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terça-feira, 29 de setembro de 2009

MORRIGAN E CUCHULAINN



MORRIGAN E CUCHULAINN


Cuchulainn encontra-se pela primeira vez com Morrigu ainda menino, quando caminhava por um campo de batalha para encontrar o rei e seu filho.
A Deusa sobrevoa o campo em forma de corvo e faz troça dele dizendo:
-"Aquele que se sujeita a fantasma, não dará um bom guerreiro".
Cuchulainn por ser tão jovem, não reconhece a Deusa, mas percebe que está recebendo um incitamento à valentia.
O próximo encontro dos dois se dá quando Cuchulainn tenta retardar a chegada do exército da rainha Maeve. Desta vez, Morrigan surge na forma humana, apresentando-se como uma bela e sedutora jovem, dizendo-se apaixonada e disposta a casar com ele e compartilhar toda sua fortuna. Demonstrando obstinação por sua jornada heróica, ele a recusa. Não deixou-se portanto, envolver com a sutil sedução do seu inconsciente, para permanecer no âmbito que lhe era conhecido e familiar. Para Cuchulainn, ele deveria suportar o fardo da solidão. E, muito embora Morrigu continue insistindo, dizendo que poderia ajudá-lo em combate, ele responde:
-"Eu não vim até aqui por causa de um quadril de mulher."
Com essas palavras, traçou seu trágico destino, pois imaginava que seu pior inimigo estava à sua frente e, no entanto, o inimigo estava era dentro dele.
Em uma outra passagem, Cuchulainn, como guardador e protetor de Ulster, observa uma mulher que conduzia uma carroça. Ao seu lado caminha um senhor e uma vaca presa por uma corda. Ao abordá-los, indaga ao homem como conseguiram a vaca. Quem responde é a mulher e ele irritado retruca:
-"Uma mulher não deve responder por um homem."
Volta-se novamente ao homem e pergunta seu nome. A mulher volta a responder por ele e Cuchulainn, totalmente fora de controle salta em cima dela e aponta a lâmina de sua espada para a cabeça da mulher. Nervosa, ela explica que recebera a vaca como presente por ter recitado um belo poema e que recitaria para ele se saísse de cima dela. Cuchulainn ouviu a declamação dos versos e quando se prepara para voltar a atacar a mulher, percebe que a carruagem e a mulher haviam desaparecido e em seu lugar ficou um corvo pousado em um galho que lhe diz que está ali "guardando a sua morte". Dessa vez, têm consciência que é a própria Deusa Morrigan e que ela veio avisá-lo que sua morte é iminente.
Em um combate que se seguiu contra os soldados de Connacht, Cuchulainn foi atrapalhado por diferentes animais: primeiro uma vaca, depois uma enguia, e por fim uma loba. Todos os animais foram feridos com a espada de Cuchulainn, mas na verdade, todos eram Morrigan. Para curar-se das feridas, teve que disfarçar-se de anciã e pedir à Cuchulainn que ordenhasse sua vaca mágica. Ao receber das próprias mãos do herói três bocados do leite da vaca, curou-se de todos os ferimentos.

Antes de uma nova batalha contra os guerreiros de Connacht, Cathbad e Cuchulainn passeavam a margem do rio, quando avistaram a "Lavadeira do Vau", um tipo de mulher-fantasma que freqüenta as margens dos rios e arroios, chorando e lavando as roupas e as armas sujas de sangue, dos guerreiros que morrerão em combate.
Cathbad diz então:
-"Você vê Cuchulainn, a filha de Badb lavando seus restos mortais?" É o prenúncio de sua morte! Entretanto, Morrigan, talvez comovida com o trágico fim de Cuchulainn, desaparece com a carruagem de combate enquanto ele dormia. Mas nada o impedirá de ir de encontro ao seu já traçado destino.

No dia seguinte, no fervor da batalha, Cuchulainn gravemente ferido, amarra-se ao pilar de uma pedra e segue lutando. Quando está próximo da morte, Morrigan aparece pela última vez, agora como um corvo que pousa no ombro do valente herói e depois salta ao solo para devorar as vísceras do corpo dilacerado de Cuchulainn.

Na véspera da Segunda Batalha de Moytura, também o rei líder dos Tuatha De Danann, Dagda, encontra Morrigan no vau do rio Unshin, lavando as armas ensangüentadas e os cadáveres dos que viriam a tombar no dia seguinte.
A Deusa então dá a Dagda informações sobre o combate, revelando seus dons proféticos. Igualmente, dá provas de coragem e poder quando afirma que ela mesma arrancará o coração do seu inimigo Fomoriano. Em pagamento, Dagda sacia seu apetite sexual, unindo-se a ela ali mesmo, em meio aos cadáveres que morrerão, enfatizando a íntima ligação entre a vida e a morte.



Bibliografia Consultada:

O Amor Mágico - Laurie Cabot e Tom Cowan
O Livro da Mitologia Celta - Cláudio Crow Quintino
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
O Medo do Feminino - E. Neumann
Consciência Solar, Consciência Lunar - Murray Stein
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
Caminho para Iniciação Feminina - Sylvia B. Perera
La Mythologie Celtique - Y. Brékillen

A RAINHA MAEVE OU MAEDBH

A RAINHA MAEVE OU MAEDBH
(Deusa da Caça e da Guerra)

Das figuras femininas da Irlanda, Maeve é a mais espetacular.
Ela era a Deusa soberana da Terra com seu centro místico em Tara.
Com o passar do tempo à cultura irlandesa mudou sob a influência cristã e então, Maeve foi reduzida a uma mera rainha mortal. Mas nenhuma mortal poderia ter sido como ela, "intoxicante", uma mulher "embriagante", sedutora, que corria com os cavalos conversava com os pássaros e levava os homens ao ardor de desejo com um mero olhar.
Ela é a Rainha de Connacht, simboliza o poder feminino e é a personificação da própria Terra e sua prosperidade.
Ainda pesquisando sobre esta personagem tão ilustre, encontrei no site Wikipedia as seguintes informações:
Rainha Maeve foi uma rainha irlandesa celta, freqüentemente cultuada como deusa por ter exercido poder e fascínio entre seus súditos na sua época. Seu nome significa "Mulher ébria" ou "Rainha-Loba". Reinou sobre Connacht, e pertenceu ao Ciclo de Uster. Deusa da guerra, participou efetivamente de vários combates, pois as mulheres nesta época e nesta cultura, não eram vistas como frágeis ou incapazes e lutavam bravamente. Tinham o poder de escolha de seus maridos com seus respectivos dotes, além disso, optavam pelo divórcio se estivessem insatisfeitas ou infelizes. Este período foi anterior ao surgimento do Deus monista que deu origem à era do patriarcado, portanto, até então as mulheres exerciam outro papel na sociedade.
Foi também um símbolo de sexualidade plena e exuberante, assim como a Vênus na cultura romana, ou Afrodite na Grega.
Maeve tinha o poder de escolher seus parceiros. Sua relação com a sexualidade nada tinha a ver com promiscuidade, ao contrário disso, era saudável e magnética. Nessa época não existia o conceito de pecado cristão, o corpo e o prazer eram vivenciados sem malícia, venerados e respeitados.
O nome de Maeve é Maedbh e na Irlanda existe até uma nota de One pound Irish com o desenho do rosto dela.



Realmente, de todas as heroínas irlandesas, a que melhor encarna a força da mulher celta é, sem dúvida, a rainha Maedbh (Maeve) de Connacht.
Soberana, poderosa, independente, irascível, resoluta, Maedbh é uma porta-voz perfeita do espírito da mulher celta.
Vários textos medievais, especialmente as conhecidas Leis Brehon, confirmam os amplos direitos reservados às mulheres na sociedade celta irlandesa.
A explicação para isso é simples: apesar de algum contato com o mundo mediterrâneo, os celtas da Irlanda mantiveram-se suficientemente isentos da influência de gregos e romanos e sua tendência à opressão da mulher. Talvez esse seja um dos principais motivos para a voz da Irlanda atualmente servir de inspiração a quem tenta restabelecer uma sociedade mais equilibrada no que diz respeito à relação entre homens e mulheres.

Maeve, segundo a lenda, era uma das cinco filhas de Eochardh Feidhleach, rei de Connacht, uma mulher muito bela e forte, dotada de uma mente brilhante, estrategista hábil, talhada para enfrentar todo o tipo de batalhas.
Era muito segura de sua feminilidade e sexualidade. Diziam que possuía um apetite sexual voraz, mas é um erro vê-la como inconveniente e lasciva que utilizava a satisfação sexual com a finalidade de ganho egoístico.
Ela ofertava aos seus consortes uma taça de vinho vermelho como seu sangue.
O vinho de Meave representava o sangue menstrual que era considerado como "o vinho da sabedoria das mulheres".
O Festival Pagão de Mabon era comemorado em sua honra.
Durante estas festividades, aqueles que almejassem ser rei, aguardavam que Meave os convidasse à beber de seu vinho.
Isto assegurava de que o homem para ser rei, necessitava ser versado no feminismo e nos mistérios das mulheres.
Maeve foi considerada a Deusa da guerra similar a Morrigan, fez que seus guerreiros experimentassem as dores do parto de uma mulher.
Ela é a Rainha de Connacht, simboliza o poder feminino e é a personificação da própria Terra e sua prosperidade.
Shakespeare a trouxe à vida como Mab, a Rainha das Fadas. Em uma versão mais moderna, os ecologistas a converteram em Gaia, o espírito da Terra.
Na Antiguidade Celta, as mulheres se equiparavam aos homens. Possuíam propriedades e ocupavam posições de prestígio dentro da sociedade. Também não existia a monogamia nas uniões.
A rainha Maeve do reino irlandês de Connacht era famosa por sua beleza e possessão sexual. Teve muitos amantes, a maioria eram oficiais de seu exército, o que assegurou de algum modo a lealdade de suas tropas. Muitos homens lutavam duramente nos campos de batalha por uma possibilidade de receber seus favores sexuais.
Maeve é figura central do épico irlandês "Tain Bo Cualngé".
O primeiro marido de Maeve, foi justamente o seu rival mais constante, o rei Conchobor Mac Nessa.
Maeve foi-lhe dada em casamento como compensação pela morte de seu pai, mas para provar sua independência, ela o abandona. Conchobor, insatisfeito, encontra Maeve banhando-se no rio Boyne e a estupra.
Em decorrência do fato, os reis da Irlanda se unem para vingar o ultraje.
Nesta batalha, perde a vida Tinne, o então marido de Maeve.
A rainha de Connacht está sem rei, e por isso os nobres se reúnem e indicam Eochaid Dala para ser seu novo marido. Ela consente, desde que o marido não seja nem ciumento, nem covarde, nem avarento.
Certo dia, Maeve adota um garoto, o qual passa a integrar sua corte. Com o tempo o tal garoto cresce, tornar-se um hábil guerreiro e obviamente, torna-se seu amante.
Eochaid não aceita bem a situação, assim como os nobres de Connacht, que tentam expulsar o rapaz da corte. Maeve consegue impedir e o jovem desafia o rei para um combate.
Por ser um grande guerreiro, acabou matando o rei e assumindo o trono ao lado de Maeve.
Esse é Ailill, seu marido mais importante e protagonista da nossa história...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A MALDIÇÃO DE MACHA

Em ocasião anterior, no decorrer dos contos, fizemos alusão

à uma maldição lançada pela Deusa Macha.

Então agora, vamos narrar como e porque isso aconteceu.





