segunda-feira, 28 de junho de 2010

O CHAMADO DA IRLANDA





Eu clamo pelas Terras de Éire;
Poderosos são seus mares de fartura,
Fartas as suas serradas montanhas,
Serrados os seus bosques banhados,
Banhadas as cascatas dos rios,
Em cascatas os rios tributários dos lagos,
Com tributários as nascentes das colinas,
Nascentes as gentes nas assembléias,
Assembléia do Rei em Tara,
Tara, colina das tribos,
Tribos das gentes de Míle,
Os navios e galeras de Míle,
Galeras da poderosa Éire,
Éire, poderosa e verdejante.
Um encantamento de habilidade,
Habilidade das esposas de Bres,
Bres, das esposas de Buaigne,
Grande Senhora Éire:
Eremón vos molestou,
Ír e Eber vos procuraram;
Eu clamo pelas terras de Éire.
(palavras de Amergin - o maior poeta da Irlanda)

"Ser irlandês não é, por princípio,
uma questão de nascimento ou linhagem de sangue,
ou de linguagem:
ser irlandês é envolver-se com a situação da Irlanda
- e, no mais das vezes, ser por ela ferido."-
(Conor Cruise O'Brien, político e escritor irlandês)


"Eu não estava preparado para o que aconteceria naquela manhã,
quando pela primeira vez avistei a Irlanda pela janela de um avião.
Depois da longa jornada noturna, finalmente eu via,
através dos retalhos de nuvens,
a terra verde e amaciada pela chuva.
E fiquei movido.
Minha pele se arrepiou.
Tive a sensação de que algo invisível
se erguia em minha direção,
como partículas atômicas.
Uma espécie de pó fino,
formado de bilhões de mensagens embaralhadas,
enviadas a mim pela silenciosa terra verdejante.
Transcendendo os séculos - talvez os milênios.
Erguendo-se para além do mundo compreensível e suas histórias,
para falar comigo.
"Venha", elas pareciam sussurrar.
"Venha para casa - estávamos a sua espera."
- Pete Hamill, The Long Circle Home (in "Irish Spirit")


QUANDO ELA CHAMAR, NÃO RESISTA. RENDA-SE!




A cativante Irlanda ainda é uma terra onde os mistérios são gravados como runas em ruínas.

Trilhar o passado mítico irlandês hoje, é encontrarmos uma rica cultura que incorpora a preservação da sua tradição oral magnífica, rituais antigos, a poesia romântica e literatura, folclore e música vibrante.



Percorrer estradas cênicas que abraçam a costa ocidental da Irlanda acidentada, vaguear pelos campos ondulados e planícies rochosas, ir de balsa para a sedutora Aran Islands, é embrenhar-se mesmo no coração da Irlanda.



Sonho em poder visitar os altos penhascos de Moher, a paisagem lunar de calcário de t ele Burren, a Torre Yeat, Kilfenora, a cidade de Alto Cruzes, a sepultura antiga na passagem de Newgrange, os santuários literários de Dublin, caminhar nas pegadas celtas, escalar Croagh Patrick, o lugar mais santo na Irlanda, e explorar as ruínas de Clonmacnoise, a abadia onde os monges irlandeses "ajudaram a salvar a civilização", nas palavras de Thomas Cahill .

Passear pelas vilas costeiras encantadoras e pitorescas cidades do país onde as tradições dos antigos ainda estão muito vivas hoje.

Olhar para aqueles panoramas deslumbrantes na subida dos penhascos, descobrir ruínas antigas e estruturas de pedra, ir aos locais sagrados, e retornar a num momento de romance e encantamento com visitas aos castelos majestosos.

Descobrir a vibrante cultura dos irlandeses com entretenimento tradicional, música e noite cheia de divertimento em pubs.
Satisfazer a minha criatividade com leituras de poesia e contos tradicionais e desfrutar da paz e serenidade do cenário maravilhoso para a reflexão pessoal.



Viajar para o que antes era chamada de "Ilha dos santos e de sábios, poetas e sacerdotes", reunir muitos dos elementos miríades como narração de histórias, música, paisagem e a independência feroz que fizeram esta Ilha Esmeralda um dos países mais amados do mundo.

O desejo acalentado cada vez mais crescente e o sonho distante em ir à encantada "Ilha de Eire", onde a idade do mito, mistério e magia vivem, está sendo realizado.








“Casa com telhado de colmo, Adare, Irlanda”













“Nakken Newgrange Pedra esculpida”







IRLANDA, OUVÍ O TEU CHAMADO!!!
ME AGUARDE, POIS EM BREVE ESTAREI CHEGANDO...


IRELAND, chuala DO GHAIRM!
FAN ME, BECAUSE'LL BE teacht go luath

domingo, 27 de junho de 2010

A IRLANDA DOS MEUS SONHOS

“Toda vela acesa projeta uma sombra”.


(ditado celta)



Quando era menina, bem pequenina mesmo e ainda nem sabia ler, ganhei de presente uma coleção contendo vários volumes ricamente ilustrados de “Os Mais Belos Contos de Fadas” e, dentre os muitos, contos Russos, Franceses, Chineses e etc., estava um, o meu preferido, é claro, os Irlandeses que meu avô, pacientemente lia para mim.



Com o passar do tempo, já na adolescência, ainda continuava a lê-lo e deixava transportar-me para locais lindos, encantados e plenos de magia, pois, mais do que habitualmente, quase que me sentia "sair" de mim e viajar no tempo...


E, é mesmo como o mestre Claudio Quintino Crow se refere a essa TERRA DE SONHOS E MAGIA.



... "E cedo me apercebi que a minha vida nunca mais iria ser a mesma. As pessoas, as paisagens e as histórias antigas da Irlanda atraíam-me de uma maneira que não conseguia compreender.



Descobri os segredos mais antigos de uma terra onde a magia ainda não morreu.



(Àquela altura, sem que eu me desse conta, meus primeiros passos rumo ao universo da cultura e espiritualidade celta já haviam sido dados graças também ao druida Panoramix e seus amigos...)



A Irlanda é uma terra que respira Magia...



É verdadeiramente uma terra que atinge profundamente o coração, levanta o ânimo e estimula sua própria essência.


Descobri esta ilha fascinante que seduz todos os sentidos e nos deixa cada vez mais o desejo de fazermos uma viagem que combine a exploração da mitologia irlandesa, poesia, literatura, história e misticismo, bem como nos direciona à um olhar para as rápidas mudanças nos aspectos novos do tigre celta.



Fiquei encantado pela Irlanda. Os aspectos físicos, culturais, a questão do misticismo, a alegria e simpatia do povo. E a cultura celta, que é fantástica e linda, tem aspectos bem atuais. Por exemplo, os celtas se preocupavam muito com a preservação da natureza. Além disso, chama a atenção o respeito que eles tinham pelas mulheres. Eles consideravam a mulher um ser divino, porque elas traziam a vida.



A Irlanda é um país de beleza majestosa; abundante com paisagens impressionantes lagos e cachoeiras, colinas e pacíficas aldeias pitorescas.



É uma terra rica em história e tradição: desde a chegada dos primeiros invasores celtas da Europa, vários séculos antes do nascimento de Cristo, a Irlanda tem assistido a uma grande variedade de heróis e mártires, os reis e conquistadores, vitórias e derrotas.



Castelos, fortalezas e outros memoriais espalhados por todo o país refletem essa história ilustre e turbulenta, que são um legado do povo que a criou.



A Irlanda é também um país de intriga e mistério; estátuas pagãs e círculos de pedra esculpidos permanecem até hoje em um testemunho silencioso e secreto para os rituais do passado, e antigos mitos, contos populares e crenças mágicas ainda abundam nesta terra encantada.



Há muito, sentia um desejo incapaz de ser apaziguado de prestar uma homenagem ao espírito da Irlanda - suas terras, sua história, seu povo, sua magia em agradecimento a tudo que há décadas a 'Ilha Esmeralda' vem me oferecendo em termos de inspiração, aqui, à distância.



História e lendas, magia e progresso, pessoas e deuses, cidade e campo - na Irlanda, as fronteiras entre essas esferas simplesmente não existem (ao menos por ora...).



Irlanda, uma ilha nos confins ocidentais da Europa, cujo maior ponto de referência naquela altura eram os aparentemente e eternos conflitos entre católicos e protestantes e os atentados terroristas do IRA, como se vê, nada muito atraentes.



Mas a minha sede de conhecer cada vez mais sobre os celtas já me devorava, e todas as fontes apontavam para a Irlanda como um manancial primordial de conhecimento sobre os celtas.



A cantora irlandesa Enya, uma das precursoras de um estilo musical que viria a ser conhecido como "New Age", fazia os primeiros lançamentos e minha montanha-russa irlandesa acelerou.




Apesar de eu ter me encantado com suas músicas, quando fui então procurar conhecer a música irlandesa tradicional, começaram a vir ao meu encontro, entrelaçando-se, qual um knotwork celta tipicamente irlandês - mitologia celta, a heróica História da Irlanda, sua música tradicional, as paisagens - ah, as paisagens!




Tudo isso se juntou aquecendo em meu coração uma chama quase incontrolável de conhecer as terras que abrigaram os heróis Cuchulainn e Fionn, os deuses e deusas dos Tuatha de Danann, os atores do adorável filme "The Commitments", Ray Houghton, autor daquele gol contra a Itália na Copa de 1994, pois isso tudo (e muito mais) é a Irlanda.



Agora não tinha mais jeito!
A Irlanda já tinha encontrado seu lugar em meu coração. Tudo isso era agora parte de mim. Tudo isso, contudo, estava... tão longe!"...
Érin go Brágh "Irlanda para Sempre".

Então, como se costuma dizer por lá, Céad míle Fáilte - Cem mil boas vindas às paginas da Irlanda.




By Claudio "Crow" Quintino







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IRELAND NA mo bhrionglóidí




"Caitear gach coinneal ar scáth."


