numa galinha de alta crista negra, ciscou o trigo com sua pata, encontrou-o e o engoliu. Então, a estória diz, ela deu a luz nove meses depois, e quando ela o viu, não pode com pena em seu coração matá-lo devido à sua beleza. Então ela o embrulhou numa bolsa de couro, e o lançou no mar, à misericórdia de Deus, no vigésimo nono dia de Abril.Naquele tempo a represa de Gwyddo ficava na costa entre Dyvi e Aberystwyth, perto de seu castelo, e o valor de cem libras era pego em salmão naquela represa toda véspera de Maio. E nesses dias Gwyddno tinha um único filho chamado Elphin, o mais infeliz dos jovens, e o mais necessitado. Isso afligia seu pai, pois pensava que ele havia nascido numa hora má. E seguindo as palavras de seu conselheiro, seu pai lhe deu a incumbência da represa naquele ano, para ver se a boa sorte lhe bateria a porta, e para lhe dar algo com que começasse sua vida. No dia seguinte Elphin foi olhar a represa, mas não havia nada. Quando ele fixou seu olhar, percebeu uma bolsa de couro na ponta da represa. Um dos vigias da represa disse a Elphin, “Este lugar foi sempre famoso por sua riqueza, agora tua má sorte destruiu as virtudes da represa, que sempre ostentou o valor de cem libras toda véspera de Maio, e esta noite não há nada, exceto uma pele de couro.” “Como agora” disse Elphin, “poderei obter valor o valor de cem libras com aquilo?.” Os homens então pegaram a bolsa de couro, e Elphin abriu-a e viu a testa de um garoto, e disse, “Olhem, uma fronte radiante!” “Taliesin ele será chamado,” disse Elphin. E ele tomou o garoto em seus braços, e lamentando seu infortúnio, colocou-o pesarosamente atrás da sela. E ele fez seu cavalo andar gentilmente, antes de começar a trotar, e carregou o bebê tão suave como se estivesse na cadeira mais confortável do mundo. E prontamente o garoto tentou consolar Elphin glorificando-o, e profetizou honra para ele; e o consolo foi como vocês podem ver:- “Belo Elphin, cesse o lamento! Não deixe ninguém se insatisfazer com si próprio pois o desespero trará nenhuma vantagem. Nenhum homem vê o que o sustenta; a oração de Cynllo não será em vão; Deus não violará suas promessas. Nunca na represa de Gwyddno houve tanta sorte como nesta noite. Justo Elphin, seque tuas bochechas! Ficar tão triste de nada valerá, mesmo que tu penses que não hás ganhado nada, a riqueza trar-lhe-ia menos, pois sou altamente dotado. De mares, e de montanhas, e do fundos dos rios, Deus traz prosperidade ao homem afortunado. Elphin de vivas qualidades, tua resolução não é viril; tu não deves se por tão pesaroso. Melhor confiares em Deus para reprimir a doença. Mesmo fraco e pequeno como sou, na espuma do oceano, em dias de problemas serei de mais serviço para ti do que três salmões. Elphin de notáveis qualidades, não fiques descontente com teu infortúnio, pois mesmo pendendo fraco em minha bolsa, reside virtude em minha língua, Enquanto permanecer teu protetor não deves temer. Lembrando os nomes da Trindade, ninguém poderá ferí-lo.” E esse foi o primeiro poema que Taliesin cantou, sendo o consolo para a dor da perda da produção na represa, que todos considerariam sua culpa e azar.Então Elphin perguntou o que ele era, homem ou espírito. A esse respeito Taliesin cantou:-“Primeiro, fui formado uma pessoa graciosa, e no pátio de Ceridwen concluí penitência. Mesmo pequeno eu era notável e placidamente recebido; porém, chamava muita atenção, fui uma defesa premiada, a doçura da musa, e pela lei sem discurso, fui libertado por uma sorridente bruxa negra, quando irritada me perseguiu. Fugi com vigor, fugi como uma rã, fugi com o semblante de corvo,raramente achando descanso fugi veemente, fugi como um raio, fugi como uma ova num emaranhado, fugi como um filhote de lobo, como um lobo no ermo, como um tordo pressagiando o futuro, como uma raposa acostumada com os peculiares pulos de sua rival, como um martin, como um esquilo que vaidoso se esconde, como os cornos do veado de costas