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sábado, 16 de abril de 2011

A HISTÓRIA DO CLAN, DO TARTAN E DO KILT










Estas três peças estão intimamente ligadas, por várias características e aspectos, à história da Escócia.

Para entendermos o uso correto do kilt (tradicional traje escocês que se assemelha a uma saia), faz-se necessário entender a estrutura dos Clãs (do inglês Clan), que eram estruturas de famílias e protetorados que se identificavam por kilts com padrões semelhantes.

Estas padronagens são chamadas de Tartan, que era um tecido a base de lã, e que tinha várias utilidades, principalmente aquecer a pessoa contra o rígido frio das Highlands.

Vamos mergulhar na história dos Clans deste fantástico país para compreendermos os aspectos culturais que envolvem esses três ícones do folclore escocês.



A História dos Clans



A história do povo escocês está escrita com base em muitos conflitos, principalmente por causa de terras autonomia.

Por volta do século XII, foram identificados os primeiros registros de uniformidade nas vestes de lã com padrão xadrez (tartan) de um grupo de escoceses, vinculados a um "senhor", que era o dono das terras.

Este lord, também conhecido como Chief, era o patriarca do clan, responsável por várias atribuições, dentre elas a de julgar e comandar as guerras/conflitos e contava com a total fidelidade de seus homens, que na maioria das vezes não eram membros da família, mas, sim, pessoal que trocava o serviço militar por proteção e um pedaço de terra.

O mais curioso era que mesmo sem pertencer à família, os "protegidos" tinha que usar o nome do Chief em seus nomes, configurando, assim, a nomenclatura que persiste até hoje.


Os conflitos com os ingleses eram constantes. O ponto que os ingleses achavam intransponível eram os clans.


Porém, após a batalha de Culloden(*), o sistema de clans sofreu um duro golpe. O uso do kilt (tartan) foi proibido por 100 anos e o sistema de clans quase desapareceu.

Os donos das terras se viram numa situação tão difícil que passaram a cobrar uma taxa dos arrendatários. O clima ficou ainda pior quando fazendeiros ingleses compraram as terras para criação de gado.

No ano denominado o "ano do carneiro" (1792), milhares de arrendatários foram expulsos de suas terras e muitos deles partiram para a Austrália, América e Canadá.

O retorno do uso do kilt foi restabelecido com o apoio de um dos personagens mais importantes da literatura da Escócia: Sir Walter Scott.

Em uma de suas obras, Waverly, Sir Walter Scott recriou o mundo romântico e heróico dos clans e reacendeu a chama. Um dos pontos mais marcantes, e para muitos historiadores o mais importante e decisivo, foi quando Sir. Walter Scott trouxe o Rei Jorge IV para visitar Edimburgo. Na ocasião ele "plantou a semente" para a liberação do uso do kilt como traje nacional e o restabelecimento dos clans.


(*)A Batalha de Culloden e o movimento Jacobita
A batalha de Culloden foi travada em 16 de abril de 1746, onde na ocasião, os Jacobitas, fiéis ao jovem pretendente ao trono, foram derrotados por cerca de 9 mil soldados, fiéis à casa de Hannover, comandados pelo Duque de Cumberland. Várias foram as tentativas dos Jacobitas (católicos) de ter novamente um Stuart no trono, mas as esperanças terminaram com a derrota na batalha de Culloden.

A causa Jacobita foi aniquilada, e a constituição de clans e o uso do tartan foram proibidos por mais de 100 anos.

Hoje em dia os membros dos clans estão espalhados pelo mundo.


Dentre os Clans mais famosos, podemos destacar:

Os MacDonalds: Eram os mais poderosos e tinham títulos de Lordes das Ilhas.

Os Campbells: Eram um clan muito temido na Escócia. Ficaram famosos nos combates contra os jacobitas em 1746.


Os MacLeouds: Este clan tem origem nórdica e seu chief vive no Dunvegan Castle, na Ilha de Skye.


Os Stuarts: Formavam a dinastia real da Escócia. O seu lema é "ninguém me fere impunemente". Seu tartan é dos mais conhecidos e apreciados na Escócia e no mundo.


Os Andersons: O nome é uma forma de representação patriarcal, como basicamente todos os nomes de clans. O seu significado é ' o filho de Andrew'. Nesta forma, é mais comum nas Lowlands (Terras Baixas), mas é difundido na Escócia em formas diferentes.

