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quarta-feira, 29 de julho de 2009

A BRETANHA NO TEMPO DE ARTHUR


Em princípios do século V, o imperador de Roma, Honório, já farto das revoltas da província da Bretanha, mandou retirar as legiões e quadros administrativos dessa província; essas legiões deviam ser comitenses, tropas móveis (uma vez que se sabe que as tropas junto à muralha de Adriano continuaram a cumprir o seu dever mesmo sem um império a quem servir).
A chamada Muralha de Adriano localiza-se no norte da Grã-Bretanha, aproximadamente entre a Inglaterra e a Escócia.
Não coincide, contudo, com a fronteira sul escocesa atual.
Erguida com a função de prevenir as investidas militares das tribos que viviam na Escócia (os pictos e os Escotos - chamados de caledônios pelos romanos), assinalava o limite ocidental dos domínios do Império Romano, sob o reinado daquele imperador.
Muralha de Adriano - Grã-Bretanha
Supõe-se que Arthur reinou do final do século V ao princípio do século VI, dando-se aos anos de 537 ou 542 para a data da batalha final com Mordred.
Mas qual era, na realidade, a situação política naquele reino insular? E quem o governava?
Um século antes, os romanos tinham, pouco a pouco, abandonado a colônia bretã que dominavam desde a conquista por Júlio César, em 54 a. C. - incapazes de resistir às invasões dos bárbaros Jutos, Anglos e Saxões do continente europeu e à pressão de uma tribo do norte conhecida como Pictus. Nos tempos conturbados que se seguiram, surgiram vários chefes guerreiros que enfrentavam os invasores e lutavam entre si.
Não existe notícia de um reino unificado nem de um governante com poder mais do que local. O cristianismo só conseguiu firmar-se na Inglaterra depois da chegada de Santo Agostinho e dos seus 40 monges em 597. Para a Bretanha e grande parte da Europa, foi este o início da Idade das Trevas.
Acreditando-se no monge galês Nennius, um guerreiro de nome Arthur - "juntamente com os reis dos bretões" - chefiou a resistência aos invasores.
Nennius, que escreveu a sua História dos Bretões por volta de 826, menciona 12 batalhas nas quais Arthur derrotou os bárbaros.
Na última, ele, pessoalmente, matou 960 inimigos.
Uns 150 anos depois de Nennius, surge uma cronologia da história britânica, os Anais da Cumbria compilada por um autor galês anônimo.
Relativamente ao ano de 537, ele menciona a "Batalha de Camelan, na qual tombaram Arthur e Medraut". Não é difícil ler Mordred em vez de Medraut.
Mas foi preciso que passassem mais 150 anos para que Arthur voltasse a ser citado por um historiador - apenas uma referência empolgante, mas que aguça o interesse: em 1125, o monge William of Malmesbury mencionam o guerreiro Arthur, "sobre o qual os bretões falam entusiasmado com palavras vazias, mas que, na verdade, merecem ser objetos não de contos e sonhos fantasiosos, mas na verdadeira história; pois ele foi durante muito tempo o sustentáculo de sua pátria e incitou à luta o ânimo enfraquecido dos seus conterrâneos".
Arthur torna-se um soberano pela mão de um contemporâneo de William.
Por volta de 1139, um diácono galês, o futuro bispo Godofredo de Monmouth, completou a sua monumental História dos Reis da Bretanha, um panorama completo dos chefes bretões desde os tempos dos romanos.
Aos trabalhos dos historiadores anteriores, como Nennius, Godofredo acrescentou detalhes coloridos colhidos da tradição local, dos mitos celtas e escandinavos e até da história bíblica.
Dois dos 12 livros de Godofredo são dedicados a Arthur, e neles aparecem pela primeira vez o mágico Merlin e as histórias do rapto de Guinevere e da traição de Mordred.
Ornamentando os sóbrios registros históricos com acontecimentos imaginativos introduzindo personagens sobre os quais nada se sabia, Godofredo instituiu um padrão que foi seguido durante séculos - transformando assim um guerreiro do século V num rei herói.

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