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sexta-feira, 5 de abril de 2013

CAMINHO CELTA

O SIGNIFICADO



O que significa seguir um caminho celta? Como tão simples pergunta tem uma resposta tão complexa, pois este se embrulha a semelhança de um nó celta. Quando uma pessoa escolhe o caminho celta, a primeira pergunta que deve fazer é:

- “Que sistema quero seguir?”. Talvez seja o caminho espiritual dos primeiros celtas (as tribos da Ibéria, Gália e Ilhas Britânicas), talvez seja o caminho celta com algumas influências romanas, ou Neo-Wicca, ou… o ponto da situação é que, por várias épocas, o sistema espiritual celta mudou, sendo assimilado por novas culturas que foram habitando gradualmente domínios celtas.

A era escolhida para estudo pode dar a conhecer sistemas de crença drasticamente diferentes.
Ao seguir um caminho celta, concorda-se sobre nove pontos que devem ser incorporados, para viver espiritualmente como eles.


1 - O primeiro é a reverência aos Deuses pagãos do panteão celta. Pode encontrar-se em muitas lendas irlandesas ou galesas, assim como em dados assentes em descobertas arqueológicas. Os Celtas não tinham um sistema dual de Deusa/Deus. O seu panteão era composto por muitos Deuses individuais que lideravam aspectos individuais. Por exemplo, Danu é considerada uma Deusa Mãe-Terra, no entanto não é considerada como a criadora da Terra. Ela é a Mãe preocupada, Senhora de fertilidade, que trás a abundância a Terra, e a mãe dos Tuatha de Danaan. No sistema celta, não há um Deus ou Deusa suprema de toda a criação ou superioridade. Cada tribo e pessoa honravam vários Deuses pelos seus aspectos particulares e criações individuais.



2 - Seguir os Deuses é a reverência dos ancestrais e dos espíritos da Terra. Os celtas mantinham uma forte conexão com os seus ancestrais, tal como é evidente no fato dos bardos recitarem temas ligados aos ancestrais de cada um. Os ancestrais eram honrados em cerimônias, preces, e era comum erguerem-se altares aos ancestrais, quer pelas famílias, quer pelas tribos. Os espíritos da terra também eram honrados com altares, alguns que ainda podem ser encontrados na Europa Ocidental. As pessoas faziam oferendas aos espíritos, tal como leite, aveia, objetos feitos por elas, e outros.

3 -Também há uma forte conexão com a História. Parte do espírito celta é a paixão pelo passado, e as histórias e sabedoria que encerra. Tal paixão é de tal forma forte, que referências históricas podem ser encontradas em quase todos os poemas e lendas celtas. As crianças aprendiam a História do seu povo por histórias bárdicas e escolas druidas, podendo continuar a passar tais conhecimentos às gerações seguintes. A História podia ser estudada de diversas formas. Para alguns, estudava-se através de um estudo de sagas mitológicas, para outros pela compreensão das bases da cultura, e para outros ainda, pela aprendizagem da linguagem gaélica. O estudo exato não era tão importante quanto o fato da História ir sendo aprendida, mantida e passada aos corações e mentes das pessoas.



4 - Em quarto, é um entendimento e conhecimento da cosmologia celta. Os celtas viam tudo em triplicidade: mar, céu e terra; macho, fêmea e neutro; fogo, água e terra. Esta triplicidade influenciava muitos aspectos em como o universo era visto. Cada reino, ou aspecto, era visto como um caldeirão suportado por três pernas. Cada perna, por sua vez, tornava-se o próprio caldeirão, suportado por outras três pernas. O modo como tal sistema funciona, pode ser visto no exemplo:
O caldeirão, chamado universo, é suportado por três pernas de mar, céu e terra. O caldeirão chamado mar, é suportado por três pernas de água, lua e espírito. O caldeirão chamado espírito é suportado por três pernas chamadas intenção, abundância e emoção.