A maldição de Macha



Crunnchu era um fazendeiro muito rico, casado, com quatro filhos e muitos serviçais, que vivia infelicíssimo há já muitos anos pois a sua mulher morrera logo após ter dado à luz a última das crianças.
Um belo dia, quando Crunnchu estava descansando numa confortável cadeira no vestíbulo de sua casa, chegou uma estranha mulher que, sem uma palavra, se pôs imediatamente a fazer os trabalhos da lida da casa.
Pela hora de jantar, a mulher dirigiu-se à cozinha e deu as ordens necessárias aos criados como se sempre tivesse morado ali.
A refeição foi passada em total silêncio e só no dia seguinte os dois começaram a falar um com o outro numa conversa que se prolongou por horas e horas.
O nome da mulher era Macha; no fim da conversa, estavam apaixonados e em breve se casaram. O tempo passou e Macha engravidou. Chegou, entretanto, a data da Grande Feira do Ulster e Macha avisou o marido de que não deveria falar dela a ninguém sob pena do seu amor terminar tragicamente. Crunnchu tomou boa nota do aviso e partiu.
Durante a Feira, era costume realizarem-se imponentes corridas de cavalos nas quais participavam sempre os mais velozes animais do Rei; como em ocasiões anteriores, os cavalos reais ganharam facilmente, o que deixou o soberano vaidosíssimo e fez com que não se calasse, bravateando sobre o valor dos seus corcéis.
Incomodado com a arrogância do Rei, Crunnchu, sem pensar no que fazia e esquecendo o aviso da mulher, disse ao monarca que a sua esposa Macha conseguiria ser mais rápida que os próprios cavalos.
O rei ficou furioso com o atrevimento do fazendeiro e ordenou que Macha fosse à Feira para participar nas corridas, enviando imediatamente dois mensageiros a sua casa.
Ali chegados, ouviram Macha pedir-lhes que não a obrigassem a ir por causa do estado avançado da sua gravidez, mas eles não lhe facilitaram a vida e disseram-lhe que o Rei mandaria matar o marido se ela não os acompanhasse.
Então ela foi e quando se encontrou em face do Rei repetiu-lhe o pedido que já fizera aos mensageiros: que não a obrigasse a correr por causa do bebe que estava para nascer; mas o rei foi irredutível na sua decisão e gritou-lhe:
– Corre, ou o teu marido será morto!
Então Macha respondeu:
– Muito bem. Farei como mandas, mas fica a saber, ó Rei, que amaldiçoo todos os homens do teu reino, o poderoso Reino do Ulster: durante nove gerações, eles irão sentir as dores de uma mulher quando está para dar à luz; e essas dores aparecerão quando menos se esperar e mais o País precisar dos seus homens.
Em seguida, Macha fez a corrida contra os cavalos do Rei, venceu e, logo depois, por causa do esforço, deu à luz dois bonitos gêmeos, morrendo após o nascimento deles.
Quanto à maldição que invocara contra o Rei e os homens do Ulster, cumpriu-se mesmo! Durante nove gerações, sempre que os homens iam para a guerra, era precisamente durante as batalhas que as dores mais atacavam os guerreiros dando, assim, vantagem aos inimigos.
A palavra Macha á ainda hoje usada no nome da grande fortaleza do antigo Ulster:
Emain Macha, que foi também a residência dos reis daquele território.

A DEUSA MACHA


A deusa Macha foi adorada na Irlanda mesmo antes da chegada dos celtas. Ela é uma deusa Tríplice associada com Morrigan a deusa da guerra e da morte. É ligada também a Dana no aspecto de fertilidade da mulher. Seu pai era o "Aed, o vermelho" e sua mãe era Ernmas (druida feminina).
Há diversas lendas que convergem à deusa Macha. Às vezes ela aparece como sendo pertencente ao povo de Tuatha Dé Danann, mas em outras surge como uma rainha mortal. Portanto, é normal a confusão à respeito do que realmente ela é.

Macha foi esposa de Nemed e consorte de Nuada; chamada de "Mulher do Sol". Ancestral do Galho Vermelho, é a Rainha da Irlanda, filha de Ernmas e neta de Net. Seu corpo é o de um atleta e seus símbolos são o cavalo e o corvo.

Macha está presente no "Livro das Invasões" quanto nas lendas do Ciclo de Ulster. Esta deusa é uma deidade tipicamente celta, pois em dado momento ela parece ser suave e generosa, para em outro transformar-se em terrível mulher guerreira.
Em algumas fontes, Macha é citada como uma das três faces de Morrighan, a maravilhosa deusa da guerra, da morte e da sensualidade.

No "Livro das Invasões", a seguinte frase descreve esta triplicidade;

"Badbh e Macha, grandes poderes. Morrighan que espalha confusão, Guardiãs da Morte pela espada, Nobre filhas de Ernmas."

Nesse contexto, Macha é retratada como uma mulher alta e destacada, vestindo uma túnica vermelha e cabelos castanho-amarelados. Estas três deusas esconderam o desembarque dos Thuatha Dé Dannan na Irlanda no início dos tempos. Elas fizeram o ar jorrar sangue e fogo sobre oa Fir Bolgs, aqueles que inicialmente se opuseram contra os Thuatha, e depois os forçaram a abrigá-los por três dias e três noites.

No "Livro Amarelo de Lecan", Macha é glosada como "um corvo, a terceira Morrighan".
As três Morrighan são:
Nemain - "frenesi", a que confunde as vítimas e espalha medo;
Morrighan - "Grande Rainha", a qual planeja o ataque e incita à valentia;
Macha - o corvo que se alimenta dos cadáveres em combate. Está também associada a troféus de batalha sangrentos, como as cabeças recolhidas dos inimigos, chamadas de "a Colheita de Macha".

Esta sua ligação com a arte da batalha é reforçada nome das Mesred machae, os pilares das fortalezas, onde as cabeças dos guerreiros derrotados eram empaladas.
Macha é também a deusa que guia às almas ao além-mundo. Ela vive na terra dos mortos à oeste.

Antes de sua ligação com à morte, ela representava a quintessência das fadas. É igualmente considerada uma deusa da água semelhante a Rhiannon e Protetora dos Eqüinos como Epona. Está ainda, associada à deusa do parto, especialmente se este for de gêmeos.

A MORTE DE CÚCHULAINN

Antes de começarmos a narrar o acontecimento dos fatos da história propriamente dita, temos que esclarecer quem foi Calitin.
Calitin (Cailitín Dána, Cailitin or Calatin) era o Druida-Chefe da Rainha Medb e de seu marido Ailill, sendo muito conhecido pela luta que manteve com Cúchulainn, em Táin Bó Cuailnge.
Cailitin tinha muitos filhos e filhas e toda a família era conhecida como o “Clã Cailitin”, descritos como druidas mal-formados.
Caitilin e todos os seus filhos, mais um sobrinho (ou neto?, não é clara a lenda) invadiram o Ulster juntamente com o exército de Medb (ver a história anterior).
Imediatamente antes do combate singular entre Cúchulainn e Ferdia (Fer Díad Mac Damann), Calitin e os filhos tinham travado uma luta desigual contra Cúchulainn pois cada um deles empunhava uma lança envenenada que, mesmo que o nosso herói não morresse da ferida, o mataria com o veneno após nove dias de agonia. Ora, Cúchulainn conseguiu apanhar todas as lanças com o seu escudo, mas a superioridade numérica dos adversários só foi ultrapassada com a ajuda de outro guerreiro do Ulster, Fiachu Mac Fir Fhebe, que, de um golpe, cortou os braços direitos dos membros do Clã Calitin.
Ainda assim, houve filhos de Calitin que sobreviveram e que se envolveram, posteriormente, na morte de Cúchulainn, com o recurso a artes mágicas que enganaram o herói e o levaram a enfrentar o exército de Medb, que é o tema desta história.


Morte de Cúchulainn



Quando atingiu os vinte e sete anos de idade, Cúchulainn tinha já muitos inimigos, dos quais a Rainha Medb era uma.
Tinha também já matado muita gente, inclusive Calitin e vinte dos seus filhos, restando seis para, juntamente com a sua mãe, conseguirem vingança.
Medb acolheu-os e transformou-os em excelentes guerreiros, aliando a arte da guerra com as artes da magia, que já possuíam.
Então, Medb voltou a invadir o Ulster e o Rei Connor MacNeasa convocou Cúchulainn para defender a capital do reino, Emain Macha, e o castelo.
Os filhos de Calitin desafiaram Cúchulainn para um combate e começaram a provocar, com a sua magia, ilusões que faziam parecer que o castelo estava a ser atacado; porém, o Druida do Rei Connor, Cathbad (que já conhecemos de outra história), deu conta do engano e impediu-o dizendo-lhe que não deveria lutar durante três dias, isto é, o tempo que duraria o efeito da magia maligna.
Para tal, Cathbad foi encontrar-se com uma das antigas namoradas de Cúchulainn, a bela
Niamh, pedindo-lhe que o convencesse a esconderem-se juntos, durante aquele tempo,
numa das grutas do Vale dos Surdos. Não muito satisfeito, Cúchulainn anuiu.
Entretanto, os filhos de Calitin conseguiram encontrar o paradeiro dos dois e urdiram um plano: um deles atraiu Niamh para fora do Vele e outro, por artes mágicas, tomou a forma dela e convenceu Cúchulainn a sair para a batalha.
Então, Cúchulainn ordenou ao seu palafreneiro, Ibar, que arreasse “Cinzento de Macha”, o seu portentoso cavalo, para poder dirigir-se para o campo de batalha.
Quando chegou perante Cúchulainn e a falsa Niamh, o cavalo apercebeu-se de um inexplicável
perigo e recusou-se a galopar. Só ao fim de muita insistência foi possível fazer com que
o animal começasse a deslocar-se. Nessa altura, chegou a verdadeira Niamh que,
preocupadíssima, tentou fazer com que Cúchulainn voltasse à razão, mas este, com o
espírito tolhido pela magia, não lhe deu ouvidos.
Quando chegou ao campo de batalha, foi ao seu encontro um druida desconhecido que o exortou a combater, apesar da batalha que estava perante os olhos de Cúchulainn não existir pois, tal como o druida desconhecido, não passava de ilusão criada pelos filhos de Calitin.
Por três vezes Cúchulainn enfrentou e matou os mesmos guerreiros; e de cada vez
que tal sucedia, o Druida pedia-lhe a sua lança.
Da primeira vez, embora relutantemente, entregou a lança por recear que, se o não fizesse, o seu nome seria desonrado. Assim, arremessou a lança em direcção ao druida, trespassando-o a ele e a mais nove imaginários homens, indo cravar-se no solo, mesmo em frente a um dos filhos de Calitin, responsável pela ilusão mágica. Este pegou na lança e arremessou-a de volta, contra Cúchulainn, mas falhou, acertando antes em Ibar, o Palafreneiro Real, matando-o. A primeira lança acabara de matar o mais importante dos palafreneiros do Ulster!
Da segunda vez, Cúchulainn deu a lança ao falso druida por temer que, se assim não fosse, seria o nome do Ulster a ficar desonrado. Então, uma vez mais, Cúchulainn lançou o dardo que, como anteriormente, atravessou o druida e os nove homens imaginários, indo cravar-se no chão, em frente a um dos outros filhos de Calitin. Este arremessou a lança contra Cúchulainn, mas falhou e acertou no cavalo do herói. A segunda lança tinha acabado de matar o melhor cavalo de toda a Irlanda!
Finalmente, foi o receio de ver desonrado o nome da Irlanda que fez com que Cúchulainn lançasse a lança pela terceira vez, repetindo-se o que havia acontecido antes com o druida e os guerreiros imaginários. E como anteriormente, um terceiro folho e Calitin pegou na lança e arremessou-a contra Cúchulainn, acertando-lhe no estômago, ficando expostas as entranhas dele.
A gravidade da ferida provocou uma sede imensa a Cuchulainn, que se dirigiu ao
lago, para sacia-la. Na margem, amarrou-se fortemente a uma coluna de pedra que ali
estava, pois havia jurado a si próprio que, quando morresse, morreria de pé empunhando a sua espada.
Assim ficou por três dias, sem que alguém ousasse aproximar-se, embora todos os seus adversários soubessem que estava em grande agonia. Por fim, Cúchulainn arregalou os seus olhos e morreu.
Só quando um corvo pousou no ombro do herói é que se ficou a sabendo da sua morte.
Então, Erc disse a Lugaid (dois irmãos, filhos de Calitin) que lhe fosse cortar a cabeça, mas no momento em que Lugaid se aproximava, a mão sem força de Cúchulainn, mas com a espada ainda agarrada, caiu e a lâmina da arma decepou a mão de Lugaid.
Mesmo morto, o herói do Ulster ainda atacava os seus inimigos!
Por fim, os filhos de Calitin conseguiram cortar a cabeça de Cúchulainn e levá-la
para Tara*, como troféu.
Quanto ao corpo de Cúchulainn, ficou na margem o lago, atado ao pilar de pedra.

