sexta-feira, 30 de abril de 2010
ORGANOMECOS, PÉRSICOS E SELINOS
Os Orgenomescos eram uma tribo cantábrica estabelecida no Norte da Península Ibérica, entre o rio Sela, nas Astúrias, e a zona oeste da Cantábria. O seu nome advém do céltico org-no - golpear, matar, saquear - e mesk - loucura, bebedeira; pelo que se pode traduzir o seu nome para «os que se embriagam com a matança».
Pésicos
Os Pésicos eram uma fracção dos Astures transmontanos de origem Celta.
O território dos Pésicos ocupava o setor centro-ocidental do litoral asturiano: desde a base oriental do Cabo de Peñas, até ao limite ocidental de Valdés, e pelo interior até às montanhas da Cordilheira Cantábrica, ocupando, também, a margem esquerda do rio Nalón. Em textos dos séculos IV e VII, fala-se dos Pésicos como habitantes dos vales do rio Narcea. Esta redução do seu território poderia ser explicada pela origem do seu nome (paesici, do latim pasco = pastorar), que poderia significar "pastores". Este povo dedicar-se-ia ao pastoreio móvel (sazonal), no mesmo estilo de alguns criadores de gado alpinos ou escandinavos e, na península, dos vaqueiros de alzada asturianos. Se assim foi, o avanço das terras de cultirvo e da propriedade privada, propiciadas pelos Romanos, empurrariam os Pésicos contra os portos da montanha.
História
A paróquia asturiana de Pravia é considerada como sendo Flavium Avia que deve o nome a Vespasiano e que foi capital capital de los Pésicos. O rei Silo (sexto rei da monarquia asturiana, morto em 783) era de origem pésica e, crê-se, pode ter sido esse um dos motivos por detrás da transladação da capital de Cangas de Onís para Pravia.
Selinos
Os Saelinos, Selmas ou Selmares eram uma tribo dos Astures estabelecida ao Sul das Astúrias, próximo da zona de Pajares, com capital estabelecida em Nardirium.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
OESTRIMNI
Ophiussa
Ophiussa, também escrito Ophiusa, é o antigo nome dado pelos gregos ao que é agora território Português e significa Terra das Serpentes.
A expulsão dos Oestrimni
No quarto século Romano o poeta Rufus Festus Avieno, escrevendo sobre assuntos geográficos na Ora Maritima ("Seacoasts"), um documento inspirado por marinheiros gregos, Periplus , relatou que o Oestrimni (Extremo Oeste, em latim ) era povoado pelo Oestrimni, um povo que tinha vivido lá por um longo tempo, e que eles tiveram de fugir da sua terra natal depois de uma invasão de serpentes .
Estas pessoas poderiam estar ligados ao Saephe ou Ophis ("Povo da Serpente") e o Dragani ("Povo dos Dragões"), que chegaam a estas terras e construiram a entidade territorial que os gregos denominado Ophiussa.
A expulsão dos Oestrimni, a partir Ora Maritima:
Post illa rursum quae supra fati sumus,
Post rursum illa quae supra fati Sumus,
magnus patescit aequoris fusi sinus magnus patescit aequoris FUSI seio
Ophiussam ad usque.
Ophiussam usque ad.
rursum ab huius litore rursum ab huius litore
internum ad aequor, qua mare insinuare se aequor ad internum, mare qua insinuare se
dixi ante terris, quodque Sardum nuncupant, dixi terris ante, nuncupant Sardum quodque,
septem dierum tenditur pediti via.
septem pediti dierum tenditur via.
Ophiussa porro tanta panditur latus
Ophiussa porro Tanta panditur latus
quantam iacere Pelopis audis insulam
Quantam iacere Pelopis insulam Audis Graiorum in agro.
Graiorum no agro.
haec dicta primo Oestrymnis est dicta est haec primo Oestrymnis
locos et arva Oestrymnicis habitantibus, locos et arva Oestrymnicis habitantibus,
post multa serpens effugavit incolas multa post serpens incolas effugavit
vacuamque glaebam nominis fecit sui. glaebam vacuamque nominis sui fecit.
Voltar depois de os lugares de que falamos acima,
não abre uma grande baía cheia de água,
todo o caminho para Ophiussa. Voltar a partir da costa do lugar,
à água para o interior, através do qual eu disse antes que o mar se insinua
através da terra, e que eles chamam de Sardum,
a viagem se estende por sete dias a pé.
Ophiusa estende seu lado, ser tão grande
como ouvir a Ilha de Pélops.
deitado no território dos gregos é.