5 -Em quinto lugar deve-se viver de acordo com as virtudes celtas. Encontrando-as nos contos locais e mitologias regionais, as três grandes virtudes são consideradas a Força, Verdade e Generosidade. Força era considerada tanto como força de armas, como a coragem para enfrentar os medos e ultrapassar obstáculos. A verdade era vista como a o cumprimento das palavras, honestidade nas ações e manter a alma ciente. A verdade era vista essencialmente em cada palavra ou ação, pela verdade era o julgamento da alma. Na sociedade celta quebrar a palavra não era tolerado, ações incorretas evitadas, e falsos julgamentos criticados. Generosidade incluía ser generoso para com os fracos e necessitados, e ser hospitaleiro para com os convidados, amigos e estranhos. Sabendo que satisfazer a fome era importante, virar as costas a quem necessitasse era horrível. Inclusive um poema celta relata que não ser hospitaleiro podia fazer cair um rei. Assim como simpatia, nunca se deve abusar da generosidade.


6 - Em sexto é o grande amor, e prática, de poesia. Poesia era vital no caminho celta. Era designada por Imbas, inspiração poética, a paixão ardente da alma. A poesia era intrínseca a estrutura mágica, era criada para honrar realizações, mas também como punição por atos sem valor. Cada pessoa conhecia pelo menos alguns poemas. A poesia celta estava cheia de imagética, derramamento de emotividade da alma, e versos apaixonados que levavam o ouvinte para outras realidades. Os contos diziam que para um celta estar equilibrado, devia fazer poesia, pois a poesia era a força que movia os mundos.

7 - Em sétimo está o ideal de inclusividade. Pessoas de diferentes culturas eram bem-vindas às tribos celtas. Qualquer um de valor podia ser adotado ou casar com celtas. Isto para dizer que qualquer pessoa, independentemente da raça ou cultura-base podia tornar-se celta. Com este princípio de inclusividade também se mantinha respeito pelas mulheres e homossexuais. Quando as mulheres não tinham uma vida perfeita, a cultura celta atribuiu-lhes mais igualdade e honra que em qualquer sociedade européia da época. Como preferência sexual, os celtas não demonstravam diferença entre heterossexualidade e homossexualidade; a idéia de prejuízo sexual não existia. Sexo era sexo, honrado individualmente pelo prazer e laços criados.


8 - Em oitavo encontra-se um forte sentido de si mesmo, combinado com a crença do certo e errado, que tinha lugar primordial na sociedade celta. Orgulho e gabar-se dos seus atos eram os passatempos preferidos, assim como muitas lutas para definir quem era melhor pessoa. O ideal wiccan de “não prejudicar ninguém” encontra-se na filosofia celta. Contudo tal não significa que se pode ou deve ser alvo de prejuízo. A honra era da maior importância para o indivíduo e para a tribo. Se a honra de alguém ou da tribo fosse ferida, era sua responsabilidade protegê-la. As lendas estão cheias de contos sobre guerreiros, reis e tribos que morrem para vingar a sua honra e os que eram feridos sem justa causa. Ser desonrado era um grave insulto e não vingar a honra podia reduzir a posição da pessoa na sociedade. Um sentido do certo e errado era liderado por regras e leis que cada um seguia, pois sabiam que cada ação era um fio que conectava toda a fábrica que era o universo junto.


9 - Finalmente, os celtas tinham um forte sentido de comunidade. Assim como eram necessárias três pernas para manter o caldeirão de pé, cada um na comunidade era uma perna para mantê-la levantada. A caridade era comum, e uma pessoa podia subir socialmente assim. A escola era importante com tantas crianças mandadas para escolas druidas para aprenderem História, poesia e habilidades. Os celtas criavam relações saudáveis entre todos, partilhando habilidades, comida e bebida, e conhecimento que fazia progredir o grupo como um todo. Bisbilhotice, rumores ou más línguas podiam resultar em banimento, pois entendiam que tais faltas podiam desfragmentar a comunidade, resultando num descrédito de honra. Comunidade, com fortes relações, era o objetivo da sociedade celta.

Em suma, um caminho celta é mais que fazer um ritual sábado à noite, ou falar de uma deidade celta sem o conhecimento de quem realmente eram. O caminho celta deve encontrar-se em todos os aspectos da nossa vida, tornando-a completa.

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