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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O SANTO GRAAL XXXI - A FORTALEZA DE MONTSÉGUR (3)

Anteriormente falamos sobre a conquista da fortaleza de Montségur, sua rendição,
o massacre através da queima de mais de duzentos e vinte “perfects”
que não renunciaram suas convicções e do contrabandeamento do tesouro cátaro
ainda existente da fortaleza.
Nesse artigo tecemos considerações sobre o referido tesouro
e o final da era cátara com a queima do seu último “perfects”, lá pelos anos de 1321.
O tema, até nos tempos atuais, é motivo de polêmicos debates e centenas de livros escritos.



A Fortaleza de Montségur (Terceira Parte – Final)


Depois de Usson, perde-se a pista do precioso tesouro carregado, segundo alguns pesquisadores, ele teria sido levado para o reino de Aragão, ou para o norte de Huesca, ou, mais provavelmente, para San Juan de La Penã.
Que poderiam estar carregando? Acessórios da crença cátara, talvez, livros, manuscritos, ensinamentos secretos, relíquias, objetos religiosos de alguma espécie; talvez algo que, por uma ou outra razão, não podiam cair em mãos hostis. Isto poderia explicar uma fuga que implicasse tal risco para todos.
Se alguma coisa tão preciosa tivesse que ser mantida fora do alcance de mãos hostis, por que não haviam sido contrabandeados três meses antes, junto com o tesouro material?
Por que foi retida na fortaleza até o último e perigoso momento?
A data precisa da trégua nos permitiu deduzir uma resposta possível a estas perguntas.
Ela foi pedida pelos defensores da fortaleza, que ofereceram reféns a fim de obtê-la.
Por alguma razão, os defensores parecem ter considerado isso necessário – ainda que, dessa forma, só conseguissem retardar o inevitável desenlace por duas semanas.
Quando a trégua acabou e os defensores desceram marchando da fortaleza, a tradição informa que os cruzados vencedores providenciaram para que o caminho deles fosse iluminado pelas chamas que se erguiam de uma enorme pira funerária onde 220 perfectae (mulheres) e perfects (homens) eram queimados vivos.
Apesar da brutalidade, só se sabe de três perfects que se retrataram durante a cruzada e a prolongada era de repressão que se seguiu sob o comando da inquisição.
A natureza das crenças cátaras era tal que a vasta maioria de perfects e perfectae estava disposta a morrer por ela.
Concluímos que tal demora talvez fosse necessária para ganhar tempo.
Não um tempo qualquer, mas aquele tempo necessário e específico.
Ele coincidiu com o equinócio – e o equinócio pode bem ter significado uma condição ritual para os cátaros. Também coincidiu com a Páscoa.
Sabe-se que um certo festival acontecia em 14 de março; véspera da expiração do prazo?
Existe pouca duvida de que a trégua foi solicitada de modo a que o festival pudesse acontecer, e de que este não poderia ser realizado em uma data escolhida ao acaso.
Qualquer que tenha sido o festival, ele certamente causou forte impressão aos mercenários contratados; alguns deles se converteram à crença cátara, desafiando assim a morte inevitável. Poderia este fato conter a chave, pelo menos parcial, para se descobrir o que era a coisa contrabandeada de Montségur duas noites mais tarde?
Essa coisa teria sido necessária para o festival do dia 14?
Seria ela instrumental na persuasão de pelo menos vinte dos defensores, os quais se tornaram perfects no último momento?
Poderia ter assegurado a cumplicidade subseqüente da milícia, mesmo com risco de vidas?
Se a resposta a todas estas questões é sim. Isto explicaria por que ela foi removida no dia 16 e não antes – em janeiro, por exemplo, quando o tesouro monetário foi transportado para lugar seguro.

Castelo cátaro de Peyrepertuse



Existe uma outra lenda que comumente é contada com referência ao cerco que antecedeu a queda da fortaleza de Montségur, ela nos diz:
A fortaleza estava sob o comando de uma das mulheres mais formosa dentre as perfects, a legendária condessa Esclamonde de Foie. Esta mulher faleceu antes da tomada total de Montségur, no entanto nunca ninguém acreditou em sua morte definitiva tal era a admiração que lhe professava seus seguidores, convencidos de que a mesma permaneceria dormindo nas cavernas subterrâneas da montanha para renascer quando necessário.
Um parente da condessa (a que logo se identificou como a donzela do Graal) chamado de Roger de Mirepoix, no meio de uma batalha começou a vestir uma armadura de uma brancura extraordinária.
Logo que saiu da fortaleza e apareceu perante seus inimigos brandindo uma magnífica espada com empunhadura de ouro, os soldados recuaram descendo montanha abaixo, temendo que se apresentavam ante a eles os impecáveis cavaleiros guardiões do Graal.
Mas, prevendo a derrota eminente, os catáros ocultaram o Santo Graal num dos numerosos subterrâneos, ou emparedaram-no em uma das várias muralhas da fortaleza onde estaria até hoje.
Os catáros refugiavam-se nos castelos situados ao sul de Corbières, onde estão os mais espetaculares castelos medievais.
O castelo de Peyrepertuse é um dos mais remotos e de mais difícil acesso até hoje. Uma verdadeira cidadela longa e estreita de pedras, cortada por uma montanha de mais de 609m de altura.
Uma parte curiosa da cultura Cátara era a cautela na construção de seus castelos e abadias em cima de precipícios e inacessíveis colinas, as mais elevadas possíveis, razão pela qual, na atualidade, os tornam muito atrativos por abarcar uma vista perfeita sobre o horizonte servindo como ponto para a observação de paisagens impressionantes.
Os remanescentes dos cátaros que conseguiram fugir, refugiaram-se na Catalunha e na Itália ou foram simplesmente dizimados quando da queda da fortaleza de Queribus, situada em Aude na França, último ponto de sua resistência em 1255.
Por mais incrível que pareça durante os 30 anos de guerra brutal e intermitente no Languedoc, as duas Ordens de monges guerreiros que valentemente haviam lutado contra os serracenos no Oriente Médio, não tiveram nenhuma participação na cruzada contra os cátaros, embora não tenhamos registro de críticas papais às ordens dos Cavaleiros Templários e Hospitalários, as justificativas que elas apresentaram foram as seguintes:






Fortaleza cátara de Quéribus em Aude, na França




A área do Languedoc-Roussillon era a terra da qual quase 30 por cento das propriedades pertenciam aos Templários na Europa e também abrigavam muitas e extensas propriedades da Ordem rival dos Cavaleiros Hospitalários.
Disseram que muitas das doações de terras naquela região os proibiam especificamente de usar tais bases para qualquer atividade guerreira.
Também afirmaram que a vasta maioria de seus bens era puramente comercial, com pouco pessoal, sem guarnições militares e, portanto completamente inúteis como bases ou bastiões defensivos em tempo de guerra.
Levando-se em conta a intensa rivalidade que durou a vida toda entre eles, essa unânime justificação para sua atitude pacifica é estranha, para dizer o mínimo.
No auge da cruzada, está bem registrado que os Templários deram ajuda a cavaleiros que defenderam ativamente os cátaros contra os cruzados.
Os Templários não só deram abrigo a fugitivos cátaros, mas até mesmo permitiram que seus corpos fossem enterrados em terra consagrada.
Os registros também revelam que alguns desses locais de enterro foram mais tarde violados por ordens da Inquisição, com os corpos exumados sendo julgados, condenados e queimados por heresia.
Contudo, apesar do apoio clandestino ou da tolerância exercida pelos Templários em favor dos cátaros, a guerra de atrito de 30 anos finalmente chegou à sua sangrenta conclusão em Montségur.
Mas nem a Inquisição pode extinguir completamente a fé cátara.
Embora muitos perfects fossem queimados vivos e inúmeros membros dos crentes caçados pela Inquisição no período de 60 anos de perseguição que se seguiu, alguns fugiram para o exílio e outros aprenderam as artes da dispersão e do disfarce.
A religião cátara como entidade visível desapareceu completamente no século XIV.
Muitos cátaros se juntaram aos Templários nos anos finais da cruzada e após a queda de Montségur, muitos fugiram para a Toscana, onde foram assimilados na tolerante sociedade local. Seus descendentes bem podem ter dado refúgio aos Templários que fugiram após a supressão final dessa Ordem.
Alguns cátaros do Languedoc viajaram para as terras de St. Clair, perto de Roslin, na Escócia, e lá estabeleceram uma industria de fabricação de papel.
Os cátaros que fugiram para a Lombardia e Roslin buscavam a proteção das famílias de linhagem que se havia originado com Jesus e os sacerdotes do Templo de Jerusalém.



Megalito dedicado às vitimas Cátaras

Minerve – França


A história nos informa que o último cátaro “perfects” da região de Languedoc, foi talvez Guilherme Bélibaste, o mesmo era um pecador e não um santo, assassino e adúltero, no entanto provou ser um pastor gentil para os seus poucos seguidores existentes naquela época, era descendente de uma clã de proprietários de terra nos Corbières situado sobre o vale do rio Aude.
Foi preso graças a denuncia de um caçador de recompensas, seu julgamento do qual não existe nenhum registro foi efetuado no outono de 1321, o ex-pastor de ovelhas de cabeça quente, agora transformado em um rústico pregador, adentrou caminhando o pátio do Castelo de Villeronge-Termenès, uma vila no árido coração dos Corbières. Ele subiu em uma pilha de palhas, contendo pedaços de videiras e toras de madeiras, foi amarrado a uma estaca. Um facho chamejante foi inclinado para a sua base e o fogo se alastrou. Morria assim o último perfects herético de Languedoc.
O castelo existe até hoje e não foi muito modificado desde o tempo dos catáros. A vila pitoresca promove um disputado em um fim de semana no estilo medieval durante todo o mês de julho, no qual o velho e pobre Bélibaste na figura de um boneco é queimado tal qual as representações de Judas cuja figura retratada em um boneco de trapos, é malhado e queimado durante os festejos da Páscoa.
A cruzada cátara ou Albigense, durou mais de 60 anos, e foi de uma natureza extremamente brutal e genocida só igualada no Holocausto contra os Judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Deixamos aos nossos amigos, encontrar a resposta correta ou possível dentre ao emaranhado de dados, hipóteses e lendas em torno de tão palpitante assunto, principalmente sobre o real papel da Igreja.

No próximo artigo iremos abordar a Teoria de Otto Rahn com referência ao “Santo Graal”.

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