* Nota : O Monte de Tara, ou Temair em Gaélico, é o marco do antigo poder da Irlanda.
Também conhecido por Trono dos Reis, é o local onde se diz terem reinado, ou sido investidos, 142 reis irlandeses. Na mitologia, era a morada dos deuses e a entrada para o mundo subterrâneo (para saber mais, consultar www.mythicalireland.com).

A LUTA NO VAU


A Rainha Medb, de Connacht ficou furiosa quando soube que os do Ulster tinham recusado dar-lhe o Touro Castanho e começou a preparar um exército para os atacar.
Como o exército do Ulster ainda estava sob o efeito da Maldição de Macha, os soldados não tinham força e sentiam muitas dores. Ora, Cúchulainn era o único guerreiro que não estava afetado e, por isso, tinha condições para lutar, pelo que a Rainha Medb aceitou pois em vez de uma batalha normal entre dois exércitos, a luta seria sempre entre Cúchulainn e os adversários em combates homem a homem.
Em cada dia Cúchulainn derrotava mais de cem, ou porque os matava ou porque fugiam. Então, Medb mandou o mais famoso guerreiro de Connacht, Ferdia, mas ele recusou porque Cúchulainn era seu irmão de leite e o seu melhor amigo.
Passados alguns dias, porém, Medb conseguiu persuadir Ferdia dizendo-lhe que o seu amigo andava a insultá-lo e a chamar-lhe covarde.
Cúchulainn ficou muito surpreendido quando Ferdia chegou para lutar e, de início, não quis combater com ele; contudo, pensando melhor, chegou à conclusão de que não deveria colocar em risco a sua lealdade ao Reino do Ulster por causa de uma amizade pessoal.
No primeiro dia, lutaram com espadas, mas nenhum venceu o outro e, não esquecendo a sua amizade, nessa noite jantaram juntos; no dia seguinte, lutaram sem armas e, novamente, nenhum venceu; finalmente, no terceiro dia, Cúchulainn quase morreu e, por isso, teve que utilizar a Gae Bolga, o seu dardo mágico trespassando, do peito às costas, o corpo do seu melhor amigo!
Antes que Ferdia caísse, Cúchulainn ainda o agarrou e chorou convulsivamente, tal era a tristeza que sentia.
Preocupado com a reacção dos outros guerreiros de Medb, Ibar (o Palafreneiro Real do Rei Conor que estava ao serviço de Cúchulainn) aconselhou-o a sair dali antes que fosse atacado pelo exército inteiro e assim o herói do Ulster partiu com o coração carregado de infelicidade.

domingo, 27 de setembro de 2009

O TOURO CASTANHO DE COLLEY

Medb era a orgulhosa e obstinada rainha de Connacht, casada com Aillil. Uma
noite, antes de adormecerem, puseram-se a conversar sobre as riquezas que cada um
tinha, comparando-as, incluindo as mais simples de todas, como roupas, e concluíram
que havia apenas uma única diferença: Aillil era possuidor de um belíssimo touro, a que
chamava “Cornos Brancos”, e Medb nada tinha de comparável.
Então, a rainha enviou mensageiros ao Ulster para tentar obter do Chefe Daire a
oferta do seu fantástico e famoso touro, o “Touro Castanho de Cooley”. Daire
concordou e os mensageiros, muito satisfeitos, foram celebrar o acontecimento numa
festa que foi oferecida em honra do acordo.
Todavia, durante os festejos, os mensageiros beberam mais do que deveriam e,
sob os efeitos do vinho, começaram a dizer disparates. Chegaram, inclusive, a
dizer que se Daire não lhes tivesse dado o touro, o levariam à força.
Está claro que quando Daire ouviu aquilo, disse imediatamente que a oferta ficava
sem efeito e os mensageiros tiveram que regressa de mãos vazias.
Medb ficou irritadíssima e decidiu que conseguiria o touro, fosse de que maneira
fosse, começando logo a organizar um poderoso exército com soldados seus e de outras
zonas da Irlanda para atacar o Ulster.

sábado, 26 de setembro de 2009

A MORTE DE CONNLA

Havendo um hiato entre esta história e a anterior, cabe-nos aqui fazer um resumo do que se passou.

Não podemos entretanto esquecer, que as lendas do Ciclo do Ulster, nas quais esta história se integra, são sequenciais.
Emer era uma bela jovem do Ulster, filha de pai poderoso, por quem Cúchulainn se apaixonara.

Ora, apesar de todo o valor que já demonstrara, Cúchulainn não caíra ainda nas boas graças do pai da moça que, não querendo impedir o rapaz de casar com a filha por ser quem era (sobrinho de rei), impôs, para dificultar, que ele tivesse que passar por treinos de aperfeiçoamento militar no talvez mais famoso campo militar, ou quartel, daquela época.

Esse campo ou quartel situava-se na Escócia, na ilha vizinha da Irlanda, o qual era comandado pela valorosa Scathach. Foi para lá que Cúchulaiin teve que se dirigir e passar muitos meses em treinos.

Mas Scathachac tinha uma irmã belíssima, Aoife, a cujos encantos Cúchulainn não resistiu…



A morte de Connla

Quando chegou a hora de deixar a Escócia para regressar ao Ulster e poder, finalmente, casar com Emer, depois de ter passado muito meses em treinos com a valente guerreira Scathach, como lhe tinha sido ordenado, Cúchulainn teve que deixar a bela Aoife, que, nessa altura, estava grávida dele.
À despedida, Cúchulainn entregou a Aoife um anel de polegar para o filho deles e recomendou-lhe que, quando nascesse, ele tivesse o nome “Connla” e que, quando fosse suficientemente
crescido, deveria ir treinar-se no quartel da sua tia, a guerreira Scathach.
Disse-lhe ainda que o garoto não deveria nunca dizer o seu nome a quem quer que fosse a não ser ao guerreiro que o conseguisse derrotar.
Sete anos depois, Connla chegou ao Ulster. Durante a viagem de travessia do mar entre as duas ilhas, treinava-se com a funda: acertava em aves marinhas com toda a precisão, apanhava-as inconscientes, esperava que acordassem e soltava-as para que pudessem continuar a voar em liberdade.
A notícia de que o rapaz estava para chegar espalhou-se rapidamente, chegando aos ouvidos dos mais importantes guerreiros e heróis do Ulster, os quais decidiram não o deixar desembarcar enquanto não ficassem conhecendo o nome dele.
À chegada, esperava-o Conall Cearnach, um dos mais valentes guerreiros do Ulster, que lhe ordenou:
– Diz-me o teu nome!
– Nem penses! Não direi o meu nome senão a quem me vencer em combate!
– Assim seja. Lutemos então – concordou Conall Cearnach.
Assistiu-se, então, ao inacreditável: uma criança a combater com um dos mais
temíveis guerreiros do Ulster!
Connla colocou uma pedra na sua funda e fê-la rodopiar com tal força que se
levantou um ruído imenso, como se fosse o som de uma ventania; e o barulho e a
deslocação do ar foram tão fortes que fizeram com que Conall Cearnach caísse, o que
Connla habilmente aproveitou, correndo para ele, ainda desorientado, e amarrando-o
com as correias do seu próprio escudo.

Como será fácil imaginar, os companheiros de Cearnach ficaram envergonhadíssimos.
Então, o Rei do Ulster ordenou a Cúchulainn que fosse combater o rapaz. Mas Emer, apercebeu-se do anel que a criança trazia no seu polegar e reconheceu-o como sendo do seu marido, o que a fez pensar que aquele poderia muito
bem ser filho dele e por esse motivo tentou evitar a luta. Porém, Cúchulainn não lhe deu ouvidos pois aquele rapaz tinha acabado de envergonhar os grandes heróis do Ulster e
começaram a lutar sem que nenhum soubesse do seu parentesco um com o outro.
Lutaram com espadas, primeiro, mas nenhum vencia o outro, combatessem onde combatessem: em cima de colunas de pedra ou dentro de água, ou na parte menos profunda
do lago.
A certa altura, quando Connla se preparava para atacar de frente o seu pai, Cúchulainn arremessou a Gae Bolga, trespassando e esfacelando com ela o corpo de Connla que, moribundo, deu, por fim, a conhecer o seu nome.
Cúchulainn desfez-se em lágrimas ao saber que havia matado o seu próprio filho!
Ao saber-se quem era o rapaz, todo o reino do Ulster chorou a sua morte e durante os três dias de luto ninguém ousou aproximar-se de Cúchulainn.
Gae Bolga: Arma mítica e única do seu género.
Trata-se, segundo a lenda, de uma arma arremessável, em forma de pequeno arpão, com trinta pontas aguçadas, feita com ossos de um monstro marinho. O arremesso desta arma tanto podia ser efectuado com as mãos como com os pés.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

CUCHULAINN PEGA ARMAS


Muitas das lendas irlandesas provêm de uma Cultura que remonta aos tempos pré-cristãos. Cultura essa que se manteve praticamente intacta pelo o fato dos Romanos nunca terem chegado a instalar-se na Irlanda e, consequentemente, o idioma
ali falado não ter sido afetado pelo Latim. Também uma forte tradição oral e a existência de várias escolas druídicas permitiam passar, intactos, de geração em geração, ensinamentos e conhecimentos.
Quando, a partir do século V, o Cristianismo chegou à ilha, os copistas monarcais registaram não apenas as Sagradas Escrituras como também as antigas histórias irlandesas que tão bem conheciam.
São quatro os diferentes grupos de histórias: o Ciclo Mitológico, o Ciclo do Ulster, o Ciclo Feniano e o Ciclo Histórico, ou dos Reis.
O Ciclo Mitológico (pré-cristão) conta a história de um povo de semi-deuses chamado Tuatha (povo) de Danaan* que combateu e venceu um outro povo de semidemonios, os Formorianos, que viviam nas ilhas que rodeavam a Irlanda.
Posteriormente, os Milesianos – os antepassados directos dos actuais irlandeses – derrotaram os Tuatha, os quais se refugiaram no mundo subterrâneo e que reaparecem à superfície sob a forma de fadas (fêmeas e machos) com poderes mágicos. A palavra irlandesa para “fada fêmea” é “bansi”, que veio a dar, em inglês, “banshee”.
As histórias do Ciclo do Ulster (norte da Irlanda), que data do tempo de Cristo, têm a ver principalmente com o grande rei Conor McNeasa e os seus valorosos Cavaleiros do Ramo Vermelho, o mais famoso dos quais é Cúchulainn.
O Ciclo Feniano, ou de Fianna, é posterior aos Cavaleiros do Ramo Vermelho em cerca de três séculos e conta a história de um grupo de guerreiros de elite que errava por toda a Irlanda.
Finalmente, o Ciclo Histórico, ou dos Reis, trata dos Grandes Reis de Tara, na
região central irlandesa de Conny Meath, prolongando-se no tempo até cerca do ano
1000.



*Segundo a Professora Laura Vasconcellos, em “Histórias da Mitologia Celta”,
Guimarães Editores, Lisboa, 2001, Tuatha de Dannan ou Povo de Dannan. Tuatha é a palavra gaélica para “povo” e Dannan é a Grande Deusa-Mãe da Irlanda, considerada a mais antiga deusa celta por alguns autores. A raiz “Dan” quer dizer “conhecimento”.



