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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O SANTO GRAAL XXX - A FORTALEZA DE MONTSÉGUR (2)

No artigo anterior falamos sobre a região de Languedoc situada ao sul da França fronteira com a Espanha, falamos sobre os catáros e em que sua religião se baseava, bem como a destruição da Cidade de Béziers.

Nesse artigo, abordaremos o cerco à fortaleza de Montségur, sua queda e como o tesouro existente foi removido do local para um outro sobre o qual não encontramos nenhuma pista a não ser lendas e rumores.



A Fortaleza de Montségur (Segunda Parte)


O que fica fragrante na Cruzada Albigense é a determinação da Igreja em fazer desaparecer uma rival. O medo dela era que a heresia cátara que estava se espalhando pela Europa viesse a se consolidar e desta forma comprometendo o poder papal que naquela época mantinha sob o seu quase absoluto controle toda a monarquia reinante.


Vista da fortaleza no alto do morro tendo a vila abaixo




O ato corajoso e temerário de Gregório VII ainda é capaz de tirar o fôlego de qualquer ser humano. Em um volume de sua correspondência, os historiadores encontraram uma lista que contém os seguintes apontamentos:
“O papa não pode ser julgado por ninguém; a Igreja romana nunca errou e nunca errará até o fim dos tempos; a Igreja romana foi fundada apenas por Cristo; só o papa pode depor e reempossar bispos; só ele pode fazer leis novas, estabelecer bispados e dividir os antigos; só ele pode transferir bispos; só ele pode convocar assembléias eclesiásticas e autorizar a lei canônica; só ele pode revisar seus próprios julgamentos; só ele pode usar a insígnia imperial; pode depor imperadores; pode absolver vassalos de seu dever de obediência; todos os príncipes devem beijar seus pés” (fonte: R.W. Southern, Western Society and the Church in the Middle Ages, p. 102). Tal era o poder papal.
O massacre continuou por várias décadas ceifando milhares de vidas, culminando com a terrível carnificina em Montségur onde mais de 220 reféns foram queimados vivos no ano de 1244. A queda de Montségur marca o fim da igreja cátara organizada.

Segundos relatos, durante o cerco à fortaleza massacraram indiscriminadamente mais de 20.000 pessoas sem poupar velhos, mulheres e crianças. O papa e o rei Felipe II da França desconfiavam que eles estavam com a guarda do misterioso tesouro em conluio com os Cavaleiros Templários contra a igreja de Roma.

Vejamos o que nos informa os escritores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln no livro “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”.
“Todavia, durante a Cruzada Albigense surgiram rumores a respeito de um fantástico tesouro místico, muito mais importante que riqueza material. Presume-se que esse tesouro, qualquer que tenha sido, era guardado em Montségur. Quando a fortaleza caiu, nada foi encontrado. Entretanto, ocorreram incidentes extremamente singulares relacionados com o cerco e a capitulação de Montségur”.
Durante o cerco, os atacantes, em número superior a 10 mil, tentaram circundar a montanha e impedir toda saída ou entrada, esperando assim matar os sitiados de fome. Contudo, apesar de sua força numérica, eles não possuíam homens em quantidade suficiente para tornar o bloqueio completamente seguro, pois o seu perímetro no sopé da montanha, ultrapassava mais de 3,2 km e em muitos locais, o íngreme complexo rochoso de Montségur terminava em barrancos abruptos e traiçoeiros, coberto de mato, sendo seus desfiladeiros escondidos impossíveis de serem completamente mapeados.


Monumento à Monteségur



A topografia do terreno era tão perigosa que estava fora de cogitação a utilização dos equipamentos de sitio, tais como as gigantescas catapultas lançadoras de pedras e os imensos “gatos”, os quais não seria de nenhuma valia nas escarpas extremamente difícieis de escalar dos Pirineus.
Além disso, muitas tropas eram locais e simpatizantes dos cátaros, e inúmeras outras eram simplesmente não confiáveis. Em conseqüência, não era difícil passar despercebido através das linhas dos atacantes. Havia muitos vazios, através dos quais homens saíam e entravam e suprimentos atingiam seu destino na fortaleza. Os cátaros aproveitaram esses vazios.

