Calitin (Cailitín Dána, Cailitin or Calatin) era o Druida-Chefe da Rainha Medb e de seu marido Ailill, sendo muito conhecido pela luta que manteve com Cúchulainn, em Táin Bó Cuailnge.
Cailitin tinha muitos filhos e filhas e toda a família era conhecida como o “Clã Cailitin”, descritos como druidas mal-formados.
Caitilin e todos os seus filhos, mais um sobrinho (ou neto?, não é clara a lenda) invadiram o Ulster juntamente com o exército de Medb (ver a história anterior).
Imediatamente antes do combate singular entre Cúchulainn e Ferdia (Fer Díad Mac Damann), Calitin e os filhos tinham travado uma luta desigual contra Cúchulainn pois cada um deles empunhava uma lança envenenada que, mesmo que o nosso herói não morresse da ferida, o mataria com o veneno após nove dias de agonia. Ora, Cúchulainn conseguiu apanhar todas as lanças com o seu escudo, mas a superioridade numérica dos adversários só foi ultrapassada com a ajuda de outro guerreiro do Ulster, Fiachu Mac Fir Fhebe, que, de um golpe, cortou os braços direitos dos membros do Clã Calitin.
Ainda assim, houve filhos de Calitin que sobreviveram e que se envolveram, posteriormente, na morte de Cúchulainn, com o recurso a artes mágicas que enganaram o herói e o levaram a enfrentar o exército de Medb, que é o tema desta história.
Morte de Cúchulainn
Quando atingiu os vinte e sete anos de idade, Cúchulainn tinha já muitos inimigos, dos quais a Rainha Medb era uma.
Tinha também já matado muita gente, inclusive Calitin e vinte dos seus filhos, restando seis para, juntamente com a sua mãe, conseguirem vingança.
Medb acolheu-os e transformou-os em excelentes guerreiros, aliando a arte da guerra com as artes da magia, que já possuíam.
Então, Medb voltou a invadir o Ulster e o Rei Connor MacNeasa convocou Cúchulainn para defender a capital do reino, Emain Macha, e o castelo.
Os filhos de Calitin desafiaram Cúchulainn para um combate e começaram a provocar, com a sua magia, ilusões que faziam parecer que o castelo estava a ser atacado; porém, o Druida do Rei Connor, Cathbad (que já conhecemos de outra história), deu conta do engano e impediu-o dizendo-lhe que não deveria lutar durante três dias, isto é, o tempo que duraria o efeito da magia maligna.
Para tal, Cathbad foi encontrar-se com uma das antigas namoradas de Cúchulainn, a bela
Niamh, pedindo-lhe que o convencesse a esconderem-se juntos, durante aquele tempo,
numa das grutas do Vale dos Surdos. Não muito satisfeito, Cúchulainn anuiu.
Entretanto, os filhos de Calitin conseguiram encontrar o paradeiro dos dois e urdiram um plano: um deles atraiu Niamh para fora do Vele e outro, por artes mágicas, tomou a forma dela e convenceu Cúchulainn a sair para a batalha.
Então, Cúchulainn ordenou ao seu palafreneiro, Ibar, que arreasse “Cinzento de Macha”, o seu portentoso cavalo, para poder dirigir-se para o campo de batalha.
Quando chegou perante Cúchulainn e a falsa Niamh, o cavalo apercebeu-se de um inexplicável
perigo e recusou-se a galopar. Só ao fim de muita insistência foi possível fazer com que
o animal começasse a deslocar-se. Nessa altura, chegou a verdadeira Niamh que,
preocupadíssima, tentou fazer com que Cúchulainn voltasse à razão, mas este, com o
espírito tolhido pela magia, não lhe deu ouvidos.
Quando chegou ao campo de batalha, foi ao seu encontro um druida desconhecido que o exortou a combater, apesar da batalha que estava perante os olhos de Cúchulainn não existir pois, tal como o druida desconhecido, não passava de ilusão criada pelos filhos de Calitin.
Por três vezes Cúchulainn enfrentou e matou os mesmos guerreiros; e de cada vez
que tal sucedia, o Druida pedia-lhe a sua lança.
Da primeira vez, embora relutantemente, entregou a lança por recear que, se o não fizesse, o seu nome seria desonrado. Assim, arremessou a lança em direcção ao druida, trespassando-o a ele e a mais nove imaginários homens, indo cravar-se no solo, mesmo em frente a um dos filhos de Calitin, responsável pela ilusão mágica. Este pegou na lança e arremessou-a de volta, contra Cúchulainn, mas falhou, acertando antes em Ibar, o Palafreneiro Real, matando-o. A primeira lança acabara de matar o mais importante dos palafreneiros do Ulster!
Da segunda vez, Cúchulainn deu a lança ao falso druida por temer que, se assim não fosse, seria o nome do Ulster a ficar desonrado. Então, uma vez mais, Cúchulainn lançou o dardo que, como anteriormente, atravessou o druida e os nove homens imaginários, indo cravar-se no chão, em frente a um dos outros filhos de Calitin. Este arremessou a lança contra Cúchulainn, mas falhou e acertou no cavalo do herói. A segunda lança tinha acabado de matar o melhor cavalo de toda a Irlanda!
Finalmente, foi o receio de ver desonrado o nome da Irlanda que fez com que Cúchulainn lançasse a lança pela terceira vez, repetindo-se o que havia acontecido antes com o druida e os guerreiros imaginários. E como anteriormente, um terceiro folho e Calitin pegou na lança e arremessou-a contra Cúchulainn, acertando-lhe no estômago, ficando expostas as entranhas dele.
A gravidade da ferida provocou uma sede imensa a Cuchulainn, que se dirigiu ao
lago, para sacia-la. Na margem, amarrou-se fortemente a uma coluna de pedra que ali
estava, pois havia jurado a si próprio que, quando morresse, morreria de pé empunhando a sua espada.
Assim ficou por três dias, sem que alguém ousasse aproximar-se, embora todos os seus adversários soubessem que estava em grande agonia. Por fim, Cúchulainn arregalou os seus olhos e morreu.
Só quando um corvo pousou no ombro do herói é que se ficou a sabendo da sua morte.
Então, Erc disse a Lugaid (dois irmãos, filhos de Calitin) que lhe fosse cortar a cabeça, mas no momento em que Lugaid se aproximava, a mão sem força de Cúchulainn, mas com a espada ainda agarrada, caiu e a lâmina da arma decepou a mão de Lugaid.
Mesmo morto, o herói do Ulster ainda atacava os seus inimigos!
Por fim, os filhos de Calitin conseguiram cortar a cabeça de Cúchulainn e levá-la
para Tara*, como troféu.
Quanto ao corpo de Cúchulainn, ficou na margem o lago, atado ao pilar de pedra.
* Nota : O Monte de Tara, ou Temair em Gaélico, é o marco do antigo poder da Irlanda.
Também conhecido por Trono dos Reis, é o local onde se diz terem reinado, ou sido investidos, 142 reis irlandeses. Na mitologia, era a morada dos deuses e a entrada para o mundo subterrâneo (para saber mais, consultar www.mythicalireland.com).
Nenhum comentário:
Postar um comentário