vermelhas, como ferro no fogo brilhante, como a cabeça de uma lança, como a angústia de quem deseja, como um furioso touro lutando, como um javali eriçado visto na ravina, como o branco grão do puro trigo nas saias de cânhamo, como a cria de uma égua, como um navio nas águas. Numa bolsa de couro escuro fui colocado, e no mar sem fronteiras fui lançado à deriva; o que foi à mim um presságio de encontrar alguém que me tratasse com carinho, e o senhor Deus então me deu liberdade.”Então Elphin foi para a casa e corte de Gwyddno seu pai, levando Taliesin consigo. Gwyddno perguntou se ele havia tido boa sorte com as redes na represa, e Elphin disse-lhe que havia conseguido algo melhor que peixes. “O que conseguiste?” perguntou Gwyddno. “Um Bardo,” respondeu Elphin. Então Gwyddno disse,”E que benefício te trará?” E o próprio Taliesin replicou, “Ele vai trazer-lhe mais benefício que a represa jamais te trouxe.” Gwyddno perguntou, “Éres capaz de falar sendo tão pequeno?” E Taliesin respondeu, “Sou melhor falando que tu fazendo perguntas.” “Deixa-me ouvir o que podes dizer” disse Gwyddno. Então Taliesin cantou:-“Na água há a qualidade dotada da benção de Deus, em sua integridade para meditar corretamente. Para Deus é correto suplicar com seriedade, desde que nenhum obstáculo possa lá estar para obter uma recompensa dele. Três vezes eu nasci, e o sei por meditação. Miserável fui por vir ao mundo e não obter conhecimento de toda a ciência do mundo. Coleto junto ao meu seio o conhecimento do que aconteceu, e do que no futuro acontecerá. Eu suplicarei a meu Senhor para conseguir refúgio nele, e Uma recompensa posso obter em sua graça, pois O Filho de Maria é minha confiança e grande nele é meu deleite, pois nele é o mundo continuamente sustentado. Deus me instruiu e criou minhas expectativas, o verdadeiro criador do céu, que me suporta e me protege. É certo que os santos devem rezar diariamente, pois Deus, o renovador, vai trazê-los a ele.”E imediatamente Elphin deu o garoto para sua mulher, e ela cuidou dele amavelmente. Desde então Elphin aumentou suas dia após dia, e com o amor e favores do rei, Taliesin residiu na casa de Elphin até que completasse treze anos de idade.Certa vez, Elphin o filho de Gwyddno foi à uma celebração de Natal de seu tio, Maelgwn Gwynedd, realizada no castelo de Dyganwy, para um grande número de lordes de níveil espiritual e temporal, com um vasto tropel de cavaleiros e escudeiros. Entre eles surgiu então uma discussão em que falavam, “Existe no mundo todo um rei tão grande quanto Maelgwn, ou um que os céus tenham provido tantos dotes espirituais como ele? Primeiro, forma e beleza, brandura e força, além de todos os poderes da alma!” Eles diziam que os céus haviam dado a Maelgwn um presente que excedia todos os outros, que era beleza, decência, graça, sabedoria, e modéstia de sua rainha; cujas virtudes superavam as de todas as damas e nobres donzelas do reino. E com isso eles colocaram questões entre si, sobre quem tinha homens mais bravos? Quem tinha os mais formosos e velozes cavalos e cães? Quem tinha mais dotados e sábios bardos que Maelgwn? Neste tempo os bardos estavam em grande exaltação no reino; e todos os chamados arautos do rei eram homens estudados, não apenas especializados no serviço de reis e príncipes, mas estudiosos e bem versados na linhagem, e nos feitos de bravura de príncipes e reis, na discussão sobre reinos estrangeiros, e de antigas coisas desse reino, mestres nos anais dos primeiros nobres e também eram preparados respostas em várias línguas como o Latim, Francês, Galês e Inglês. E com todo esse conhecimento eles eram grandes cronistas, e registradores, hábeis em compor versos, e prontos para fazê-los em todas essas línguas. Desses bardos havia no banquete do palácio de Maelgwn uns quatro-e-vinte, e o chefe de todos eles era um bardo chamado Heinin Vardd. Quando todos eles finalizaram o louvor ao rei e seus dotes, ocorreu que Elphin falou