Esta terra era originalmente chamado Oestrymnis
por aqueles que habitavam a zona rural Oestrymnian e região,
muito mais tarde, a serpente expulsou os habitantes
e deu a terra vazia agora o seu nome.
O "povo" serpente do Ophiussa semi-mítico, no extremo oeste são anotados em fontes gregas antigas.
Terra de Ophi
O povo Ophi vivia principalmente nas montanhas do interior do Norte de Portugal (e Galiza ). Outros dizem que eles viviam principalmente pelos estuários dos rios Douro e Tejo .Os Ophi adoravam serpentes , daí Terra das Serpentes. Não surgiram resultados arqueológicos que podessem estar relacionados a este povo ou cultura.
Alguns acreditam que o dragão, por vezes, representado como um grifo, a partir da original serpente alada ou "Serpe Real", que foi o símbolo da coroa dos Reis de Portugal e mais tarde dos imperadores do Brasil, está ligado à população local e que os Celtas, que mais tarde invadiram a área, poderiam também ter sido influenciados pelo culto Ophi.
Lenda Ophi
Uma lenda conta que no solstício de verão, uma donzela serpente, uma deusa, revela tesouros escondidos para as pessoas caminhando pelas florestas. Esta moça vive na cidade do Porto e Festividades relacionadas com esta deusa ocorrem durante o solstício. Durante o resto do ano, ela se transforma em uma cobra e vive sob ou entre pedras, e os pastores se privam de um pouco de leite de seus rebanhos para oferecerem a ela.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
LUSITANOS
A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos.
Outros líderes conhecidos eram Punicus, Cæsarus, Caucenus, Curius, Apuleius, Connoba e Tantalus.
Os lusitanos são considerados, por antropólogos e historiadores, como um povo sem história por não terem deixado registos nativos antes da conquista romana.[1]
As informações sobre os lusitanos nos são transmitidas através dos relatos dos autores gregos e romanos da antiguidade o que por vezes causa diversos problemas ou conflitos na interpretação dos seus textos.
Origem
Os antepassados dos lusitanos compunham um mosaico de diferentes tribos que habitaram Portugal desde o Neolítico. Não se sabe ao certo a origem destas tribos celtas, mas é muito provável que fossem oriundas dos Alpes suíços e teriam migrado devido ao clima mais quente na península Ibérica. Miscigenaram-se parcialmente com os invasores celtas, dando origem aos lusitanos.
Entre as numerosas tribos que habitavam a península Ibérica quando chegaram os romanos, encontrava-se, na parte ocidental, a dos lusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos.[2][3]
Etnia segundo os autores da antiguidade
Os escritores da antiguidade identificaram duas etnias na península Ibérica, a ibera e a celta, e qualificavam os seus habitantes como sendo iberos ou celtas ou ainda uma mistura das duas etnias. No entanto o conceito de ibero podia ser usado num sentido geral, isto é, num sentido geográfico, referindo-se conjunto dos seus habitantes, ou num sentido restrito a um conjunto de tribos com a mesma etnia, ou mesmo podia variar consoante o conceito da época.
Diodoro considerava os lusitanos um povo celta: "Os que são chamados de lusitanos são os mais valentes de todos os cimbros".[4] Estrabão diferenciava os lusitanos das tribos iberas.[5] Viriato foi referido como líder dos celtiberos [6] Os Lusitanos também eram chamados de Belitanos, segundo Artemidoro.[7] [8]
Indícios arqueológicos e pesquisas etnográficas relativamente recentes sugerem que os lusitanos estejam ligados aos lígures, possivelmente através de uma origem comum. Tal teoria é aceita por Adriano Vasco Rodrigues, que a defende em sua obra "Os Lusitanos". No entanto, a religião, a onomástica, nomes próprios e topónimos, e escavações nos castros lusitanos revelam tratar-se de um povo celta. Entre os autores modernos, no entanto, não existe consenso, são considerados iberos, lígures ou celtas.[9]
Tribos
Lúnula lusitana de Chão de Lamas (século II a.C.)
Povos (populi) que constituíam os Lusitanos (Lusitani), conforme descrito na Ponte de Alcântara (CIL II 760).
.Igaeditani
.Lancienses Oppidani
.Tapori
.Coilarni ou Colarni
.Lancienses Transcudani
.Aravi
.Meidubrigenses
.Arabrigenses
.Paesures
Língua e escrita
Bronze de Alcântara, ou Tabula Alcantarensis, inscrição latina declarando a rendição incondicional ("deditio") ante os romanos do povo que habitava um castro entre o território dos Lusitanos e dos Vetões, 104 a.C., Cáceres.