(Ceilteach seanfhocal)




Mar cailín, agus bídeacha fiú agus Níl a fhios agam fiú conas a léamh, a fuair mé é seo ó bhailiúchán ina bhfuil saibhir maisithe méideanna éagsúla de "More Beautiful Tales Fairy" agus i measc na scéalta go leor Rúiseach, Fraincis, Sínis, agus mar sin de. Bhí mé i mo , is fearr liom, ar ndóigh, an méid Gaeilge a léamh go foighneach mo sheanathair dom. Le himeacht ama, mar atá i measc ógánach, lean fós chun é a léamh agus lig dom bogadh chuig áit álainn, thar a bheith sásta agus go hiomlán draíochta, mar gheall ar níos mó ná mar is gnách, bhraith beagnach cosúil le "ag dul amach" liom agus taisteal i am ... Luath Agus shíl mé go riamh go mbeadh mo shaol a bheith mar an gcéanna. Daoine, tírdhreacha agus scéalta ársa na hÉireann mheall mé ar bhealach nach bhféadfaí a thuiscint. fuair mé amach an rúin an duine is sine sa talamh i gcás nach bhfuil draíocht marbh fós. (De réir sin, ach amháin má bhí a fhios agam é, a bhí mo chéad chéim chun tosaigh ar an saol de chultúr Ceilteach agus spioradáltacht ar leith a bhuíochas leis an Druid Druid agus a chairde ...) Tá Éire ina talún go breathes draíochta ... Is fíor a talún go sroicheann doimhin isteach an chroí, ardaíonn meanma agus a spreagann a croí. fuair mé amach an oileán seo suimiúil go seduces na céadfaí agus fágann sin go léir dúinn níos mó agus níos mó fonn a dhéanamh ar thuras go chéile a iniúchadh miotaseolaíocht na Gaeilge, filíocht, litríocht, stair agus misteachas, chomh maith le linn a dhíriú chun breathnú ar na hathruithe gasta i ngnéithe tíogair cheiltigh nua. Bhí áthas orm ag Éirinn. An choirp, cultúrtha, an cheist misteachas, charm agus cairdiúlacht na ndaoine. Agus tá an gcultúr Ceilteach, a bhfuil scoth agus álainn, pointí go maith inniu. Mar shampla, bhí na Ceiltigh i bhfad níos mó i gceist le caomhnú an dúlra. Thairis sin, tá sé díol suntais an meas a bhí acu do mhná. mheas siad an bhean a dhiaga na huaire, mar gheall go raibh siad ag tabhairt an saol. Tá Éire ina thír áilleacht maorga, lochanna radhairc flúirseach agus easanna suntasach, cnoic síochánta agus sráidbhailte pictiúrtha. Tá sé talamh saibhir i stair agus traidisiún: ó theacht na chéad ionróirí Ceilteach na hEorpa, leis na céadta bliain roimh bhreith Chríost roinnt's, ag Éirinn chonaic réimse leathan de laochra agus mhairtírigh, ríthe agus conquerors, hOilimpeacha defeats agus. Caisleáin, fortresses agus cuimhneacháin eile scaipthe ar fud na tíre sin a léiriú stair Oirirc agus chorraitheach, a bhfuil an oidhreacht na daoine a chruthaigh sé. A Éirinn chomh maith ar an talamh inlíochtaí agus suirí, dealbha bpágánach agus fáinní cloiche snoite dtí an lá atá fanacht ina fhinné ciúin le deasghnátha rúnda den am atá thart, agus na miotais d'aois, scéalta béaloidis agus creidimh draíochta fós flúirseach sa tír seo faoi dhraíocht. A fada, mhothaigh gur mian leo a bheith in ann appeased ómós a thabhairt do spiorad na hÉireann - an talamh, a stair, a dhaoine, a chuid draíochta i buíochas le gach gur ar feadh na mblianta an 'Is Emerald Isle' a thairiscint dom i dtéarmaí inspioráid, Anseo, ag fad. Stair agus laoch, draíocht agus dul chun cinn, daoine agus na déithe, cathair agus tír - in Éirinn, ní dhéanann na teorainneacha idir na réimsí ann (ar a laghad le haghaidh anois ...). Éire, an oileán sa Ní bhainfidh an Iarthar na hEorpa, an pointe is mó de na tagartha ag an am agus bhí coimhlint síoraí cosúil gcruthaíonn sé idir Caitlicigh agus Protastúnaigh agus na n-ionsaithe sceimhlitheoireachta IRA, mar a fheiceann tú, rud an-tarraingteach. Ach mo tart chun níos mó eolais a fhios ag na Ceiltigh devoured dom cheana, agus na foinsí uile a léirigh go hÉirinn mar an phríomhfhoinse eolais faoi na Ceiltigh. An amhránaí Enya Gaeilge, ceann de na forerunners de stíl cheoil ar tháinig ar a dtugtar air sin mar "Nua-Aois" a bhí, an chéad scaoileadh agus mo coaster ghráinní Gaeilge luathaithe. Cé go bhfuil áthas orm dom a gcuid ceoil, mar sin, nuair a lorg mé aithne ar an cheol traidisiúnta na Gaeilge tús le teacht chugam, intertwining, ar nós go tipiciúil Celtic knotwork Gaeilge - miotaseolaíocht Ceilteach, an stair laochra na hÉireann, ceol traidisiúnta , tírdhreacha - ah, tírdhreacha! Seo ar fad, d'fhág an téamh i mo chroí lasair a áiteamh beagnach smacht a fhios ag an talamh go teach an laoch Cú Chulainn agus Fionn, na déithe agus bandéithe na Tuatha Dé Danann, na haisteoirí an scannán adorable "The Tiomantais", Ray Houghton, údar an sprioc sin féin An Iodáil Corn an Domhain i 1994, toisc go léir (agus níos mó) go bhfuil Éire. Anois, ní raibh aon bhealach! Na hÉireann a bhí le fáil cheana féin a áit i mo chroí. Seo ar fad a bhí mé anois mar chuid de. Seo go léir, áfach, bhí ... go dtí seo! Erin Go Bragh "Ireland deo." Ansin, mar a deir siad os cionn ann, Thug Míle Fáilte - A céad míle fáilte go dtí na leathanaigh na hÉireann.




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IWERDDON OF MY BREUDDWYDION



"Mae pob gannwyll yn taflu cysgod"



(Celtic ddihareb)



Fel merch, a hyd yn oed bychan a hyd yn oed yn gwybod sut i ddarllen, Cawn hon o gasgliad sy'n cynnwys lluniau gyfoethog sawl cyfrol o "Mae'r rhan fwyaf o Beautiful Straeon Tylwyth Teg" ac, ymysg Rwsiaid lawer, Ffrangeg, Tseina ac yn y blaen. Fi oedd un, fy hoff, wrth gwrs, y Gwyddelod fy nhaid yn amyneddgar darllen i mi. Dros amser, fel yn eu harddegau, ond yn parhau i ddarllen a gadewch i mi symud i fannau hardd, wrth fy modd ac yn llawn o hud, oherwydd bod mwy nag arfer, bron yn teimlo fel "mynd allan" gyda mi a theithio yn amser ... Ac yn fuan sylweddolais na byddai fy mywyd yr un fath. Pobl, tirweddau a straeon hynafol o Iwerddon denu i mi mewn ffordd na allai ddeall. Yr wyf yn darganfod cyfrinachau hynaf mewn gwlad lle nad hud wedi marw. (Erbyn hynny, oni bai i mi wybod, fy camau cyntaf yn y byd o diwylliant Celtaidd ac ysbrydolrwydd wedi cael eu cymryd gan dderwydd Panoramix y a'i ffrindiau ...) Iwerddon yn wlad sy'n anadlu hud ... Mae'n wirioneddol yn dir sydd yn cyrraedd yn ddwfn i mewn i'r galon, yn codi'r ysbryd ac yn ysgogi ei hanfod hun. Yr wyf yn darganfod yr ynys hon cyfareddol a seduces holl synhwyrau ac yn gadael i ni mwy a mwy o awydd i wneud taith sy'n cyfuno archwiliad o fytholeg Gwyddelig, barddoniaeth, llenyddiaeth, hanes a cyfriniaeth, ac edrych ar y newidiadau cyflym yn yr agweddau newydd o teigr Celtaidd. Yr oedd yn bleser gan Iwerddon. Mae'r corfforol, diwylliannol, y cwestiwn o cyfriniaeth, swyn a chyfeillgarwch y bobl. Ac y diwylliant Celtaidd, sy'n rhyfeddol a hardd, wedi pwyntiau da heddiw. Er enghraifft, y Celtiaid yn llawer mwy o ymwneud â chadwraeth natur. At hynny, mae'n werth nodi y parch y maent yn ei gael ar gyfer menywod. Maent yn ystyried y fenyw yn ddwyfol yn bod, oherwydd eu bod yn dod yn fyw. Iwerddon yn wlad o harddwch godidog, llynnoedd golygfaol doreithiog ac yn rhaeadrau trawiadol, bryniau a heddychlon a phentrefi deniadol. Mae'n wlad gyfoethog o ran hanes a thraddodiad: o ddyfodiad y goresgynwyr Celtaidd cyntaf o Ewrop, nifer o ganrifoedd cyn genedigaeth Crist, Iwerddon wedi gweld amrywiaeth eang o arwyr a merthyron, brenhinoedd a concwerwyr, buddugoliaethau a mynd yn groes. Cestyll, caerau a chofebion eraill ar wasgar o amgylch y wlad yn adlewyrchu hanes hwn enwog a cythryblus, sydd yn etifeddiaeth y bobl sy'n ei greu. Iwerddon hefyd yn dir o gynllwynio a dirgelwch, cerfluniau paganaidd a chylchoedd cerrig cerfiedig hyd y dydd hwn barhau i fod yn dyst yn dawel i defodau cyfrinach y gorffennol, a chwedlau hynafol, chwedlau gwerin a chredoau hudolus dal yn gyffredin yn y tir hwn yn swyno. A hir, yn teimlo awydd gallu cael eu appeased i dalu teyrnged i ysbryd o Iwerddon - y tir, ei hanes, ei phobl, ei hud yn diolch i bawb fod am ddegawdau y 'Emerald Isle' yn cynnig mi o ran o ysbrydoliaeth, yma, o bell. Hanes a chwedl, hud a chynnydd, pobl a duwiau, dinas a gwlad - yn Iwerddon, nid yw'r ffiniau rhwng y meysydd yn bodoli (o leiaf ar hyn o bryd ...). Iwerddon, yn ynys o fewn cyfyngiadau Gorllewin Ewrop, y pwynt mwyaf o eitem ar y pryd, a oedd yn gwrthdaro ymddangos yn dragwyddol rhwng Pabyddion a'r Protestaniaid a'r ymosodiadau terfysgol IRA - fel y gwelwch, ddim yn ddeniadol iawn. Ond mae fy syched am wybod mwy am y Celtiaid eisoes ysodd mi, a phob ffynhonnell nododd i Iwerddon yn brif ffynhonnell o wybodaeth am y Celtiaid. Y canwr Gwyddelig i Enya, yn rhagflaenydd o arddull gerddorol a ddaeth yn adnabyddus fel y "Oes Newydd", oedd y datganiadau cyntaf. fy rollercoaster Gwyddelig cyflymu. Er fy mod wedi fy swyno gan eich cerddoriaeth, yna pan fyddaf yn ceisio adnabod y gerddoriaeth Gwyddelig traddodiadol, yn dechrau disgyn fy ffordd, cloi i fyny, y mae fel arfer yn Gwyddelig knotwork celtaidd - Mytholeg Geltaidd, hanes arwrol Iwerddon, ei cherddoriaeth draddodiadol , tirweddau - ah, y tirweddau! - Pob ymuno yn fy nghalon yn cynhesu awydd bron na ellir ei reoli i brofiad y tir sy'n gartref i arwr Fionn a Cuchulainn, duwiau a duwiesau y de Tuatha Danann, yr actorion y movie annwyl "Mae'r Ymrwymiadau, Ray Houghton, awdur y gôl yn erbyn yr Eidal yn 1994 yn Cwpan y Byd, Guinness yn beint ... Mae hyn i gyd (a mwy) yn Iwerddon. Nawr oedd unrhyw ffordd! Iwerddon eisoes wedi dod o hyd ei lle yn fy nghalon. Mae hyn i gyd oedd bellach yn rhan o mi. Mae hyn i gyd, fodd bynnag, roedd ... hyd yn hyn! Erin Ewch Bragh "Iwerddon Forever." Yna, fel y maent yn ei ddweud dros yno, Cead Mile Fáilte - A mil yn croesawu i dudalennau Iwerddon.