Cúchulainn pega armas



Quando ainda tinha apenas sete anos, Cúchulainn encontrava-se, um dia, a jogar hurling em Emain Macha enquanto, do outro lado do campo, se encontrava o Druida Cathbad dando as suas lições de magia a oito dos seus mais destacados alunos.
A certa altura, um deles perguntou ao Mestre quais os presságios, bons ou maus, destinados para aquele dia, ao que Cathbad respondeu:
– Aquele que hoje pegar em armas pela primeira vez será o mais valoroso
guerreiro que a Irlanda jamais teve, ou virá a ter, e, embora a sua vida venha a ser curta
e fugaz, as histórias das suas façanhas serão contadas e relembradas para todo o sempre!
Ao ouvir isto, Cúchulainn dirigiu-se ao Rei, seu tio, Conor MacNeasa e saudou-o:
– Toda a honra ao Rei!
– Essa é a saudação interessada de quem quer um favor – respondeu o Rei.
– Quero pegar em armas e tornar-me guerreiro – retorquiu Cúchulainn.
– E quem é que te colocou essas ideias na cabeça? – perguntou Conor MacNeasa.
– Cathbad, o Druida.
O Rei reflectiu durante alguns momentos e disse:
– Meu rapaz, por certo Cathbad não te daria falsos conselhos – e imediatamente deu
a Cúchlainn duas lanças, uma espada e um escudo.
O jovem treinou com aquelas armas até que se partiram, obrigando o Rei a dar-lhe
um outro conjunto de armas… que também se quebraram!
Catorze conjuntos de armas foram sendo sucessivamente destruídos até que Cúchulainn disse ao Rei:
– Estas armas não são suficientemente boas para mim! Dá-me armas que estejam à
altura das minhas capacidades.
Então o Rei entregou-lhe as suas próprias armas. Cúchulainn experimentou-as
dobrando a lâmina até que a ponta tocasse o punho, e a espada aguentou a pressão;
depois, abanou fortemente as lanças para testar a sua resistência, e elas mantiveram-se
firmes; e o mesmo sucedeu com o escudo. Por fim, Cúchulainn disse:
– Estas sim. Estas são armas dignas de mim!
Satisfeito, o Rei Conor mandou chamar Ibar, o Palafreneiro Real, e ordenou-lhe:
– Aparelha o meu carro de guerra com os meus dois melhores cavalos e deixa que
Cúchulainn se sirva dele.
Como ordenado pelo seu Rei, Ibar entregou a Cúchulainn o carro devidamente
preparado, mas o jovem, tal como fizera com as armas, também quis experimentar o
carro antes de o usar: agarrou-o pelo eixo, levantou-o, balanceou-o violentamente e deu-se
por satisfeito pois a estrutura tudo aguentou sem se desconjuntar.
Cúchulainn e Ibar subiram então para o carro e partiram em direção à torre fortaleza
de Ath na Foraine, junto à fronteira com a Terra de Slieve Fuad.
Pelo caminho, avistaram, na floresta, uns cisnes que, segundo Ibar, ninguém conseguia caçar, e se acaso o conseguia, não ia além de um único exemplar.
Sem dizer palavra, Cúchulainn apeou-se do carro, embrenhou-se na floresta em direcção às aves e regressou para grande espanto do palafreneiro, com vinte cisnes.
Prosseguiram viagem e quando, por fim, avistaram o forte, Cúchulainn perguntou:
– A quem pertence?
– Este é o forte dos três filhos de Nechtan, que foi morto pelos homens do Ulster –
replicou Ibar. – Ainda hoje os três filhos continuam a vangloriar-se de, naquele dia em
que mataram o seu pai, eles, por seu turno, terem deixado em campo mais homens do
Ulster mortos do que vivos os que conseguiram fugir.
– Então vamos lá! – sentenciou Cuchulainn sem hesitar.
– Estás doido?! – assustou-se Ibar. – Depois da morte do pai deles, qualquer
homem do Ulster que se atreva a ali ir não regressa vivo!
Ainda assim, Cúchulainn dirigiu-se ao forte e, sem hesitações disse-lhes que
estava ali para os matar! Os três irmãos largaram-se a rir ao verem um adversário ainda
tão criança.
Cúchulainn enrubesceu de raiva, atacou os três homens e matou cada um com um
único golpe de espada, decapitando-os. Depois, atou as cabeças ao carro e regressou a
Emain Macha onde, assim, granjeou a admiração e o respeito de todos os guerreiros
mais velhos.



NOTA:
O hurling é um jogo de equipe tradicional da Irlanda que existe, supostamente, desde tempos imemoriais e que consiste, basicamente, em jogar uma bola batendo-lhe com um bastão. Basebol,
hóquei (de campo, no gelo ou em patins) e críquete (ou ainda, mas com uma subtil diferença por a bola
ser lançada e não batida, a bola basca) são jogos que seguem padrões semelhantes pois todos requerem
bolas batidas com bastões ou stiques. A bola que é batida chama-se sliotar, é muito sólida (a palavra
deriva do gaélico sliabh, montanha, e thar, através de), pouco maior que uma bola de ténis e compõe-se de um enchimento de cortiça revestido por duas peças de couro fortemente costuradas. O stique do hurling denomina-se hurley e apresenta uma ponta espalmada e curva. Segundo a lenda, esta forma foi a adoptada
pois correspondia à do bastão tosco com que Setanta jogava.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O CICLO DE ULSTER E CUCHULAINN - RESUMO DE SUA HISTÓRIA

Ciclo do Ulster e seu Herói Cuchulainn




A Irlanda celta era dividida em cinco províncias: Leinster, a leste; Munster, ao Sul, Mídhe, no centro; Connacht no oeste, e Ulster ao norte. Daquela região nos chegam as lendas e feitos de heróis como Cuchulainn, Conchobhar mac Nessa e Fergus mac Róich, poderosas mulheres como Macha, Maedbh e Fedelm, e a trágica história de amor de Deirdre dos Pesares. Menos divino do que o Ciclo Mitológico, o Ciclo do Ulster – também conhecido como Ciclo do Ramo Vermelho – tem seus primeiros registros por escrito datando do século VIII, e muitos fatos e personagens foram preservados também no folclore da Irlanda, da Ilha de Man e da Escócia. A magia é uma característica constante: humanos assumem a forma de animais e interagem com os divinos Tuatha de Danann. Os hábitos e costumes relatados fornecem um retrato bastante claro dos valores dos celtas da Irlanda: sociedades guerreiras em busca de prestígio e ascensão, mulheres e homens em paridade, riqueza representada pela posse de gado, heroísmo individual e irmandade tribal.Alguns dos textos mais importantes do Ciclo do Ulster são: “O Banquete de Bricriu”; “A Destruição da Pousada de Da Derga”; “A Doença de Cuchulainn e o Único Ciúme de Emer” e, principalmente, “O Roubo de Gado de Cooley” ("Táin Bó Cuailgne"), onde vemos a saga de Cuchulainn como o guerreiro irlandês por excelência.
Vide artigos anteriores sobre Épicos Clássicos Irlandeses


O Herói Cuchulainn

Um dos ciclos míticos celtas mais cheio de interesse, e no qual os seus protagonistas se transformam em heróis imortais, no sentido de que sobreviverão na tradição popular para sempre, tem lugar nos tempos de um legendário soberano que se supõe que desenvolveu as suas atividades pouco antes do início da nossa era.

O seu nome era Conchubar, e tinha-se erigido em rei do Ulster depois de ter tirado o trono a Fergus, anterior soberano do reino. Dado que ele se tinha servido de diversas estratagemas e enganos para conseguir os seus propósitos, os partidários de Fergus não demoraram em reagir e, para derrotar Conchubar, destruíram a capital do Ulster. No entanto, a descrição desta epopéia leva-nos a considerar a chegada à história das legendárias sagas de um dos heróis mais célebres da mitologia celta: trata-se de Cuchulainn. Ele travou crueis batalhas com as suas armas invencíveis e jurou sempre fidelidade ao rei do Ulster.




"O Dos Braços Compridos"

Cuchulainn tem muito em comum com os heróis clássicos, com o próprio Aquiles -destacado protagonista da Ilíada-, por exemplo.

O herói em questão nasceu da união entre um deus e uma mulher mortal e, assim, o seu pai foi a poderosa deidade Lugh, que podia chegar com os seus enormes braços -o termo Lugh significa "o dos compridos braços"- aos lugares mais afastados e recônditos. A mãe de Cuchulainn foi uma irmã do rei Conchubar, pelo qual este era o tio dele. O nome que impuseram ao herói ao nascer foi Setanta mas, quando ainda não tinha feito os sete anos, já deu provas duma força sobre-humana, pois matou um cão sangüinário e de poderosas mandíbulas, que até a essa altura ninguém tinha conseguido vencer.

O amo do terrível animal era um ferreiro que se gabava da ferocidade do seu cão até que, numa ocasião que convidou o rei Conchubar para um banquete, este levou consigo o seu jovem sobrinho, que matou ao até a essa altura invencível cão.

O ferreiro chamava-se Culann e, pelo mesmo motivo, a partir de então, passaram a denominar o rapaz Setanta Cuchulainn, conceito que significa "o cão de Culann".


Nascimento De Um Herói

Uma série de circunstância, façanhas, acontecimentos, ocorrerão, a partir de agora, ao jovem e recente herói Cuchulainn. E, no decurso da célebre epopéia, outros personagens - o valente lutador Crunn, a sua esposa Macha, os cavalheiros da Rama Vermelha - virão completar a série de aventuras sucedidas num tempo mítico, embora a narração se situe nos inícios da nossa era e num determinado lugar do condado do Ulster.

O relato explica que Cuchulainn nunca era vencido pelos seus inimigos porque, no fragor da batalha, quando a ira o dominava, tinha a propriedade de transformar a sua imagem física, devido ao fato de o seu corpo desprender grande valor coragem, o qual fazia parecer o herói como um ser terrível e temível.

Também em outra ocasião, o nosso herói matará três gigantes que, à sua força física, uniam a capacidade maléfica de utilizar certos poderes mágicos com os que venciam todos os seus oponentes. Os gigantes tinham desafiado os cavalheiros da Rama Vermelha e estes decidiram pedir ajuda a Cuchulainn, que, sem pensar duas vezes, se pôs da parte deles e venceu os gigantes.

Amado Por Belas Deusas

Era tanto o valor e a coragem de Cuchulainn, perante os seus inimigos, e aumentava tanto a sua fama de invencível de dia em dia que até os próprios deuses solicitaram a sua ajuda em várias ocasiões, para conseguir vencer outros deuses. Como saiu vitorioso o bando em que Cuchulainn lutava , este foi convidado a permanecer entre os vencedores; deram-lhe todas as classes de presentes e até se lhe permitiu corresponder ao amor solícito da deusa Fand. Mas, dado que Cuchulainn já estava casado com uma mulher mortal, decidiu abandonar a morada da bela deidade e regressar com os seus. A deusa Fand, não obstante, entregou ao herói armas poderosas que sempre lhe outorgariam a vitória perante os seus adversários, fossem estes deuses ou criaturas mortais.


A mulher de Cuchulainn era filha de um célebre e poderoso mago que, em princípio, se tinha negado ao casamento desta com aquele. Mas a moça, de nome Emer, era tão bela que o herói decidiu raptá-la; para isso derrubou o castelo mágico onde o seu pai a tinha encerrado, e matou-o e a todos os que o guardavam.

Embora se tratasse de lutar contra um mago e o castelo estivesse protegido com sortilégios e feitiços, o aguerrido herói Cuchulainn não se afastou dado que, anteriormente, ele tinha sido iniciado no mundo da taumaturgia por uma prestigiosa maga que tinha a sua morada na região de Alba (Escócia).