As principais inscrições foram feitas em território português em Lomas de Moledo e Cabeço das Fráguas; a outra inscrição procede de Arroyo de la luz (Província de Cáceres, Espanha) no território dos vetões. Como exemplo segue-se a inscrição de Cabeço das Fráguas do século III d.C.:
OILAM TREBOPALA
INDI PORCOM LAEBOCOMMAIAM ICCONA LOIMINNA OILAM VSSEAMTREBARVNE INDI TAVROM IFADEM[…]
REVE TRE[…]
Mapa da Lusitânia romana e das suas principais cidades
Esta inscrição traduz-se habitualmente como: "[é sacrificada] uma ovelha a Trebopala, e um porco a Laebo, oferenda a Iccona Luminosa, uma ovelha de um ano a Trebaruna e um touro semental a Reve Tre[baruna(?)]".
Descrição linguística: As inscrições lusitanas (escritas em alfabeto latino) mostram uma língua celtóide facilmente traduzível e interpretável, já que conserva em maior grau a sua semelhança com o celta comum. A conservação do p- inicial em algumas inscrições lusitanas, faz com que muitos autores não considerem o lusitano como uma língua celta mas celtóide. O celta comum perde o p- indo-europeu inicial. Por exemplo: "porc/om" em lusitano seria dito "orc/os" em outras línguas celtas como o celtibero, goidélico ou gaulês.
Para estes autores, o lusitano mais do que uma língua descendente do celta comum, seria uma língua aparentada ao celta comum, ou seja, uma variante separada do celta mas com muita relação a ele.
O alfabeto latino, o sistema de escrita utilizado nas inscrições já era usado na península Ibérica pelos povos que habitavam junto ao mar, segundo informação de Artemidoro ,[10] no princípio do século I a.C., época em que visitou a península Ibérica.
Os autores antigos diziam que as pessoas das diferentes tribos que habitavam a península Ibérica, a Ibéria, falavam línguas diferentes, mas não tinham dificuldade em entenderem-se umas às outras..[11] O que poderia revelar uma situação de possível bilinguismo ou até poli-linguismo na península Ibérica.
Guerreiro lusitano
Dizem que os Lusitanos são hábeis em
armar emboscadas e descobrir pistas;
são ágeis, rápidos e de grande destreza.
Usam um pequeno escudo de dois pés de
diâmetro, côncavo para diante, que é
preso ao corpo por correias de couro,
porque não tem nem braçadeiras nem asa.
Usam também um punhal ou um gládio.
A maior parte dos guerreiros veste
couraças de linho, e apenas alguns
cotas de malha e capacete de tríplice
cimeira. Mas em geral usam elmos de
nervos. Os peões calçam polainas de
couro e estão armados com lanças
de ponta de bronze.
Os guerreiros ibéricos são citados como tropas mercenárias na batalha de Hímera em 480 a.C.. A dada altura, os mercenários ibéricos aparecem como mercenários nos principais confrontos bélicos do Mediterrâneo, tornando-se num dos pilares dos exércitos do Mediterrâneo central. Estão presentes na batalha de Selinute, Agriento, Gela e Calamina. Surgem em outros conflitos na segunda guerra grego-púnica, na Sicília, em Siracusa, em Atenas e estão presentes na defesa de Esparta na batalha de Krimios, na Primeira Guerra Púnica, e com os púnicos no norte de África.[14]
Tito Lívio (218 a.C.) descreve os Lusitanos pela primeira vez como mercenários ao serviço dos cartagineses na guerra contra os romanos.
Os lusitanos foram considerados pelos historiadores como hábeis na luta de guerrilhas. Eram indivíduos jovens na plenitude da sua força e agilidade e selecionados entre os mais fortes. Neles recai a defesa da comunidade quando está ameaçada. A preparação militar dos jovens guerreiros tinha lugar nas montanhas em lugares específicos.
"Em tempo de guerra eles marcham observando tempo e medida;e cantam hinos (paeans) quando estão prontos para investir sobre o inimigo"[4] batendo nos escudos à maneira ibérica.[15]
Mulheres guerreiras
Apiano relata que quando o pretor Brutus, ao perseguir Viriato, atacou as cidades da Lusitânia as mulheres lutavam e morriam valentemente lado a lado com os homens. Depreende-se que de alguma forma o treinamento militar também era dado ás mulheres a quem recaia também a defesa dos castros.[16]
Iuventus lusitana
A iuventus, era uma organização paramilitar que preparava os jovens para a guerra, era uma adaptação urbana das fraternidades guerreiras da idade do bronze.A iuventus lusitana[17] era formada por grupos de jovens,[18][19] que recebiam treinamento militar e que provavelmente serviam como militares de reserva na defesa dos castros. Organizações similares encontravam-se entre os celtas, celtiberos e romanos.[20][21]
Armas utilizadas pelo exército lusitano
Segundo Tito Lívio, são as seguintes as armas utilizadas pelo exército lusitano
[22][23]
Armamento ofensivo usado na luta corpo a corpo:
.punhal de fio reto e antenas atrofiadas[24] ou afalcatado.