sexta-feira, 25 de junho de 2010

A IRLANDA CELTA

Irlanda Celta - a Primeira Era de Ouro
Por causa de sua riqueza, a Idade do Bronze irlandesa, foi por um renomado estudioso, chamada de “Idade do Ouro”. Essa comparação não é exagerada pois as maravilhosas peças em ouro encontradas em túmulos e sítios arqueológicos celtas deste período, nos mostram uma sociedade rica e próspera. Num sentido figurado, a expressão "Idade do Ouro" também é correta porque a Irlanda Celta nos deixou um rico legado artístico e cultural, além da inegável herança espiritual do druidísmo e de suas sobrevivências e renascimentos até nossos dias.


Os primeiros celtas
Advindos do continente europeu por duas rotas migratórias (uma através da Grã-Bretanha, a outra diretamente do continente pela Península Ibérica), os celtas chegaram à Irlanda em sucessivas e distintas levas. A prosperidade que mencionamos se deve em grande parte às ricas jazidas minerais do solo irlandês e ao intenso comércio com as populações da sua vizinha Grã-Bretanha e também de áreas mais remotas como a Ibéria, com a moderna Alemanha e a região do mar Báltico.
Somava-se também ao comércio de produtos e matérias primas, o intercâmbio profissional, pois é sabido que muitos artesãos irlandeses, renomados por suas habilidades metalúrgicas, viajavam a terras distantes para lá estabelecer suas oficinas - intensificando o intercâmbio cultural e econômico com outras culturas.



Magnífico torc em ouro


Mas os celtas da Irlanda eram, sobretudo, celtas - o que vale dizer que a Irlanda na Idade do Bronze era dominada por uma cultura guerreira, vaidosa, que apreciava o bom viver e não media esforços nesse sentido.

Sociedade

A sociedade na Irlanda celta não diferia muito do que descrevemos na sessão sobre os celtas deste blog sobre a tripartição. As funções sociais tipicamente indo-européia são facilmente identificada nos textos e relatos irlandeses, a saber:

- a nobreza, composta pela elite de guerreiros e líderes tribais;
- o clero, formado pelos druidas;
- os artesãos, conhecidos na Irlanda como Aes Dána, "aqueles das artes".

O poder da nobreza era demonstrado nos fartos banquetes oferecidos pelos chefes tribais, que serviam para preservar a fidelidade de seus súditos, conquistar aliados e intimidar os rivais.

Essa tradição tipicamente celta - assim como muitas outras - sobreviveu na Irlanda durante a Idade Média graças ao fato de que a Irlanda não foi romanizada, ou seja: suas instituições sócio-culturais permaneceram por mais tempo puramente celtas.

Um banquete irlandês - à mesa, os nobres; no centro, o bardo (fíli) recita seus versos ao som da harpa, símbolo do ofício bárdico.


Outra característica marcante da Irlanda celta é o uso dos carros pelos guerreiros, como fica claro nos relatos dos feitos de Cuchulainn e seu fiel amigo e cocheiro Láeg no "Táin".

A mobilidade conferida pelo uso de cavalos dava aos guerreiros irlandeses uma considerável vantagem sobre os que lutavam a pé, especialmente porque esses carros eram projetados para dar os guerreiros agilidade em combate.

Outra vantagem era o envio de homens e mulheres descansados à frente de batalha, recuando os guerreiros cansados da investida anterior numa espécie de revezamento, dessa forma mantendo o exército sempre descansado.


Um guerreiro irlandês em seu carro, com seu fiel cocheiro, rasgam as verdes planícies da Irlanda - Cuchulainn?


Mas o elemento que realmente merece destaque na sociedade celta irlandesa é o papel da mulher. Os mitos de um povo mostram sua forma de ver e sentir o mundo no qual vivem, e formam seus conceitos sócio-culturais mais profundos.


A profusão de deusas importantes na mitologia celta da Irlanda (Brighid, Morríghan, Macha, para citar algumas) e também de heroínas mortais (Deidre, Gráinne, Scatha) indica claramente que a mulher celta irlandesa gozava de um prestígio que suas equivalentes no mundo greco-romano sequer poderiam sonhar para si.

De todas as heroínas irlandesas, a que melhor encarna a força da mulher celta é, sem dúvida, a rainha Maedbh (Maeve) de Connacht.

Soberana, poderosa, independente, irascível, resoluta, Maedbh é uma porta-voz perfeita do espírito da mulher celta.

Vários textos medievais, especialmente as conhecidas Leis Brehon, confirmam os amplos direitos reservados às mulheres na sociedade celta irlandesa. A explicação para isso é simples: apesar de algum contato com o mundo mediterrâneo, os celtas da Irlanda mantiveram-se suficientemente isentos da influência de gregos e romanos e sua tendência à opressão da mulher.

Talvez esse seja um dos principais motivos para a voz da Irlanda atualmente servir de inspiração a quem tenta restabelecer uma sociedade mais equilibrada no que diz respeito à relação entre homens e mulheres.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A IRLANDA ANCESTRAL

A história irlandesa abrange desde os primórdios da história celta, entre 430 a.C., até meados de 1533 d.C., início da modernidade no mundo ocidental, a formação e o desenvolvimento político-social, econômico, cultural e religioso de Dublin, sua capital e maior cidade da Irlanda.
Podemos dividir a Literatura Ancestral da Irlanda, como sendo:
- Proveniente, de largo caráter mitológico, preenchida de heróis e lendas etc.
Não há nada estritamente histórico ou estritamente filosófico.
O objetivo era somente "cantar a glória" de seus reis e príncipes, principalmente no que se referia às batalhas que lutaram ou que foram lutadas por seus ancestrais.
- Grande parte dos poemas anônimos atribuídos à pessoas famosas do passado eram transmitidos através da tradição oral. - Uma sociedade heróica e aristocrata que admirava a lealdade, a coragem, a honra e a hospitalidade.
- Os Deuses algumas vezes interferem nos romances dos mortais, como nos contos gregos, e tanto eles quanto o outro Mundo estão sempre presentes.
- Existe sempre um elemento "romântico", que é repentino, obsessivo e que dura até a morte, às vezes, trazendo uma grande mágoa.- As tradições irlandesas e galesas foram feitas pelos poetas das cortes, em prosas e não em poesias. Elas podiam ser sátiras, lamentos ou louvores.
A Literatura Ancestral da Irlanda foi transcrita por monges, e são divididas em ciclos:
1. Ciclo Mitológico Irlandês: a "história" da Irlanda com uma série de invasões até a chegada dos Milesianos.
2. Ciclo de Ulster: trata sobre o reinado de Conchobar Mac Ness, Rei de Ulster, do início da era cristã e os feitos do herói CuChulainn. Inclui também os feitos dos guerreiros Uliad, o principal povo de Ulster nos tempos pré-históricos. A história principal é a famosa "A batalha das vacas de Cooley - Tain Bó Cúalnge". Onde CúChulain defende Ulster sozinho.
3. Ciclo Feniano: considerado o ciclo das histórias populares, escritas aproximadamente dois séculos mais tarde que o ciclo de Ulster, conta à trajetória de Finn Mac Cumhail e os Fianna. Parecem ser as histórias mais "recentes" e que foram transcritas por último. Finn mostra ser de mesma origem que o Deus Lugh.
4. Ciclo Real: as histórias e feitos dos reis Milesianos, que inclui períodos históricos do Ciclo de Ulster, também chamado de Ciclo de Reis ou Ciclo Histórico.
Material encontrado em vários livros como: O Livro de Leinster, O Livro de Lecan, O Livro Amarelo de Lecan, O Livro de Balymote, O Livro de Lismore e assim como, em diversos outros, com datas diferentes.
Datar os contos da mitologia irlandesa é tarefa muito difícil, mas a maioria foi escrita na idade média e não na Irlanda Antiga. Nenhuma dessas histórias parece ter existido da mesma forma, antes do séc. 5 d.C. O século 12, na Irlanda, foi um período de grandes recuperações e reformas, com o ressurgimento da literatura e do aprendizado.
Baladas de Poesia, primeiramente apareceram na Irlanda, uma forma mais popular em que se transformaram as Baladas Fenianas, em sua maior parte mostra um diálogo entre Oisin, filho de Finn e St. Patrick. Os contos podem ser agrupados em contos do Outro Mundo, e viagens mísitcas (Imramm), onde o herói embarca numa viagem e acha a Terra das Fadas. Desses contos cresceram as recentes lendas arthurianas.
No livro de Leinster, os contos são agrupados em tipos em vez de ciclos, que são sobre: destruição, roubo de gados, a corte e etc. O Ciclo Mitológico é anterior ao ciclo de Ulster, pois existem cópias mais antigas. A maior parte do conhecimento da Irlanda Celta e sua Mitologia está na batalha de Moytura de quase todos os Deuses irlandeses.

