De repente, o Mago Merlim aparece demonstrando todo o seu poder e, então um dialogo tem início e a palavra do Graal aparece.Vejamos o que tem o Mago Merlim a dizer.
Continuemos nossa leitura.
O Mago Merlim à luz da fogueira
- Você reconheceu quem eu era sem apresentações tolas, e agora você quase consegue ler minha mente. Bastante prometedor - disse Merlim.
Com sua modéstia natural, Galahad baixou o olhar para o chão, esperando que Percival não ficasse com inveja desse elogio que ele não procurara.
- Seu rei falou acertadamente, você sabe - disse Merlim.
- O Graal não é uma coisa que se possa perseguir a cavalo como uma raposa. Ele não é feito de ouro ou pedras preciosas, e, por conseguinte, não traz nenhum beneficio a quem o guarde em segredo. E possuí-lo não confere à pessoa a bênção de Deus, o mesmo ocorrendo se a pessoa não possuí-lo.
Percival, que estava ficando cada vez mais agitado, finalmente interrompeu:
- Como você pode dizer isso? O Graal deve conferir a bênção de Deus.
Merlim interrompeu-o com um olhar contundente.
- Meu caro palerma, se o mundo todo foi criado por Deus, como poderia qualquer parte dele, por mais remota ou insignificante, ser menos abençoada do que outra?
- Mas existe um Graal, não existe? - perguntou Galahad. O rei nos disse que você o protege.
Merlim fez que sim com a cabeça.
- Protejo o que não precisa de proteção, oriento a busca que você não pode empreender a lugar nenhum, e no final estarei presente quando você encontrar o Graal, embora você não vá ver nem a mim nem a ele.
Merlim parecia muito feliz com esse enigma e calmamente soltou uma baforada de fumaça pela boca, como se o tabaco já tivesse sido descoberto.
Percival levantou-se de repente.
- Bem, se eu sou o palerma aqui, vou me retirar.
O comportamento de Merlim suavizou-se um pouco.
- Você é o que você é, o que parece muito bom aos olhos de Deus e bastante raro neste mundo sem esperanças - murmurou ele.
- Tome seu lugar, por favor.
Percival, ainda um tanto zangado, aquiesceu a esse pedido delicado.
- Não me aproximei de vocês por acaso. Estou aqui para conduzi-los ao Graal declarou Merlim.
- Existe uma regra que não pode ser desobedecida: quando o discípulo está pronto, o mestre aparece. O que vocês desejam saber, eu posso ensinar. Meus primeiros comentários não foram rudes nem místicos. Quero apenas eliminar das suas cabeças quaisquer sonhos errôneos que possam ter com relação ao objeto da sua busca.
Com um movimento da mão, Merlim fez com que o anel de fogo se reduzisse a uma incandescência opaca, e seus traços mal ficaram visíveis à luz das brasas. Os dois cavaleiros o viam basicamente como uma longa sombra coroada de cabelos brancos iluminados pela lua que subia no céu.
- A busca que traz o Graal como prêmio não é uma jornada do tipo que os cavaleiros ignorantes anseiam por empreender. Ela é uma jornada interior, uma busca da transformação. Vocês já ouviram falar numa coisa chamada alquimia?
- Percival e Galahad inclinaram afirmativamente a cabeça, figuras indistintas esboçadas pela escuridão mais profunda.
- A alquimia é a arte da transformação - prosseguiu Merlim - e quando suas sete etapas forem concluídas, somente então, vocês serão capazes de reclamar o Graal.
- Sete etapas? - perguntou Percival.
- Então afinal o Graal é feito de ouro, pois eu sei que os alquimistas...
- Sofismas e tolices. Vocês conhecem muito poucos, ou nada, a respeito dessa arte, e, no entanto a vêm praticando diariamente desde o dia em que nasceram - replicou Merlim.
- Todo bebê nasce um alquimista, depois deixa escapar a arte, apenas para recuperá-la mais tarde.
Percival compreendeu que o mago iria continuar a recorrer a enigmas se ele insistisse em duvidar dele; por conseguinte, o cavaleiro sabiamente acomodou-se e ficou escutando.
- O maior desperdício da existência - disse Merlim - é o desperdício do espírito. Cada um de vocês, mortais, veio ao mundo para procurar o Graal. Ninguém nasce com mais privilégios do que outro; o mago percebe que todo mundo é criado para alcançar a liberdade e a realização.
- Eu já não sou livre? - indagou Percival.
- No sentido mais simples é, uma vez que você não está sendo mantido prisioneiro de ninguém, mas estou me referindo à liberdade num sentido mais profundo: a habilidade de fazer qualquer coisa que você queira quando bem entender - replicou Merlim.
- E existem níveis ainda mais profundos. Como você deve admitir, você é o tempo todo prisioneiro do seu passado, suas lembranças criam o condicionamento que literalmente dirige sua vida. Se você estivesse livre do passado, você poderia ingressar em infinitas possibilidades, rompendo a barreira do conhecido a cada momento. O Graal é apenas uma promessa visível de que essa perfeição existe. Vocês compreendem?
Agora que se entusiasmara pelo assunto, o mago não esperou pelo assentimento deles.
- Eu disse que o caminho em direção à liberdade e à realização encerra sete etapas de alquimia. A primeira etapa começa no nascimento, as seguintes seguem-se na infância, e as restantes são deixadas para vocês. Vocês são sempre protegidos no plano divino, mas à medida que crescem é permitido que sua vontade e seu desejo aumentem. Quando bebês, vocês eram puros bastante para alcançar o Graal, mas muito ignorantes para saber da existência dele. Quando adultos vocês conhecem a meta, mas já fecharam o caminho que leva até ela. Foi a introdução do livre-arbítrio que fez com que vocês deixassem escapar o Graal, mas, no entanto ele também é o meio pelo qual irão recuperá-lo no final.
Temendo que Percival pudesse começar a apresentar objeções, Galahad rapidamente apartou:
- Você pode nos mostrar as sete etapas?
Marlim deixou que um leve sorriso de entendimento passasse pelos seus lábios antes de inclinar a cabeça em sinal de assentimento.
O Mago Merlim inicia a sua conversa sobre o Graal, os cavaleiros estão atentos para as suas palavras.
O que será as etapas a que ele aludi?
SEGUE...
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