.espadas[25] As espadas tinham um esmerado processo metalúrgico, com uma resistência e flexibilidade fora do comum para a época. Usavam a espada do tipo La Tene, a espada de antenas atrofiadas e a falcata[26][27]
.lança de ponta de bronze- segundo Estrabão estas lanças eram de uma época antiga e supõe-se que o motivo pelo qual ainda serem usadas era por ainda estarem sendo usadas em rituais que teriam origem nas tradições das fraternidades guerreiras da idade do bronze.[28]
.Labrys[29] machado de dupla lâmina que aparece em moedas romanas da lusitânia não parece que era usado pelos lusitanos mas pelos cantabros.
Armamento ofensivo de arremesso:
.dardos farpados de ferro
.lança de arremesso, todo de ferro
Armamento defensivo:
Elmo do tipo Montefortino. Usado durante a II Idade do Ferro na Península Ibérica e resto da Europa.
.caetra: é um pequeno escudo de dois pés de diâmetro que se manejava com a mão esquerda, era feito de madeira, couro, nervos trançados, bronze ou ferro, ficava suspenso por correias que eram manejadas habilmente para se defenderem dos dardos. Era decorado com o desenho de um labirinto, que se supõe ter sido um símbolo ou emblema étnico de reconhecimento entre os lusitanos[30]
.cota de malha era feita de pequenas argolas de ferro entrelaçadas, era pesada, e usada apenas por alguns guerreiros, provavelmente os líderes.
.couraça de linho, era o tipo de proteção mais usada, era mais leve e adaptada ao clima que as cotas de malha, e provavelmente mais barata.
.elmos eram de couro, de nervos trançados ou de metal e parecidos com os dos celtiberos, do tipo montefortino,[31][32][33] elmos de três cimeiras (penas) de cor purpura.[34][35]
.polainas eram feitas de couro para proteger as pernas.
Os guerreiros lusitanos realizavam competições entre si,em que tomava parte a cavalaria e a infantaria, e competiam no boxe, corrida, faziam combates de grupo e combates entre esquadras .[36]
Estrabão reconhecia que os lusitanos lutavam como peltastas,[37] e eram organizados e eficientes a posicionarem-se na linha de batalha ou a movimentarem-se concertadamente para posições estratégicas.[38]
As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram como mercenários no exército púnico e depois reacenderam em 193 a.C.. Em 150 a.C. o pretor Sérvio Galba, após ter infligido grandes punições aos lusitanos, aceitou um acordo de paz com a condição de entregarem as armas, aproveitando depois para os chacinar. Isto fez lavrar ainda mais a revolta e durante oito anos, os romanos sofreram pesadas baixas.
As guerras lusitanas acabaram com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três aliados tentados pelo ouro romano.
Mas a luta não parou e para tentar acabá-la Roma mandou à península o cônsul Décimo Júnio Bruto, que fortificou Olisipo, estabeleceu a base de operações em Méron próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e destruindo tudo o que encontrou até à margem do Rio Lima. Mas nem assim Roma conseguiu a submissão total e o domínio da Lusitânia só foi conseguido após a tomada de Numância, na Celtibéria, que apoiava os castros do Noroeste.
Estratégias militares
Os lusitanos não lutavam uma guerra defensiva, pelo contrário, planejavam uma guerra ofensiva. Faziam campanhas de longa distância em que deslocavam as operações militares para diversos locais na península Ibérica, chegando mesmo até África.[39] A geografia destas operações militares mostra uma dupla intenção: assegurar o controle das regiões da Beturia e com isto ocupar posições chave que impedissem o avanço dos romanos e punir as tribos aliadas dos romanos que eram consideradas traidoras [40] além de destruir as bases operacionais que eram instaladas nestas cidades.[41][42]
A deslocação das operações militares para outra região implicava a divisão dos exércitos: havia os exércitos que eram enviados para diversos locais na península, e os exércitos que ficavam na lusitania e defendiam os castros. Compreende-se nesta divisão uma necessidade estratégica de defesa. Os romanos também dividiam o seu exército para cobrir uma região mais vasta, enviavam um exército para a Hispania ulterior e outro para a Hispania citerior.