Por que a Irlanda? O Cristianismo Irlandês

Não é possível justificar a preferência pela Irlanda como objeto de estudo dos celtas, sem falar do cristianismo irlandês, por mais contraditório que pareça inicialmente, é disso que se trata o texto que, se segue geograficamente protegida de influências externas, a Irlanda manteve sua cultura, em relação aos seus países vizinhos como Inglaterra, por exemplo, um tanto quanto conservada, principalmente no ambiente rural, conservando seu idioma original, o gaélico irlandês, assim como o seu folclore.
Mas é óbvio que isso não significa que compartilhe do sonho delirante de que se visitar uma fazenda na Irlanda iremos encontrar, celtas dançando em volta de uma fogueira e celebrando os Deuses pagãos... Então por que a Irlanda?
Irlanda, Grã Bretanha e a Gália eram povoadas pelos celtas ainda no séc. 1 d.C., quando começaram as invasões romanas nesses territórios. Romanização, essa que foi penosa e deficiente, quanto mais ao Norte avançavam, mais resistência encontravam e como se não bastasse à resistência celta na Grã-Bretanha, Irlanda e Escócia, as invasões germânicas não tardaram a aparecer. Como somente parte da Grã-Bretanha foi realmente romanizada, conservaram-se "originais" tanto a Irlanda quanto a Escócia.
Por volta do século 5 d.C apenas, a cristianização chegou a esses territórios completamente pagãos, através de St. Patrick e St. Colomba, na Irlanda e Escócia respectivamente.
A cristianização na Irlanda foi um paradoxo: ao mesmo tempo em que destruía a religião original do país, um paganismo celta certamente livre do sincretismo com o paganismo romano; possibilitando a conservação literária dessa mesma cultura até os dias de hoje.
Nesse instante decisivo na história, o conhecimento popular era transmitido oralmente; com a cristianização, os épicos, lendas, mitos e Deuses maravilhosamente foram preservados pela literatura. Daí vem à especulação de que os primeiros monges cristãos seriam druidas convertidos, o que não é de todo impossível de se acreditar.
O quadro institucional da igreja era essencialmente urbana, pouco convinha ao caráter rural da vida irlandesa. Os irlandeses preferiam seguir o exemplo dos santos eremitas do Egito e do próprio oriente, que deixaram as tentações da cidade para buscar a perfeição em lugares ermos e agrestes.
Grupos de monges, participando do mesmo ideal de disciplina ascética, fundaram os primeiros mosteiros que, no século 5, já tinham chegado à parte ocidental da Grã-Bretanha.
Os monasticismo irlandês assumiu a direção da Igreja, caso único em vez de bispos, e estes conventos, bem ao invés dos protótipos egípcios, cedo se tornaram centros de cultura e de criação artística. Aí cresceu um fervor missionário que levou os monges a pregar aos pagãos e fundar conventos no norte das Ilhas Britânicas e no continente, desde Poitiers a Viena, apressando a conversão da Escócia, Norte da França, Países Baixos e Germânia.
Embora as fundações conventuais fossem entregue progressivamente aos monges beneditinos. A influência da Irlanda iria sentir-se na civilização medieval por séculos e séculos.
Os irlandeses, durante a Idade Média, assumiram o papel de fornecedores culturais e espirituais do Ocidente, influenciando principalmente a Bretanha que em sua vez, influenciava todo continente. Não é toa dá-se o nome de Período de Ouro da Irlanda, os anos compreendidos de 600 á 800 da era comum. A literatura irlandesa então, a mais rica e antiga do Ocidente.
Representa um compêndio magnífico de originalidade, uma vez que a Irlanda estava livre de toda influência da romanização. Sua conversão foi feita da classe sacerdotal do mais alto nível ao mais baixo, foram os clérigos que converteram reis e assim converteram o povo, fato também incomum. Essa conversão inversa permitiu a preservação dos valores e elementos comuns tipicamente celtas na literatura, o que faz dela a mais valiosa fonte de estudo da cultura desses povos, até os dias de hoje.
Fonte e créditos:Adaptação do texto de Phillip J. Brown
Tradução de Lornnah Carmel

quarta-feira, 23 de junho de 2010

OS CELTAS NA IRLANDA

Conta-nos a história, que a Irlanda é o último país de origem Celta e atualmente “lutam” para manter tradições tanto quanto sua história baseada em inúmeras lendas.
São muitos os que contam que durante muito tempo a Irlanda era um “amontoado de terras” encoberta por névoas, cuja terra era seca e sem valor algum, chovia o tempo todo e o sol era visto raramente…
Lá habitava um povo pouco amistoso, que não buscava contato com outras civilizações, os chamados Fomorianos, cuja cultura e hábitos merecem destaque, assim como boa parte do povo Celta.

Eles também acreditavam em Deuses e viviam migrando de um lado para outro da ilha…
Mas como nem tudo são flores, um dia foram surpreendidos pela “visita” de um novo povo que aos olhos deles eram aberrações: seres gigantes, com hábitos desagradáveis, pele escura, e expressões arrepiantes. Basta dizer que eles não eram parecidos com absolutamente nada do que os Fomorianos já tinham visto antes, talvez por isso mesmo eram tão estranhos aos olhos deles.
Desde a chegada desse povo, os Fomorianos buscaram meios de expulsá-los da ilha, mas acabou ocorrendo justamente o contrário, sendo eles expulsos e obrigados a retornar ao continente, sendo determinado a partir daquele momento os Partholon como o novo povo da Irlanda…
Os Partholianos, como eram conhecidos, se estabeleceram e são muitas as lendas que narram os trezentos anos em que a Irlanda foi ocupada por eles, que eram considerados seres mágicos, dotados de força descomunal e de uma inteligência notável.

A história nos conta que lagos surgiram por toda a Irlanda que viu suas terras serem ampliadas de forma surpreendente, a terra tornou-se fértil e todos viviam de forma próspera…

A névoa que cobria a ilha dissipou-se, ocupando apenas um lado da ilha no qual, nenhum ser vivo poderia ousar se dirigir para lá, a menos que ouvissem o chamado dos Deuses.

Surgia assim, a lenda da travessia do grande lago após a morte, quando o homem faria sua última travessia alcançando assim a honra de terem cumprido para com seu destino…
Pois bem, mas ocorreu que trezentos anos depois de muitos feitos, conquistas e melhorias por toda a ilha, eles previram o próprio fim. Foi então que uma praga levou a civilização parthoriana a extinção…

Para eles, a profecia havia se cumprido, o que significava dizer que eles tinham finalmente cruzado o instransponível oceano rumo a nova vida, atingindo assim o Porto Seguro.
A jornada dos partholianos estava completa…



A RAÇA CELTA

Como não formavam uma tribo única, e sim grupos bastante diferenciados, os bretões ou kimrys ocuparam a Bretanha francesa e o País de Gales; os gálatas Asia Menor; os gauleses, grande parte do que hoje é a França.

Os germânicos lhes fizeram uma guerra de extermínio: os boios, uma de sus tribos, que ocupavam o que é atualmente a Boêmia, lhe lhe deram seu nome, foram suprimidos pelos germânicos de maneira tão radical que os autores clássicos famaram do "desertum boiorum", o território osem população.

Assim, não se pode falar de uma “raça celta” e sim diversos povos de diferentes origens que compartilhavam certas características.

Alguns traços comuns de língua, instituições sociais e religiosas e, em geral, formas de vida, permitem considerar a idéia de um “povo celta”.
Até o término do século 5 a.C., os celtas da Europa oriental ou cultura de "Halistatt", extraiam ferro para fabricação de armas e ferramentas, no tempo que se estendiam por todo o continente, chegando à França e passando à Peninsula Ibérica, como afirmam os primeiros historiadores gregos.

Para muitos "La Tene" representa a primeira cultura que se pode chamar propriamente de celta.

Os gregos distinguiam entre estes celtas orientais, aos quais chamaram Galatoi e os do oeste da Europa, denominados "Keltoi".

Os romanos especificavam mais, e chamam "Galli" (gauleses) aos celtas de França; aos das Ilhas Britânicas, chamaram de duas formas: "Britanni" (britânicos) e "Belgue" (originários de Bélgica).
Compartilhavam uma cultura e costumes religiosos e sociais, tinham uma língua e tradições artísticas comuns.

Estavam divididos em tribos aristocráticas governadas por chefes militares empenhados em continuas lutas internas.

As enormes distâncias que separavam umas tribos das outras debilitaram a comunicação e favoreciam a desintegração.
Ao final do século 3 a.C., a influência dos celtas na Europa estava em declive.

Não transcorreu muito tempo antes que fossem ameaçados em várias frentes pelos germanos, dácios e romanos.

Um século mais tarde, apenas uma parte do vasto território seguia sob seu controle. Somente a Galia e as Ilhas Britânicas conservavam sua independência e identidade.
No século 1 a.C., Galia foi invadida pelo imperador Júlio César e incorporada ao Império Romano. A Grã Bretanha foi rebatizada com o nome de Britania.

Os celtas formavam uma sociedade militar governada por valentes reis e rainhas guerreiros. Além de magníficos guerreiros, os celtas foram excelentes camponeses. Basearam sua economia num amplo comércio a aprenderam de gregos e romanos como cunhar moedas.
Todo este tempo, a Irlanda celta, livre de qualquer intento invasor, tinha desfrutado de uma paz e independência quase absolutas.

Como resultado deste clima de tranqüilidade, sua cultura, tradições e língua (que os lingüistas chamam "goidelic") e que em sua forma moderna se conhece como “gaélico”, puderam sobreviver muito mais tempo que em qualquer outro lugar do mundo celta.

Na verdade, a ordem social da Irlanda permaneceu virtualmente intacta até muito depois de a ilha se ter convertido oficialmente ao cristianismo. Por esta razão, a mitologia irlandesa tem conservado sua cultura melhor que qualquer outra mitologia celta.


Fontes
A falta de documentos é um dos problemas com quem tenta estudar o povo celta. Alguns possuíam escrita, porém pouco dela se conserva e a literatura apenas foi transmitida na forma de tradição oral que se altera facilmente e morre facilmente.

Além disso, os sacerdotes celtas resistiam, por razões espirituais, a consignar por escrito qualquer coisa referente à religião. Há pequenas inscrições na Gália, escritas em lado, e que dão apenas uma informação indireta.
Mais importância há nos relatos de autores clássicos, gregos e romanos, especialmente Júlio César.

São parciais, referentes às províncias romanas habitadas por celtas, ou relativos às guerras com eles mantidas.

Naturalmente, pouco falam sobre as épocas mais remotas, não tendo caráter científico nem historiográfico referente à religião, destacando-se apenas o que é de importância para o desenvolvimento de operações militares ou da colonização.