Em janeiro, quase três meses antes da queda da fortaleza, Bertrand Marty prevendo a queda da fortaleza fez dois parfaits segundo uns, três ou quatro segundo outros historiadores escaparam. Segundo relatos confiáveis, eles carregaram consigo a riqueza material dos cátaros – muito ouro, prata e moedas - que protegidos pela escuridão da noite, levaram secretamente a uma caverna fortificada nas montanhas e de lá a um castelo aliado. Depois o tesouro desapareceu e nunca mais se ouviu falar nele.
Nos finais de 1243, Hugo de Arcis percebeu que o prolongado cerco estava minando cada vez mais o seu exército de cruzados, devido à ausência de qualquer avanço, os mesmos estavam ficando desmotivados. Em virtude disso, preparou um grupo de homens proveniente das montanhas da Gasgonha acostumados a palmilhar aquelas montanhas agrestes e, por uma sutil inclinação de centenas de metros, iniciou a escalada, pois não podiam alcançar a fortaleza pelo caminho mais fácil para não alertar seus defensores. A tática funcionou e os homens defensores de Montségur foram pegos desprevenidos.
Em 1º de março, com os catáros defensores de Montségur já completamente extenuados a fortaleza finalmente capitulou, Pedro Roger caminhou para fora do portão da cidade para negociar. A 2 de março de 1244, dez meses depois de as bandeiras com a flor-de-lis e a cruz terem tremulado pela primeira vez nos capinzais abaixo da montanha, Montségur finalmente se rendeu.

Vista da fortaleza de Montségur no alto da escarpada montanha

Seus defensores eram então menos de quatrocentos – 150 a 180 perfects, o restante cavaleiros, valetes e suas famílias. Os termos de rendição propostos eram surpreendentemente tolerantes. Os combatentes receberiam perdão total de todos os crimes precedentes. Receberiam permissão para partir com suas armas, bagagem e alguns presentes, inclusive dinheiro que porventura tivessem recebido de seus empregadores. Aos perfects também foi concebida uma generosidade inesperada: seriam liberados e submetidos a penas leves, com a condição de abjurar suas crenças heréticas e submeter-se a um interrogatório completo a ser efetuado pela inquisição.
Os defensores solicitaram uma trégua de duas semanas, com cessação completa das hostilidades, a fim de considerar os termos propostos. Numa demonstração de generosidade não característica, os atacantes concordaram. Em compensação, os defensores voluntariamente ofereceram reféns, estabelecendo-se que eles seriam executados se alguém tentasse escapar da fortaleza. Seriam os perfects tão comprometidos com suas crenças a ponto de escolher voluntariamente o martírio em lugar da conversão? Ou haveria algo que eles não podiam – ou não se atreviam – confessar à inquisição? Qualquer que seja a resposta, nenhum dos perfects, até onde se sabe, aceitou os termos dos atacantes. Todos escolheram o martírio. Além disso, pelo menos vinte dos outros ocupantes da fortaleza, seis mulheres e cerca de quinze combatentes voluntariamente receberam o Consolamentum e tornaram-se perfects, aceitando assim a morte certa.
A trégua expirou em 15 de março. Na madrugada do dia seguinte, mais de duzentos e vinte perfects foram rudemente arrastados montanha abaixo pelas últimas nesgas de neve existente naquela relva marrom do inverno. Nenhum deles cometeu perjúrio.

Como não houvesse tempo para que se levantassem estacas individuais, eles foram trancados em uma grande cerca de toros de madeira no pé da montanha e, a um sinal do arcebispo, seus homens jogavam archotes incandescentes dentro do cercado, em poucos minutos o crepitar das chamas tinha se tornado em um rugido e uma nuvem negra daquela fumaça iniciou a sua subida lentamente ao céu carregando aquele cheiro da carne humana queimada proveniente da falta de humanidade dos homens em relação a DEUS.

Os remanescentes da milícia, confinados no castelo, eram forçados a tudo assistir, sendo prevenidos de que se algum deles procurasse escapar seria morto, assim como os reféns. Apesar do risco, contudo, a milícia concordou em esconder quatro perfects.
Conta-se que na noite que precedeu a rendição de Montségur, esses quatro homens “perfects” (perfeitos), acompanhados de um guia, procederam à ousada fuga – de novo com o conhecimento e a cumplicidade da milícia.

Desceram a escarpada face oeste da montanha, baixados em corda de mais de uma centena de metros cada uma, e seguiram pela vereda de Saint Barthelémy rumo ao castelo de Usson, em Ariege na direção de Montreal de Sos.
Que estariam esses homens fazendo? Qual seria o propósito de sua perigosa escapada que implicava tamanho risco tanto para a milícia quanto para os reféns?

No dia seguinte eles poderiam ter saído da fortaleza, livres para recomeçarem suas vidas. Por alguma razão desconhecida, no entanto, embarcaram em uma perigosa fuga noturna que poderia facilmente tê-los levado à morte.

Segundo a tradição, esses quatro homens carregavam consigo o legendário tesouro cátaro. Mas um tesouro já havia sido contrabandeado de Montségur três meses antes. E, de qualquer forma, quanto tesouro – ouro, prata ou moeda – poderiam três ou quadro homens carregar nas costas, pendurados em cordas, montanha abaixo?

Se os quatros fugitivos estavam realmente carregando alguma coisa, seria algo diferente de riqueza material.

Aguardem a continuação no próximo capítulo.

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