sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O SANTO GRAAL XVIII - TAÇA (3)

Anteriormente estávamos abordando o “Graal”, representado por uma Taça ou um Cálice. Falamos de como se iniciou a sua história, seu mito ou lenda, falamos do papel do rei Arthur da Tavola Redonda e de seus cavaleiros.
Nesta postagem, traremos para os nossos amigos, a finalização do assunto com referencia ao Graal representando uma Taça ou Cálice.


Taça ou Cálice – (terceira parte – final)


Uma história foi escrita há mais de 800 anos. Ela faz parte do livro “Le Conte du Graal” (O Conto do Graal), de Chrétien de Troyes (1135-1183), um dos maiores escritores franceses da Idade média.
Deixando de lado a antiguidade clássica e aproveitando-se das lendas célticas e das ricas fontes folclóricas européias, ele passou a se dedicar ao ciclo arturiano e ao tema do amor cortês, duas fontes inesgotáveis da literatura ocidental, (posteriormente no capítulo intitulado de Troyes, falaremos a respeito do mesmo). No seu livro ele dizia:





A representação do Santo Graal

“O jovem Sir. Percival estava exausto depois de cavalgar o dia inteiro. Meses antes ele tinha partido da corte do rei Arthur em busca de fama e aventuras, mas naquela noite tudo que ele queria era dormir. Foi quando avistou um castelo. Os portões estavam abertos e Percival entrou. Lá no seu interior foi recebido por um certo “Rei Pescador”, um velho nobre que o convidou para a ceia. Antes de o banquete começar, duas crianças atravessaram a sala. Primeiro um menino passou trazendo nas mãos uma longa lança de uma brancura deslumbrante, cuja ponta sangrava como se estivesse viva. Em seguida apareceram dois homens muito belos carregando cada um em sua mão um lustro de ouro niquelado, em cada lustro brilhavam ao menos dez círios. Logo depois surgiu uma menina em roupas majestosas, carregando um recipiente de ouro puro, incrustado pelas jóias mais preciosas da Terra ou do Mar, nenhuma gema podia comparar-se com o Graal. Quando a mesma entrou com o Graal, se expandiu pela sala um clarão tão grande e intenso, que os círios do castelo perderam o brilho como as estrelas ou a lua quando sai o sol. Atrás dessa donzela vinham outras levando um ábaco de prata”.
Conta-se nas lendas arturianas que todo aquele que saia a procura do Santo Graal, após ter encontrado o castelo do Graal, tinha de passar por uma certa prova, se conseguisse realiza-la com êxito, o Rei Pescador seria curado e as terras desoladas tornar-se-iam férteis.
A referida prova nada mais era do que perguntar o significado do que se via, quando os objetos sagrados eram expostos, e a quem o cálice do Graal servia.
No caso de não efetuar o seu questionamento, o castelo, o rei, o Graal, tudo mais se dissolveria como em um sonho e as terras permaneceriam estéreis, até que ele ou uma outra pessoa pudesse alcançar o castelo novamente, quando teria uma segunda chance de efetuar as perguntas.


Representação do Santo Graal em um vitrail


Sir. Percival ficou deslumbrado e dominado de admiração causada pela misteriosa procissão do Graal, mas, por timidez, não perguntou o significado daquilo. No dia seguinte, o cavaleiro seguiu viagem. Aquela cena nunca mais sairia de sua cabeça.
Um dia decidiu reencontrar os tesouros e desvendar seus segredos, ainda que a aventura lhe custasse à vida. Naquela oportunidade a busca pelo Graal acabava de começar.
Sir. Gawain, da mesma forma, foi dominado pelo sono no momento crítico, de maneira que também não perguntou sobre o seu significado.
Chrétien faleceu antes de concluir o seu livro, no entanto nele, nenhuma explicação deixou. O que seria aquele recipiente portador daquele brilho, e o que ele continha? Quem era o rei Pescador? Qual o significado daquela lança que sangrava?
Essa série de perguntas deixou de serem respondidas pelo escritor.
O cálice segundo as lendas, tem certos poderes associados tais como:
- Habilidades de cura e restauração física do corpo humano;
- Comunicação com Deus ou conhecimento de Deus;
- Invisibilidade para o mal ou olhos desmerecedores;
- Habilidade para “alimentar” os presentes;
- Imortalidade. “Habilidade para chamar aqueles que eram merecedores”.
O simbolismo sexual do Graal é indiscutível: é uma taça e, como tal, é a imagem do seio da mulher que dispensa alimento.
Por analogia, é um continente, e seu conteúdo, na versão cristianizada, poderíamos dizer é o sangue de Jesus. Por isso é fácil deduzirmos que o Graal, mais do que a imagem do seio representa o útero da Deusa Mãe, que dá vida a todas as criaturas do mundo, a condição de ser fecundada.
Sabemos que o país do Graal é estéril, está devastado e que esperam o cavaleiro eleito que deve devolver a fertilidade perdida.
Como o Rei Pescador tem um ferimento que afetou suas partes viris, portanto, a taça do Graal como útero materno, só poderá ser fecundado por um homem eleito (futuramente iremos abordar a figura do Graal como sendo – o sangue).
Por analogia, Jesus seria esse eleito, mas qual foi o útero que Ele fecundou?
A procura do Graal em forma de um cálice despertou inclusive a curiosidade dos nazistas. A idéia central do filme “Indiana Jones e a Última cruzada”, de Steven Spielberg – que mostra nazistas à procura do Santo Graal – não é tão absurda quanto parece.
Segundo os autores Stephen O´Shea e M. Sabbehedin, o Terceiro Reich teria de fato patrocinado uma busca pelo Cálice antes da Segunda Guerra.
Tudo teria começado com as pesquisas do místico nazista Otto Rahn. Para ele, o Graal era uma relíquia do paganismo, símbolo da resistência germânica contra o cristianismo. Para Rahn, os guardiões do Graal teriam sido os hereges cátaros, perseguidos e exterminados pela Igreja nos séculos XI e XII, e o Cálice estaria escondido nas ruínas de Montségur, antiga fortaleza dos hereges cátaros, no sul da França.
As teorias de Rahn chegaram aos ouvidos de Heinrich Himmler, comandante da SS e entusiasta das ciências ocultas.
Himmler convidou Rahn a unir-se à divisão de pesquisas arqueológicas da SS e ordenou que fossem efetuadas escavações em Montségur.
Alguns afirmam que posteriormente Rahn enviou a Himmler um grande cristal de quartzo, que se assemelhava à descrição do Graal efetuada por Wolfram Von Eschenbach.
O mais provável, no entanto, é que isso também não passe de lenda (Em um capítulo à parte falaremos sobre as teorias do místico Otto Rahn).
No próximo artigo daremos continuidade sobre as diversas representações do que seja o Graal, traremos para conhecimento o Graal na forma de um Caldeirão.

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