Além disso, os historiadores viam com maus olhos os celtas, empenhando-se sempre em destacar o seu próprio ponto de vista.
Outras noticias indiretas nos chegam pelos autores medievais: escritos de bispos que citam superstições, ao combater os restos da antiga religião pagã; lendas e tradições, muito deformadas, que sobreviveram na literatura popular e que se supõe tenham inspirado os ciclos de gesta medieval, como o rei Artur.
Os mitos celtas se conservaram através de duas tradições principais: alguns foram recolhidos por monges cristãos e fixados por escrito, outros se mantiveram vivos nas tradições orais folclóricas e sobreviveram até hoje.

A literatura gaélica, baseada inteiramente na oralidade, desapareceu com o idioma.

Julio Cesar escreveu que os druidas da Gália consideravam inadequado colocar por escrito seu conhecimento. Em consequência, sua mitologia se perdeu para sempre.
Ao final do século 6 d.C., começou-se a registrar por escrito a literatura celta, porém de todos os manuscritos anteriores ao ano 1100 restaram apenas fragmentos.
O mais importante da tradição irlandesa é o chamado "Livro da Vaca Parda". Seu “transcritor" (seria incorreto dizer "autor") foi um tal Maelmari, de quem sabemos ter sido assassinado na catedral de Clonmacnois no ano de 1106, durante uma incursão viking.
O titulo se origina de um manuscrito anterior do século 7, que São Ciaran tinha escrito utilizando como base a pele de sua vaca.
A literatura irlandesa tem como base os feitos de seus heróis guerreiros. As guerras tribais, o valor e a fortaleza individual são os grandes temas desta tradição.
Os personagens heróicos eram modelos de conduta para os jovens guerreiros.

Podemos dividi-los em três grandes grupos: histórias miscelâneas relacionadas com os reinados de alguns monarcas, o ciclo dos Ulaidh (literalmente "Ulstermen": homens del Ulster), e por último, o ciclo de Fionn mac Cumhaill e os bandos de guerreiros conhecidos como “fiana".
Além desta coleção de contos variados, os celtas produziram um bom número de obras pseudo-históricas. Entre elas o "Leabhar Gabhála Eireann", o "Livro da conquista de Irlanda", comumente chamado "Livro das invasões", que descreve as diferentes invasões que a Irlanda sofreu antes da "grande avalanche".

Os celtas da Grã-Bretanha herdaram também uma rica tradição mitológica, que também é escassamente documentada.
A mitologia da Grã Bretanha se conhece sobretudo graças a uma coleção de lendas chamada "Mabinogion", titulo que Lady Charlotte Guest deu em 1849 a sua tradução ao inglês da coleção de onze relatos gaélicos conservados em antigos manuscritos; estes manuscritos são: o Livro Branco de Rhydderch (em torno de 1300-1325) e o Livro Vermelho de Hergest (entre 1375-1425). ''Mabinogion'' significa, em sentido geral, “conto da infância", e em si não é mais que um relato mitológico sobre a concepção, nascimento e primeiros passos do herói celta.



As crenças primitivas

Como a maioria dos outros povos, os celtas primitivos eram animistas, dedicavam sua adoração aos espíritos da natureza, do mar, dos rios, montanhas, etc.


A adoração desses espíritos prevaleceu ainda muito tempo depois de haver se desenvolvido culto de divindades pessoais e, de uma forma ou de outra, continuou em cena, mesmo depois do advento do cristianismo.
Na Irlanda, certas árvores, como carvalho e o fresno, eram considerados com reverência, em especial alguns que cresciam junto aos poços sagrados e cujo corte era proibido.
Uma certa árvore é descrita como um «deus firme e forte», e a destruição por uma tribo hostil era vista com terror.
As árvores encarnavam o espírito da vegetação e acabaram sendo honradas como deidades. Se uma árvore crescia sobre uma tumba, acreditava-se representar o espírito do morto.
Toda árvore que crescia junto a um poço sagrado, era sagrada também.
As águas - rios, lagos e poços— eram sagradas e tinham caráter divino ou serviam de morada a uma divindade.
Muitos rios eram consideravam sagrados por constituir a morada de um espírito ou deusa e, ainda que não tão freqüentemente, de um deus.
Nem todos os espíritos das águas eram benéficos.
A natureza, às vezes era favorável, outras, hostil.
Na Irlanda se prestava juramento em nome de diversos entes da natureza, entre eles a lua, e tais fenômenos naturais sofriam se tal juramento não fosse cumprido.
As atividades agrícolas começavam com a lua minguante para estimular o crescimento das colheitas.

Em algumas regiões foram encontradas provas de que se celebravam festejos durante a lua nova.
A adoração aos animais, que mais tarde originou divindades com formas e atributos animais, é universal e também é vista entre os celtas.
O javali aparece em muitas insígnias e sua imagem é vista em moedas.
O urso era também uma besta sagrada, e seu nome de arlos surge com freqüência em denominações de lugares como Arto-dunum ou Artobranos.
Também se adorou o cavalo, que aparece como símbolo em muitas moedas.
Adorava-se também a serpente, como em muitas outras partes do mundo.
A serpente estava relacionada com o mundo inferior e, às vezes, era representada junto a um deus chifrudo, que poderia ser Cernunnos, a divindade do mundo inferior.
O carneiro estava relacionado com a adoração dos mortos, e com freqüência se encontram estatuetas suas nas tumbas da Galia.


Organização Política:
Apesar de sua dispersão política e cultural, a antiga civilização celta estendeu sua influência por todo o continente europeu, desde as ilhas britânicas até os Balcãs, e mesmo até a Anatólia.
Essa influência ainda se percebe em algumas das línguas faladas na Europa, como o gaélico e o bretão.
No fim do segundo milênio antes da era cristã, os celtas começaram a individualizar-se como um grupo de características próprias depois de um longo processo de formação, no qual conseguiram impor-se a outros povos e atuar como aglutinadores de todos eles.
Assim surgiu uma civilização comum a grande parte da Europa, a cultura dos túmulos (assim denominada em virtude do costume de sepultar os mortos sob grandes túmulos de terra), que alcançou seu desenvolvimento máximo por volta de 1200 a.C.
Entre os séculos XII e VIII a.C., floresceu a cultura dos campos de urnas, considerada a primeira grande expansão do povo celta.
Suas principais características foram a utilização de objetos de bronze e a celebração de um ritual funerário diferente do da cultura dos túmulos: o morto era incinerado, e suas cinzas postas numa urna.
O apogeu econômico dos celtas e sua presença no mundo comercial de então podem ser detectados na cunhagem de moedas a partir do século IV a.C.
Durante o período La Tène, os celtas fixaram residência em lugares de fácil defesa e difícil acesso para os possíveis inimigos ou nas margens dos rios.
Foi nessa fase que a religião celta atingiu seu mais alto desenvolvimento.
A magia e a adivinhação eram apanágio dos druidas, sacerdotes e sábios, dirigiam as cerimônias religiosas para celebrar as forças da natureza.
A atividade desses sacerdotes, depositários da tradição cultural céltica, conservava os vínculos entre os povos celtas do continente e os das ilhas britânicas.
No século IV a.C., os celtas iniciaram uma profunda incursão na Itália.
A expansão celta se deteve a partir do século III a.C., em conseqüência da reação defensiva dos povos do Mediterrâneo, principalmente de Roma.
O poderio romano começou a impor-se sobre uma civilização que, carente de unidade política, não tinha como se manter em já tão grande extensão territorial.
Sua decadência se prolongou até o século I a.C., momento em que todas as tribos, exceto as da Irlanda, tiveram que submeter-se à nova potência emergente, o Império Romano.
Mas as sandálias dos legionários romanos jamais pisaram a Hibernia.
A oeste da Grã-Bretanha, essa grande ilha nos confins da Europa estava envolta em mistério. Habitada por tribos celtas que se desenvolveriam longe dos olhos de gregos e romanos, a Irlanda seria o último bastião da cultura celta, e continua sendo uma fonte maravilhosa para a compreensão do legado dos celtas.
Também a Escócia, isolada pelos romanos com a construção de uma muralha que ligava um litoral ao outro da ilha, foi capaz de preservar elementos da cultura celta – e o mesmo se aplica ao País de Gales.

terça-feira, 22 de junho de 2010

GAÉLICO - Noções Básicas

O Gaélico Irlandês (Gaeilge) é uma a linguagem poética e muito poderosa, uma língua Goidélica falada na Irlanda, em pequenas comunidades do Canadá e da Argentina. Hoje é reconhecida como língua oficial da República Irlandesa, além de estar intimamente relacionada com o Manx e o Gaélico Escocês (Gàidhlig).

A gramática e o vocabulário dessas línguas são bastante semelhantes, mas a grafia e a pronúncia são bem diferentes, especialmente o Manx. Observe algumas diferenças entre o irlandês, gaélico escocês e o Manx, ao se usar a frase - "Como você está?".

- Irlandês (Standard): Conas tá tú?
- Irlandês (Münster): Conas tú Tann?
- Irlandês (Connacht): Cén chaoi um bhfuil tú?
- Irlandês (Ulster): Cad é mar atá tú?
- Gaélico escocês: Ciamar um thu tha?
- Manx: Kanys ta shiu?

O irlandês, geralmente, é escrito com o alfabeto irlandês moderno ou gaélico (gaeilge em irlandês), uma versão do alfabeto latino similar ao usado para o gaélico escocês: a, b, c, d, e, f, g, h, i, l, m, n, o, p, r, s, t, e u. A reforma de pronúncias de 1957 eliminou algumas das letras silenciosas que ainda são usadas no gaélico escocês. As letras j, k, q, v, w, x, y e z, não ocorrem nas palavras irlandesas, mas aparecem em algumas palavras de origem inglesa.

A seguir, algumas palavras e frases em gaélico. Fáilte!

Dia duit!
Saudações ou Olá!

Conas tá tú ?
Como você está?

Tá mé go maith.
Eu estou bem.

Slán!
Adeus!

Fàilte!
Bem-vindo!

Céad mille fáilte
Cem mil vezes bem-vindo ou Cem mil felicidades!

Go raibh maith agat!
Obrigado!

Más é do thoil é
Por favor

Cad é sin?
O que é isso?

Sláinte!
Felicidades ou Saúde!

Tá grá agam ort
Eu te amo

Adh mor ort!
Boa sorte!

Cad is ainm duit
Qual o seu nome?

Máthair
Mãe

Athair
Pai


Com o objetivo de incentivar o interesse pela língua gaélica iremos, aos poucos, trazendo mais frases para o conhecimento de todos.
Para aqueles que desejam se aprofundar no aprendizado, indicamos os seguintes sites:
- BBC - Irish Language - Blas
- BBC Northern Ireland - Colin and Cumberland
- Forvo: Irish (Gaeilge) pronunciation guide

Sonas ort... Felicidades e bênçãos plenas!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O GAÉLICO

Gaélico - irlandês moderno
Como vimos anteriormente, as línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus, conhecidas como: Celta-Q (goidélico), ramo mais antigo, do qual derivam o Gaélico Irlandês, o Gaélico Escocês e a Língua Manx ou Manquês, da Ilha de Man; e o Celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galeses do País de Gales e os bretões da Bretanha, França.

