domingo, 23 de agosto de 2009

O SANTO GRAAL XIX - CALDEIRÃO


Acabamos de tomar conhecimento do “Santo Graal” sob a forma de uma Taça ou Cálice.
No entanto, das informações colhidas, verificamos que a representação do Graal na forma de um “Caldeirão” é muito anterior à representação sob a forma de uma Taça ou cálice.
O caldeirão vem desde os tempos dos Celtas, com uma representação de cunho feminino.
Porque não trazermos algo sobre o assunto?



Os Caldeirões

Muitos escritores notáveis mostraram a semelhança entre os Contos de folclores Célticos e as histórias do rei Arthur.

Havia muitos caldeirões nos contos Célticos e alguns tiveram propriedades bem parecidas com as atribuídas aos do Graal como descrito nos contos arturianos.

Um poema famoso, “O Preiddeu Annwn”, descreve o rei Arthur e seus homens arriscando-se no mundo dos criminosos Célticos para roubar o Caldeirão de Annwn mantido pelo chefe do Hades. O Caldeirão tem a habilidade para restabelecer a vida para os guerreiros mortos. Note isso na tradição Cristã; o Cálice sempre é levado ou é guardado por mulheres e tem a capacidade de restabelecer vidas.


O caldeirão e os seus magos


Outro caldeirão, o Caldeirão de Awen tinha a capacidade de dar a todos o poder do conhecimento, se uma porção fosse preparada nele.

Uma moça chamada Gwion foi escolhida pela deusa Ceridwen para mexer a poção. Ela derramou três gotas sobre os dedos dela e os pôs na boca. Ela ganhou todo o conhecimento.

Também note que na lenda do rei Arthur, o Graal pode dar conhecimento.

Muitos autores tentaram mostrar assim que os caldeirões célticos foram de alguma forma os percussores da imagem atual do Graal.

O caldeirão do mito clássico alimentou, também como o “Graal” celta, todos que a ele recorreram para o seu sustento.
Isso, junto, com a derivação de alguns heróis arturianos, como Kay e Bedivere, uns dos celtas, foi explorado em muitos textos.

O autor deseja mostrar que embora as derivações das lendas célticas sejam boas e populares em teoria, elas por nenhum meio explicam completamente os eventos e descrições dentro dos ciclos do Graal, nem explicam o interesse súbito da crença nele.




A guardiã do Graal


No livro de Charles Squire intitulado “Mitos e Lendas Celtas” ele faz referência a uma possibilidade do Graal estar relacionado com os Caldeirões, quando nos informa:
Na província de Demetia, chamada de Dyfed pelos galeuses que corresponde ao atual condado de Pembroheshire, era o último baluarte do submundo mítico. Conta que Dyfed era governada por uma tribo de deuses locais, cujas maiores figuras foram Pwyll, “Chefe de Annwn”, com a esposa Rhiannon e o filho Pryderi. Esses seres são descritos como hostis aos filhos de Don, mas amistosos com a raça de Llyr. Após a morte ou desaparecimento de Pwyll, sua viúva torna-se mulher de Manawyddan”.

“Num poema de Taliesin, encontramos Manawyddan e Pryderi co-governantes de Hades, e co-guardiães daquele caldeirão mágico de inspiração (livro de Taliesin, poema XIV, vol. I, pg 276, de Skene) que os deuses da luz tentavam roubar ou capturar, e que ficou famoso depois como o “Santo Graal”. Entre seus tesouros, estavam os “Três Pássaros de Rhiannon”, que sabiam com o seu canto, narra-nos um livro antigo, despertar os mortos para a vida e adormecer os vivos no sono da morte. Felizmente, raras vezes cantavam. “Há três coisas”, diz uma tríade galesa, “que não são ouvidas com muita freqüência: o canto dos pássaros de Rhiannon, um canto de sabedoria da boca de um saxão e um convite a banquete de um avarento”.



O Caldeirão Dagda



Nos romances posteriores, o Santo Graal é uma relíquia cristã de poder maravilhoso.

Conteve o cordeiro pascal comido na Ultima Ceia, e, após a morte de Cristo, José de Arimatéia com o mesmo havia colhido o sangue do Salvador quando preparava o seu corpo para o enterro. Mas antes de receber tal formação, ou seja, a de uma taça ou cálice, tinha sido o caldeirão mágico de todas as mitologias celtas.
Nas lendas Celtas encontramos, por exemplo, o Caldeirão Dagda (pai de todos os deuses irlandeses), no qual podia-se cozinhar a alimentação necessária para todo um regimento de guerreiros, foi chamado de “insecável”, pois todos que vinham a ele eram alimentados e ninguém saia insatisfeito.

No mito gaulês dos Mabinogion, o mesmo aparece como o Caldeirão da Regeneração capaz de ressuscitar os guerreiros mortos. O Caldeirão Dagda tinha uma clava com o mesmo poder, com uma exterminava os vivos e com o outro ressuscitava os mortos.
Boann era a esposa do Dagda, dentre os seus filhos os mais importantes eram Brigit, Angus, Mider, Ogma e Bodd (o vermelho).

Brigit foi uma deusa do fogo, da terra e da poesia. Brigit também era conhecida como a Minerva gaélica, também encontrada na Britânia como Brigantia, deusa tutelar dos Brigantes, uma tribo do norte, e no leste da França como Brigindo, a quem Iccavos, filho de Oppiano, fez uma oferenda dedicatória da qual ainda há registros (ver Rhys – Hibbert Lectures, I e II – “O panteão gaulês”). Os primeiros cristianizadores da Irlanda adotaram a deusa pagã no seu registro de santidade, canonizada obteve imensa popularidade como Santa Brígida ou Bride.




O Caldeirão de Gundestrop

Temos um outro caldeirão encontrado na Dinamarca que se chamava de Gundestrop, o mesmo foi confeccionado em prata dourada e era utilizado em cerimoniais, é proveniente do século I a.C.



O Caldeirão de Gundestrop




Encontramos na mitologia Celta uma série de outros caldeirões, como o de Brân, da Renovação, que foi dado pelo mesmo a Matholwch, detinha a capacidade de trazer o morto de volta à vida; o Caldeirão de Ogtyrvran (o gigante), do qual as Musas ascenderam; o caldeirão capturado por Cuchulainn de Mider, o rei da Cidade Sombria.
Posteriormente uma tragédia veio a abater-se sobre Cuchulainn, quando em um duelo, matou seu único filho, sem saber quem era; bem como vários outros caldeirões míticos de menor importância.

No próximo artigo, em continuação sobre as diversas representações do que seja o Graal, vamos trazê-lo na forma de uma pedra.

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