Nas Highlands (Terras Altas) era reconhecido no período medieval como MacAndrew. Ambos partem de nomes com a mesma derivação do Gaélico escocês 'Gilleaindreas' - literalmente criado de St. Andrew, o santo de protetor de Escócia.



A História do Kilt e do Tartan.





O tartan tornou-se o principal símbolo da Escócia e da cultura escocesa e um emblema para aqueles que têm origem escocesa em todo o mundo.

Há evidências de que os celtas usaram roupas listradas e xadrezes por milhares de anos.

Os scots, que migraram para o oeste escocês no século V e acabaram por dar nome ao país, usavam roupas listradas para designar a posição da pessoa.

O tartan, assim como a linguagem céltica, era usado na Escócia no século 10, mas no século 13 estava confinado às Highlands, enquanto o sul da Escócia começou a adotar a linguagem e estrutura social dos Anglos e Normandos.

Durante os próximos seis séculos o tartan foi visto como o traje dos highlanders.


O kilt é um traje intrigante para a maioria dos homens não-escoceses no mundo. Eu acrescentaria que a falta de entendimento do verdadeiro sentido do kilt pode ter causado isso. Espero que nas linhas a seguir, você possa entender melhor o glamour e a honra de usar o traje nacional da Escócia: o kilt.


Pesquisando em diversos locais, descobri detalhes fantásticos na composição de cada tipo de kilt e na forma e ocasião de usá-los.

O material mais completo e mais explicativo que eu já vi sobre kilts está no documento KILTS AND TARTAN MADE EASY, do Dr. Nicholas J. Fides (www.kilt.com/kiltsandtartan). Neste site existe um arquivo "pdf" com tudo o que você deveria saber sobre kilts. É fantástico e recomendo a leitura.


Os kilts são repletos de detalhes, desde os mais antigos, por exemplo, o Great Kilt (faileadh mor em gaélico) até os kilts atuais, como o Prince Charlie Jacket.

Uma outra curiosidade é que não existem kilts com padronagens iguais. Cada tartan é feito com um entrelaçado diferente, além do conjunto de cores. É justamente esta padronagem que proporciona a característica de um clan.


Existem alguns tipos e kilts, como por exemplo o modelo faileadh morr (great kilt), que é feito de uma única peça de tecido (tartan) e é enrolado na cintura e no pescoço, preso ao corpo por um cinto de couro. Era usado para aquecer e servir de toalha e manta para dormir, pois era feito 100% de lã. Eram necessários mais de 7 metros de tecido.

Um outro tipo é o kilt tradicional de 8 yards. É comumente usado em ocasiões formais. Temos também, o kilt casual de 5 yards. Este kilt é bem menos quente e pode ser usado em diversas ocasiões do dia-a-dia.

Vale à pena conhecer um pouco mais e dar uma olhada na Galeria de imagens dos tartans, com quase todos os tartans da Escócia.


Você irá perceber que as diferenças não estão apenas nas cores, mas sim na forma de trançar a lã e no formato do desenho, que a primeira vista são todos iguais. Surpreenda-se percebendo as diferenças.


A seguir, veremos quais as partes de kilt para ocasiões mais formais:



Jacket: Esté o modelo mais formal, usado apenas em eventos tipo black tie. É um dos modelos mais elegantes também.


Tie: Gravata tipo borboleta. Belt and Buckle: Cinto e fivela especial, geralmente com símbolos celtas.


Kilt: A "saia" propriamente dita. Ele define o Clan.


Garter Flashes: Uma espécie de elástico com detalhes em tartan, na mesma padronagem do kilt .


Kilt Hose: Meia especial e muito cumprida, feita especialmente para usar com kilt.


Kilt Pin: Um broche que serve para preder a parte dianteira do "envelope" do kilt


Skean Dhu: Um faca pequena, geralmente adornada com uma pedra.


Guillie Brogues: Sapato especial para uso com o kilt. Ele não tem aquela tradicional "lingua" e possui um cadarço longo e de couro.



Quem pode usar um kilt? Qualquer um pode usar um kilt hoje em dia. Você não precisa ser um escocês para poder usar um. Escolha o seu tartan dentre vários existentes e use seu kilt em ocasiões especiais, é claro, para não banalizar seu uso.


No Brasil não é muito comum ver um homem usando um kilt. Logo, quando um aparece, vira o centro das atenções. Escolha o seu e boa sorte!


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