sabiamente. “Em verdade, ninguém além de um rei pode competir com um rei; mas eu diria que minha esposa foi tão virtuosa quanto qualquer dama do reino, e também que eu tenho um bardo que é mais hábil que todos os bardos do rei.” Num curto espaço de tempo alguns de seus companheiros contaram ao rei a ostentação de Elphin; e o rei ordenou que ele fosse jogado numa forte prisão, até que ele soubesse de todas as virtudes de sua esposa, e da sabedoria de seus bardos.Elphin foi colocado numa torre do castelo, com uma grossa corrente em seus pés (dizem que era uma corrente de prata pois ele tinha sangue real) ; o rei, como a estória relata, mandou seu filho Rhun investigar sobre a conduta da esposa de Elphin. Rhun era o menos gracioso de todos os homens no mundo, não havia mulher ou donzela com quem ele tivesse tido uma conversa decente, e de tal forma, maldades eram ditas sobre ele. Enquanto Rhun corria até a residência de Elphin, tendo em mente trazer desgraça para sua esposa, Taliesin contou à sua ama como o rei havia colocado seu mestre na prisão, e sobre o fato de Rhun estar vindo com pressa para trazer com esforço, desgraça sobre ela. Para enganá-lo ele fez sua ama vestir-se como uma das empregadas de sua cozinha, e a empregada se vestir de dama; ele encheu as mãos da moça com seus melhores anéis que a esposa de Elphin possuía. Dessa forma Taliesin colocou a moça sentada num espaço da sala da ceia, e convenceu a ama a ver a empregada como ama, e ama como empregada. E quando, no devido tempo, se puseram sentados na sala da ceia da maneira que foi dita, Rhun chegou à residência de Elphin e foi recebido com alegria, pois todos os servos o conheciam bem; trouxeram-no com pressa ao quarto da ama, e na semelhança da ama a empregada levantou e o recebeu contente. Depois tomou assento com Rhun ao seu lado. Então Rhun começou a zombar da empregada, que ainda tinha o semblante de sua donzela. E em verdade a estória mostra que a donzela ficou tão intoxicada, que caiu no sono; dizem que Rhun colocou um pó na bebida que a fez dormir tão profundamente que ela nunca sentiu quando ele cortou de sua pequena mão um dedo, referente ao anel com o selo de Elphin, que ele havia dado à sua esposa como recordação, tempos antes. Rhun cortou o dedo de sua mão, sem que ela acordasse do sono de intemperança. O rei regozijou com essas novidades, e relatou aos seus conselheiros para quais ele havia contado a estória desde o começo. Ele retirou Elphin da prisão, e o repreendeu por sua ostentação. Ele falou a Elphin de forma sábia, “Elphin, seja de conhecimento teu, entre a dúvida que é insensato para um homem confiar nas virtudes de sua esposa quando ele não pode vê-la; e que fiques certo da vileza dela, contemple seu dedo, com teu anel selo nele, que foi cortado de sua mão na noite passada, enquanto ela dormia por intoxicação.” Então Elphin disse, ”Com sua licença, grande rei, não posso negar meu anel, que é conhecido de muitos; mas com certeza eu afirmo que o dedo em que ele está, nunca pertenceu à mão de minha esposa, pois em verdade há três coisas que confirmam isso, e nenhuma jamais pertenceu aos dedos de minha esposa. A primeira delas é que, com permissão de vossa graça, aonde quer que minha esposa esteja nesse momento, ou sentada ,ou em pé, ou deitada, esse anel nunca estaria em seu dedão, ao passo que podes claramente ver que foi difícil tirá-lo da junta do pequeno dedo da mão de onde foi cortado; a Segunda coisa é que, minha esposa nunca deixou passar um sábado desde que a conheço sem aparar suas unhas antes de ir dormir, e podes ver que a unha deste dedo não é aparada há um mês. A terceira é, realmente, que a mão de onde esse dedo veio estava amassando massa de centeio três dias antes do dedo ser retirado, e eu posso garantir a vossa excelência que minha esposa nunca amassou massa de centeio desde que minha esposa se tornou.” O rei então ficou tão enfurecido com a resistência de Elphin na afirmação da bondade