Apiano relata um tipo de ataque concertado com duas frentes , em que dois exércitos consulares romanos, comandados por Luculus e e Galba, invadem de forma concertada duas regiões da lusitania. Estas acções concertadas frequentemente envolviam as tribos aliadas dos romanos.[42]
Contrariamente ao que acontecia nos confrontos militares com os povos da Grécia ou Ásia, onde a vitória ou derrota de uma guerra era decidida numa batalha, raramente em duas, e a batalha decidida pelo resultado da primeira carga e pelo choque dos dois exércitos, a guerra era uma sucessão de batalhas que apenas eram interrompidas pelo inverno, embora nem sempre, e as batalhas só cessavam com o cair da noite para continuarem com vigor renovado no dia seguinte.[43]
O exército lusitano era formado por uma força combinada de cavalaria e infantaria, versado num tipo de combate híbrido, isto é combatiam em campo aberto ou em terreno árduo e montanhoso.
Os romanos identificavam dois tipos de conflitos, latrocinium, quando eram utilizadas tácticas de guerrilha, quando as tribos aliadas aos romanos eram atacadas ou quando eram usados pequenos exércitos; bellum implicava uma declaração de guerra, conforme à tradição romana, o uso de um exército regular e combate em campo aberto.[44]
O controle tático das unidades de combate era possivelmente feito com o uso de estandartes. Pela indicação de Tito Lívio, (cento e trinta e quatro estandartes num exercito de doze mil quinhentos e quarenta guerreiros),[45] cada estandarte deveria guiar unidades de cerca de noventa guerreiros lusitanos unidades semelhante à centúria romana ou apenas divisões por tribos como faziam os Iberos. Os estandartes eram consagrados a uma divindade guerreira, Bandua.[46]
A sua maneira de combater, segundo Júlio César, por ser inesperada e desconhecida dos legionários, desorganizava completamente as fileiras romanas.[47]
Tácticas ofensivas
.Emboscadas[48]
.Ataques surpresa
.Ataques nas horas mais quentes do dia ou durante a noite
.concursare - [49][50]
.súbita dispersão das tropas e posterior reagrupamento em local combinado
.formação em cunha ou v invertido - tactica usada pela cavalaria ibera e celtibera
Tácticas defensivas
.Retiradas militares estratégicas
.Translado de populações
.Uso da Cavalaria - Formavam linhas à frente para retardar as tropas inimigas e proteger a retirada das suas próprias tropas
.Terra queimada
Estrutura dos povoados
castro
As casas de pedra tinham forma redonda ou retangular; eram cobertas de palha, e ficavam situadas no alto de morros ou colinas, agrupando-se em aldeias - os castros citados pelos historiadores
As casas eram dispostas ordenadamente e formavam uma espécie de bairros organizados por famílias e subdivididos em diversos núcleos habitacionais que distribuíam-se em torno de um pátio de acordo com a sua função e que incluíam cozinha com lareiras a forno, local de armazenagem de gêneros, zonas de dormida, recinto para guarda de animais.
Nos castros destacava-se um grande edifício de planta circular, para reuniões do conselho comunitário, com bancos ao redor.
Havia ainda os balneários públicos para banhos frios e de vapor.
A decoração das casas, em relevo e gravura, era feita com motivos geométricos, em forma de corda, de espinha, com círculos encadeados ou sinais espiralados, tríscelos e tetrascelos, cruciformes e serpentiformes.
As ruas eram calcetadas com pedras regulares.
Os grandes castros tinham muralhas defensivas feitas de grandes pedras, chegando a alcançar um quilómetro de perímetro.
Os instrumentos musicais incluíam a flauta e a trombeta, com que acompanhavam seus coros e danças, de que os romanos nos deixaram algumas descrições.
Os locais de culto funerários são sempre de grande interesse para os arqueólogos que se encontram por todo o território da antiga Lusitânia.
Do período paleolítico conhecem-se cemitérios onde os corpos estavam dispostos com restos de alimentos, utensílios e armas; do megalítico abundam os dólmens, conhecidos em Portugal como antas, ou mamoas - porque os montículos de terra que se acumularam sobre eles, criaram essa forma arredondada.
Monumento a Viriato em Viseu, Portugal
Sociedade
A sociedade lusitana essencialmente guerreira denotava a presença de uma hierarquia social em que o guerreiro ocupava uma importante posição.
