sexta-feira, 25 de junho de 2010

A IRLANDA CELTA

Irlanda Celta - a Primeira Era de Ouro
Por causa de sua riqueza, a Idade do Bronze irlandesa, foi por um renomado estudioso, chamada de “Idade do Ouro”. Essa comparação não é exagerada pois as maravilhosas peças em ouro encontradas em túmulos e sítios arqueológicos celtas deste período, nos mostram uma sociedade rica e próspera. Num sentido figurado, a expressão "Idade do Ouro" também é correta porque a Irlanda Celta nos deixou um rico legado artístico e cultural, além da inegável herança espiritual do druidísmo e de suas sobrevivências e renascimentos até nossos dias.


Os primeiros celtas
Advindos do continente europeu por duas rotas migratórias (uma através da Grã-Bretanha, a outra diretamente do continente pela Península Ibérica), os celtas chegaram à Irlanda em sucessivas e distintas levas. A prosperidade que mencionamos se deve em grande parte às ricas jazidas minerais do solo irlandês e ao intenso comércio com as populações da sua vizinha Grã-Bretanha e também de áreas mais remotas como a Ibéria, com a moderna Alemanha e a região do mar Báltico.
Somava-se também ao comércio de produtos e matérias primas, o intercâmbio profissional, pois é sabido que muitos artesãos irlandeses, renomados por suas habilidades metalúrgicas, viajavam a terras distantes para lá estabelecer suas oficinas - intensificando o intercâmbio cultural e econômico com outras culturas.



Magnífico torc em ouro


Mas os celtas da Irlanda eram, sobretudo, celtas - o que vale dizer que a Irlanda na Idade do Bronze era dominada por uma cultura guerreira, vaidosa, que apreciava o bom viver e não media esforços nesse sentido.

Sociedade

A sociedade na Irlanda celta não diferia muito do que descrevemos na sessão sobre os celtas deste blog sobre a tripartição. As funções sociais tipicamente indo-européia são facilmente identificada nos textos e relatos irlandeses, a saber:

- a nobreza, composta pela elite de guerreiros e líderes tribais;
- o clero, formado pelos druidas;
- os artesãos, conhecidos na Irlanda como Aes Dána, "aqueles das artes".

O poder da nobreza era demonstrado nos fartos banquetes oferecidos pelos chefes tribais, que serviam para preservar a fidelidade de seus súditos, conquistar aliados e intimidar os rivais.

Essa tradição tipicamente celta - assim como muitas outras - sobreviveu na Irlanda durante a Idade Média graças ao fato de que a Irlanda não foi romanizada, ou seja: suas instituições sócio-culturais permaneceram por mais tempo puramente celtas.

Um banquete irlandês - à mesa, os nobres; no centro, o bardo (fíli) recita seus versos ao som da harpa, símbolo do ofício bárdico.


Outra característica marcante da Irlanda celta é o uso dos carros pelos guerreiros, como fica claro nos relatos dos feitos de Cuchulainn e seu fiel amigo e cocheiro Láeg no "Táin".

A mobilidade conferida pelo uso de cavalos dava aos guerreiros irlandeses uma considerável vantagem sobre os que lutavam a pé, especialmente porque esses carros eram projetados para dar os guerreiros agilidade em combate.

Outra vantagem era o envio de homens e mulheres descansados à frente de batalha, recuando os guerreiros cansados da investida anterior numa espécie de revezamento, dessa forma mantendo o exército sempre descansado.


Um guerreiro irlandês em seu carro, com seu fiel cocheiro, rasgam as verdes planícies da Irlanda - Cuchulainn?


Mas o elemento que realmente merece destaque na sociedade celta irlandesa é o papel da mulher. Os mitos de um povo mostram sua forma de ver e sentir o mundo no qual vivem, e formam seus conceitos sócio-culturais mais profundos.


A profusão de deusas importantes na mitologia celta da Irlanda (Brighid, Morríghan, Macha, para citar algumas) e também de heroínas mortais (Deidre, Gráinne, Scatha) indica claramente que a mulher celta irlandesa gozava de um prestígio que suas equivalentes no mundo greco-romano sequer poderiam sonhar para si.

De todas as heroínas irlandesas, a que melhor encarna a força da mulher celta é, sem dúvida, a rainha Maedbh (Maeve) de Connacht.

Soberana, poderosa, independente, irascível, resoluta, Maedbh é uma porta-voz perfeita do espírito da mulher celta.

Vários textos medievais, especialmente as conhecidas Leis Brehon, confirmam os amplos direitos reservados às mulheres na sociedade celta irlandesa. A explicação para isso é simples: apesar de algum contato com o mundo mediterrâneo, os celtas da Irlanda mantiveram-se suficientemente isentos da influência de gregos e romanos e sua tendência à opressão da mulher.

Talvez esse seja um dos principais motivos para a voz da Irlanda atualmente servir de inspiração a quem tenta restabelecer uma sociedade mais equilibrada no que diz respeito à relação entre homens e mulheres.

2 comentários:

  1. Olá!

    Cada dia que passa.amo mais esta cultura.
    Tão livre e linda...

    Abraços e tudo de bom!

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  2. Simplesmente sublime este Blog! Parabéns!

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