Antes de separar-se da sua habilidade, e uma vez que o herói Cuchulainn já conhecia perfeitamente a arte do encantamento, derrotou uma acerradíssima inimiga daquela: a belicosa guerreira amazona Aiffé.

A lenda explica que ambos os adversários mantiveram relações íntimas e que até, quando o herói abandonou aqueles territórios, deixou a amazona grávida.

O Touro Da Discórdia

No entanto, Cuchulainn alcançou a verdadeira dimensão de herói na refrega mais célebre de toda esta epopéia, isto é, na "Batalha de Cooley".


A intervenção do jovem herói foi definitiva para que o mítico "Touro de Cooly" fosse devolvido ao reino do Ulster; além disso, aqui consolidou definitivamente a sua hegemonia e ganhou para si o título de "Campeão dos Ulates".

Tudo sucedeu porque a cobiçosa Maeve - que era uma fada malévola, que reinava sobre as outras fadas, que mantinha atemorizadas todas as suas companheiras e que conhecia todos os sortilégios e conjuros - desposou o soberano duma região limítrofe do Ulster. Como presente de casamento recebeu do seu esposo um belo touro branco. Nenhum outro exemplar o igualava, salvo o touro negro que tinha o rei do Ulster. Maeve, que era muito rica, ofereceu ao soberano deste condado, isto é, a Conchubar, todos os bens pecuniários que lhe pedisse, em troca daquele animal tão belo e único. Mas todas as suas propostas foram rejeitadas e, então, a malvada Maeve decidiu roubar o touro do Ulster. E para lá se dirigiu com o seu exército, não sem antes evocar uma espécie de conjuro que paralisaria todos os guerreiros do seu oponente.


Protegido Por Deuses

No entanto, tais artes não fizeram efeito em Cuchulainn, dado que tinha por ascendente um deus e, quando o exército de Maeve se aproximava confiado aos confins do reinado de Conchubar, saiu-lhes ao caminho o mais temível e poderoso de todos os legendários heróis que havia no mundo da fábula.

Com as suas armas poderosas, com os seus poderes mágicos e com a sua coragem e força, Cuchulainn enfrentou todo o exército daquela fada má - já resulta curioso descobrir que nem todas as fadas eram boas - e, depois de crueis combates, acabou com todos os seus inimigos, que não puderam equilibrar os terríveis efeitos das armas que a deusa Fand lhe tinha dado. O touro roubado será restituído por Maeve ao reino do Ulster.

Mas algumas das cenas que sucedem na batalha fazem Cuchulainn chorar de dor e de pena.

É o caso que, com o exército adversário, viajava outro grande herói chamado Ferdia, célebre pelo seu arrojo e valentia e que ninguém tinha vencido. Cuchulainn e Ferdia eram amigos desde a infância e tinham-se prometido, em inumeráveis ocasiões, ajuda mútua. Nenhum queria lutar contra o outro mas a malvada Maeve conseguiu embebedar Ferdia e enganá-lo com fingidas promessas de amor, até que conseguiu ver enfrentados ambos os heróis.

Inicia-se uma dura e sangrenta luta corpo a corpo, na qual um dos dois corajosos jovens tem que morrer. Os dois são valentes e fortes, mas Cuchulainn tem mais experiência na luta e melhores armas e, embora ao princípio ambos os adversários tomassem aquilo como uma brincadeira e não se fizessem mal algum, no entanto, em breve mudou o ar do seu confronto e um tremendo golpe da espada mágica de Cuchulainn acabou com a vida do seu amigo da infância.

A morte de Ferdia foi considerada por Cuchulainn como uma perda irreparável para ele e, diz a lenda, que caiu de joelhos lá mesmo, e dos seus olhos brotaram lágrimas de arrependimento que regaram o corpo inerte do seu antigo camarada.




Lendas

No entanto, e embora o herói Cuchulainn tivesse um deus por ascendente, ele próprio não era imortal e a epopéia do seu combate contra as hostes da malévola Maeve prossegue até que chega a um trágico final. O caso é que ainda o herói do Ulster tem que lutar contra outros guerreiros poderosos, aos quais Maeve transferiu a sua magia e as suas más artes.

Entre estes destacará quem, com a sua ingente prole - segundo a lenda tinha vinte e sete filhos -, enfrenta Cuchulainn e lhe arrebata a sua lança mágica. Depois provoca-lhe graves feridas por onde brota muito sangue e o herói, que vê chegado o último momento para ele, decide atar-se com o seu cinto de couro a uma coluna para morrer em pé.

Conta o relato que o seu cavalo se afastou, daquele lugar, a todo o galope depois de o roçar com o seu focinho. Quanto a Emer, esposa do malogrado herói, morrerá desfeita em lágrimas sobre o cadáver de Cuchulainn.

Já à beira da morte, ainda conseguiu partir com a sua poderosa espada o aço do inimigo que se aproximava para lhe cortar a cabeça, pois existia esse bárbaro costume naquela época, conseguindo assim não morrer decapitado.

Houve outras sagas de aguerridos heróis entre os celtas, além de Cuchulainn. Por exemplo, a do guerreiro Finn que, segundo a narração legendária, foi achado num espesso bosque, ao pé de uma gigantesca árvore, pelo séquito de um mítico soberano -a sua mãe tinha-o abandonado quando era um recém-nascido- e era tal a sua beleza que lhe puseram o nome de Finn, palavra que significa "belo, belo".

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CUCHULAINN - A FESTA DE BRICRIU




CuChulainn foi com certeza um dos maiores heróis da mitologia celta.

Guerreiro forte e valoroso, suas histórias pertencem ao chamado Ciclo de Ulster, um dos três grandes grupos da mitologia irlandesa, que narra as batalhas os Ulaidh, os homens de Ulster, literalmente, e Medb e os Connaughtmen.

Este ciclo da literatura celta representa os valores de uma sociedade aristocrática do século I d.C.

Nessa época os Ulaidh eram governados por Conchobar Mac Nessa, cuja corte ficava em Emuin Machae e era o centro de uma sociedade de heróis e o maior deles, com certeza era o sobrinho do rei, CuChulainn.




A Festa de Bricriu

Bricriu "Nemthenga" (Língua Venenosa) convidou Conchobar e os homens de Ulster para uma festa em uma magnífica casa, construída especialmente para a ocasião. Em frente a sua vivenda, Bricriu levantou uma casa de campo com grandes janelas de cristal para poder observar o interior do grande salão, pois sabia que os guerreiros de Ulster não o deixariam cear junto com eles.

Antes da festa, Bricriu visitou Loegaire, Conall Cernach e CuChulainn, três dos grandes heróis de Ulster e lhes disse que na festa haveria um prêmio para o campeão dos campeões:

- "Aquele de vocês que ganhe o prêmio será o rei de toda Irlanda. Receberá um caldeirão tão grande que é possível colocar dentro dele três guerreiros cheios de vinho. Terá um javali alimentado por sete anos com leite e grãos durante a primavera, requeijão e leite doce no verão, trigo e bellotas no outono e carne e sopa no inverno. E terá ainda uma nobre vaca que durante sete anos tem comido arbustos, erva do prado, milho e bebido leite. Por último receberá também cem bolos de mel. Este é um prêmio reservado para vocês, pois são os maiores heróis de Ulster. No começo da festa reclamem o prêmio."

Desta forma, Bricriu voltou aos preparativos, conseguindo o que queria, que era tentar os três heróis.

Os guerreiros de Ulster chegaram no dia previsto para o banquete e homens e mulheres ocuparam seus lugares de acordo com suas posições. Quando tudo estava preparado, os músicos começaram a tocar e então Bricriu anunciou:

- "Ali está o prêmio reservado ao campeão. Que ganhe o melhor".

E com estas palavras abandonou o salão e entrou em sua cabana.

Tal como havia previsto Bricriu, em seguida desatou-se uma discussão violenta entre Loegaire, Conall Cernach e CuChulainn e no instante seguinte estavam no meio de uma briga. Conchobar se interpôs entre eles e Senchae, que era o mais velho e mais sábio do grupo, disse:

- "Não deveríamos brigar durante a festa. Esta noite, o prêmio será desfrutado entre os três e amanhã pediremos que Aillil, rei de Connaught, que resolva esta disputa".

Todos estiveram de acordo com as sábias palavras de Senchae e por alguns momentos a reunião se animou com o vinho e a comida.

A festa continuou, mas depois de algum tempo, os três heróis e suas esposas reiniciaram a disputa pelo prêmio de campeão. Se decidiu que os três deveriam ir em seus carros para ir em busca do rei de Munster, Cu Roi, filho de Daire ou então de Aillil e Medb, rei e rainha de Connaught. Algum deles saberia como por fim a discussão. Assim os heróis atravessaram colinas e planícies em direção a Connaught e o solo se estremeceu com seus passos.

Em sua chegada, Medb os recebeu com uma tina de água para que aplacassem seus ânimos e logo foram conduzidos a seus quartos, onde cinqüenta mulheres estavam encarregadas de velar por sua comodidade.

Mais tarde explicaram a Aillil e Medb que haviam vindo até eles para que dessem sua opinião sobre o prêmio e todos maldisseram a Bricriu pelo alvoroço que sua idéia havia provocado.

Aillil não era capaz de se decidir por nenhum dos três, assim que Medb tomou a palavra:

-"Não há nenhuma dificuldade em julgar cada um deles", disse Medb a seu marido, "já que Loegaire é tão diferente de Conall Cernach como o bronze o é do ouro branco e Conall Cernach é tão distinto de CuChulainn quanto o ouro branco do ouro amarelo." Chamou a Loegaire:

-"Considero que tu deve ser o rei da Irlanda", disse Medb, "e a ti corresponde o prêmio de ganhador; deve voltar a Conchobar e seus homens de Ulster e mostrar-lhes isto como prova de nossa escolha."

E lhe entregou uma taça de bronze, decorada em sua base com a figura de um pássaro feito em ouro branco e então Loegaire bebeu o vinho da taça e foi para a cama com suas cinqüenta mulheres.
Então Medb chamou a Conall Cernach e lhe disse o mesmo, lhe entregando uma taça de ouro com um pássaro em sua base. Também ele tomou o vinho nesta taça e se foi a cama; às suas cinqüenta mulheres se uniu Sadb Sulbair, filha de Aillil e Medb.

Por último, a rainha chamou CuChulainn e Aillil se somou as suas palavras. Entregaram ao herói uma taça de ouro amarelo e o pássaro em sua base era talhado em uma gema de incalculável valor.

-"Tu és o campeão entre os campeões", disseram o rei e a rainha de Connaught, "e tu esposa Emer, em nossa opinião, é a primeira dama de Ulster. Retorna a Conchobar amanhã e reclama teu prêmio".

CuChulainn compartilhou o leito com a princesa Findabair.

Os três heróis se despediram de Ailill e Medb e das pessoas da fortaleza de Cruach, e cada um deles voltou por separado á Ulster. Conall Cernach e CuChulainn se viram atrasados por diversas aventuras e ao chegar ao forte de Conchobar em Emuin Machae, encontraram a toda corte de luto: Loegaire havia chegado antes que eles e anunciado a morte de ambos. Somente Sualtam, pai de CuChulainn, pôde deter a luta que ocasionou a falsa notícia anunciando uma festa de boas vindas.

-"Deixemos que cada herói reclame para si o prêmio", disse um dos guerreiros durante o festejo. -"Depois de tudo, se algum deles houver sido eleito como favorito durante sua estada em Cruachu, haveria trazido consigo uma prova dessa escolha".

Loegaire pegou sua taça e reclamou o prêmio de Bricriu.

-"O prêmio é para mim" disse Conall Cernach, mostrando por sua vez outra taça, "já que a minha é uma taça de ouro e a tua é somente de bronze."