Atualmente o Irlandês - Gaeilge - emprega o alfabeto latino convencional, embora a reforma ortográfica de 1957 tenha eliminado algumas letras mudas, ainda usado no gaélico escocês. As letras j, k, q, v, w, x, y e z, não ocorrem nas palavras irlandesas, mas aparecem em algumas palavras de origem inglesa.


Pronúncia das letras do alfabeto convencional:

Aa - B b - C c - D d - E e - F f - G g - H h - I i
[á] - [bé] - [ce] -[dé] - [é] - [eif] - [ge] - [héis] - [í]

Ll - M m - N n - O o - P p - R r - S s - T t - U u
[eil] [eim] [ein] [ó] [pé] [ear] [eas] [té] [ú]


As letras j (jé), k (ká), q (cú), v (vé), w (wae), x (ex), y (yé) e z (zae) não ocorrem em palavras nativas, aparecem apenas no inglês.


As vogais irlandesas propriamente ditas são cinco: a, e, i, o, u. Costuma-se acrescentar "ea", que é sempre breve e tem o mesmo som de a. Como no latim, o irlandês possui: vogais longas ou breves.


As vogais longas são geralmente indicadas na escrita pelo acento agudo. As vogais longas são: á, é, í, ó, ú. Estas vogais são sempre pronunciadas como tais, em qualquer posição na palavra. As vogais breves são: a, ea, e, i, o, u. As vogais breves são pronunciadas somente quando ocorrem em sílaba tônica. Todas as vogais em sílaba átona (sílabas que não são tônicas nem subtônicas) - são pronunciadas como uma vogal neutra, como no inglês "agony" [ægәni].


Em português e em muitas outras línguas, enquanto as vogais são sempre sonoras, as consoantes podem ser ou não produzidas com uma vibração das cordas vocais. O irlandês possui o mesmo traço distintivo entre consoantes surdas e sonoras. Porém, há outro traço não compartilhado com o português, onde o português usa somente um tipo de "p", o irlandês emprega dois, e o mesmo se aplica às demais consoantes.


As consoantes b, d, f, c (k), l, m, n, p, s, t - têm o mesmo som que em português, contudo é importante observar que, no caso de m-n, por exemplo, nós fechamos os lábios na pronúncia do "m", mas os deixamos abertos na pronúncia do "n", como em mau e noite. Essa é apenas uma comparação aproximada. No irlandês o fenômeno não se limita apenas às duas consoantes, já que uma mesma consoante pode assumir as duas formas.


Conforme essa regra, uma consoante velar (aproximação ou o contato da língua com o palato mole), é indicada por uma vogal "aberta": a, o ou u, e uma palatal por uma "fechada": e ou i. Muitas distinções semânticas também se fazem através desse mecanismo. Assim, por exemplo, velar: éan [e:n] "pássaro", palatal: éin [e:ŋ] "pássaros".


Em termos fonéticos, as consoantes "fechadas" são palatalizadas: "ie" pronuncia-se com o dorso médio ou anterior da língua tocando ou aproximando-se do palato duro, ao passo que as "abertas" são labiovelarizadas: "ie" produzidas com o estreitamento ou a oclusão do palato mole e o dorso posterior da língua, em combinação com o arredondamento dos lábios.


Resumindo, as consoantes palatalizadas soam como se fossem seguidas da semivogal "y" e as labiovelarizadas como se fossem seguidas da semivogal "w". Há situações em irlandês em que o falante é obrigado a labiovelarizar ou a palatalizar a consoante final de uma palavra. Para formar o genitivo de alguns nomes tem que palatalizar, outros, teremos que labiovelarizar. Por exemplo:

Pronúncia das principais consoantes:


- b > /b/
bád = barco
beoir = cerveja


- bh > /w/
mo bhád = meu barco
an bheoir = a cerveja


Quando aberto, o dígrafo "bh" é sempre pronunciado como /w/. Porém, antes de l e r soa como /v/.
- c > /k/
cat = gato
ceann = cabeça


- ch > /kh/mo
chat = meu gato
mo cheann = minha cabeça


Quando aberto, o dígrafo "ch" é pronunciado como o gaélico escocês "loch". Quando fechado, é pronunciado na parte mais frontal da boca como o alemão "Ich".

- d > /d/
doras = porta

- /dj/
deoch = bebida


Quando aberto, o "d" soa como o português, quando fechado, como o "j" (djei) em inglês.
- dh > /y/
mo dhoras = minha porta
mo dheoch = minha bebida


Quando fechado, o dígrafo (grupo de duas letras que representa um único fonema: lh, nh, ch, rr, ss), "dh" soa exatamente como "y" (uai) em inglês. Quando aberto, é mais gutural.

- f > /f/f
ada = longo
fear = homem


- fh an-
fhada = muito longo
don fhear = para o homem
O dígrafo "fh" é sempre mudo.

- g > /g/
gairdín = jardim
geata = portão

- gh > /g/
sa ghairdín = no jardim

- /y/ mo gheata = meu portão

O dígrafo "gh" - tanto aberto como fechado - se comporta como "dh".

- h > /h/
hata = chapéu l >

- /l/
lón = almoço
leabhar = livro


- ll > /l´/
balla = muro, parede
billeog = folha, folheto


- m > /m/
máthair = mãe
méar = dedo


- mh > /w/
mo mháthair = minha mãe
mo mhéar = meu dedo


O dígrafo "mh" - tanto aberto como fechado - se comporta exatamente como "bh".
- n > /n/
naomh = santo
neamh = céu

- nn > /n/
donn = marron
binne = doçura


- ng > /ŋ/
rang = classe
daingean = fortaleza


- p> /p/
Pádraig = Patrick
Peadar = Peter


- ph > /f/
a Phádraig = Ó Patrick (vocativo)
a Pheadar = Ó Peter (vocativo)


- r > /r/
rothar = bicicleta
rince = dança

O "r" fechado - quando ocorre no início da palavra - pronuncia-se com a língua achatada contra o palato. É um som vibratório /rzh/ - não é usado no português.


- s > /s/
salach = sujosean = velho

Quando fechado, o s é pronunciado como /h/ aspirado.

- sh > /h/
ró-shalach = muito sujo
ró-shean = muito velho

O dígrafo "sh" também é sempre pronunciado como /h/ aspirado.


- t > /t/
Tomás = Tomás


- /kh/
teach = casa

Quando fechado, o "t" é pronunciado como o dígrafo "ch". É a contraparte surda do "d".

- th > /h/
a Thomáis = Ó Tomás (vocativo)
mo theach = minha casa

O dígrafo "th" é sempre pronunciado como /h/ aspirado.


Fonte bibliográfica:
Baseado no texto original de João Bittencourt de Oliveira "Alguns Aspectos Fonológicos do Irlandês", além de pesquisa feita na Wikipédia em inglês, encontrada nas páginas: Língua Irlandesa - Irish Language e Fonologia Irlandesa - Irish Phonology

domingo, 20 de junho de 2010

A LÍNGUA GAÉLICA



Atualmente existem 3 línguas Gaélicas: o Gaélico irlandês, o Gaélico escocês e o Gaélico mancês ou manx, na ilha de Man, que juntos representam o ramo Goidélico da família lingüística celta, sendo que, Gales, Cornualha e Bretanha formam o ramo Bretão.
O Gaélico irlandês (Gaeilge na héireann), também conhecido como Gaélico ou irlandês, é uma língua celta relacionada com o Gaélico manx (Gaelg Vanninagh) e com o Gaélico escocês (Gàidhlig na h-Alba).

O dialeto irlandês Ulster é particularmente próximo do Gaélico escocês. O Gaélico irlandês é falado na Irlanda desde 300-350 a.C. Mais tarde se espalhou para Escócia e Ilha de Man, onde diferenças dialéticas gradualmente se desenvolveram e por volta do século 17 já eram 3 idiomas diferentes.
As inscrições em irlandês começaram por volta do século 5, época que coincide com a chegada do cristianismo as terras pagãs.


