No contexto da religião católico-cristã, diante de um ser de natureza ambígua, meio humano, meio animal, surgia complexa questão de definir:
1. se tais seres possuem uma alma;
2. se esta alma poderia, de algum modo, alcançar a salvação em Cristo.
Esse problema aparece na lenda irlandesa de Liban, datada do século VI [anos 500 d.C.] mas somente registrada por escrito no século XVII [anos 1600].
Liban era uma jovem humana que sobreviveu a uma enchente. Era filha de Eochaid, rei Firbolg e da rainha Etain.
Um dia, um poço sagrado transbordou e esta foi a causa da enchente. A moça foi arrastada pelas águas junto com com seu cão de estimação. Eles não foram engolidos pelas águas. A princesa encontrou abrigo em uma pequena gruta junto ao mar.
Ali, rezou para a deusa Dana, a Mãe de Todos. Pediu para ser transformada em um salmão para que pudesse ser nadar, ser livre como os peixes que ela via perto de seu abrigo.
A deusa atendeu o pedido e Liban foi transformada; porém, não completamente.
Metade dela permaneceu com aparência humana da cintura para cima e foi dotada com uma cauda de peixe no lugar das pernas.
Seu cãozinho foi transformado em um leão marinho.
Ela viveu 300 anos nos mares da Terra até que foi capturada.
Um padre, chamado Beoc, à bordo de navio com destino a Roma, ouviu o canto da sereia, deteve a embarcação e convenceu a criatura a seguir com ele.
Em civilização, Liban converteu-se ao Cristianismo e foi batizada. Durante mais 300 anos ela ainda viveu na Terra e quando morreu, tinha uma alma que foi direto para o Paraíso.
No mundo, tornou-se uma figura reverenciada como virgem santa sob o nome de Murgelt [or Murgen, sea-born, sereia].
Mas Liban tinha nascido humana e, assim, foi considerado que tinha, certamente, uma alma humana.
Resta saber se sereias nascidas sereias também têm alma humana. Esse ponto do debate conduz a um segundo tipo de estória na qual a sereia apaixona-se por um homem.
Nesse caso, ou ela arrasta o homem para o fundo das águas ou busca um meio mágico para viver como uma mulher.
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