de sua esposa, que o mandou à prisão pela segunda vez, dizendo que ele não seria libertado dali até que tivesse provado a verdade dessa ostentação, assim como a respeito de seu bardo e das virtudes de sua esposa. Nesse meio tempo, sua esposa e Taliesin continuaram alegres na residência de Elphin. Taliesin explicou à sua ama como Elphin havia sido posto na prisão por sua culpa, mas ele a consolou, pois iria à corte de Maelgwn para libertar seu mestre, e disse:-“Uma jornada realizarei, ao portão irei, no salão entrarei, e minha música cantarei; Meu discurso pronunciarei ao bardos reais. E na presença de seu chefe, saudarei com zombaria. Interrompê-los-ei e Elphin libertarei. Deve a contenda surgir, na presença do príncipe, com invocações aos bardos para um doce som fluir, e bruxos posando erudição e sabedoria dos Druidas. Na corte dos filhos do distribuidor alguns que apareceram com intenção vil sobre o inocente, que calem-se os tolos, como antigamente na luta de Badon, - Com Arthur dos liberais, o cabeça, com longas lâminas vermelhas, entre feitos de homens petulantes, e um chefe com seus adversários. Que angústia seja para eles, os tolos, quando a vingança chegar. Eu Taliesin, chefe dos bardos, com sapientes palavras de Druida, libertarei gentil Elphin dos laços de arrogantes tiranos. Para sua queda de frio grito, pelo ato de surpreendente corcel, do distante Norte, logo haverá um fim. Não deixe graça ou saúde para Maelgwn Gwynedd, para que tal força e tal erro, sejam pólos de desgosto, com um merecido fim para Rhun e toda sua raça: Que curto seja esse curso de vida. Que toda sua terra seja desgastada, e que o exílio de Iona seja designado para Maelgwn Gwynned!”Depois disso ele se despediu de sua ama e foi à corte de Maelgwn, que ia sentar em seu salão e jantar em seu estado real, como era hábito naqueles dias de reis e príncipes em todo banquete. E logo que Taliesin adentrou o salão, se postou num quieto canto, perto do lugar aonde bardos e menestréis não ver-no-iam ao fazerem seu serviço e dever ao rei, pois é costume em grandes festivais quando a generosidade é proclamada. E então, quando os bardos e arautos vieram bradar generosidade, e proclamar o poder e força do rei, ao passarem pelo canto onde ele estava abaixado, Taliesin espichou seus lábios e assoviou, “Blern, blerm,” com o dedo em seus lábios. Ninguém se importou com sua presença e seguiram enfrente até chegarem ao rei, à quem fizeram sua reverência, enquanto iam como de costume, sem dizer uma palavra, mas espichando seus lábios, e fazendo bocas ao rei; porém, começaram involuntariamente a assoviar, ”Blerwm,blerwm,” com seus dedos nos lábios, como tinham visto o garoto fazendo no canto. Tal fato fez o rei indagar se eles estavam bêbados. Motivo que o fez ordenar aos seus senhores que serviam a mesa, que alertassem os bardos sobre seu juízo, e que tivessem consideração com o local em que estavam, e o que lá estavam para fazer. Mas eles não cessaram sua insensatez como antes. Sobre isso ele mandou um segundo recado, e um terceiro, querendo que eles fossem em frente no salão. Por fim o rei ordenou a um dos escudeiros que o chefe deles, chamado Heinin Vardd fosse chamado para dar explicações. O escudeiro pegou uma vassoura e golpeou Heinin Vardd na cabeça, e então ele caiu no chão. Heinnin se levantou e se ajoelhou, implorando pela graça do rei para mostrá-lo que sua falta não era voluntária, ou por motivo de bebedeira, mas por influência de algum espírito que estava no salão. Depois disso Heinin falou, “Ó honrado rei, que seja de conhecimento de vossa graça, que não é por força da bebida, ou de seu exagero, que estamos tontos, sem o poder da retórica, mas pela influência de um espírito que senta no canto acolá, sob a forma de criança.” Imediatamente o rei mandou que o escudeiro fosse buscá-lo; e foi ao canto onde Taliesin estava sentado, e trouxe-o perante o rei, que perguntou o que ele era e de onde vinha. Ele respondeu ao