A forma mais antiga de escrita era o Ogham, também chamado de alfabeto das árvores, que encontramos até hoje em menires e tumbas.
O irlandês antigo é muito próximo do celta comum, o ancestral de todas as línguas celtas.
O irlandês antigo aparece pela primeira vez em manuscritos religiosos.
A história escrita, leis, literatura e poesia provavelmente começaram por volta do século 7, que começa com a proverbial Era Dourada, antes da chegada viking no século 9, quando a Irlanda ficou conhecida como a Terra dos Santos e estudiosos.
O idioma desse período era o Irlandês Antigo (600-900) seguido pelo Irlandês médio (900-1200).
O começo do irlandês moderno coincide com a idade da poesia bárdica (1200-1600), uma era em que a sociedade aristocrata gaélica floresceu e uma literatura com dialeto padronizado, irlandês clássico, desenvolveu-se sob o apadrinhamento dos nobres Gaélicos e Normandos-Gaélicos.
A conquista Elizabetiana da Irlanda (1600) pôs fim à aristocracia gaélica e nas instituições que mantinham o coerente sistema das leis gaélicas e da literatura clássica.
Apesar do inglês ser a língua do governo, política, escolas e etc, o Irlandês continuou a ser falado pela maioria na Irlanda até o meio do século 19.
A literatura também prosseguiu sob a forma de poesia, prosa popular e músicas. Enquanto um declínio gradual do uso do irlandês se deu a partir do séc.17, não chegou a 1800 e o ataque violento da fome irlandesa (1845-1849) que a língua irlandesa passou por grave declínio.
No momento, é estimado que 100% das crianças irlandesas vivendo nas Gaeltach (regiões de língua nativa irlandesa) em 1800 adquiriram o Gaélico como sua primeira língua.
No ano de 1860 esse número era menor que 5%.
Um rápido declínio continuou ao longo da Segunda metade do século 19 e poderia ter resultado na precoce morte do idioma, se não fosse pelo chegada da Confederação Gaélica, fundada em 1893. Sua missão era promover literatura irlandesa histórica e cultivar uma literatura moderna em irlandês.
O trabalho da Confederação Gaélica coincidiu com o surgimento do Ressurgimento Celta (Celtic Revival) incorporado por escritores como Lady Gregory e John Milington.
No momento, o irlandês é percebido como um depósito de mito irlandeses, lendas, folclores e como o fundamento da cultura irlandesa.
O revivamento da cultura, em que o movimento lingüístico ocupa parte central, foi essencial para o movimento separatista, a guerra anglo-irlandesa e o estabelecimento do Estado Livre Irlandês (1922).
Obrigatório como parte fundamental no crescimento do Nacionalismo Irlandês, o Gaélico foi declarado e continua sendo a língua oficial da atual república.
Seguindo o estabelecimento da Estado Livre Irlandês, o governo fez do amparo a regiões de língua nativa um objetivo nacional, prevenindo o declínio da língua onde ela for à preservada e promovendo o restabelecimento do uso do Gaélico na linguagem cotidiana. O resultado desses esforços não tem sido o melhor.
Muitas razões só podem ser enumeradas para a falha da tentativa de frear o declínio do Gaélico. Depois da Independência ter sido concluída, as pessoas que trabalharam em favor do idioma, procuraram pelo o governo para restaurar a língua como idioma nacional.
Membros da Confederação Gaélica caíram drasticamente. Em 1922 eram 819 e dois anos depois eram apenas 139.
Outro problema é que governo colocou e apoiou todos os esforços de restauração do idioma no sistema educacional.
Instruções em irlandês eram compulsórias a todos os estudantes, mas fora das escolas, em instituições públicas ou privadas, Gaélico era raramente falado.
A "Spelling Reform" de 1945, que simplificava o idioma e adotava as letras romanas em vez das inscrições gaélicas, também alienaram a geração mais antiga que fala Gaélico. Muitos tinham dificuldade ou faziam objeção em ler seus jornais ou literatura no novo estilo.
Hoje, o irlandês, geralmente é escrito com o alfabeto irlandês moderno (an aibítir), uma versão do alfabeto latino similar à usada para o Gaélico escocês:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, l, m, n, o, p, r, s, t, e u.
A reforma de pronúncias de 1957 eliminou algumas das letras silenciosas que ainda são usadas no Gaélico escocês.
As letras j, k, q, v, w, x, y e z, não ocorrem nas palavras irlandesas, mas aparecem em algumas palavras de origem inglesa como: jab (serviço) e veain (van).
Atitudes em relação à língua são certamente um fator.
Nos anos durante e após a fome irlandesa, a língua foi associada à condição dos pobres da zona rural e foi vista como um impedimento ao progresso e melhoria econômica.
Ditos populares como "irlandês não passa manteiga em nenhum pão" ou "irlandês nunca vendeu um porco", refletem a convicção de muitos de que o inglês era necessário para se seguir adiante, particularmente para imigrantes.
Apesar dos esforços da Confederação Gaélica e do governo, a pressão econômica e as mudanças ocorrentes da industrialização continuaram a afetar as atitudes e o uso do idioma pelos nativos faladores e Gaélico nas áreas rurais do oeste da Irlanda.
Onde os trabalhos da fazenda e da pesca eram o tópico da conversação diária, as mudanças trabalhistas particularmente dos anos 60 introduziram uma nova terminologia e conceitos mais facilmente discutíveis em inglês.
Éamonn Ó Dónaill, um novato em Gaélico, professor e escritor, argumentou que a raiz do problema era anterior a fome Irlandesa, chegando à época da conquista Elizabetiana:
"Le Teitheadh na nIarlaí thit an tóin as an chóras Ghaelach agus fágadh na Gaeil gan cumhacht pholaitiúil ná eacnamaíoch. Níl aon fhorbairt ná rath i ndán do theanga mura labhraíonn daoine le cumhacht den chineál seo í; cailleann sí a stádas agus feictear do dhaoine gur fearr í a chaitheamh i dtraipisí mar nach bhfuil aon rud le gnóthú aisti"...
"Com a Elevação dos Condes, caiu à força do sistema Gaélico e o irlandês foi deixado de lado sem poder político ou econômico. Não há desenvolvimento ou prosperidade de uma língua se a parcela poderosa dessa sociedade não falá-la, ela perde seu status e sugere ao povo que é melhor descartá-la se não há o que se ganhar com ela"...
Esse problema, essencialmente de desigualdade política, social e econômica entre a minoria lingüística e a dominante maioria inglêsa persiste até hoje. Muitos políticos anglo-irlandeses, enquanto balbuciavam o idioma e embelezavam discursos com cúpula focal (meia dúzia de palavras), eram imensamente indiferentes com o Gaélico irlandês e seus seguidores.
O mesmo pode ser dito dos estudiosos, particularmente a nova classe de historiadores e Gaélico revisionistas, que conspiciosamente omitiam qualquer menção ao Gaélico em antologias e outros trabalhos coletados.
A nova fase de prosperidade da Irlanda não necessariamente ajudou.
No oeste, onde o turismo atrai milhares de estrangeiros por ano, o inglês continua a invadir e o Gaélico a retroceder.
A popularidade das casas de verão dentre os ricos dubliners, alemães e americanos aumentou o preço da terra em até oito vezes a média anual de salário de um habitante local, dificultando os Gaélicos de possuir terras.
A melhora da economia irlandesa também significa perder milhões em subsídios, que vão atingir os condados do oeste (ex: Gaeltacht) da pior maneira possível.
A urgência da situação corrente segue despercebida pela maioria, até mesmo nas Gaeltacht.
Adaptação do texto original:
What is Gaelic de Brian ó Dubhghaill - Tradução Lornnah Carmel
O Futuro do Gaélico: Questão de Esperança?
Não há nenhuma dúvida de que o Gaélico, assim como todas as línguas celtas permanecem em perigo. Mas seria um erro achar que nenhum progresso foi feito. Por causa do movimento lingüístico e do ensino de irlandês nas escolas, muitas pessoas tem aprendido irlandês como segunda língua.
O censo mostra que mais de um milhão de pessoas (30% da população da República) afirmam ter algum conhecimento da língua. Cerca de 146.000 falantes de irlandês vivem na Irlanda do Norte e estima-se que mais 50.000 estejam vivendo nas cidades americanas de Nova York, Boston e Chicago.
Esses dados não refletem, contudo, o uso da língua. Os irlandês registrados na República, o censo aponta que apenas 71.000 usam o idioma diariamente - 21.000 em Gaeltacht e 50.000 em outras partes do país.
Enfim, a saúde da língua irlandesa nos leva a uma questão de perspectiva: é um copo de vidro meio cheio ou meio vazio? Talvez sejam ambos.
Os advogados da língua continuam trabalhando com energia e determinação e interessados para o que o futuro pode ser.
Essa é uma recente demonstração de sensibilidade de Nuada Ní Dhomhnaill, aclamado como poeta irlandês, articulado num ensaio publicado poucos anos atrás:
"Por que eu escrevo em Irlandês: o cadáver que se ergue" - (The New York Times Book Review, 01/08/1995).




"Eu me vi murmurando os ares de Cill Cais, o lamento por todas as grandes florestas Irlandesas e a extensão do legado Gaélico que elas simbolizam"


Cad a dhéanfaimid feasta gan adhmad?

Tá deireadh na gcoillte ar lár.

Níl trácht ar Chill Cais ná a theaghlach

is ní chlingfear a chling go brách.

O que vou fazer sem as florestas?

Agora que as florestas foram sacrificadas

Cill Cais e seu parentes não foram mencionados

E não haverá mais o som de seus pássaros



Fonte bibliográfica:
Orginal de "An Teangha Bheo - Gaelige Chonomara" de Máirtín Ó Murchú, "Visão Histórica da Posição do Irlandês," um documento apresentado no simpósio "The Less Widely Taught Languages of Europe," no St. Patrick's College em Dublin, Irlanda, Abril , 1987; procedimentos editados por Liam Mac Mathúna.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A LÍNGUA DOS CELTAS


