domingo, 20 de junho de 2010

A LÍNGUA GAÉLICA



Atualmente existem 3 línguas Gaélicas: o Gaélico irlandês, o Gaélico escocês e o Gaélico mancês ou manx, na ilha de Man, que juntos representam o ramo Goidélico da família lingüística celta, sendo que, Gales, Cornualha e Bretanha formam o ramo Bretão.
O Gaélico irlandês (Gaeilge na héireann), também conhecido como Gaélico ou irlandês, é uma língua celta relacionada com o Gaélico manx (Gaelg Vanninagh) e com o Gaélico escocês (Gàidhlig na h-Alba).

O dialeto irlandês Ulster é particularmente próximo do Gaélico escocês. O Gaélico irlandês é falado na Irlanda desde 300-350 a.C. Mais tarde se espalhou para Escócia e Ilha de Man, onde diferenças dialéticas gradualmente se desenvolveram e por volta do século 17 já eram 3 idiomas diferentes.
As inscrições em irlandês começaram por volta do século 5, época que coincide com a chegada do cristianismo as terras pagãs.


A forma mais antiga de escrita era o Ogham, também chamado de alfabeto das árvores, que encontramos até hoje em menires e tumbas.
O irlandês antigo é muito próximo do celta comum, o ancestral de todas as línguas celtas.
O irlandês antigo aparece pela primeira vez em manuscritos religiosos.
A história escrita, leis, literatura e poesia provavelmente começaram por volta do século 7, que começa com a proverbial Era Dourada, antes da chegada viking no século 9, quando a Irlanda ficou conhecida como a Terra dos Santos e estudiosos.
O idioma desse período era o Irlandês Antigo (600-900) seguido pelo Irlandês médio (900-1200).
O começo do irlandês moderno coincide com a idade da poesia bárdica (1200-1600), uma era em que a sociedade aristocrata gaélica floresceu e uma literatura com dialeto padronizado, irlandês clássico, desenvolveu-se sob o apadrinhamento dos nobres Gaélicos e Normandos-Gaélicos.
A conquista Elizabetiana da Irlanda (1600) pôs fim à aristocracia gaélica e nas instituições que mantinham o coerente sistema das leis gaélicas e da literatura clássica.
Apesar do inglês ser a língua do governo, política, escolas e etc, o Irlandês continuou a ser falado pela maioria na Irlanda até o meio do século 19.
A literatura também prosseguiu sob a forma de poesia, prosa popular e músicas. Enquanto um declínio gradual do uso do irlandês se deu a partir do séc.17, não chegou a 1800 e o ataque violento da fome irlandesa (1845-1849) que a língua irlandesa passou por grave declínio.
No momento, é estimado que 100% das crianças irlandesas vivendo nas Gaeltach (regiões de língua nativa irlandesa) em 1800 adquiriram o Gaélico como sua primeira língua.
No ano de 1860 esse número era menor que 5%.
Um rápido declínio continuou ao longo da Segunda metade do século 19 e poderia ter resultado na precoce morte do idioma, se não fosse pelo chegada da Confederação Gaélica, fundada em 1893. Sua missão era promover literatura irlandesa histórica e cultivar uma literatura moderna em irlandês.
O trabalho da Confederação Gaélica coincidiu com o surgimento do Ressurgimento Celta (Celtic Revival) incorporado por escritores como Lady Gregory e John Milington.
No momento, o irlandês é percebido como um depósito de mito irlandeses, lendas, folclores e como o fundamento da cultura irlandesa.
O revivamento da cultura, em que o movimento lingüístico ocupa parte central, foi essencial para o movimento separatista, a guerra anglo-irlandesa e o estabelecimento do Estado Livre Irlandês (1922).
Obrigatório como parte fundamental no crescimento do Nacionalismo Irlandês, o Gaélico foi declarado e continua sendo a língua oficial da atual república.
Seguindo o estabelecimento da Estado Livre Irlandês, o governo fez do amparo a regiões de língua nativa um objetivo nacional, prevenindo o declínio da língua onde ela for à preservada e promovendo o restabelecimento do uso do Gaélico na linguagem cotidiana. O resultado desses esforços não tem sido o melhor.
Muitas razões só podem ser enumeradas para a falha da tentativa de frear o declínio do Gaélico. Depois da Independência ter sido concluída, as pessoas que trabalharam em favor do idioma, procuraram pelo o governo para restaurar a língua como idioma nacional.
Membros da Confederação Gaélica caíram drasticamente. Em 1922 eram 819 e dois anos depois eram apenas 139.
Outro problema é que governo colocou e apoiou todos os esforços de restauração do idioma no sistema educacional.
Instruções em irlandês eram compulsórias a todos os estudantes, mas fora das escolas, em instituições públicas ou privadas, Gaélico era raramente falado.
A "Spelling Reform" de 1945, que simplificava o idioma e adotava as letras romanas em vez das inscrições gaélicas, também alienaram a geração mais antiga que fala Gaélico. Muitos tinham dificuldade ou faziam objeção em ler seus jornais ou literatura no novo estilo.
Hoje, o irlandês, geralmente é escrito com o alfabeto irlandês moderno (an aibítir), uma versão do alfabeto latino similar à usada para o Gaélico escocês:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, l, m, n, o, p, r, s, t, e u.
A reforma de pronúncias de 1957 eliminou algumas das letras silenciosas que ainda são usadas no Gaélico escocês.
As letras j, k, q, v, w, x, y e z, não ocorrem nas palavras irlandesas, mas aparecem em algumas palavras de origem inglesa como: jab (serviço) e veain (van).