rei em versos:-“Primário chefe bardo de Elphin sou, e meu país original é a região das estrelas de verão; Idno e Heini me chamaram de Merddin, e finalmente todo rei me chamará de Taliesin. Estava com meu lorde na esfera mais alta, na queda de Lucifer às profundezas do inferno. Portei o estandarte frente a Alexandre. Sei o nome das estrelas de norte a sul. Estive na galáxia, no trono do Distribuidor. Estava em Canaan quando Absalom foi assassinado. Conduzi o Divino Espírito ao vale de Hebron. Estava na corte de Don antes do nascimento de Gwidion. Eu fui o instrutor de Eli e Enoc. Fui alado pelo caráter do esplêndido bastão episcopal. Sou tagarela a priori por ser dotado da retórica. Estava no local da crucificação do misericordioso Filho de Deus. Estive três vezes na prisão de Arianrod. Fui o diretor chefe do trabalho da torre de Nimrodz. Sou um andarilho cuja origem é desconhecida. Estive na Ásia com Noé e a arca. Eu vi a destruição de Sodom e Gomorra. Estiva na Índia quando Roma foi construída. Eu agora venho aqui para o remanescente de Tróia. Estive com meu lorde na manjedoura do burro. Eu fortaleci Moisés pela água do Jordão. Estive no firmamento com Maria Madalena. Obtive a musa do caldeirão de Ceridwen. Fui o bardo da harpa para Lleon de Lochlin. Estive na Colina Branca, na corte de Cynelyn, por um dia e um ano nos grilhões. Sofri fome pelo Filho da Virgem. Fui nutrido na terra de Deitv. Fui professor para todas inteligências, sendo capaz de instruir todo o universo. Eu serei até o dia da condenação na face da terra. Não se sabe se meu corpo é carne ou peixe. Estive nove meses no útero da feiticeira Ceridwen, eu era originalmente o pequeno Gwion, e finalmente eu sou Taliesin.”E quando o rei e seus nobres ouviram a música, muito surpresos ficaram, pois nunca tinham eles ouvido semelhante coisa de um garoto tão jovem. E quando o rei descobriu que ele era o bardo de Elphin, propôs que Heinin, seu primeiro e mais sábio bardo, respondesse a Taliesin e o enfrentasse. Mas ao tentar enfrentar Taliesin, não conseguiu dizer nada além de “blerwm”; e quando mandou os vinte-e-quatro bardos, todos fizeram à mesma coisa. Maelgwn perguntou ao garoto Taliesin qual era sua incumbência, e este o respondeu com uma canção:-“Débeis bardos, estou tentando assegurar o prêmio, se eu puder; com um gentil e profético esforço ao tentar reconstituir a perda que sofri; completando a tentativa eu espero, enquanto Elphin passar apuros no forte de Teganwy, que nele não repousem muitas correntes e grilhões. A Cadeira do forte de Teganwy irei mais uma vez procurar. Fortalecido por minha musa eu sou poderoso. Vigoroso é o empenho em minha busca, pois trezentas canções e mais estão combinadas no feitiço que canto. Não ficará aonde estou nem pedra, nem anel. Não restará perto de mim algum bardo que não saiba que Elphin o filho de Gwyddno está nas terras de Artro, preso por treze trancas, por louvar seu instrutor. Então eu Taliesin, Chefe dos bardos do oeste, libertarei Elphin do grilhão de ouro.”-“Se vocês são os bardos principais do mestre das ciências, declarem seus mistérios que narram os habitantes do mundo; existe uma nociva criatura, da plataforma de Satanás, que superou tudo entre o profundo e o raso; Igualmente grande são suas mandíbulas como as montanhas dos Alpes; Sua morte não irá conquistar, nem mãos nem lâminas; Tem a carga de novecentas carroças no cabelo de suas duas patas, tem em sua cabeça um olho verde como uma chapa de gelo; Três nascentes surgem em sua nuca; Algas marinhas nadam nesse lugar; Houve a dissolução dos bois de Deivrdonwy , o dotado da água. O nome das três nascentes do meio do oceano; Uma gerou água salgada que é de Corina, para repor a inundação dos mares que estavam desaparecendo; A segunda sem dano cairá sobre nós, quando houver uma chuva ampla, Do soberbo céu a terceira aparecerá através das veias das montanhas, como um banquete pedregoso. O trabalho do Rei dos reis. Vocês são bardos descuidados, em muita solidão; Vocês não podem celebrar o reino dos bretões; E eu sou Taliesin, chefe dos bardos do oeste, que libertará Elphin do grilhão dourado.”