Era uma sociedade aristocrática em que a maior parte da riqueza estava nas mãos de um grupo reduzido de pessoas. A presença de joias e de armas nos túmulos indica a presença de uma elite guerreira.[51][52]
A organização da família lusitana revela uma estrutura gentílica da sua sociedade, o qual era referida nas fontes epigráficas com a designação de gentes ou gentiliates. Os lusitanos encontravam-se unidos entre si por laços de sangue ou parentesco e não pelo território ocupado.[53]
O tipo de governo era a chefia militar, em que o líder era eleito em assembléia popular e escolhido entre aqueles que se distinguiam pela coragem, valor, capacidade de liderança e também pelas vitórias obtidas em tempo de guerra. Os autores gregos referiam-se a estes chefes militares como hegoumenos, isto é, líder, chefe e os romanos dux. No entanto o nome de regnator,[54] rei, e principe,[55] também foram referidos. O hospitium, em que adotavam se estranhos na comunidade, é também considerado um costume dos lusitanos.
Apiano revela a existência de uma propriedade comunitária,[56] que para além de terras incluía cavalos, produtos agrícolas e diversos outros bens comunitários[57] incluindo um tesouro público do qual fala Diodoro[58] esta propriedade comunitária deveria coexistir a par da propriedade privada.
Os lusitanos eram um povo autónomo,(grego: αὐτονόμων), com leis próprias.[59]
Os lusitanos tinham o hábito de frequentar salas onde iam untar o corpo duas vezes ao dia, tomavam banhos de vapor em balneários decorado com gravuras em baixo relevo, lançando água sobre pedras incandescentes, e tomavam em seguida um banho frio.
As refeições em que os Lusitanos se juntavam apenas uma vez por dia tinham lugar numa sala onde eles sentavam-se em bancos móveis encostados à volta das paredes da sala. A disposição dos bancos em que se sentavam obedecia a uma hierarquia que colocava na frente os de mais idade e seguiam uma ordem consoante a posição social.[36]
O alimento mais característico era o pão de bolota ou glande de carvalho;[60] bebiam leite de cabra e cerveja de cevada, reservando o vinho para as festas com uma produção desde a época pré-romana [61]
A caça, pesca, produção de gado bovino e equino, a produção de mel e lã assim como o trigo a cevada o linho e a mineração eram atividades referenciadas.[62]
O custo de vida era muito barato, no século II a.C., os produtos de pesca, ovinos, caprinos e agrícolas eram abundantes e as peças de caça eram distribuídas de graça a quem comprava alguns destes produtos.[63]
O escambo era usado nas regiões do interior onde também usavam peças cortadas de prata batida como dinheiro.[64]
Os homens vestiam-se de preto e usavam capas simples e as mulheres capas compridas e vestidos de cores vivas. Os homens usavam os cabelos compridos , como as mulheres, mas que prendiam à volta da testa quando combatiam.[36]
Culto religioso
Praticavam sacrifícios humanos e enquanto o sacerdote feria o prisioneiro no ventre, faziam vaticínios segundo a maneira como a vítima caía. Sacrificavam a Ares, deus da guerra, não só prisioneiros, como igualmente cavalos e bodes.
Os sacerdotes, a quem Estrabão chama de hieroskópos, segundo a hipótese de alguns autores, fariam parte de um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu prestígio, sabedoria e experiência.[65]
Os santuários eram erigidos nas massas rochosas de locais com certo domínio da paisagem, à beira de cursos de água ou junto a montes.[66][67] Nestes santuários encontramos cadeirões de pedra, pias e altares como no Castelo do Mau Vizinho, no Santuário da Rocha da mina, no Cadeirão da quinta do Pé do Coelho,ou no Penedo dos mouros,[68]
Também na área lusitana verifica-se a presença de estátuas chamadas berrões, que assumem terem sido utilizadas para fins de carácter religioso, supõe-se que seriam animais sagrados.[69] Praticavam exercícios de ginástica como o pugilato e corridas, simulacros de combates a pé ou a cavalo: bailavam em danças de roda, homens e mulheres de mãos dadas, ao som de flautas e cornetas; eram tipicamente monogâmicos. Usavam barcos feitos de couro, ou de um tronco de árvore.