-"Nesse caso, eu sou o campeão entre os campeões", gritou CuChulainn, mostrando a todos a sua taça de ouro amarelo e com um pássaro talhado em uma pedra preciosa.

-"Ailill e Medb se pronunciaram", gritaram Conchobar e seus homens.

-"Te outorgamos o prêmio".

Mas Loegaire e Conall Cernach se negaram a reconhecer a decisão e acusaram CuChulainn de haver subornado Ailill e Medb. As lâminas das espadas brilharam novamente. Conchobar deteve a luta e Senchae o Sábio decidiu que os três deveriam se dirigir a Cu Roi de Munster e ali obter uma decisão definitiva.

Quando chegaram ao forte de Cu Roi, observaram que este não estava em casa, mas Blathnat, sua esposa, tinha ordens de atender aos hóspedes com vinho e comida até que Cu Roi voltasse. Depois da ceia, Blathnat lhes disse que cada noite um deles deveria montar guarda, segundo as instruções de Cu Roi. Aquela noite era o turno de Loegaire, já que este era o maior dos três. Quando o sol se pôs, notaram que o forte girava como uma roda e era porque Cu Roi o havia enfeitiçado para que nenhum inimigo pudesse encontrar a entrada na escuridão.
Loegaire vigiou enquanto os outros dormiam. Quando começava a amanhecer, do extremo oeste do mar emergiu um gigante. Embora estive muito longe, para Loegaire lhe parecia tão alto quanto o céu. Quando estava mais perto, Loegaire pode observar que levava nas mãos enormes troncos de árvores, que lançou contra ele. Como não alcançaram seu objetivo, o enfurecido gigante levantou o herói como a um menino, o esmagou com sua mão que era como uma pedra de moinho e por fim o lançou sobre as muralhas de Cu Roi.

Quando os outros encontraram o corpo gravemente ferido do herói, pensaram que havia tratado de saltar a muralha para desafiar-los.

Na noite seguinte correspondeu a Conall Cernach o turno de guarda, e o gigante fez com ele o mesmo que havia feito com Loegaire. À noite que correspondia a CuChulainn montar guarda estava maldita, pois se havia profetizado que um monstro que vivia no lago sobre o qual a cidadela havia sido construída devoraria a todos que nela habitavam.
Antes de o sol sair, o barulho de uma grande tromba d'água despertou a CuChulainn, que havia dormido. Ao olhar por cima das muralhas viu o monstro, que se alçava imponente sobre o lago. Girou a cabeça e atacou a fortaleza, abrindo suas grandes faces, disposto a devorar, uma a uma, todas as casas. CuChulainn deu um salto no ar, agarrando a besta pela garganta e arrancou-lhe o coração.
Apenas havia dado tempo para CuChulainn descansar, quando o gigante apareceu no mar. Lançou seus troncos contra CuChulainn e este lhe arrojou a sua lança, mas ambos falharam. Então o gigante tratou de agarrar o herói com seu punho, mas CuChulainn era muito rápido e realizando seu salto do salmão, segurou o gigante com sua espada.
-"Te darei o que desejas se me perdoares a vida", disse o gigante. "Quero o prêmio de campeão e que Emer seja a primeira dama de Ulster", disse CuChulainn.
-"Concedido", exclamou o gigante e desapareceu entre a névoa do amanhecer.
No dia seguinte, Cu Roi regressou e, havendo ouvido as façanhas de CuChulainn, lhe concedeu o prêmio de campeão. Os três heróis regressaram então a Ulster. E uma vez mais Conall Cernach e Loegaire se negaram a reconhecer a vitória de CuChulainn; mas CuChulainn estava um pouco cansado da competição, assim que deixaram a disputa por alguns momentos.
Algum tempo depois, Conchobar e seus homens de Ulster foram a uma ceia em Emuin Machae. Ali apareceu um odioso ogro que, desde a porta, os desafiava a participar de um jogo de decapitamento. Nesta vez, os três grandes heróis estavam ausentes, assim que Muinremur aceitou o desafio.
-"Estas são as regras", disse o monstro: "tu me corta a cabeça esta noite e eu corto a tua amanhã."
-"Me parece justo", riu Muinremur, que na realidade não tinha a menor intenção de cumprir sua parte do acordo com o estúpido ogro. Este pôs a cabeça sobre a talha e Muinremur a cortou com o machado. Para surpresa de todos, o ogro se levantou, pegou sua cabeça e saiu andando, dizendo que voltaria no dia seguinte.
E na noite seguinte ali estava o ogro, mas ninguém foi capaz de encontrar Muinremur. O ogro se queixou da desonra e outro guerreiro aceitou o mesmo desafio, mas quando chegou a vez do ogro, o guerreiro, como o anterior, desapareceu. O mesmo ocorreu três vezes seguidas e na quarta noite havia na corte uma multidão que queria presenciar aquele prodígio. Entre eles havia chegado CuChulainn, a quem o ogro desafiou a participar no jogo de decapitação. CuChulainn não só cortou-lhe a cabeça, senão que de um único golpe espalhou o cérebro do monstro por todo o solo. Desta vez também, o ogro se levantou, recolheu tudo e se foi. Voltou na noite seguinte, pois sabia que CuChulainn era um herói e manteria sua palavra.
-"Onde está o herói CuChulainn?", perguntou o ogro.
-"Eu não vou me esconder de ti", respondeu CuChulainn.
-"Pareces preocupado", disse o ogro, "mas pelo menos há mantido sua palavra."
CuChulainn colocou seu pescoço sobre a talha e o ogro levantou seu machado; todos os presentes contiveram a respiração e voltaram seus olhares para outra direção. Ao deixar cair o machado, o ogro girou levemente a lâmina de forma que só o cabo da arma golpeou a CuChulainn no pescoço.
-"Agora levante-se, CuChulainn", disse o ogro, "porque de todos os guerreiros de Ulster e, na realidade, de toda a Irlanda, é o maior em termos de valor e honra. É o campeão dos campeões e o prêmio de Bricriu é seu. Tua esposa Emer é a primeira dama de Ulster. E se alguém entre vocês querem disputar este feito, deve que tem os dias contados."
Com estas palavras o ogro abandonou a sala, mas ao sair se transformou em Cu Roi, filho de Daire, e desta forma se assegurou de que o pleito dos três heróis ficara concluído. definitivamente.

domingo, 20 de setembro de 2009

FAÇANHAS DA ADOLESCÊNCIA DE CUCHULAINN

Certo dia, Sualtam e Dechtire falaram ao seu filho acerca dos famosos rapazes de Emuin Machae, que Conchabar via jogar quando ele próprio não jogava ou bebia a caminho da cama.
CuChulainn perguntou a Dechtire se podia ir ver os rapazes.
- "Deves esperar até que um guerreiro de Ulster possa ir contigo." respondeu-lhe.
- "Quero ir agora." disse CuChulainn.
- "Que caminho devo seguir?"
- "Vai para norte." respondeu a sua mãe, "mas toma muito cuidado, pois o caminho esta cheio de perigos."
- "De qualquer maneira, irei." disse CuChulainn, tendo partido com as suas armas de brinquedo, uma minúscula espada e um escudo; levou também o seu aléu (parecido com o taco) e a bola, esperando poder jogar com os rapazes de Emuin Machae.
Em Emuin dirigiu-se diretamente para o campo de jogos, sem ter pedido primeiro a proteção dos outros jogadores. Os rapazes ficaram furiosos perante esta falta de cortesia, pois toda as pessoas conheciam as regras de comportamento no campo de jogos.
Disseram-lhe para sair do campo e arremessaram-lhe cento e cinqüenta; cada uma delas ficou cravada no minúsculo escudo de CuChulainn. Lançaram-lhe, violentamente cento e cinqüenta bolas, cada uma das quais ele recebeu no peito. Atiraram-lhe depois cento e cinqüenta aléus, mas ele apanhou-os todos.
CuChulainn estava furioso os cabelos puseram-se em pé e os olhos faiscaram de tanta raiva. Um dos olhos fechou-se até ficar do tamanho do fundo de uma agulha, enquanto o outro se abriu no tamanho de uma tigela. O grande jovem guerreiro perdeu a cabeça.
O rei Conchobar estava jogando xadrez quando nove dos rapazes fugiram com CuChulainn a persegui-los ardorosamente. Cinqüenta já estavam fora da contenda, prostrados onde ele os abatera. "Isto não é desporto", gritou Conchobar.
- "São eles os maus desportistas," respondeu CuChulainn. "Pois eu queria juntar-me aos seus jogos e eles tentaram expulsar-me do campo."
- "Como te chamas?" perguntou Conchobar.
- "Chamo-me Setanta, filho de Sualtam e da tua irma Dechtire."
- "Por que razão," perguntou Conchobar "não pediste proteção aos outros jogadores?"
- "Não me ensinaram as regras." respondeu CuChulainn.
- "Então, aceitaras a proteção do teu tio?" perguntou Conchobar.
- "Aceitarei," disse CuChulainn, "mas uma coisa vos peço, que me seja permitido encarregar-me da proteção dos depois cento e cinqüenta rapazes."


Conchobar concordou e todos eles safaram-se do campo de jogos. Os rapazes que CuChulainn prostrara levantaram-se a vista do seu novo herói.
Pouco depois do episódio do campo de jogos, relatado por Fergus, CuChulainn viu-se envolvido em outras aventuras ainda mais heróicas.


Culaan, o ferreiro, convindou Conchobar para uma festa.
Apenas alguns podiam acompanhar o rei do Ulster, pois o ferreiro tinha apenas a riqueza proporcionada pelas suas mãos tenazes. Portanto, só os cinqüenta campeões favoritos mais velhos puderam acompanhar Conchobar.
Antes de deixar Emuin, o rei fez uma visita ao campo de jogos para se despedir dos rapazes.
CuChulainn estava sozinho a jogar contra os cento e cinqüenta rapazes, e estava ganhando. Quando eles tentavam atingir o objetivo com as suas bolas, CuChulainn defendia e parava cada uma delas.
Depois, na luta greco-romana, levou-os ao chão; além disso, todos os cento e cinqüenta rapazes não conseguiram dominá-lo.
Conchobar ficou admirado perante as façanhas de seu sobrinho e perguntou aos seus homens se CuChulainn viria a tornar-se um grande guerreiro e a realizar atos heróicos semelhantes e todos eles concordaram que assim seria.

- "Vem conosco para a festa de Culaan", disse Conchobar.
- "Vou terminar os jogos" respondeu CuChulainn, "e seguirei depois."
Na festa, Culaan, o ferreiro, perguntou ao seu real convidado se estavam todos presentes.


- "Sim", respondeu Conchobar, esquecendo do seu sobrinho, "e estamos prontos para comer e beber."
- "Bem, então", disse o ferreiro "vamos fechar as portas e divertir-nos, o meu cão guardara o gado que está nos campos. Nenhum homem lhe escapará, pais são necessárias três correntes para prendê-lo, e três homens para cada corrente."
Entretanto, a rapaz estava a caminho da festa e para se divertir ia atirando a bola ao ar e em seguida acertava-lhe com aléu, também atirava a sua lança para a frente e corria para a apanhar antes que tombasse no chão.
Quando entrou no pátio de Culaan, o ferreiro, o cão avançou em sua direção. A agitação foi ouvida por Conchobar e seus homens, que viram pelas janelas como CuChulainn lutava com a cão de mãos vazias. Agarrou-o pela garganta e pelas costas e fé em bocados contra uma coluna.
CuChulainn foi convidado a entrar.


- "Estou contente por atenção a tua mãe", disse Culaan, "pelo fato de estares vivo. Mas aquele cão protegia todos os meus haveres, e agora tenho que substituí-lo."
- "Não se preocupe," disse CuChulainn, "criarei para si um cachorro da mesma raça, e até que ele esteja suficientemente grande para guardar a sua propriedade, eu próprio serei a seu cão de guarda."
- "Então, CuChulainn, a partir de agora passaremos a chamar-te, "O Cão de Caça de Culaan", disse Conall.
- "Tais foram às proezas de um rapaz de seis anos." disse Conall. "Que enormes façanhas podemos esperar agora dele com os seus dezessete anos?"