-“Façam silêncio então, desafortunados bardos, pois não podem julgar entre a verdade e a falsidade. Se vocês são os bardos principais, formados pelos céus, digam ao seu rei que destino ele terá. Sou o adivinho e o bardo que lidera, conheço todos os caminhos do país de seu rei. Eu libertarei Elphin do ventre da torre de pedra, e contarei ao vosso rei o que acontecerá. A mais estranha criatura virá dos pântanos marítimos de Rhianedd, como punição pela injustiça de Maelgwn Gwynedd. Seu cabelo, seus dentes, e seus olhos como ouro, e isso trará destruição de Maelgwn Gwynedd. Descubram vocês o que é a forte criatura frente à inundação, sem carne, sem osso, sem veia, sem sangue, sem cabeça, sem pé. Não será mais velha ou mais nova que no começo, por medo da contradição. Não há rudes carências com criaturas. Grande Deus! Como o mar embranquece quando ele chega! Grandes são suas rajadas de vento quando vem do sul. Grande é sua evaporação quando bate na costa. Ele está nos campos, na selva, sem mão e sem pé, sem sinais de idade. Mesmo coexistindo com as cinco eras ou períodos, ele é mais velho ainda, mesmo elas sendo de incontáveis anos. E ele é também tão largo como a superfície da terra, mas ele não nasceu, nem foi visto. Ele vai causar medo quando Deus desejar. No mar e na terra, ele não vê, nem é visto. Seu curso é diabólico, e não virá quando desejado em terra ou mar. Ele é indispensável. Ele é sem igual. Ele possui quatro lados. Ele não está confinado, ele é incomparável. Ele vem de quatro regiões e não será advertido. Ele não chegará sem aviso. Ele começa sua jornada sobre as rochas de mármore. Ele é sonoro, ele é burro. Ele é meigo, ele é forte, ele é robusto. Quando olha sobra a terra ele é silencioso, ele é vocal, ele é clamoroso, ele é o mais barulhento sob a face da terra. Ele é bom, ele é mal. Ele é extremamente prejudicial. Ele é oculto, porque a visão não pode enxergá-lo. Ele é nocivo, ele é benéfico, ele está longe, ele está aqui, Ele vai desordenar, mas não irá reparar o mal, ele não irá sofrer por seus atos. Vê-lo é irrepreensível. Ele é molhado, ele é seco, ele freqüentemente vem, procedendo ao calor do sol, e o frio da lua. A lua é menos benéfica, visto que o seu calor é menor. Um ser o preparou, longe de todas as criaturas, com uma tremenda rajada, para vingar-se de Maelgwn Gwynedd.”E enquanto Taliesin cantava seus versos perto da porta, chegou uma forte tempestade de vento, tamanha que o rei e seus nobres pensaram que o castelo fosse cair em suas cabeças. E o rei então fez que trouxessem Elphin rapidamente da masmorra e o colocaram em frente de Taliesin. E dizem que imediatamente ele cantou um verso, que fez as correntes de seus pés abrirem.- “ Eu adoro o supremo senhor da vivacidade. Ele que sustenta todo o céu, governante de todo extremo, ele que fez a água boa para todos, ele que conferiu todas as habilidades, e as abençoou. Que a abundância do hidromel seja concedida Maelgwn de Anglesey, que nos supre. De seu espumante hidromel, a mais selecionada e pura bebida. As abelhas coletam, e não apreciam, nós temos o brilhante e destilado hidromel, que é universalmente louvado. A multidão de criaturas que a terra nutre. Deus fez o homem com um aspecto que o enriquecesse. Alguns são violentos, alguns são mudos, ele os aprecia. Alguns são selvagens, alguns são domados. O senhor os faz parte de seu fruto. Por alimento e bebida até a ruína continuarão. Eu rogo ó Supremo, Soberano da região da paz, que liberte Elphin do desterro. O homem que me deu vinho, cerveja, e hidromel, com principescos corcéis, de bela aparência que ele ainda me dará; e no fim, que o Deus da bondade me conceda, em honra, uma sucessão de inúmeras eras, no retiro de tranqüilidade. Elphin, cavaleiro do prado, tardia seja tua decomposição!”E depois ele cantou a ode chamada “A Excelência dos Bardos.