Referências
[1]pg135
[2]http://www.brathair.com/Revista/N1/lusitanos.pdf
[3]http://www.geocities.com/atoleiros/Lusitanos.htm
[4]a b Diodorus Siculus. Bibliotheka Historia: The Historical Library. Book V: Britain, Gaul, and Iberia
[5]Los coceptos de "Iberia" e "Ibero" en Estrabon
[6] [Sextus Julius Frontinus: Stratagems.Book II V. On Ambushes]
[7]pg 33
[8] pg 94
[9]pg58
[10pg 42
[11]Livius, Titus. The History of Rome, Vol. III 25.33
[12][www.csarmento.uminho.pt/docs/sms/exposicoes/CatálogoArteCastreja.pdf ARTE CASTREJA DO NORTE DE PORTUGAL]
[13]Strabo Geography Book III Chapter 3
[14][1]
[15]pg 50
[16]Appian's History of Rome: The Spanish Wars (§§71-75)
[17]pg251
[18][2]
[19][3]
[20]pg233
[21]pg122
[22] [4]
[23[5]
[24]Lusitania: historia y etnología
[25]Museu nacional de arqueologia. Espada de antenas ou de apêndices reduzidos a botões, ritualmente dobrada pelo fogo
[26][www.ffil.uam.es/equus/warmas/online/machairakopisfalcata.pdf ]
[27][6]
[28].War and Society in the Celtiberian World
[29]pg 150
[30]pg5
[31]Los cascos de tipo Montefortino en la Península Ibérica. Aportación al estudio del armamento de la IIª Edad del Hierro
[32][7]
[33][8]
[34]Trajo guerreiro
[35][9]
[36]a b c [10]
[37][http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3D*.html Strabo Geography Book III Chapter 4-15 ]
[38][http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3C*.htmlStrabo Geography Book III Chapter 3 -6]
[39]Appian, The Foreign Wars. THE WARS IN SPAIN. CHAPTER X. The Lusitanian War
[40]Polybius, Histories The Celtiberian Wars livro 35-2
[41]pg 270
[42]a b wars in Spain-CHAPTER X-The Lusitanian War -- The Doings of Mummius -- Servius Galba -- His Infamous Conduct
[43]Polybius, Histories.The Fiery War
[44]pg 41
[45]Titus Livius. The History of Rome, Vol. 5
[46]Los cántabros antes de Roma pg 199
[47][11]
[48]Appian's History of Rome: The Spanish Wars (§§66-70)
[49]pg8
[50]Protohistoria y antiguedad de la peninsula iberica: VOL II pg239
[51]Sociedad y cultura en Lusitania romana pg44
[52]BETWEEN WARRIORS AND CHAMPIONS: WARFARE AND SOCIAL CHANGE IN THE LATER PREHISTORY OF THE NORTH-WESTERN IBERIAN PENINSULA
[53]Muñoz, Mauricio. Viriato
[54][12]
[55][13]
[56][14]
[57]pg232
[58][The historical Library of Diodorus Siculus. Fragments pg 616]
[59]Appian's History of Rome: The Spanish Wars (§§56-60)
[60]Ficha da Azinheira
[61]O vinho na Lusitânia :reflexões em torno de um problema arqueológico
[62]Les campagnes de Lusitanie romaine pg 39
[63]pg77-78
[64][http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3C*.html Strabo Geography. Book III Chapter 3]
[65]Protohistoria y antiguidad de la Peninsula Iberica. Vol II pg260
[66][15]
[67][16]
[68][17]
[69]The celts in Portugal. E-keltoi volume 6
LUGONES
A sua distribuição populacional circunscrevia-se, principalmente, à zona central da atual Astúrias. Foram encontradas numerosas inscrições alusivas aos Lugones nos territórios das atuais povoações de Lugones (toponímia obviamente relacionada com a tribo), Lugo de Llanera, Piloña, Llanera, Infiesto e Siero, sendo provável que a sua expansão territorial se estendesse desde os Picos de Europa ao Mar Cantábrico, incluindo a zona fronteiriça com os Cantabros e, provavelmente, uma zona ao Sul da província de Leão.
Inscrição encontrada em Piloña, Astúrias, contemporânea à invasão romana do território asturiano, onde se pode ler: Asturum et Luggonum. A peça encontra-se atualmente no Museu Arqueológico das Astúrias, em Oviedo.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
IBEROS
A mesma forma de tecer e colorir cobertas de lã grossa são as mesmas em regiões do Cáucaso, no sul de Portugal (Alentejo) e na Escócia, no fim do VI milénio a.C., e se espalhou pela Península Ibérica, França, Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca, até meados do II milénio a.C. Essa teoria está apoiada em evidências arqueológicas, genéticas e linguísticas.
Quando as primeiras migrações celtas chegaram ao ocidente europeu, os íberos já estavam estabelecidos alguns milênios antes, principalmente no este da península ibérica de onde guerrearam contra a dominação romana.
Migração e viagens eram muito comuns naqueles tempos.
Foram parceiros comerciais dos Fenícios, os quais fundaram dentro do território dos Iberos várias colônias comerciais, como Cádiz, Eivíssia e Empúries. Contra os romanos a aliança entre Iberos e Celtas tornou-se mais forte e a partir do e no século I a.C. formaram o povo conhecido como Celtiberos.
