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Dechtire tomou as rédeas do carro do seu irmão, o rei Conchobar e mais nove carros, partiram pela planície atrás das aves. Uma corrente de prata ligava as aves aos pares, e estas voavam e cantavam tão bem que os homens do Ulster se sentiam encantados.
Logo o entardecer aproximava-se e os homens procuraram um abrigo, pois estava a nevar.
Foram bem recebidos numa cabana por um homem que lhes deu de comer e de beber, e, ao cair da noite, os homens do Ulster estavam bem alegres.
O seu hospedeiro anunciou que a sua mulher estava prestes a dar a luz e pediu a Dechtire para ajudar.
Os homens trouxeram um par de potros da neve, e ofereceram ao menino que Dechtire estava a acariciar.
Na manhã seguinte, os homens despertaram e viram apenas o menino e os seus potros, pois as estranhas aves e a cabana tinham desaparecido; estavam exatamente a leste de Bruig. Regressaram a Emuin Machae, onde o rapaz cresceu e depois de alguns anos adoeceu e repentinamente e veio a falecer. Dechtire chorou amargamente a morte do seu filho adotivo. Então, pediu água e foi-lhe dada uma tigela de cobre, mas sempre que a levava aos lábios uma pequena criatura saltava da água para a sua boca, nada vendo cada vez que olhava para a tigela.
Certo dia, o sono de Dechtire foi interrompido por um sonho do homem numa casa-fantasma. Ele disse-lhe que a seu nome era Lugh, filho de Ethniu, que a tinha atraído a casa e que ela era agora portadora da semente do seu filho: o menino iria chamar-se Setenta (CuChulainn, pronuncia-se Cu-hu-lim) e receberia os dois potros que só a ele estavam destinados.
Quando os homens de Ulster viram que Dechtire estava com a criança, perguntaram se o pai poderia ser o próprio Conchobar, pois o irmão e a irmã dormiam lado a lado. Mas, o rei livrou-se do embaraço, prometendo a sua irmã em casamento a Sualtam, filho de Roech.
No entanto, Dechtire sentia-se mortificada por ter que dormir com seu esposo, quando já trazia dentro si o filho de outro homem.
Assim, numa noite que estava só, esmagou o bebê que tinha no ventre. Logo em seguida Dechtire engravidou de novo e nasceu CuChulainn, o filho de Sualtam.
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