Atualmente, existe um interesse imenso sobre qual seria a língua falada por tão fascinante povo, e porque ela teria morrido.
Na verdade, ela não morreu, e nem mesmo há uma única língua de origem Celta no mundo. Nesse momento, existem quatro línguas Celtas faladas ainda na Europa e nas colônias, e duas em processo de ressurreição. E todas, sem exceção, retrocedem à antiga língua-mãe Celta.
As línguas Celtas são idiomas Indo-Europeus em origem, e derivam, portanto da linguagem Indo-Européia. Enquanto os Indo-Europeus migravam para o Oeste (Celtas, Helenos, Germanos, Italiotas...) e Leste (Hindus principalmente), as difusões e épocas migratórias geraram, influências de povos aborígenes e períodos de isolamento geraram diferentes povos, com diferentes estruturas sociais e também, línguas diferentes.
Desses ramos lingüísticos, um deles foi chamado de Céltico pelos filólogos; não se sabe exatamente quando o Céltico teria florescido, uma vez que caráter migratório dos povos Celtas os levava sempre às novas regiões, com novas influencias lingüísticas, e assim, o Céltico terminou por dar origem a um sem numero de línguas, a maioria perdida atualmente.
As línguas Celtas melhor documentadas são aquela que pertencem ao chamado Céltico Insular, ainda que os primeiro registros que temos sejam das linguagens pertencentes ao Céltico Continental.
Das línguas Celtas Continentais, aquela que conhecemos melhor é o Gaulês. Apesar disso, é um erro pensar que Gaulês era idioma único.
Os cronistas nos dizem que a fala dos Gauleses de uma região diferia da fala dos de outra, indicando a possibilidade de um grande número de dialetos locais. Daqui vem muitas das palavras tão conhecidas daqueles que estudam os Celtas, como Maponos (Mabon, em Galês), Samonios (Samhain, na tradição Irlandesa) e outras.
Alguns dizem, com base nos nomes de Maponos, Epona e alguns outros, que a língua Galesa teria fortes afinidades com as línguas insulares Britânicas, uma vez que Maponos é semelhante à Mab (filho em Galês) e difere de Mac (filho em Gaélico). O mesmo vale para Epona, da raiz Gaulesa “epos” (égua), enquanto o Gaélico Arcaico seria “ech” (semelhante ao Latim “equus”).
De qualquer modo, o Gaulês veio a perecer com os séculos de dominação Romana, e apenas as inscrições nos dão o testemunho dessa língua.
Muitas línguas Celtas Continentais também nos legaram alguns registros, como o Celtibérico, e todas elas têm recebido estudos em uma tentativa de reconstrução. Todavia, são línguas mortas, pois o vocabulário disponível não permite uma fluência verdadeira em nenhum dos casos. Os melhores avanços foram feitos no Gaulês, onde um sistema Gramatical (o Labarion) foi desenvolvido, e um belo vocabulário existe.
A realidade das línguas Celtas Insulares é bem diferente.
Quando os Celtas atingiram as Ilhas Britânicas, houve uma cisão entre eles.
Na Irlanda ficaram os chamados Celtas Goidélicos, enquanto na Bretanha, os Celtas Britonicos. Não se sabe exatamente como houve essa separação, mas é normalmente aceito que as línguas já diferiam antes dos Celtas alcançarem as Ilhas.
Algumas evidencias apontam para um Celtibérico mais próximo ao Gaélico, enquanto, como já foi dito, o Gaulês seria mais semelhante aos idiomas Britônicos, e isso talvez nos diga que as expedições dos Celtas para as Ilhas partiram de regiões diferentes.
Se alguma chegou antes, se empurrou ou assimilou a outra, isso é uma questão de suposições apenas.
O Britônico se assentou na Ilha maior, e pode ter sofrido influências do idioma Picto, embora pareça que os Pictos é que tenham sido Britonizados, uma vez que alguns nomes Pictos conhecidos têm afinidades Britônicas.
Uma outra hipótese é que os Pictos tenham sido sempre Celtas Britônicos, apenas separados dos outros por épocas migratórias. Após isso, com a dispersão das tribos pela Bretanha, diferenças de dialetos surgiam.
A invasão seguinte, a dos Romanos, trouxe novas influencias ao Britonico. Porém, diferente do que ocorrera na Gália, na Bretanha a língua nativa sobreviveu, agora já diferindo do que era anteriormente, com influências Latinas.
As invasões que se seguiram, dos Escotos da Irlanda e dos Germanos (Saxões, Anglos, Jutos...) continuavam a influenciar a língua, mas ela permanecia Britonica no todo.
Aqui nasceu um dos dois ramos que os filólogos atuais identificam como línguas Celtas modernas, o Celta Britônico, ou Celta P, já que suas palavras utilizavam uma troca do som do “K” Indo-Europeu por um “P” (ou “b”, em Galês moderno), ainda que o som do “K” não fosse totalmente perdido.
Do Britônico nasceu o Galês (Cymraeg) que permaneceu falado no interior Britânico, em regiões de menor influência dos Anglos e Saxões.
Com a chegada dos Normandos, os falantes do Galês recuaram mais para o Oeste.
Uma versão do Galês também foi falada no sul da Escócia, mas ali a língua cedeu rapidamente espaço para as variantes do Inglês. Porém o Galês no País de Gales não pode ser banido, tendo diversos inimigos e aliados ao longo da Historia.
Uma das ações que permitiram a sobrevivência da língua foi a da “cultura de capelas” da Igreja Metodista, que apoiava o uso da língua, mesmo com ela proscrita pela coroa Inglesa.
Atualmente, a língua Galesa sofre poucos problemas, mas seu número está longe de ser seguro. Gwynedd, Dyfed e Glamorgan são os três maiores centros de falantes de Galês, que são cerca de um terço da população do País de Gales.
Cerca de trinta mil Argentinos também falam Galês, descendentes de colonos Galeses que se assentaram na Patagônia.
A língua não corre mais risco de desaparecimento imediato, mas ainda não tem o futuro assegurado.
Outra língua descendente do Britônico, mas que não teve tanta sorte foi o Córnico (Kerneweg), que foi falada na Cornualha, no atual extremo sudoeste da Inglaterra.
A língua diferia pouco do Galês, apenas o suficiente para ser considerado outro idioma, mas a baixa população e a rápida queda de Kernow perante os Anglo-Normandos condenaram a língua. Como o Galês, ele foi proscrito, e nem mesmo a Igreja Metodista pode salvá-lo. Porém, a destruição não foi completa, nos legando textos, como dramas religiosos medievais, e permitiram a reconstrução da língua.
Diferente do Gaulês, a quantidade de textos era grande, e a estrutura gramatical era reconhecida no Galês e no Bretão.
Com um vocabulário vasto, e duas línguas irmãs disponíveis, o Córnico foi reconstruído no século XX, e alguns dos estudiosos passaram a ensinar o idioma em suas casas.
Atualmente, cerca de trezentas pessoas falam Córnico, e seu caso único, o de uma língua morta que parece realmente estar conseguindo ressurgir das cinzas.
O Bretão (Brezhoneg) é um caso mais complicado. Também uma língua Britônica, é atualmente a única língua Celta falada na Europa Continental.
A migração dos Britonicos para a atual Bretanha Francesa (Breizh) começou por instigação dos Romanos, e atingiu seu ápice durante as invasões dos Saxões à Ilha Britânica.
Ali, os Bretões, que viviam separados de seus primos nas Ilhas, terminaram por desenvolver uma língua que diferia de sua base Britônica, com influencias dos dialetos Latinos da região, e depois do Francês Normando também.
A língua foi o idioma Celta que sofreu os ataques mais ferozes, por parte do governo Francês, e não do Inglês. Ela foi perseguida até o século XX, mas sobreviveu, e apesar de ser uma língua com um grande percentual de falantes idosos, ela tem um número expressivo (cerca de meio milhão de fluentes) e com o fim da perseguição (apesar de algum preconceito ainda persistir), ela finalmente volta a crescer.
Os Bretões foram alguns dos principais responsáveis pelo “Renascimento Celta”, com a força e divulgação de sua cultura, música (Alan Stivell) e literatura, e se esse movimento permanecer em crescente, o futuro da língua pode estar assegurado.
Na Irlanda proliferou o ramo chamado Celta Goidélico (ou “Celta Q”), atualmente o mais visível ramo das línguas Celtas. Possivelmente levado à ilha por Celtas vindos da Ibéria, o Goidélico permaneceu praticamente sem contestação até a Idade Média. Sua língua herdeira local, o Gaélico Irlandês (Gaeilge), foi falada até a conquista Britânica, e foi a língua na qual foram registrados os primeiros livros em língua Celta, pelos monges que pregavam na ilha.
Nessa língua estão preservados verdadeiros tesouros como o Echtrae Chormaic, o Tochmar Étaine, o Táin e o Leabhar Gaballa Érenn, todos textos importantíssimos para o entendimento da mitologia Celta.
A língua foi inclusive levada por migrantes Irlandeses para suas colônias além-mar. A língua permaneceu falada entre o povo após a Cristianização, e muitos textos fundamentais ao primevo Cristianismo Irlandês tem versões tanto em Latim quanto em Gaélico.
Após a conquista pela coroa Britânica, o Irlandês sofreu ferozes ataques do governo centrado em Londres, mas como sempre acontece com as línguas Celtas, o povo se recusava a deixar a fala de seus pais.
Os piores estragos ocorreram com a horrível gestão de Cronwell e a Praga da Batata, já no século XIX, fatos que atingiam principalmente o povo Gaélico do interior da Ilha Esmeralda, causando morte e imigração para a América do Norte massivas, e dificilmente a língua sobrevivia à mudança. Mas a língua resistiu, e com as ações de independência, deixou de sofrer ataques diretos, ainda que continuasse ameaçada pela mídia e educação Anglofonas.
A língua foi incluída como matéria obrigatória nas escolas Irlandesas, e é a primeira língua da nação pela Constituição.
Atualmente, a língua, mesmo não sendo falada pela maioria da população Irlandesa, tem interesse renovado, numero de falantes seguros e material de sobra para que aqueles que se interessam por estudos Celtas.
A língua foi levada até a Ilha de Mann pelos Irlandeses, e é possível que a população anterior fosse Britônica, mas os Gaélicos se tornaram logo predominantes, inclusive, seu santo nacional é o mesmo São Patrício da Irlanda. Porém a ilha passou para o domínio Britânico, mas a língua prevaleceu. Então veio a regência Escandinava na Era Viking (gerando uma das mais exóticas conversões da Historia, com a maioria dos Manqueses adotando a religião pagã Nórdica, misturando-a ao Cristianismo e ainda agregando fortes elementos Celtas), e durante esse tempo, a influencia Nórdica penetrou fundo na língua, tornando-a bastante distinta do seu Gaélico original.
Depois o controle da ilha passou à Escócia (que baniu a religião “mista” local), e a língua passou a ser reconhecida como Manx. Estando dentro do espectro da Coroa Britânica, a língua também estava destinada a ser banida, e também permaneceu falada pelo povo, mesmo com a pequena população da ilha.
A língua oficialmente morreu na década de 1970, mas foi totalmente registrada, e vem sendo estudada e revitalizada. Ela foi incluída no currículo escolar como matéria opcional para as crianças, e o interesse aumentou muito após a sua extinção. Atualmente, existem cerca de 1500 falantes do Gaélico Manx (ou Gailck), que aprenderam a língua por atitude própria e a passam aos filhos, e cerca de mil crianças freqüentam as aulas de Manx nas escolas. Tudo leva a crer em uma ressurreição completa da língua.
O Gaélico escocês (Gaidhlig) foi levado pelos colonos Irlandeses, na instituição do Dál Ríada. A língua nunca foi realmente falada por todo o território Escocês, dividindo espaço com uma variação do Galês no sul, e o idioma Picto (do qual não nos sobram registros) no leste, mas essas línguas logo deram espaço à variante do Inglês conhecida por “Lallans”. O Gaélico também cedeu rapidamente, mas por algum tempo houve regiões que falavam Gaídhlig. Ele, como o usual, foi resistindo entre o povo, mas de forma extremamente restrita. Porém, justamente pelo difícil acesso a essas regiões, ela sobreviveu, e não só isso, como manteve uma estrutura mais arcaica do que o Gaélico Irlandês, que sofreu mais influencias do Inglês. Com a anexação definitiva da Escócia ao Império Britânico, o Gaélico cedeu rapidamente mesmo nessas áreas isoladas.
Hoje, a língua sobrevive, mas é a mais ameaçada de todas as línguas Celtas. Seus números só são maiores do que os das línguas que morreram (Manx e Kerneweg) e talvez seus cinqüenta ou sessenta mil falantes na Escócia não sejam suficiente para manter a língua viva. Existem falantes dessa língua em Cape Breton, no Canadá, mas talvez seus números também não aumentem muito as chances.
Alguns trabalhos vêm sendo feitos para sua revitalização, mas sem um apoio estatal forte, não é possível afirmar que haverá um futuro seguro para o Gaídhlig.
Essas são as línguas Celtas, as herdeiras da fala desse povo antigo tão fascinante, e nas quais muitos dos seus tesouros culturais e literários são preservados. Elas são ameaçadas, mas resistem com uma tenacidade digna dos antigos Britânicos e Gaélicos, e trazem ao mundo moderno um pouco do seu modo de pensar e ver o mundo. E por isso, são cheias de méritos para aqueles que se interessam pelos Celtas, qualquer que seja seu motivo.