Na costa este, as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos.
A própria Enciclopédia Britânica define os ingleses como descendentes dos Iberos e dos Celtas. Contudo eram povos de cultura e raças bem diferentes.
A economia Ibérica tinha uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida. A língua Ibérica, uma língua não Indo-europeia continuou a ser falada durante a ocupação romana. Ao longo da costa Este, utilizou-se uma escrita Ibérica, um sistema de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenício e grego, mas de origem desconhecida.
Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sudeste, mas que no tempo do historiador grego Heródoto (500 a.C.), é aplicado a todos os povos entre os rios Ebro e Huelva, que estavam provavelmente ligados linguisticamente e cuja cultura era distinta dos povos do Norte e do Oeste. Havia no entanto áreas intermédias entre os povos Célticos e Iberos, como as tribos Celtiberas do noroeste da Meseta Central e na Catalunha e Aragão.
Na costa este, as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos.
Foi encontrada cerâmica ibérica no sul da França, Sardenha, Sicília, e África e eram frequentes as importações gregas como a esplêndida Dama de Elche, um busto com características que mostram forte influência clássica grega. A economia Ibérica tinha uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida.
Os Iberos conservaram a sua escrita durante a conquista romana, quando se começou a utilizar o alfabeto latino. Ainda que inicialmente se pensasse que a língua basca era descendente da ibera, hoje considera-se que eram línguas separadas.
Tribos de Iberos:
Bastetanos
Turdetanos
segunda-feira, 5 de abril de 2010
DRAGANOS / BERRÕES
Os Draganos (Latin:Dragani) eram um povo pré-Romano, que se presume localizado no noroeste da península Ibérica ou Ophiussa, Ofiússa, (Terra das Serpentes), nome dado pelos antigos gregos devido ao culto a este animal.
Existem alguns estudos arqueológicos que mencionam este povo e cultura. Alguns crêem que o dragão, muitas vezes representado como um grifo e originário de uma primitiva serpente alada - a "Serpe Real", timbre dos Reis de Portugal e depois também dos Imperadores do Brasil, está relacionado com este povo, ou com os Celtas que mais tarde colonizaram a zona, que por sua vez poderiam ter sido influênciados pelo culto Ofi.
O primeiro relato sobre esta tribo é feito no século IV, pelo poeta romano Rufus Avienu
Festus , no Ora Marítima (Costa Marítima), documento inspirado no marinheiro grego Periplu, relatando que Oestriminis (Extremo Oeste) era habitado pelos Oestrimni desde longos tempos, tendo sido expulsos quando da "invasão das serpentes".
Esse povo poderá estar ligado aos Saephe ou Ophis (Povo das Serpentes) e aos Dragani (Povo dos Dragões) que vieram colonizar aquelas terras e formaram um território conhecido pelos gregos como Ophiussa.
Ophiussam ad usque. rursum ab huius litore
internum ad aequor, qua mare insinuare se
dixi ante terris, quodque Sardum nuncupant,
septem dierum tenditur pediti via.
Ophiussa porro tanta panditur latus
quantam iacere Pelopis audis insulam
Graiorum in agro. haec dicta primo Oestrymnis est
locos et arva Oestrymnicis habitantibus,
post multa serpens effugavit incolas
vacuamque glaebam nominis fecit sui.
A localização geográfica desta tribo é objeto de várias especulações, principalmente devido à menção no Ora Marítima.
"Dragani, sub nivoso maximeseptentrione".
Berrão
Touros de Guisando.
As dimensões dos berrões podem atingir mais de dois metros, no entanto existem vários outros que chegam a ter apenas 30 centímetros.
A conhecida Porca de Murça, Berrão, Portugal.
Acredita-se que as estátuas dos berrões eram utilizados para fins de caráter religioso. As esculturas representariam animais sagrados, ou mesmo divindades protectoras do gado, a quem se prestava culto; um outro possível uso seria o de monumento funerário, como se leva a crer pelas inscrições que algumas destas esculturas exibem.
[1](em espanhol) Lorrio, Alberto J. Los celtiberos.p.99
[2]Alarcão, Jorge de. Etnogeografia da Fachada Atlántica Ocidental da Península Ibérica
[3]Alarcão, Jorge de. Novas perspectivas sobre os Lusitanos (e outros mundos).Revista Portuguesa de Arqueologia.volume 4.número 2.2001
[4]Santos Júnior, J. (1975). Casa de Sarmento. Conferência: a cultura dos Berrões proto-históricos do Nordeste de Portugal