Bibliografia:
Introdução à Mitologia Céltica - David Bellingham

O NASCIMENTO DE CUCHULAINN

No tempo em que Conchobar era rei do Ulster, nome dado a uma das quatro províncias históricas da Irlanda, seus capitães viram um bando de aves que se alimentavam das ervas da planície junto de Emuin Machae. Os guerreiros eram caçadores de aves e partiram nos seus carros perseguindo-as até onde quer que elas pudessem levar.
Dechtire tomou as rédeas do carro do seu irmão, o rei Conchobar e mais nove carros, partiram pela planície atrás das aves. Uma corrente de prata ligava as aves aos pares, e estas voavam e cantavam tão bem que os homens do Ulster se sentiam encantados.
Logo o entardecer aproximava-se e os homens procuraram um abrigo, pois estava a nevar.
Foram bem recebidos numa cabana por um homem que lhes deu de comer e de beber, e, ao cair da noite, os homens do Ulster estavam bem ale­gres.
O seu hospedeiro anunciou que a sua mulher estava prestes a dar a luz e pediu a Dechtire para ajudar.
Os ho­mens trouxeram um par de potros da neve, e ofereceram ao menino que Dechtire estava a acariciar.
Na manhã seguinte, os homens des­pertaram e viram apenas o menino e os seus potros, pois as estranhas aves e a cabana tinham desaparecido; estavam exatamente a leste de Bruig. Regressa­ram a Emuin Machae, onde o rapaz cresceu e depois de alguns anos adoeceu e repentinamente e veio a falecer. Dechtire chorou amargamente a morte do seu filho adotivo. Então, pediu água e foi­-lhe dada uma tigela de cobre, mas sem­pre que a levava aos lábios uma pe­quena criatura saltava da água para a sua boca, nada vendo cada vez que olhava para a tigela.
Certo dia, o sono de Dechtire foi interrompido por um sonho do homem numa casa-fantasma. Ele disse­-lhe que a seu nome era Lugh, filho de Ethniu, que a tinha atraído a casa e que ela era agora portadora da semente do seu filho: o menino iria chamar-se Setenta (CuChulainn, pronuncia-se Cu-hu-lim) e receberia os dois potros que só a ele estavam destinados.
Quando os homens de Ulster viram que Dechtire estava com a criança, perguntaram se o pai poderia ser o próprio Conchobar, pois o irmão e a irmã dormiam lado a lado. Mas, o rei livrou-se do embaraço, prometendo a sua irmã em casamento a Sualtam, filho de Roech.
No entanto, Dechtire sentia-se mortificada por ter que dormir com seu esposo, quando já trazia dentro si o filho de outro homem.
Assim, numa noite que estava só, esmagou o bebê que tinha no ventre. Logo em seguida Dechtire engravidou de novo e nasceu CuChulainn, o filho de Sualtam.

CUCHULAINN O MAIOR HERÓI CELTA - INTRODUÇÃO


Introdução

Cuchulainn estava preparado para a batalha. Seu cabelo arrepiou-se e, por fim, ficou de pé. Tinha um olho fundo; o outro se tornara um grande globo vermelho e inchado. Sua boca espumante esparramara um sorriso de orelha a orelha e uma sessão de tiros fazia jorrar sangue da cabeça dele. O Cão de caça de Culann estava pronto para conduzir os homens de Ulster para a invasão: seria uma investida contra a inimiga, a mais amarga de todas: a rainha Medb. Infelizmente, Cuchulainn teria que avançar só - a Rainha imobilizou o exército dele com uma maldição.


O mais poderoso guerreiro irlandês levantou suas armas e avançou. Com uma das mãos, ele atravessou a tropa de Medb, deixando partes de corpos quebrados em ambas as laterais dele. A rainha estava furiosa – Cuchulainn deve ser derrotado – dizia ela. Ela, então, juntou forças com Morrigan, a deusa da guerra – cujo amor Cuchulainn rejeitou decididamente – e ainda três sacerdotisas, filhas de um guerreiro que foi morto por ele. As mágicas e trapaças da malvada rainha levaram o herói celta à insanidade. Logo, ele foi mortalmente ferido.


Sangrando, perfurado e ferido pelas lanças, Cuchulainn se recusou a morrer pelas mãos do inimigo em sua última batalha. Então ele chicoteou-se, acima de um pilar de pedra, até sua morte. Tão logo, seus inimigos se aproximaram, mas não ousaram tocar em seu corpo. Três dias depois, Morrigan voou baixo como um corvo, alcançou o corpo e o levou nos ombros para longe.


Os celtas não eram uma nação, mas uma combinação de pessoas que falavam línguas parecidas. As tribos ancestrais celtas migraram para muito longe, a oeste para a Ásia menor, e a leste para a Irlanda. Um bom conto celta, como o de Cuchulainn, sempre envolveu luta, honra, amor e aventura, somado a complicados juramentos e obrigações, magia e encantamento.
Na mitologia irlandesa Cú Chulainn (Cão de Culann em irlandês; também escrito Cúchulainn, Cú Chulaind, Cúchulain, ou Cuchullain; conhecido na infância como Sétanta ["chei-dan-ta"]) é uma lenda do folclore irlandês e o grande herói do Ulster no Ciclo do Ulster. Sua mãe foi Deichtine, irmã do rei Conchobar mac Nessa; seu pai foi ou o deus Lug ou o marido mortal de Deichtire, Sualtam, e seu padastro foi Fergus mac Róich. Seu cocheiro, Láeg, sempre está presente ao seu lado. Ele também aparece no Folclore escocês e no folclore da Ilha de Man.



Quem foi Cuchulain


Cuchulainn é um herói do "Ciclo de Ulster", uma das mais antigas coleções irlandesas de lendas heróicas. Ele era um mortal, nascido para morrer, separado dos demais por características curiosas e anormais e destinado desde o princípio a um estranho destino.

Como humano, era como os heróis gregos, um Hércules irlandês, filho de um deus da guerra, Lugh do Longo Braço. Os elementos insólitos do aspecto de Cuchulainn era que tinha sete pupilas em cada olho, sete dedos em cada mão e sete dedos em cada pé. Suas bochechas eram pintadas de amarelo, verde, azul e vermelho. Seus cabelos eram escuros na raiz, vermelhos no meio e loiro nas pontas. Seguia carregado de adornos: cem enfiadas de jóias na cabeça e cem broches de ouro no peito. Essa era seu aspecto em tempo de paz e que aparentemente era muito admirado.



Quando era possuído pelo frenesi da guerra, mudava completamente. Girava dentro da sua pele, de modo que seus pés e joelhos ficavam para trás e as pantorrilhas e as nádegas ficavam na frente. Seus compridos cabelos ficavam eriçados e cem cada fio ardia uma faísca de fogo, uma labareda surgia de sua boca e no centro da cabeça brotava um arco de sangue negro. Um olho lhe caía até a altura da bochecha e o outro entrava para dentro do crânio; em sua fonte brilhava "a lua do herói". Seu frenesi era tão grande que tinham que submergi-lo em três tinas de água gelada para que pudessem fazê-lo retornar a sua temperatura normal.

Ainda menino, a força de Cuchulainn era enorme, pois aos sete anos matou o feroz cachorro de Cullan, o Ferreiro. Para expiar sua ação, se ofereceu para tomar o posto do cão e guardar o Ulster. Trocou o nome de batismo de Setanta para Cuchulainn, "Cão de Cullan" e guardou Ulster até sua morte.
Quem é afinal o grande Cuchulainn?

As aventuras de Cuchulainn (diz-se Cu-rru-lim) constituem a epopéia principal do ciclo heróico de Ulster, como já dissemos.


Ao nascer, chamava-se Setanta; era filho de Dechtiré, irmã do rei Conchobar, casada com Sualtan, o profeta. Seu pai verdadeiro, porém, era o deus Lug, mito solar dos Tuatha Dê Danann. Foi criado entre os demais filhos dos vassalos e guerreiros do rei. Com sete anos matou o terrível cão de guarda de Culann, chefe dos ferreiros de Ulster; vem daí o nome Cuchulainn, "Cão de Culann". O menino possuia uma força incrível e, quando dominado pela ira, irradiava calor intenso de seu corpo e suas feições transformavam-se, pavorosamente. Algum tempo depois de matar o cão, massacrou três guerreiros mágicos gigantes, que tinham desafiado os nobres do Ramo Vermelho (uma milícia ou ordem primitiva de cavaleria de Ulster, provavelmente). Depois, mandam-no para Scâthach, a feiticeira-guerreira, epônima da ilha Skye, onde conclui sua educação. A feiticeira ensina a ele a arte da magia.


Antes de voltar para casa, decide matar uma inimiga de sua mestra, a amazona Aiffé, uma mortal. Não só a derrota mas deixa-a grávida.


Volta, assim, para Ulster, munido de armas prodigiosas. Pouco tempo passado, se apaixona por Emer (diz-se Avair), filha de Forgall Manach, mágico poderoso.


Este não permite o relacionamento; Cuchulainn, então, rapta-a, depois de ter matado toda a guarnição e o pai da moça.


Neste período é que as grandes batalhas e aventuras tomam lugar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

BOUDICCA - HISTÓRIA



Esposa, mãe, rainha e líder de uma das mais violentas rebeliões
levadas a cabo contra o domínio romano na história de Britania.
Este espaço revela-nos o que se conhece sobre Boudica, a rainha dos Icenos.
A sua história e a da sua tribo foi recolhida pelos historiadores romanos,
estudada a fundo pelos peritos e examinada pelos arqueólogos
que continuam em busca de pistas sobre esta guerreira,
cujo exército fez tremer os Romanos.
Quando morreu o rei Prasutagus, a tribo icena,
que convivia pacificamente com Roma naquela época, foi brutalmente atacada:
Golpearam a rainha Boudica e violaram as suas filhas.
Em busca de vingança, o exército de Boudica atacou as localizações romanas,
incluído Londres, florescente centro de comércio romano da época, que foi destruído.
Neste artigo é desvendada a extraordinária história de Boudica,
a sua luta para libertar as tribos da Britania dominada pelos Romanos
quando estava em jogo tanto a sua liberdade e a sua independência,
como a sua singular cultura celta.


Falar de Boudicca é falar da conquista da Britânia (região que hoje corresponde a Inglaterra e a Escócia), pelos romanos e para entender seu o papel na História, faz-se necessário explicar a situação dessa Província em sua época.
Em 43 d.C. o Imperador Cláudio conquistou o território de reduto celta conhecido como Britânia. Essa não fora a primeira incursão romana pois quase um século antes, Júlio César já havia aportado na ilha após a conquista da Gália, conseguindo obter bons resultados levando algumas tribos celtas a tornarem-se reinos clientes. Entre essas tribos encontrava-se a Iceni.
Quando Cláudio expandiu a conquista do território subrepujando as tribos celtas rebeldes, os Iceni gozavam de certas regalias devido a sua posição pró-Roma, o que incluía a continuar a cunhar suas próprias moedas, ficando acordado que pagariam tributos e forneceriam suprimentos para os soldados romanos.


Porém, em 59 ou 60 d.C. o rei Iceni Prasutargo morre, e como não tinha filhos homens, deixa o reino sobre a autoridade de sua esposa Boudicca e sua herança as suas duas filhas, tendo o cuidado de separar o valor correspondente aos tributos romanos do restante dos bens deixados, provavelmente pensando nos dotes para os futuros esposos destas.
Como Roma não reconhecia a linha de sucessão dinástica através das mulheres, a morte de Prasutargo é entendida como o fim do tratado e o Imperador Nero ordena que o território seja anexado ao restante da Província.
As terras conquistadas foram divididas, e como a lei romana considerava ilegal dar bens pessoais para outros sem o consentimento do Imperador, esposa e filhas perdem todos os seus recursos.
Sem ter como pagar os tributos em sua regência, Boudicca e suas filhas são pegas para servir de exemplo de como o Império tratava os seus subordinados.
Antes de adentrar nos acontecimentos que levaram Boudicca a liderar um levante contra a ocupação romana, faz-se necessário descrever alguns fatos pertinentes que foram propícios para toda a situação posterior.