-“Quem foi o primeiro homem criado pelo Deus do céu? Que formoso e lisonjeiro discurso foi preparado por Ieuav? Que carne, que bebida, que telhado de seu abrigo; que impressão de seu principal pensamento? O que aconteceu com suas roupas? Quem carregou um disfarce, devendo aos ermos do país? Uma pedra deve ser dura pois um espinho deve ser afiado. Quem é duro como a pedra? Quem é salgado feito o mar? Quem é doce como o mel? Quem cavalga na ventania? Porquê empinado deve ser o nariz? Porquê uma roda deve ser redonda? Porquê a língua deve ser dotada da retórica ao invés de outro membro? Se teus bardos, Heinin, são competentes, deixe que respondam à mim, Taliesin.”E depois cantou o discurso que é chamado “A Reprovação dos Bardos.”- “Se vós sois bardos completamente imbuídos com o caráter não controlado, não deixem rastros na corte de teu rei; até que teus palavrórios sejam conhecidos, sejam silenciosos, Heinin, como o nome de teu verso, e o nome de tua fanfarrice; e o nome de teu antepassado a prior de sua existência batizada. E o nome da esfera, e o nome do elemento, e o nome de tua linguagem, e o nome de tua região. Fora, bardos de cima, fora, bardos de baixo! Meu amado está embaixo, no grilhão de Arianrhod. É certo que não saibam como se entender a música que completo, nem claramente como discriminar entre verdade e o que é falso. Tolos bardos, corvos do distrito, por que não alçam vôo? Um bardo não me silenciará, silêncio não será obtido, até que vá para debaixo dos pedregulhos e seixos; tal como deverá me ouvir, que Deus o ouça.”Então cantou uma peça chamada “A Malevolência dos Bardos.”- “Menestréis perseveram em seu falso costume, cantigas imorais são seu prazer. Vãs louvores eles recitam. Falsidade em todo o tempo eles completam, as pessoas inocentes eles ridicularizam, mulheres casadas eles destroem, virgens inocentes de Maria eles corrompem, enquanto passam suas vidas em ostentação. Pobres inocentes eles ridicularizam. A noite eles ficam bêbados, eles dormem de dia ,em ócio sem trabalho se alimentam. A Igreja eles odeiam, e as tavernas eles freqüentam. Com ladrões e perdulários se associam. Nas cortes eles indagam, depois de banquetes todo tipo de palavra sem sentido trazem à tona, todo pecado mortal eles louvam, todo curso de vida vil ele lideram. Por entre toda vila, cidade, e país, eles passeiam sem pensar no aperto da morte. Sem abrigar ou fazer caridade, com indulgências para se abastecer de excessos. Salmos ou orações eles não usam, dízimo ou oferendas a Deus eles não fazem, nos feriados ou domingos eles não veneram. À vigílias ou festivais eles não prestam atenção. Os pássaros voam, os peixes nadam, as abelhas coletam mel, as minhocas rastejam, tudo trabalha para obter sua comida, exceto menestréis e preguiçosos inúteis ladrões. Não zombo de música ou canções de menestréis, pois eles são dados por Deus para iluminar pensamentos; mas ele que os abusa, por blasfemar Jesus e seus serviços.”Taliesin libertou então seu mestre da prisão. E tendo protegido a inocência de sua esposa, e silenciado os bardos, tanto que nem um deles ousasse dizer uma palavra, trouxe a esposa de Elphin frente a todos, e mostrou que ela não tinha nenhum dedo faltando. Contente ficou Elphin, contente ficou Taliesin. Ele fez Elphin apostar com o rei, que ele tinha um cavalo melhor e mais veloz que todos os cavalos do rei. E assim fez Elphin, o dia, a hora, e o local foram fixados, e o local foi onde hoje é chamado Morva Rhiannedd. E para lá foi o rei com todo seu povo, e quatro-e-vinte dos mais velozes cavalos ele possuía. Depois de um longo processo o curso foi marcado, e os cavalos colocados para correr. Então veio Taliesin com quatro-e-vinte ramos sagrados, que ele tinha queimado, e fez o jovem que ia cavalgar o cavalo de seu mestre colocá-los em seu cinto, e lhe deu ordens para que todos os cavalos do rei ficassem em sua frente, pois ele