Atitudes em relação à língua são certamente um fator.
Nos anos durante e após a fome irlandesa, a língua foi associada à condição dos pobres da zona rural e foi vista como um impedimento ao progresso e melhoria econômica.
Ditos populares como "irlandês não passa manteiga em nenhum pão" ou "irlandês nunca vendeu um porco", refletem a convicção de muitos de que o inglês era necessário para se seguir adiante, particularmente para imigrantes.
Apesar dos esforços da Confederação Gaélica e do governo, a pressão econômica e as mudanças ocorrentes da industrialização continuaram a afetar as atitudes e o uso do idioma pelos nativos faladores e Gaélico nas áreas rurais do oeste da Irlanda.
Onde os trabalhos da fazenda e da pesca eram o tópico da conversação diária, as mudanças trabalhistas particularmente dos anos 60 introduziram uma nova terminologia e conceitos mais facilmente discutíveis em inglês.
Éamonn Ó Dónaill, um novato em Gaélico, professor e escritor, argumentou que a raiz do problema era anterior a fome Irlandesa, chegando à época da conquista Elizabetiana:
"Le Teitheadh na nIarlaí thit an tóin as an chóras Ghaelach agus fágadh na Gaeil gan cumhacht pholaitiúil ná eacnamaíoch. Níl aon fhorbairt ná rath i ndán do theanga mura labhraíonn daoine le cumhacht den chineál seo í; cailleann sí a stádas agus feictear do dhaoine gur fearr í a chaitheamh i dtraipisí mar nach bhfuil aon rud le gnóthú aisti"...
"Com a Elevação dos Condes, caiu à força do sistema Gaélico e o irlandês foi deixado de lado sem poder político ou econômico. Não há desenvolvimento ou prosperidade de uma língua se a parcela poderosa dessa sociedade não falá-la, ela perde seu status e sugere ao povo que é melhor descartá-la se não há o que se ganhar com ela"...
Esse problema, essencialmente de desigualdade política, social e econômica entre a minoria lingüística e a dominante maioria inglêsa persiste até hoje. Muitos políticos anglo-irlandeses, enquanto balbuciavam o idioma e embelezavam discursos com cúpula focal (meia dúzia de palavras), eram imensamente indiferentes com o Gaélico irlandês e seus seguidores.
O mesmo pode ser dito dos estudiosos, particularmente a nova classe de historiadores e Gaélico revisionistas, que conspiciosamente omitiam qualquer menção ao Gaélico em antologias e outros trabalhos coletados.
A nova fase de prosperidade da Irlanda não necessariamente ajudou.
No oeste, onde o turismo atrai milhares de estrangeiros por ano, o inglês continua a invadir e o Gaélico a retroceder.
A popularidade das casas de verão dentre os ricos dubliners, alemães e americanos aumentou o preço da terra em até oito vezes a média anual de salário de um habitante local, dificultando os Gaélicos de possuir terras.
A melhora da economia irlandesa também significa perder milhões em subsídios, que vão atingir os condados do oeste (ex: Gaeltacht) da pior maneira possível.
A urgência da situação corrente segue despercebida pela maioria, até mesmo nas Gaeltacht.
Adaptação do texto original:
What is Gaelic de Brian ó Dubhghaill - Tradução Lornnah Carmel
O Futuro do Gaélico: Questão de Esperança?
Não há nenhuma dúvida de que o Gaélico, assim como todas as línguas celtas permanecem em perigo. Mas seria um erro achar que nenhum progresso foi feito. Por causa do movimento lingüístico e do ensino de irlandês nas escolas, muitas pessoas tem aprendido irlandês como segunda língua.
O censo mostra que mais de um milhão de pessoas (30% da população da República) afirmam ter algum conhecimento da língua. Cerca de 146.000 falantes de irlandês vivem na Irlanda do Norte e estima-se que mais 50.000 estejam vivendo nas cidades americanas de Nova York, Boston e Chicago.
Esses dados não refletem, contudo, o uso da língua. Os irlandês registrados na República, o censo aponta que apenas 71.000 usam o idioma diariamente - 21.000 em Gaeltacht e 50.000 em outras partes do país.
Enfim, a saúde da língua irlandesa nos leva a uma questão de perspectiva: é um copo de vidro meio cheio ou meio vazio? Talvez sejam ambos.
Os advogados da língua continuam trabalhando com energia e determinação e interessados para o que o futuro pode ser.
Essa é uma recente demonstração de sensibilidade de Nuada Ní Dhomhnaill, aclamado como poeta irlandês, articulado num ensaio publicado poucos anos atrás:
"Por que eu escrevo em Irlandês: o cadáver que se ergue" - (The New York Times Book Review, 01/08/1995).




"Eu me vi murmurando os ares de Cill Cais, o lamento por todas as grandes florestas Irlandesas e a extensão do legado Gaélico que elas simbolizam"


Cad a dhéanfaimid feasta gan adhmad?

Tá deireadh na gcoillte ar lár.

Níl trácht ar Chill Cais ná a theaghlach

is ní chlingfear a chling go brách.

O que vou fazer sem as florestas?

Agora que as florestas foram sacrificadas

Cill Cais e seu parentes não foram mencionados

E não haverá mais o som de seus pássaros



Fonte bibliográfica:
Orginal de "An Teangha Bheo - Gaelige Chonomara" de Máirtín Ó Murchú, "Visão Histórica da Posição do Irlandês," um documento apresentado no simpósio "The Less Widely Taught Languages of Europe," no St. Patrick's College em Dublin, Irlanda, Abril , 1987; procedimentos editados por Liam Mac Mathúna.

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