A Britânia como reduto celta era formada por diversas tribos e é fato que não eram coesas, havendo desde antes da chegada dos romanos, disputas territoriais.
Após Júlio César obter aliança com algumas tribos como já dito acima, o Imperador Cláudio em sua conquista obteve segundo inscrições em seu Arco do Triunfo a rendição voluntária de onze tribos que tornaram-se reinos clientes. Todavia, a conquista romana não foi homogênea havendo tribos que nunca se renderam à Roma e conseguinte mantinham pequenas rebeliões.


Em paralelo aos acontecimentos em território Iceni o governador da Província, Suetônio Paulino estava em batalha por ordens de Nero contra o que era considerado até então o último reduto Druida na ilha de Mona (atual Anglesey).
Em Camulodunum (atual Colchester), a maior cidade da Britânia e capital da tribo dos Trinovantes, pequenas rebeliões ocorriam devido ao fato de estarem descontentes com os maus tratos, taxas muito altas e as confiscações de terras. Em resumo, a Britânia seguindo o exemplo da Gália no tempo de Júlio César (a resistência gaulesa liderada por Vercingetorix) estava em ebulição e seguindo a tradição romana de pegar bodes expiatórios para dar o exemplo do que acontecia aos que ousavam desafiar o poder do Império, encontraram na situação de Boudicca a oportunidade de demonstrar o tratamento destinado aos opositores.
Os Icenos, uma tribo de druidas e caçadores, era um povo bravo e apaixonado dirigidos pelo seu esposo, o corajoso rei Prasutagus, que embora subjugados à força do império romano, conseguiu dos invasores que taxações e requisições em excesso não se aplicassem ao seu povo.

A HISTÓRIA
O ano é 61 CE, Nero é o Cesar em Roma, os romanos controlam a Bretanha.
Além de arrecadarem impostos pesados, no décimo quarto ano da invasão, tentaram escravizar os povos celtas.
O novo governador de Bretanha era Gaius Suetonius Paulinus.
Suetônio Paulino estava em batalha por ordens de Nero contra o que era considerado até então o último reduto Druida na ilha de Mona (atual Anglesey).
Em Camulodunum (atual Colchester), a maior cidade da Britânia e capital da tribo dos Trinovantes, pequenas rebeliões ocorriam devido ao fato de estarem descontentes com os maus tratos, taxas muito altas e as confiscações de terras.
Então Nero designou Suetonius para adotar uma postura de agressiva frente aos bretões e mantê-los na submissão. Nero tinha dado carta branca a ele.
A primeira ação de Suetonius foi queimar os Bosques Sagrados dos bretões bárbaros. Isto contrariava os métodos de ocupação romanos habituais. Normalmente eles deixavam que as regras do lugar permanecessem e estabeleciam um tratado de reis-vassalo. O costume era deixar as religiões intatas, colocando Cesar que como o último suplemento à lista local de Deuses e Deusas.
A queima dos Bosques Sagrados foi somente uma intolerância dos Romanos. O marido de Boudica, o rei Prasutagus, foi quem assinou um tratado que paz com o herdeiro de Nero.
Quando o rei Prasutagus morreu, o procurador Decianus Catus recusou-se a transferir o poder a sua esposa ou filhas.
Porém com sua morte os excessos do Império contra os bretões reacenderam-se e a rainha passou a chefiar sua tribo nem um pouco disposta a ceder ao domínio romano.
Em 60 ou 61 d. C., soldados romanos estacionados próximos a tribo Iceni invadem o território, assassinam nobres.
Ao tentar resistir, Boudicca foi capturada e torturada, açoitada, e muitos deles estupram suas filhas na sua frente.
Tácito, o historiador romano, ainda complementa escrevendo nos seus Anais: "a sua tribo e a casa foram pilhadas como os prêmios da guerra....a sua viúva Boudicca foi fustigada e suas filhas violadas. Os chefes Icenos foram privados das suas propriedades hereditárias como se tivessem dado aos Romanos o país inteiro. Os próprios parentes do Rei foram tratados como escravos."
Assim, durante o governo de Nero (37-68), a Bretanha Romana viu explodir uma revolta que tomou grandes proporções, teve enormes conseqüências e se tornou a ameaça mais perigosa de Roma em seus domínios do norte: a Revolta de Boudica (60-62). Estava enfim sacramentado o fato histórico que ficou conhecido como A Revolta de Boudicca.


Convencida que Roma ordenara a destruição de todos os Icenos, fugiu dos domínios do inimigo com suas filhas e jurando vingança e passou a incentivar seus habitantes a rebelar-se contra as forças de ocupação romanas.
Com a valentia de uma mulher de espírito celta humilhada vingativa, assumiu não só o controle dos Icenos, mas também da tribo vizinha, os Trinobantes (ocasionalmente inimigos) no sul, e Boudicca conduziu uma linha que marchou de Norwich, a Colchester (Comolodum). Tomaram Albans e atacaram Londres.
Em sua ira essa grande rainha conseguiu o que apenas Vercingetorix na Gália havia conseguido quase um século antes; unir tribos celtas.
Sob suas ordens os celtas caíram sobre os romanos e a todos que fossem pró-Roma. Acredita-se que o exército de Boudicca era composto por mais de 100.000 pessoas e Tácito afirma que mais de 70.000 pereceram nas mãos dos rebeldes. Esse levante resultou na destruição total de três cidades.
Juntos, destruíram as maiores cidades bretãs da época dos romanos na Grã Bretanha, Camulodunum, atual Colchester, e Londiniun, atual Londres, ) e de Verulamium (atual St. Alban) deixando-as incendiadas, todas queimadas sem restar uma casa em pé. Queimaram acampamentos romanos e ate sua própria gente, colaboradores.


Foi após a conquista desta última, que houve um confronto entre as forças de Boudicca e as legiões romanas sob o comando de Suetônio.
O imperador enviou um dos seus mais competentes comandantes militares, o general Suetonius Paulinus, para destruir os revoltosos.
Suetonius que estava no norte da Inglaterra em luta contra várias outras tribos célticas, escutando o que Boudica fizera, marchou para Londres com as suas legiões que excediam em número os exércitos dos celtas.

Os romanos só conseguiram vencer os destemidos guerreiros e guerreiras celtas após muitas batalhas sangrentas.
A batalha de Watling Street (provável local, segundo muitos historiadores) foi derradeira para abafar o movimento contrário a Roma.
Apesar de seu contingente numeroso, o exército de Boudicca desconhecia totalmente as táticas de guerra dos romanos e não resistiu perante a estratégia de Suetônio.
As legiões romanas dizimaram em torno de 80.000 bretões entre homens, mulheres e crianças e até mesmo animais, o que era uma prática habitual ao esmagar uma rebelião.
A grande rainha é descrita usando sua tartan (tecido xadrez típico) e completamente armada, segundo Tácito, “numa aparência quase aterrorizante”.
Quem assistiu o filme Coração Valente, que conta a história do escocês William Wallace, vai recordar que na batalha final, ele, assim como seus homens pintam o rosto e o corpo de azul, isso deve-se a tradição celta que era mais comum entre os Pictos da Escócia.
Na última batalha de Boudicca, seu exército seguiu a tradição pintando seus corpos de azul, muitos deles nus, portanto lanças e espadas enquanto brandiam e gritavam ao som de tambores e cornetas.
A tradição diz que Boudicca sobreviveu a batalha para retornar a sua casa e, junto com suas filhas, se envenenaram, pois seguramente se fossem capturadas jamais teriam clemencia por parte do Imperador e certamente seriam ainda mais barbarizadas até serem executadas.


A história empurrou para seus calabouços a imagem dessa Grande Mulher que fez valer seu poder e que foi tão respeitada pelos seus.
Sua memória foi resgatada no século XVI pela rainha Elizabeth I que interessada em promover o conceito da rainha guerreira nobre, transformou Boudicca em ícone histórico.
Abaixo encontra-se o discurso de Boudicca ao seu exército antes da última batalha; o texto é de autoria do historiador romano Tácito em sua obra Annales.
Lembrando que o autor pertencia ao lado conquistador e portanto sua visão não é de forma alguma imparcial. As palavras, supostamente proferidas por Boudicca, refletem principalmente a idéia de romanização e conseguinte separando bretões e romanos na divisão étnica do “Nós” e o “Eles”.


“Essa não é a primeira vez em que os Bretões foram liderados por uma mulher. Porém agora ela não veio gabar o orgulho de uma longa linhagem de ancestralidade, nem mesmo para recuperar seu reino e a riqueza saqueada de sua família. Ela tomou o campo, como os miseráveis entre eles, para fazer valer a causa da liberdade pública, e para buscar vingança por seu corpo costurado por vergonhosas faixas, e suas duas filhas abominavelmente arrebatadas.

Para o orgulho e arrogância dos romanos nada é sagrado; tudo é sujeito à violação; os velhos suportam o açoite, e as virgens são defloradas. Mas os deuses vingadores estão agora à mão. Uma legião romana atreveu-se a encarar os bretões guerreiros: com suas vidas eles pagaram por sua impetuosidade; aqueles que sobreviveram à matança daquele dia adoeceram escondidos atrás de suas trincheiras, meditando em nada além de como se salvarem em vergonhosa fuga.

Da zoeira da preparação, e dos gritos do exército bretão, os romanos, mesmo agora, encolhem-se aterrorizados. Qual será o caso deles quando o ataque começar? Olhem ao seu redor e vejam seu contingente. Contemplem o magnífico espetáculo dos espíritos da guerra, e levem em consideração as razões pelas quais nós erguemos a espada da vingança. Neste local nós devemos também conquistar, ou morrer com glória. Não há alternativa. Embora uma mulher, meu propósito está fixo; os homens, se agradá-los, poderão sobreviver com infâmia, ou viver em escravidão.”


Houve muitas lendas do que foi dito e feito, ao final os Iceni foram derrotados, e os romanos não mostraram nenhuma clemência, destruindo a todos.
Boudica sabia o que os Romanos fariam com líderes militares presos, mandando-os a Roma para ser arrastados pelas ruas, postos a exibição pública, escravizados e vivendo o resto dos seus dias em cativeiro e desonra. Ela tomou veneno para não encontrar este fim.
A história registra que a preferiu a morte ao domínio romano envenenando-se, mas sua tenacidade e persistência a colocaram entre as grandes guerreiras da história.
Sabe-se muito pouco sobre ela e o pouco que se sabe foi tirado de escavações arqueológicas e do historiador romano Dio Cassius, que a descreveu como sendo de estatura muito alta, de aparência muito assustadora, extremamente feroz em seu olhar, com voz áspera e uma grande massa de cabelo ruivo forte que caía até seus quadris.
A Rainha Guerreira desapareceu da história durante a Idade Média, mas foi redescoberta no século XVI pela rainha Elizabeth I, interessada em promover o conceito da rainha guerreira nobre e foi transformada em ícone histórico.
Hoje ela é o símbolo romântico de revolta e vitória à vista da adversidade. Há uma estatua dela,em bronze, com longos cabelos e um perfil desafiador. Esta em frente a Casa do Parlamento.


Da Rainha da tribo dos Icenos, uma das mulheres que mais se destacou na história, líder de uma das mais violentas rebeliões que enfrentou o Império Romano e cuja história tem sido estudada por historiadores e arqueólogos através dos anos, ainda hoje continuam sendo descobertas coisas sobre seu passado.