alcançaria um cavalo após o outro se pegasse o ramo e batesse com ele na garupa do cavalo, e então deixasse o ramo cair; e que depois disso pegasse outro ramo fizesse dessa maneira com todos os cavalos, pois assim os alcançaria, mandando o cavaleiro prestar atenção no momento em que seu cavalo tropeçasse, e que ele então jogasse seu gorro no lugar. Todas essas coisas ele fez o rapaz cumprir, dando um golpe em todos os cavalos do rei, e atirou seu gorro no lugar onde o cavalo tropeçou. E nesse lugar Taliesin trouxe seu mestre ,após seu cavalo vencer a corrida. E fez Elphin colocar trabalhadores para cavar tal lugar; e quando eles haviam cavado o solo o tanto necessário, eles encontraram um grande caldeirão cheio de ouro. E disse Taliesin, “Elphin, contemple um pagamento para recompensar a ti, por ter me tirado da represa, e por ter me criado até agora.” E em tal lugar situa-se uma piscina de água, que por isso foi chamada Pwllbair. Depois de tudo isso o rei trouxe Taliesin a sua frente, e pediu que ele recitasse algo sobre a criação do homem e do começo do mundo; e após isso ele fez um poema que agora é chamado “Um dos quatro pilares da Canção.”:- “O Poderoso Senhor, fez, no vale de Hebron, a justa forma de Adão com suas mãos. E quinhentos anos, uma lacuna sem ajuda, lá ele permaneceu sem a alma. Ele de novo criou a forma, no calmo paraíso, da costela esquerda, a pulsante e alegre Eva. Por Sete horas eles foram os guardiões do pomar, até que Satã trouxe discórdia, com vontades do inferno. Dali eles foram levados, com frio e tremendo, para ganhar suas vidas, neste mundo. Para trazer adiante com dor seus filhos e filhas, para obter posses na terra da Ásia. Vinte e cinco, dez e oito, ela foi gerando sozinha. O misturado fardo de homem-mulher. E uma vez, não escondido, ela gerou Abel, e Cain o abandonado, o homicídio. A ele e sua companheira foi dada uma pá, para quebrar o solo, e então conseguir o pão. O puro e branco trigo, lavoura de verão semeado, para todo homem alimentar, até o grande banquete do Yule. Uma angélica mão do pai do alto, trouxe semente para crescer, e para que Eva semeasse; mas ela então escondeu do presente um décimo, e tudo que foi plantado não semeou. Trigo negro foi encontrado, e não o puro e branco grão do trigo, para mostrar o dano de roubar. Por este ato de furto é requisitado que todos os homens paguem dízimo a Deus. Do vermelho vinho, plantado em dias ensolarados, e em noites de lua nova; E o vinho branco. O trigo rico em grão, e o vermelho vinho fluido do corpo de Cristo, filho de Alpha. A água está fresca, o vinho é sangue derramado, as palavras da Trindade os santifica. Os livros escondidos da mão de Emmanuel foram trazidos por Rafael como presentes de Adão. Quando em velha idade, com seu queixo imerso na água do Jordão, mantendo um jejum, Moisés obteve a ajuda dos três mais especiais cajados. Salomão obteve na torre de Babel, toda a ciência das terras asiáticas. Eu obtive, em meus livros de bardo, todas as ciências da Europa e África. Seu curso, seu conteúdo, seu caminho permitido, e seu destino eu conheço, até o fim. Oh! Que miséria, através da extrema angústia, Profecia mostrará na raça de Tróia ! Uma serpente espiralada, orgulhosa e sem piedade, com suas asas douradas, da Alemanha. Ela atravessará a Inglaterra e a Escócia, das costas de Lychlyn até Severn. Então os bretões serão como prisioneiros, por estrangeiros dominados, por Saxões. Seu senhor os louvará, seu discurso eles continuarão, suas terras perderão, exceto a selvagem Gália. Até que algumas mudanças virão, após longa penitência, quando igualmente reinarão os dois crimes. Bretões então terão suas terras e sua coroa, e o enxame estrangeiro desaparecerá. Todas as palavras dos anjos, para paz ou para guerra, serão cumpridas para a raça da Bretanha.” Ele então contou mais profecias ao rei, e coisas que estariam no mundo, em canções como se segue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário