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quarta-feira, 31 de março de 2010

Celtiberos

Botorrita: Placa de bronze com inscrição antiga.(foto)
Os celtiberos são o povo que resultou, segundo alguns autores, da fusão das culturas do povo celta e do povo ibero, nativo da península Ibérica. Habitavam a Península Ibérica, nas regiões montanhosas onde nascem os rios Douro, Tejo e Guadiana, desde o século VI a.C.. Não há, contudo, unanimidade quanto à origem destes povos entre os historiadores. Para outros autores, tratar-se-ia de um povo celta que adaptou costumes e tradições iberas. Estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos, embora cada uma destas fosse autónoma, numa espécie de federação. Esta organização social e a sua natural belicosidade, permitiram a estes povos resistir tenazmente aos invasores Romanos até cerca de 133 a.C., com a Queda de Numância.
Cempsii
Dizem Octávio da Veiga Ferreira e Seomara Bastos da Veiga Ferreira, em A Vida dos Lusitanos no Tempo de Viriato:
-"Assim, no antigo Algarve ou Cyneticum, habitavam, fazendo parte dos cynetes, a tribo dos Cempsii e, por isso, mais tarde, Avieno chama ao atual cabo Espichel lugum cempsicum." Segundo estes historiadores, os cempsii viveram em pleno “Cuneum Ager”, seriam assim uma variante étnica dos cónios, talvez com fortes influências lígures ou célticas?
Hipóteses que permanecem em aberto, na falta de qualquer indício significativo que permita elucidar melhor esta questão da relação entre Cempsii e Cónios.

Cónios


Mapa das principais tribos pré-Romanas em Portugal e suas migrações. Turduli a vermelho, Celtici castanho e Lusitani em azul. Os Conii encontram-se no sul.

Os cónios (do latim, Conii), também denominados cinetes, foram os habitantes das actuais regiões do Algarve e Baixo Alentejo, no sul de Portugal, em data anterior ao séc. VIII a.C., até serem integrados na Província Romana da Lusitânia. Inicialmente foram aliados dos Romanos quando estes últimos pretendiam dominar a Península Ibérica.


Origem
A origem étnica dos cónios permanece uma incógnita. Para os defensores das teorias linguísticas actualmente aceites, a origem comum na Anatólia ou no Cáucaso das línguas europeias e indianas: ou seja, línguas indo-europeias, os cónios teriam origem celta, proto-celta, ou pré-céltica ibérica.
Essas teorias, relativamente recentes, foram aceites com facilidade, em grande parte por aqueles que rejeitavam qualquer ligação dos europeus a África.
Antes da teoria da origem caucasiana, muitos europeus julgavam-se descendentes de Jafé, conforme escrito na Bíblia, no livro de Génesis 10:5. Cronistas da antiguidade greco-romana enumeram mais de 40 tribos ibéricas, entre elas a tribo cónia, como sendo descendentes de Jafé, pai dos europeus.[1]


História
Os cónios aparecem pela primeira vez na história pela mão do historiador grego Herodoto no séc. V a.c., e mais tarde referidos por Rufo Avieno, na sua obra Ode Maritima, como vizinhos dos cempsios ao sul do do rio Tejo e dos sefes a norte.
Antes do sec. VIII a.C., a zona de influência cónia, segundo estudo de caracterização paleoetnológico da região[2], abrangeria muito para além do sul de Portugal. Com efeito, o referido estudo baseando-se em textos da antiguidade grego-romana bem como na toponimia de Coimbra del Barranco, em Murcia, Espanha, e de Conimbriga, propõe que os cónios ocuparam uma região desde o centro de Portugal até ao Algarve e todo o sul de Espanha até Murcia. Em abono desta tese podemos acrescentar o Alto de Conio, e o pico de Conio no municipio de Ronda, na região autónoma da Andaluzia.
Segundo Schulten, que considera os cónios uma das tribos ligures e afirmou que «Os Ligures são o povo original da Peninsula», os cónios também teriam marcado presença, não só em Portugal como em Espanha e na Europa, onde os ligures se fixaram. Confirmando esta teoria temos os seguintes topónimos:
No norte de Espanha, encontramos no desfiladeiro, a passagem Puerto de Conio ou alto de Conio na região autónoma das Astúrias, onde terão habitado a tribo dos coniscos, descendentes dos construtores do dolmen de Pradías, de época neolítica, para muitos relacionada com os cónios. Nesta região terá existido uma cidade, atualmente desconhecida, incluída num dos Caminhos de Santiago; Asseconia. Também, estudos genéticos indicam que os bascos são o povo mais antigo da península e poderão estar relacionados com os cónios através da tribo dos vascones.
Na França, os ligures também teriam sido "empurrados" para as regiões montanhosas. Mas, em vez da Ronda espanhola ocuparam a região do Ródano-Alpes. O testemunho da presença ligure poderá ser a tribo iconii, conhecidos pelas tribos vizinhas como os Oingt, originando a localidade de Oingt (Iconium em latim) e a região de Oisans.
No norte de Itália, junto ao Ródano italiano a marca da presença ligure dos cónios, para além da Ligúria também nos aparece, um pouco mais a norte, não só nas comunas Coniolo e Cónio, como na provincia com o mesmo nome, na província de Cónio, da região de Piemonte.
Para outros investigadores[3] que terão ido mais longe, os povos “Ibéricos” além de possuírem a Península Ibérica, França, Itália e as Ilhas Britânicas, penetram na península dos Balcãs, e ocuparam uma parte de África, Córsega e norte da Sardenha. Actualmente, e à luz de recentes estudos genéticos, aceita-se que uma raça com características razoavelmente uniformes ocupou o sul de França (ou pelo menos a Aquitânia), toda a península Ibérica e uma parte de África do norte e da Córsega. Os topónimos a seguir enumerados também atestam estes dados:
Nas Ilhas Britânicas o assentamento fortificado romano Viroconium, atribuido á tribo cornovii, proveniente da Cornualha. Provavelmente, utilizados pelos romanos como tribo tampão contra os ataques escoceses e incursões irlandesas.
Muitos autores concordam que a lingua cónia teria um substrato muito antigo relacionado com Osco, Latim e Ilirico.
No Chipre encontramos uma localidade com o topónimo Konia
Nos Balcãs encontramos a tribo dos trácios cicones que poderão estar relacionados com os cónios e com os povos que invadiram a anatólia, no sec. XII a. C. e posteriormente fundaram as cidades de Conni, na Frígia e de Iconium[4], na Anatólia.


Escrita
No Baixo Alentejo e Algarve foram descobertos vários vestígios arqueológicos que testemunham a existência de uma civilização detentora de escrita, adotada antes da chegada dos fenícios,[5] e que se teria desenvolvido entre o século VIII e o V a.C. A escrita que está presente nas lápides sepulcrais desta civilização e nas moedas de Salatia (Alcácer do Sal) e é datável na Primeira idade do Ferro, surgindo no sul de Portugal e estendendo-se até à zona de fronteira.[6]
As estelas mais antigas recuam até ao século VII a.C. e as mais recentes pertencem ao século IV. O período áureo desta civilização coincidiu com o florescimento do reino de Tartessos, algo a que não deverá ser alheio a intensa relação comercial e cultural existente entre os dois povos e que se julgava ser distinta da dos cónios. Daí a razão para que a denominação desta escrita comum não ser nem tartessica nem cónia mas antes escrita do sudoeste, referindo a região dos achados epigráficos e não á cultura dos povos que as gravaram.
Não é consensual a designação da primeira escrita na península ibérica. Para muitos historiadores é a escrita do sudoeste (SO) ou sud-lusitana. Já os linguistas, utilizam as designações de escrita tartéssica ou turdetana. Outros concordam com a designação de escrita cónia, por não estar limitada geograficamente, mas relacionada com o povo e a cultura que criou essa escrita. E, segundo Leite de Vascocelos com os nomes konii e Konni [2], que aparecem inscritos em várias estelas.
A posição destes estudiosos deve-se á concordância das teorias-hipóteses históricas e modelos linguísticos atualmente aceitos nos meios científicos. Estas posições baseiam-se em evidências linguísticas. Só que até á data não foram encontrados dados arqueológicos evidentes, daí que investigadores duvidem da existência dos cónios, [3] outros negam a existência de celtas na península apesar das fontes antigas e das evidencias arqueológicas[7].


Cidade Principal



(foto) Mapa antigo do Golfo de Cádis, Bética. A localização provável de Conistorgis é a norte de Ossonoba (atual cidade de Faro).
A cidade principal do país dos cónios era Conistorgis, que em língua cónia, significaria "Cidade Real",[8] de acordo com Estrabão, que considerava a região celta. Foi destruída pelos lusitanos, por terem se aliado aos romanos durante a conquista romana da Península Ibérica. A localização exata desta cidade ainda não foi descoberta. No entanto, em Beja,[9] existem vestígios do que poderá ter sido uma grande cidade pré-roma. São muitos os autores[10] que admitem a possibilidade de Beja ter sido fundada sobre as ruínas da famosa Conistorgis.


Religião
Aparentemente, antes da chegada dos romanos, os cónios eram monoteístas. O deus dos Cónios era Elohim, segundo uma estela que se encontra presentemente no Museu de Évora.
O Sudoeste na Idade do Ferro, desde o séc. VI a.C., apresenta um complexo de influências religiosas tartéssicas, gaditanas (bastante helenizadas) e célticas ou pré-celticas, correspondente a uma zona de grandes interacções culturais e movimentos de populações.


Notas
[1]Cronografo, 354 d.C. Líber generationis mundi I;82-83 d) THA-IIB; p.877
[2]Dr. Manuel Maria da Fonseca Andrade Maia (Dissertação de Doutoramento em Pré-História e Arqueologia [1], Faculdade de Letras de Lisboa, 1987)
[3]Arbois de Jubainville, (Les Premiers habitants de l'Europe, Paris, 1877)
[4]Dictionnaire de géographie ancienne © 2002
[5] IREA - Escritura en el so de la Peninsula Ibérica
[6]Moedas de Salatia
[7]Bosch Gimpera, Almagro Basch, e-keltoi-vol-6
[8]"No país Celta, Conistorgis é a cidade mais conhecida" (Estrabão, III, 2,2).
[9]A cidade romana de Beja,2003, Maria Conceição Lopes, Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras
[10]Ensaio Monografico de Beja, 1973, Manuel Joaquim Delgado e Beja XX Séculos de História de Uma Cidade,


Referências
.Mattoso, José (dir.), História de Portugal. Primeiro Volume: Antes de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1992. (em Português )
.Berrocal-Rangel, Luis (2005). "The Celts of the Southwestern Iberian Peninsula". e-Keltoi: Journal of Interdisciplinary Celtic Studies 6: 481-96.
.Júdice Gamito, Teresa (2005). "The Celts in Portugal". e-Keltoi: Journal of Interdisciplinary Celtic Studies 6: 571-605.
.Estrabão, Geographia, III, 2, 2.
.Muñoz, Mauricio Pasto: Viriato, A Luta pela Liberdade, Ésquilo, 2003 (third edition; ISBN 9728605234).



Coniscos

Os Coniscos (Caristes ou Conisci) são uma das tribos galegas que ocuparam a zona atual da Biscaia e Alava, alguns admitem ser uma das tribos que originaram os atuais Bascos. Julga-se que esta tribo é originária do sul de Portugal descendente dos cónios.



Cântabros


Cantábria romana durante o período das Guerras Cantábricas. (foto)
O povo cântabro (em latim, cantăber) foi um antigo povo pré-romano que habitava o norte da península Ibérica, na atual Espanha, numa zona mais extensa que a atual comunidade de Cantábria, cuja capital se encontrava em Amaya, atualmente na província de Burgos.

BASTETANOS

Os Bastetanos ou Bástulos foram um povo ibero, antigos habitantes de Bastia, a atual localidade de Baza (Granada, Espanha). Habitavam um território que ocupava o sudeste da Península Ibérica, que hoje em dia pertence às províncias de Granada, Albacete, Jaén, Almeria e Múrcia. Os seus domínios ocupavam de Baria, atual Villaricos, (Almeria) até Bailo (Cádis), compreendendo fábrica de moedas tão importantes quanto Abdera, Sexi, Malaca ou Carteia.
Tem-se atribuído erroneamente à população de Baeza (província de Jaén) a origem do nome "Bastitânia". Porém, a antiga Baza, capital da Bastitânia, encontrava-se a uns cinco quilômetros da atual Baza. Consta de duas necrópoles e uma cidade murada que alberga os núcleos ibérico e romano. Foram um povo semitizado, assimilado por Estrabo aos bástulos, embora fossem diferenciados por Plínio e Ptolomeu entre bastetanos no interior e bástulos na costa. Estrabo afirma que eram da zona de Alicante ou um pouco mais para o interior. Entre ambos os povos ocuparam a costa e parte do interior do sudeste ibérico. Há sítios arqueológicos significativos como o cerro dos Infantes.

Economia
A Bastetânia era mais conhecida com a mineração, centrando-se em Carthago Nova e o seu comércio de metais, esparto e garum. As minas de Cartagena foram exploradas por todos os que se assentaram ali. O esparto era cultivado nas cercanias da cidade, começar-se-á a comercializar com os cartagineses. O terceiro alimento era o garum e a salgação, de tradição mediterrânea e grande comercialização.

Arte
A Dama de Baza, uma das esculturas mais importantes da arte ibérica, que se encontra atualmente no Museu Arqueológico Nacional de Madrid, foi encontrada no cerro dos Três Pagos.
A Dama de Baza é uma figura feita em pedra caliza policromada, do século IV a.C..
Foi encontrada em 22 de julho de 1971 pelo arqueólogo Francisco José Presedo Velo no Cerro do Santuário, necrópole da antiga Basti (Baza), na província de Granada, na Espanha.
Estava dentro de uma câmara funerária de 2,60 metros quadrados e 1,80 metro de profundidade, onde havia também uma ánfora púnica que se comunicava com a superfície por meio de um funil, através do qual seguramente se faziam oferendas líquidas desde o exterior.
Isto indica que se professava culto à pessoa ali enterrada.




Bibliografia
.ALMAGRO GORBEA, M.: 1982b.- Tumbas de cámara y cajas funerarias ibéricas. Su interpretación sociocultural y la delimitación del área cultural ibérica de los bastetanos. Homenaje a Conchita Fernández Chicarro, Madrid, pp. 249–257.
.GARCÍA ALONSO, J.L. La Península Ibérica en la Geografía de Claudio Ptolomeo. Universidad del País Vasco, 2004.
.GARCÍA MORENO, Luis A. Mastienos y Bastetanos: un problema de la etnología hispana prerromana. 1990.

quarta-feira, 24 de março de 2010

ARGANTONIO - ARTE IBERA - ASTURES

Argantonio

Argantonio (?, H. 670 aC -?, H. 550 aC) foi o último rei dos Tartessos, único que se têm referências históricas. Devido à sua longevidade, há historiadores que pensam que não poderia ser um rei, mas sim uma dinastia ja que tesouros lhe foram atribuídos cerca de 300 anos depois. Aparece em fontes gregas por suas relações comerciais e militares com Foce (colônia dos gregos na Ásia Menor).
Seu reinado representa o apogeu da cultura de Tartessos. ( Homem de prata ), que revela sua origen indoeuropeia, aparece nas fontes gregas ligado a riqueza mineral do seu reino (bronze e prata), com a qual ele ajudou a financiar a defesa de Foce ( cidade grega da Ásia Menor) contra a ameaça persa. . Se afirma que enviou até 1500 kilos de prata a seus aliados.. No entanto, ele não conseguiu estabelecer colônias focenses no seu reino, que tentou enfraquecer talvez a tutela comercial dos fenícios de Gadir (Cádiz), ou talvez para sair do comércio de metais, interrompido pela pressão assíria sobre cidades Fenicia
Alguns dão-lhe um reinado de 80 anos (a partir de 630 aC a 550 aC) e uma vida de 120, como Heródoto, alcançar outros 150 Plínio. Inclusive alguns aventuram a dar lhe a inédita idade de 3 séculos. Obviamente, este é um exagero, mas confirma a ideia da longevidade que gozava seu longo reinado.
Provavelmente Argantonio morre uma morte natural, pois não existem registros históricos sobre a sua morte. Depois da batalha naval de Alali (535 aC), que etruscos e cartagineses aliados contra os gregos, Cartago se torna senhor indiscutível do Mediterrâneo Ocidental. Cortando a rota que havia para a Iberia, cessa o comércio entre focenses e os Tartessos, que lentamente foi relegado ao esquecimento.



Arte Ibera





A arte ibera é o estilo artístico próprio do povo ibero. As melhores manifestações são escultóricas, realizadas em pedra e bronze; os vestígios conservados em madeira e barro cozido, por ser materiais perecíveis, são escassos.




Área de influência
A área de expansão da escultura ibérica não é muito ampla, embora sim muito diversificada, o que favoreceu uma grande variedade regional propiciada, em boa medida, pelas riquezas naturais e os traços culturais de cada zona. As suas manifestações centram-se em três áreas: Andaluzia, o centro da península e a zona do Levante.


Andaluzia

Leão de Bujalance, século V a.C. (foto)
A área andaluza, de Huelva e Granada, é de uma grande complexidade pela influência cultural povos colonizadores orientais que se instalaram nela antes (Fenícios, Gregos, etc.) e pela tradição deixada pelos Tartésios. A proliferação de vestígios arquitetônicos e escultóricos, bem como amostras de ourivesaria e cerâmica são os traços mais distintivos desta região. Junto a esta corrente oriental aprecia-se em Andaluzia outra de origem helênica, que se introduz desde as costas alicantinas para sul, presente no Conjunto de Cerrillo Blanco de Porcuna, o Santuário Heroico do Cerro del Pajarillo (Huelma) e no Sítio de Osuna (do século III a.C.).


Interior
No interior, concretamente na parte ocidental de La Mancha, destaca-se a importante cidade (oppidum) de Alarcos junto ao rio Guadiana e com importantes vestígios de ruas empedradas, ex-votos e figuras de bronze. As ruínas da cidade ibera (logo romana e visigótica) de Oretum, capital da antiga Oretânia a ambos os lados de Despeñaperros apenas estão escavadas. Os vestígios são escassos nesta zona: cerâmicas, figuras de bronze e ex-votos nos Santuários de Despeñaperros e Castellar de Santiesteban, Nesta zona ocidental os vestígios cerâmicos parecem aparentá-la com a Andaluzia.
Não ocorre o mesmo com La Mancha oriental e as estribações da Serrania de Cuenca, onde se palpa a influência do estilo artístico ibero-levantino, sobretudo a cerâmica. A zona central e meridional da província de Cuenca constitui o limite setentrional do mundo ibero que liga com os celtiberos da serra. Aqui destacam-se numerosas jazidas na Manchuela de Cuenca como Barchín del Hoyo e, sobretudo, o oppidum de Ikalesken (atual Iniesta) que conserva o único mosaico da arte ibera e um dos mais antigos do mediterrâneo. Este mosaico tem a particularidade de representar a fusão das cultura ibera, grega e fenícia. A cultura ibera é representada pelo lobo, animal sagrado; a grega por Pégaso e a fenícia pela representação da deusa Astarté, no meio da composição. O mosaico, do século VI a.C. aproximadamente, é muito arcaico na sua realização mas pelo interesse artístico e a antiguidade que tem vale a pena ser considerado como um dos emblemas da arte ibérica.

Albacete
Os territórios da atual província de Albacete são especialmente pródigos enquanto a achados de amostras diversas de arte ibérica, especialmente escultura, apesar do pouco estudada que está grande parte da zona. Muito sucintamente, podem-se mencionar a grande quantidade de esculturas achadas no importante centro de culto do Cerro de los Santos -especialmente a Grã Dama Oferente- e no Llano de la Consolación. Como peças únicas destacam-se a Bicha de Balazote, a Dama de Caudete, a Esfinge de Haches, a Cerva de Caudete, o Sepulcro de Pozo Moro ou a Esfinge de El Salobral. Em ourivesaria destaca-se o chamado Tesouro de Abengibre, conjunto de louça de prata com inscrições iberas.
A existência de grandes oppida na província ainda sem estudar, talvez aumente sensivelmente o número de vestígios de arte ibérica. Embora esta zona sempre seja qualificada como de passagem ou de extensão de influências ibéricas levantinas ou andaluzas, é possível que o fluxo de extensão fosse, mais bem, em senso inverso e seja esta uma zona nuclear.

Levante

Leão de Coy (foto)
No levante valenciano, na antiga Edetânia, as manifestações ibéricas mostram grandes vinculações, não somente com a velhas tradições dos primeiros povoadores do Bronze e do Ferro, como por exemplo na incineração como sistema de enterramento, se não também com as correntes orientais achegadas pelos colonizadores gregos, dos quais recolhem características próprias do período arcaico grego, tratam os mesmos temas - esfinges, grifos -, e utilizam decoração geométrica na cerâmica, com fundos amarelentos ou ligeiramente avermelhados.
Esta corrente levantina transmites-e para zonas isoladas do vale do Ebro, onde se mistura com os substratos célticos e posteriormente romanos.


Escultura

Grã Dama Oferente (Museu Arqueológico Nacional de Espanha). (foto)
A atividade melhor conhecida da arte ibérica é a escultura figurativa, com pequenas estatuetas de bronze, utilizadas como oferendas ou ex-votos, e estátuas de pedra de maior tamanho. Os sítios arqueológicos mais importantes são os santuários do Cerro de los Santos e o de Llanos de la Consolación, em Albacete; o santuário do Collado de los Jardines, em Despeñaperros (Jaén), em Coy e o do Cigarralejo em Múrcia.
Entre as esculturas realizadas em pedra, classificáveis segundo a sua finalidade funerária ou religiosa, encontra-se a Dama de Baza e a Dama de Elce (Museu Arqueológico Nacional da Espanha, em Madrid), que apresentam uma rica decoração e que serviram de urna funerária. Posterior às anteriores, e com finalidade religiosa, é a Grã Dama Oferente (do século III a.C.), procedente do Cerro de los Santos em Montealegre del Castillo (Albacete), em cuja longa vestimenta de profundos e geométricas pregas, e no frontalismo da sua estrutura, apreciam-se as influências arcaicas da plástica grega.
Desta mesma época é o Leão de Coy e a Bicha de Balazote (Museu Arqueológico Nacional de Madrid), achada na localidade albacetenha que lhe dá nome e relacionada aos touros antropocéfalos mesopotâmicos e seres de aspecto feroz do mundo hitita.
Na ourivesaria, destaca-se o Tesouro de Jávea formado por peças de ouro e prata de delicado trabalho de influxo grego.

Bibliografia
García y Bellido, A., 1982. Arte Ibérico, Historia de España I. España Primitiva. Espasa Calpe, Madrid, p. 373-675.
González Navarrete, J.A., 1987: Escultura Ibérica del Cerrillo Blanco. Porcuna. Jaén.
Olmos Romera, R., 1992: La sociedad ibérica a través de la imagen, Madrid.
Notas e referências
Este artigo foi inicialmente traduzido a partir do artigo da Wikipédia em espanhol cujo título é Arte ibérico, especificamente a partir desta versão.




Astures
Os Astures eram um povo da Antiguidade que habitava o Norte da Península Ibérica. A filiação linguística permanece ainda na dúvida, embora se verifique a presença de termos relacionados com o grupo céltico indoeuropeu.
O seu território compreendia aproximadamente as actuais províncias de Astúrias, Leão, Lugo e Orense orientais e norte de Zamora. Considera-se que a origem e formação desta cultura está radicada, entre outros aspectos, na mistura de um povo autóctone - de origem desconhecida - com a chegada de um grupo populacional da zona centro-europeia. Não obstante, a etnicidade deste grupo de comunidades permanece dúbio, sendo que a maioria dos investigadores contemporâneos tendem a considerar que a denominação "Astures" se tratasse meramente de um convencionalismo empregue pelos romanos aquando da sua chegada ao noroeste peninsular, durante o século I a.C..
Será, portanto, mais preciso cingir-se o estudo a grupos de comunidades locais, organizados ao longo de vales e unidades territoriais menores, conforme se confirmam nas singularidades presentes nas decorações cerâmicas da Idade do Ferro, que denotam particularidades comarcais.

Etimologia
É provável que o etnónimo Astures, Estures ou Stures, designasse, ao início, um dos muitos povos que, por afinidade cultural, constituiram a tribo dos Astures, passando posteriormente - e, por extensão - a usar-se para denominar todo o conjunto de povos, tal como ocorreu entre os Galaicos.
De qualquer forma, não parecem restar dúvidas de que os Astures terão recebido este nome enquanto habitantes das margens do rio Astura (nome romano do actual rio Esla).
Existe também outra hipótese: Astura pode advir do basco asturu (sorte), aztikeria (magia), aztura (costume) e, nesse caso, tornar-se-ia originalmente numa designação dos Bascos para os Celtas, ou para a região que estes ocupavam.

Tribos astures
Escritores romanos, como Plínio o Velho e Mela, e gregos, como Estrabão, falam-nos de dois grupos principais separados pela Cordilheira Cantábrica: os Astures augustanos ou cismontanos, com capital em Asturica (actual Astorga), cujos domínios se estendiam até ao Douro, e os Astures transmontanos, que habitavam entre o rio Sella e o Návia.
Plínio cita 22 povos no conventus Astur e uma população de cerca de 240.000 pessoas; Ptolomeu, por seu lado, fala de 21 cidades e 10 povos:


Transmontanos
.Lugones: existem duas possíveis localizações, uma fronteiriça com os Cantabros (ainda hoje se conserva inalterado o topónimo Lugones na povoação situada próximo de Oviedo) e outra no Sul da província de Leão.
.Pésicos: ocupavam o litoral asturiano entre os rios Návia e Narcea e tinham a capital estabelecida em Flavionavia (próxima à actual Navia).
.Augustanos ou cismontanos
.Amaci: na região de Astorga.
.Bedunienses ou Bedúnios: ao redor de Bedúnia, em San Martín de Torres próximo a La Bañeza.
.Brigaenci ou Brigaencinos: ao norte de Brigaecium, actual Benavente. Segundo diversos autores, a sua traição contra os restantes povos astures teve um importante papel na vitória de Roma.
.Gigurri: ocupavam a zona oriental da actual Ourense e sudoeste de El Bierzo, na actual província de Leão.
.Lancienses: situados muito próximo da actual cidade de Leão, com capital estabelecida em Lancia. A derrota de Lancia não supôs o final das guerras contra Astures e Cantabros, já que estes se foram retirando para os terrenos abruptos do Norte, onde resistiram contra os Romanos.
.Orniaci ou Orniacos: ocupavam a bacia do rio Duerna, a Sul de Astorga.
.Saelini, Selmas ou Selmares: ocupavam a zona de Pajares, com capital em Nardirium.
.Superati: na zona Norte da província de Zamora.
.Tiburi: estabelecidos na comarca de Puebla de Trives.
.Zoelae: ocupariam a actual zona fronteiriça entre Zamora e Trás-os-Montes, com capital em Curunda.

Classificação nas Astúrias quanto à situação geográfica

Ocidente
Albiones
Cibarcos
Egobarros

Oriente

Orgenomescos
Salaenos
Vadinienses

Centro

Pésicos
Luggones

AREVACOS

Arévacos


Os Arévacos formavam uma tribo pré-romana pertencente à família dos celtiberos, situada entre o sistema Ibérico e o vale do rio Douro, limitando ao oeste com os Vacceos, estabelecida no centro da península Ibérica na atual Espanha.
Roma formou tropas auxiliares, com os arévacos, para seu exército imperial.
História
Os primeiros dados que se conhecem dos arevacos foram subministrados pelo escritor romano Estrabo, pois nos dados anteriores, transmitidos por Políbio e Lívio, simplesmente fala-se genericamente das tribos Celtiberas, que adquiriram de pronto grande importância pelas suas guerras com Roma.
Os arévacos construíam os seus povoados sobre cerros para organizar uma fácil defesa, rodeados de um, dois e até três recintos murados. Sabe-se com certeza que habitaram nos lugares de Osma (Uxama ou Argaela, segundo o autor grego Ptolomeu) e Sepúlveda.
Os aravacos, arevacos ou arévacos levavam um nome que era claramente celta. Dedicavam-se à agricultura e pertenciam à mais poderosa de todas as tribos celtiberas, estendendo-se os seus povoados por quase toda a faixa sul do Douro.
Os seus povoados eram independentes entre eles.
Eram povos ainda grosseiros e rústicos, regidos por diferentes régulos ou caudilhos, sem unidade entre si e quase sem comunicações.
Cifravam a sua glória em perecerem nos combates e consideravam como afrontoso morrer de doença.
Parece ser que este povo incinerava os seus mortos, pois nos seus lugares de assentamento se encontraram necrópoles de incineração; porém, para os que pereciam em combate não consideravam digno o queimar os seus restos, os quais faziam descansar em cavernas, em fossas primeiro e posteriormente em urnas.
Adoravam um deus sem nome, ao qual festejavam nas noites de plenilúnios, dançando em família às portas das suas casas. Também rendiam culto aos seus mortos e a um tal "Elman", ou "Endovélico", segundo testemunham algumas inscrições.
Tinham por costume deixar os seus ícones, ou imagens dos deuses, em cavernas situadas em abruptos penhascais –às vezes tratava-se das mesmas grutas onde descansavam os seus antepassados–, e costumavam acudir a elas em grupo, em dias assinalados para a ocasião.
Nestes lugares veneravam as suas divindades, às quais solicitavam favores, deixando os seus ex-votos.
Sua veste era preta ou obscura, feita de lã dos seus gados, à que estava unida um capuz com o qual se cobriam a cabeça quando não levavam o casquete que estava enfeitado com canetas. Ao pescoço costumavam rodear-se um colar. Uma espécie de calça ajustada completava o seu simples uniforme.
Nas guerras usavam espadas de dois fios, venábulos e lanças com botes de ferro, que endureciam deixando-os mofar na terra. Gastavam também um punhal raiado, e gaba-se a sua habilidade na arte de forjar as armas.
Apresentavam-se a batalha em campo raso: interpolavam a infantaria com a cavalaria, a qual nos terrenos ásperos e escabrosos botava pé_a terra e batia-se com a mesma vantagem que a tropa leve de infantaria. O cuneas, ou ordem de batalha triangular dos arévacos, tornou-se famoso entre os celtiberos e temível entre os guerreiros da antiguidade.
As mulheres empregavam-se também em exercícios varonis e ajudavam os homens na guerra. Precisavam, para poderem pelejar, deixar guardados os seus cereais em celeiros subterrâneos onde se conservavam bem os grãos durante longo tempo.
Por volta de 200 a.C., o cartaginês Aníbal quis mostrar-se senhor da Hispânia antes de medir as suas forças com Roma, e a este fim, e ao de exercitar as suas tropas e impor obediência e respeito entre os celtiberos, levou os seus exércitos para o interior da Península. Assim se internou com duas expedições consecutivas em terra dos arévacos, talando os campos e rendendo a sua capital, Numância, cujos habitantes foram obrigados a fugir com as suas mulheres e filhos às vizinhas serras, donde logo permitiu voltar sob palavra de que serviriam os cartagineses com lealdade.
Mas quando, carregado de despojos, regressava destas expedições a Cartagena (Cartago Nova), os naturais do planalto reunidos em alto número atreveram-se a atacá-lo nas margens do rio Tejo, desordenando a retaguarda e resgatando grande parte da pilhagem. Triunfo que os antigos hispânicos pagaram caro ao seguinte dia, em que Aníbal fez ver quão superiores eram as tropas disciplinadas e aguerridas a uma multitude falta de organização, por briosa que fosse.
Com a chegada dos romanos, Numância, uma das cidades arévacas, protagonizaria uma resistência heroica ao invasor. Após as campanhas de Tibério Graco em 180 a.C. e a assinatura de uns tratados com os povos indígenas, entre eles os arévacos, a Hispânia conheceria um período de relativa acalma. Mas esta acalma não duraria sempre: em 153 a.C. os segedanos -devido ao acréscimo da sua população- decidiram ampliar as muralhas; ato que não seria bem visto por Roma, que romperia os acordos, começando assim as denominadas Guerras Celtiberas. Os segedanos, que ainda não tinham terminadas as suas muralhas, refugiaram-se em Numância. O cônsul Quinto Fulvio Nobilior foi enviado para a Hispânia para sufocar a rebelião.
Povoados arévacos
Indicam-se a seguir uma série de povoados arévacos, com a sua correspondência geográfica atual:
Burgos
Kolounioukou (fábrica de moeda), localizada no cerro do Alto del Cuerno (Peñalba de Castro).
Sekobirikes (fábrica de moeda), localizada em Pinilla Trasmonte, cunharam-se denários, asses e semiss em finais do século II a.C.
Sória
Numantia, a 7 km a norte da cidade de Sória, sobre o cerro da Muela da localidade de Garray.
Arekoratas (fábrica de moeda), em Ágreda.
Usamus ou Uxama (fábrica de moeda), teve o seu assentamento no Cerro Castro, a muito escassa distância de Burgo de Osma.
Tiermes, situada no município de Montejo de Tiermes.
Guadalajara
Kaisesa (fábrica de moeda), situada em Sigüenza.
Lutiakos (fábrica de moeda), relacionada com Lutia (Luzaga).
Bibliografia
.Revista de historia militar, nº 35, ano 17 (1973), p. 28
.Historia General de España. Barcelona, 1883. Modesto A Fuente.
.Estrabo, Livro III, Capítulo IV.
.Prodiga gens animae properae facillima mortem. Livro XVIII. Tito Lívio.

POVOS IBÉRICOS PRÉ ROMANOS

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Povos ibéricos pré-romanos

A
Arévacos
Argantonio
Arte ibera
Astures

B
Bastetanos

C
Celtiberos
Cempsii
Cónios
Coniscos
Cântabros

D
Draganos

I
Iberos

L
Lugones
Lusitanos

O
Oestrimni
Orgenomescos

P
Povos pré-romanos em Portugal
Pésicos

S
Selinos

T
Tartessos
Turdetanos
Turmogos

V
Váceos
Vadinienses
Várdulos
Vascones
Vetões

Z
Zelas

terça-feira, 23 de março de 2010

A PENÍNSULA IBÉRICA

Por termos feito referência em artigos anteriores sobre POVOS IBÉRICOS PRÉ-ROMANOS, achamos por bem, antes de abordarmos o assunto propriamente dito sobre estes povos que a habitaram, dissertarmos sobre a sua importância histórica e localização.

A Península Ibérica fica situada no Sudoeste da Europa. Politicamente, quatro países localizam-se nesta península: Portugal, Espanha e Andorra, além de um enclave território britânico ultramarino, Gibraltar.

Formando quase um trapézio, a Península liga-se ao continente europeu pelo istmo constituído pela cordilheira dos Pireneus, sendo rodeada ao Norte, Oeste e parte do Sul pelo oceano Atlântico, e a restante costa sul e leste pelo mar Mediterrâneo. O seu ponto mais ocidental é o Cabo da Roca e o mais oriental o Cabo de Creus.

Com uma altitude média bastante elevada, apresenta predomínio de planaltos rodeados por cadeias de montanhas, e que são atravessados pelos principais rios. Os mais importantes são o rio Tejo, o rio Douro, o rio Guadiana e o rio Guadalquivir, que deságuam no oceano Atlântico, e o rio Ebro, que, por sua vez, deságua no mar Mediterrâneo.

As elevações mais importantes são a Cordilheira Cantábrica, no Norte; o Sistema Penibético (serra Nevada) e o Sistema Bético (serra Morena), no Sul; e ainda a Cordilheira Central (serra de Guadarrama), de que a serra da Estrela é o prolongamento ocidental. Densamente povoada no litoral, a Península Ibérica tem fraca densidade populacional nas regiões interiores. Exceção a esta regra é a região de Madrid, densamente povoada.


A Península Ibérica, ao longo dos tempos, já foi chamada de vários nomes enquanto era governada por povos distintos. Entre eles, destacam-se os nomes Ibéria e Hispania. Ibéria foi o nome grego dado à península Ibérica, por mais que eles conheciam somente a parte entorno do rio Íber.
Já Hispania era o nome romano da península.
A região, depois do período histórico denominado Reconquista, foi se transformando e os muçulmanos foram expulsos. Portugal como estado surge em 1143 e confirmado, mais tarde, pelo Papa Alexandre III pela emissão da Bula Manifestis Probatum. Com o casamento em 1492 entre Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, surge a Espanha.

Localização da Península Ibérica (em verde) na Europa, delineando os dois principais países da região, Espanha e Portugal.





Imagem de satélite da Península Ibérica.

Apesar de Península Ibérica ser hoje em dia o nome mais comum para designar a península, ela possui outras designações, dadas pelos diversos povos que a habitaram e que foram mantidas posteriormente. As várias denominações alternativas são:
Ibéria, (Grego: Ibéria) nome grego da Península;
Hispânia, (Latim: Hispania) nome romano da Península;
Al-Andalus, (Árabe: الأندلس) nome árabe dos territórios muçulmanos da Península Ibérica;
Sefarad, (Hebraico: ספרד) nome hebraico.












Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sueste.
Rufo Avieno no seu poema Ode Marítima (século IV d.C.) relata as aventuras de um navegador grego nos finais do século VI a.C., que descreve a existência de várias etnias na costa meridional atlântica que já praticavam a cultura megalítica e seriam, provavelmente, os responsáveis pelo comércio com o atlântico norte — os Estrímnios e os Cinetes (ou Cónios).





Mapa da Europa segundo o geógrafo e filósofo grego Estrabão.




Acredita-se que a Península Ibérica tenha sido habitada primordialmente por povos autóctones que vieram a ser conhecidos como Iberos, entre eles estão os Tartessos. Posteriormente, cerca de 1000 a.C., ou antes, chegaram à região povos Indo-Europeus de origem Celta que coexistiram com os povos Iberos, habitando regiões distintas na Península Ibérica: os Celtas viviam principalmente na zona Norte e Ocidental da Península enquanto que os Iberos viviam na zona Sul e Leste da mesma. No pequeno Planalto Central, os povos Celtas mesclaram-se com os povos Iberos dando origem aos Celtiberos, que não se devem confundir com os Celtas Ibéricos (Celtas da Península Ibérica) que em Inglês se denominam de Celtiberians.
Entre os vários povos que habitavam a Península Ibérica encontravam-se:
os Lusitanos, os Calaicos ou Gallaeci e os Cónios, dentre outras menos significativas, tais como os Brácaros, Célticos, Coelernos, Equesos, Gróvios, Interamicos, Leunos, Luancos, Límicos, Narbasos, Nemetatos, Gigurri, Pésures, Quaquernos, Seurbos, Tamagani, Taporos, Zoelas, Turodos.

Gregos e Fenícios-Cartagineses também habitaram a península, estabelecendo pequenas colônias-feitorias comerciais costeiras semi-permanentes de grande importância estratégica. Contudo estes últimos dois povos teriam exercido influências mínimas para a ascendência dos povos da Península, contribuindo apenas culturalmente, por exemplo, com o alfabeto Greco - ibérico para as escritas paleohispânicas.

quarta-feira, 17 de março de 2010

TRIBOS GALAICAS cont.

Interamicos
Interamnicos, Interâmenicos, Interannienses, Interamicos, Interamic, Interamici

Na região atual de Trás-os-Montes e norte da Espanha, na região fronteiriça de Zamora e Ourense, havia uma povo de origem desconhecida que habitou essa região no período pré-romano chamado de interamicos, ocasionalmente citados como interamnicos (em latim interamici).
Foram citados por Ptolemeu,[1] e em algumas inscrições epigráficas, entre as quais a mais importante é o Padrão dos Povos, em que são listados entre outros grupos que seguramente ajudaram a erguer a ponte romana de Chaves.


Referências
1. II, 6, 28

Leunos
Os leunos ou lubeanos (em latim, leuni) eram um dos vários povos pré-romanos da península Ibérica relatados por Plínio e Estrabão. Habitavam entre o rio Lima e o rio Minho, no norte de Portugal.


Ligações externas
Mapa detalhado dos povos ibéricos antes da chegada dos romanos (cerca de 200 a.C.)




Límicos
Os límicos (em latim limici) foram um povo galaico castejo que habitou a região pantanosa da nascente do rio Lima, na Galécia. O termo lim é de origem indo-europeia, e significa "terreno alagadiço" ou "lodo".
Os romanos chegaram às terras dos límicos no século I, e ergueram o Forum Limicorum, na actual vila de Ponte de Lima.


Fontes históricas
Os límicos foram citados por Plínio, o Velho, em sua História Natural,[1][2] que os menciona entre os equésios e os quaquernos. Ptolemeu, em sua Geographia,[3] coloca-os entre os galaicos brácaros, citando-os entre os bibalos e os gróvios, e indica como sua capital o Forum Limicorum. Assim mesmo, os límicos estão entre os grupos dedicantes indicados no Padrão dos Povos.[4]
São numerosas as epígrafes em que se citam indivíduos límicos. Em duas lápides honoríficas, conservadas no Museu Arqueológico de Ourense, datadas do início do século II d.C., cita-se a Civitas Limicorum.[5] Esta mesma civitas vem sendo identificada con a Lemica Civitate do Cronicão de Idácio de Chaves.


Localização geográfica
Ainda que, pelo seu nome, os límicos tenham estado há tempos adscritos ao curso do rio Lima (em galego Limia), as duas lápides honoríficas citadas acima permitiram a identificação, no final do século XIX, da Civitas Limicorum, que iguala o Forum Limicorum com o castro da Cidá (ou Cibdá), situado no monte do Viso, próximo a Nocelo da Pena, no concelho de Sarreaus, Ourense.[6] Esta relação vem sendo questionada a partir dos achados de duas estátuas em Xinzo de Limia, documentadas por Ferro Couselo no ano de 1972.
Na atualidade a maioria dos estudiosos concordam que o Fóro dos Límicos estaria na zona que ocupa o Barrio de Abaixo do atual Xinzo de Limia, como ficou evidente no curso de extensão universitária de Xinzo de Limia, "A Limia na época galaico-romana", que deu o pontapé inicial ao projecto Arqueogenitio.[7] Deve-se ressaltar que Xinzo de Limia ou Forum Limicorum se situa ao pé do rio Lima, num epicentro de estradas da época romana.[8]
O castro romanizado de Nocelo da Pena, afastado das vias de comunicação romanas conhecidas no território límico, teve uma existência simultânea às explorações mineiras do lugar. O castro ocupa uma superfície de 3 hectares; o lugar remontaria à Idade do Bronze, com contínua actividade mineira (exploração de estanho), até a época romana, segundo se deduz de achados da década de 1940.[9]
Conforme assinalado, os límicos se situavam no curso superior do rio Lima e nos arredores da lagoa de Antela, já seca, numa ampla planície - na realidade uma depressão tectónica - conhecida popularmente como A Limia, e pelos nativos denominada simplesmente de a Veiga, embora alguns autores coloquem a Civitas Limicorum em Nocelo da Pena.[6]
Seguindo o percurso do rio epónimo, na direcção sudoeste, encontrariam-se com os quaquernos; para o Leste os bibalos e os tamaganos.
Um aspecto diferente apresenta a mansão viária nomeada Limia. Com efeito, no Itinerário de Antonino se assinalam, em ordem e marcando as distâncias entre elas, as estações da Via XIX, dita também per loca marítima, isto é, "pelo litoral", entre Bracara Augusta (Braga) e Asturica Ausgusta (Astorga). As quatro primeiras são as seguintes:
Limia........milia passum XVIII
Tude.........milia passum XXIII
Burbida......milia passum XVI
Turoqua......milia passum XVI
Tanto Tude como Turoqua estão bem identificadas, correspondendo, respectivamente, hoje, às cidades de Tui e Pontevedra; Burbida corresponde, com certas dúvidas, a Borbén (estas três localidades na província de Pontevedra), e Limia costuma identificar-se com a atual Ponte de Lima, no Norte português - embora deva-se ressaltar que nada tem a ver com a Civitas Limicorum, como alguns autores aínda pretendem, sendo simplesmente o nome duma mansio situada num passo do rio Lima, identificando-a, e pertenceria possivelmente ao povo dos seurbos ou dos leunos, conforme a descrição da costa da Galécia feita por Plínio, o Velho,[10] de Norte a Sul.




Subdivisões
Pelas fontes epigráficas se conhecem duas centúrias ou castella: Arcuce e Talabrica.


Referências
1. http://terra.antiqua.free.fr/PLine_Ancien3.html (em francês)
2. http://books.google.fr/books?id=J1sQAAAAIAAJ&pg=PA50&lpg=PA50&dq=Limici&source=web&ots=ENrCIhf_XQ&sig=_vjzD8TFZxsRVbwlYYHczJnr838&hl=fr (em francês)
3. 6, 38 e 43, (em francês)
4. CIL, II, 2477
5. CIL, II, 2516 e 2517
6. 6,0 6,1 Marcelo Macías, Civitas Limicorum, in Boletín de la Comisión de Monumentos de Orense (1898) t. I, nº 5.
7. ArqueoGenitio
8. X.C. Rivas Fernandez
9. Antonio Colmenero, Galicia meridional romana. Universidad de Deusto. 1977.
10. IV, 111-112


Bibliografía
.Fariña Busto, F. e Xusto Rodriguez, M.(1995) "O ara de Xinzo de Limia e a sua contextualización arqueoloxica". Boletín Auriense,XXV,pp. 61-80. Ourense
.Ferro Couselo, X. "Estatuas sedentes y una columna miliaria de Xinzo de Limia".Boletín Auriense,II, pp. 329-335. Ourense
.Macías, Marcelo, Civitas Limicorum, in Boletín de la Comisión de Monumentos de Orense (1898) t. I, nº 5.
.Perez Losada, F.(2002) "Xinzo de Limia: Entre a cidade e a aldea. Estudio arqueohistorico dos aglomerados secundarios romanos en Galicia. Brigantium, XIII, pp. 214-227. A Coruña
.Rivas Fernandez, J.C.(2000) "O foro dos límicos,Xinzo,epicentro de camiños en época romana". Lethes, II. Centro de Cultura popular da Limia. pp. 62-73. Xinzo
.Rodríguez Colmenero, Antonio, Galicia meridional romana. Universidad de Deusto. 1977.
.Xusto Rodriguez, M.(1996) "O núcleo urbano de Xinzo de Limia" en RODRIGUEZ COLMENERO,A.coord.(1996) Los orígenes de la ciudad en el Noroeste Hispano. pp. 1291-1304. Lugo
.Xusto Rodriguez, M. "A igrexa vella de Xinzo de Limia.Da lenda ó patrimonio histórico". Auria, VII. La Region, pp. 25-27. Ourense
.Xusto Rodriguez, M.(1999) "Sta. mariña;un fito patrimonial no centro histórico de Xinzo". Lethes, II. Centro de Cultura Popular da Limia. pp. 74-93. Xinzo
.Xusto Rodriguez, M.(2000) "La iglesia vieja de Xinzo de Limia.intervención arqueológica y lectura histórica"Restauración, Rehabilitación. pp 26–33. Madrid




Luancos
Os luancos chamados assim por Ptolomeu (também conhecidos como "longos") era um povo pré-romano que habitava entre o rio Tâmega e o rio Tua, a norte do rio Douro no actual território português e galego.
Um patriarca luanco ficou registado na mitologia grega como Lynko (Linceu). O nome "Luanco" foi-lhes atribuído, possivelmente, porque este povo se identificava com os linces. Era um povo caçador e preferia viver em planaltos altos, o que o norte de Portugal oferecia.



Narbasos
Os narbasos eram um povo pré-romano identificado por Ptolomeu, que habitava a zona interior do Norte de Portugal e Galiza.


Nemetatos
Os Nemetatos (Nemetati em latim) eram um povo pré-romano que habitava o NO de Portugal, nas proximidades do rio Ave. A citânia de Sanfins (Paços de Ferreira) poderia corresponder ao lugar central deste grupo étnico. Devem ser relacionados com as inscrições epigráficas dedicadas ao deus da guerra Cosus Nemedecus. O respectivo nome remete para a etimologia céltica de nemeton, santuário ao ar livre.


Bibliografia
.Coutinhas, José Manuel. Aproximação à identidade etno-cultural dos Callaeci Bracari. Porto. 2006.
.Guerra, Amílcar. Nomes pré-romanos de povos e lugares do Ocidente peninsular. Lisboa. 1998.


Quaquernos
Os quaquernos ou quacernos (em latim quaquerni) eram um povo celta pré-romano montanhês. Foram um dos povos que resistiram até à chegada dos suevos, durante as invasões germânicas no império Romano. Os quaquernos viviam nas montanhas onde nasciam o rio Cávado e Tâmega no norte de Portugal e zona da actual Galiza. O seu oppidum mais importante era Aquis Quaquernis, atual Bande, Galiza.


Seurbos
Os seurbos (em latim, seurbi) eram um dos vários povos pré-romanos de Portugal. Os seurbos viviam entre o rio Cávado, e o rio Lima (ou mesmo, até ao rio Minho), no norte do país.[1].


Referências
1. Leite de Vasconcelos, José. Os Seúrros. Opúsculos.Vol. V. Etnologia (Parte I). Lisboa, Imprensa Nacional, 1938


Tamaganos
Os tamaganos (em latim tamagani) eram um povo pré-romano que vivia nas margens do rio Tâmega, em Portugal, na zona de Chaves e de Verim. A etimologia poderia vir de tami, "rio" no idioma local. O nome deste povo aparece referido na ponte romana de Trajano de Chaves.


Turodos
Os Turodos era um povo ibérico pré-romano que viviam no extremo norte de Trás-os-Montes, Portugal e Galiza.


Zoelas
Os zoelas (em latim, zoelae) era um povo pré-romano da Galécia mencionado por Estrabão que habitava as serras da Nogueira, Seabra e Culebra até aos montes de Mogadouro, estendendo-se também até à serra de Santa Comba, situada no concelho de Valpaços e Mirandela no norte de Portugal.
Os zoelas estão também referidos em aras encontradas em Bragança, no Castro de Avelãs. Este povo deixou-nos estelas funerárias decoradas com suásticas circulares, simbolizando o Sol, e com desenhos de animais como o porco e o veado. Os zoelas são de origem desconhecida, não se sabe se eram autóctones ou celtas. Muitos autores consideram os zoelas como uma das mais antigas etnias da península Ibérica.

Este artigo é um esboço sobre a História de Portugal.

terça-feira, 9 de março de 2010

TRIBOS GALAICAS

B
Brácaros

C
Cilenos
Coelernos

E
Equesos

G
Galaicos
Gróvios

I
Interamicos

L
Leunos
Límicos
Luancos

N
Narbasos
Nemetatos



Brácaros

(foto) Aspecto paisagistico de Vila Verde
Os Brácaros (em latim bracari) eram um povo pré-romano de cultura céltica, que habitava o Noroeste de Portugal. No seu território entre os rios Douro e Lima, por volta do ano 16 a.C., foi edificada Bracara Augusta a mando do imperador romano Augusto, o nome romano da atual cidade de Braga. Adoravam a deusa galaico-lusitana Nabia.
A respectiva celticidade linguística surge atestada nomeadamente na inscrição epigráfica da Fonte do Ídolo, em Braga, dedicada a Nabia e no nome da cidade de Tongobriga (Marco de Canaveses), formado a partir dos elementos tong- ("jurar") e -briga ("povoado fortificado").
Bibliografia
Coutinhas, José Manuel (2006), Aproximação à identidade etno-cultural dos Callaici Bracari, Porto.
Queiroga, Francisco (1992), War and Castros, Oxford.
Silva, Armando Coelho Ferreira da (1986), A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal, Porto.

Cilenos
Os Cilenos foram um povo castrejo pré-romano que ocupava o território que media entre os rios Ulla e Lérez. Ptolemeu, Hidácio e Plínio consideraram que o núcleo ou capital deste território era “Aquae Celenae” ("povoação das Águas Cilenas"), lugar que hoje corresponde a vila de Caldas de Reis.
Seguindo a explicação de Enrique Flórez:
"Os Cilenos eram os últimos povos do Conventus de Lugo, em cujo fim começava o de Braga, como refere Plínio, pois contando entre os Lucenses aos Cilenos em ultimo lugar, baixando desde em cima e passando às ilhas, acrescenta que o Convento de Braga começava desde os Cilenos...Ptolomeu, referindo os Cilenos, somente expressa Aquas Calidas, colocando esta população perto e sob Iria, o que é próprio e deve reduzir-se atualmente a Caldas, a quem favorece além do texto de Ptolomeu o de Antonino, que na ultima viagem de Braga a Astorga caminhando por Iria põe antes dela as Águas Celenas com distância de três léguas ou doze milhas, que é a atual de Caldas a Padrón.[1]
Este povo ainda existia em no século V, em que foi nomeado por Idácio, como explica Flórez:
Perseverava aquele povo com o seu nome no século V, em que foi nomeado por Idácio, e no VI em que a Divisão de Bispados feita pelos Suevos põe em Iria a Igreja de Celenos que segundo a má escrita daquelas vozes parece ser Celenes."[1]

OBS: Este artigo foi inicialmente traduzido a partir do artigo da Wikipédia em espanhol cujo título é Cilenos.



Cilenos. (Coelernos)
Os coelernos (em latim coelerni) era um povo pré-romano montanhês, um dos que resistiram até à chegada dos suevos, durante as invasões bárbaras na fase final do Império Romano. Os coelernos viviam entre os rios Tua e Sabor, no interior do norte de Portugal, a sul da província de Ourense (Galiza), onde tinham o seu oppidum, ou "cidade", mais importante: Coeliobriga, o atual Castromao (Celanova, Ourense).


Equesos
Os equesos (em latim equaesi) foram um antigo povo pré-romano da península Ibérica, que resistiu até à chegada dos suevos, durante as invasões bárbaras no Império Romano. Os equesos viviam no extremo norte montanhoso português.
Foram encontradas peças gravadas e esculpidas num tipo de pedra que não existe na região, que se assemelha a pedra sabão. Uma das esculturas representa cavalos, que se imagina estarem relacionados com os equesos; pensa-se que o cavalo seria o elemento totémico deste povo, e equus significa "cavalo" no latim clássico. Estas peças foram encontradas em Castro Vicente, na margem direita do rio Sabor, território ocupado pelos equesos segundo algumas fontes, embora outras fontes os situem mais a ocidente, perto do rio Tâmega.


OBS: Este artigo é um esboço sobre História de Portugal.


Galaicos


(foto) Castro galaico.

Os galaicos (callaeci ou gallaeci, em latim, kallaikoi em grego), também chamados de calaicos, eram um conjunto de tribos celtas[1] que habitavam o noroeste da península Ibérica, correspondendo hoje em dia ao espaço geográfico que abrange o norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte de Leão.
Travaram grandes batalhas com os romanos durante anos e foram subjugados política e militarmente por estes, comandados por Décimo Júnio Bruto, que pela proeza de os derrotar, tomou o cognome de "o Galaico". A designação da tribo vem da batalha entre galaicos e romanos que ocorreu no castro de Cale (que alguns historiadores situam no que hoje é Gaia e outros no que hoje é Porto) e celebra a forte resistência dada por este povo aos romanos,[2] que estendem a designação às restantes tribos do noroeste peninsular.
Foi então criada a divisão administrativa da Gallaecia, tendo como limites o Douro - a sul; o oceano Atlântico - a oeste e a norte; e a Tarraconensis (Tarraconense). A Gallaecia (Galécia) estava dividida em três conventus: a Galécia Lucense, a Galécia Bracarense e a Galécia Asturicense. A sua capital era Braga. A divisão correspondia à divisão feita às tribos que a compunham: os ártabros, a norte; os gróvios, a sul; e os astures a oeste.
Uma antiga referência aos galaicos pode ser encontrada no épico Punica, de Sílio Itálico, no século I d.C..

Fibrarum et pennae divinarumque sagacemflammarum misit dives Callaecia pubem,barbara nunc patriis ululantem carmina linguis,nunc pedis alterno percussa verbere terra,ad numerum resonas gaudentem plaudere caetras.

Sílio Itálico . Punica, livro III, 344-7
(Tradução:)

Sábios na adivinhação pelas entranhas, penas, e chamas, mandou a rica Galécia seus jovens, que agora ululam as canções bárbaras de sua língua, pisoteando a terra batida, a pés alternados, e acompanhando o feliz número com os seus escudos[3] ressoantes

Hoje em dia, os habitantes destas regiões são denominados galegos, com excepção dos asturianos e dos leoneses.

Etimologia
As teorias mais divulgadas falam da origem do nome como sendo dado pelos romanos por terem sido a primeira tribo que enfrentaram, na zona de Cale e, pela sua braveza e espírito guerreiro, viu estendida a sua designação às outras tribos galaicas do Noroeste Peninsular. Outra teoria tem vindo a ganhar aceitação, nos tempos mais atuais. Relaciona os Callaeci com Cailleach, a deusa-Mãe dos Celtas, por serem eles adoradores desta divindade.[4]

Tribos galaicas
Aidwoi
Albioni
Arronioi
Baniensses
Brassioi
Brigantini
Cilenos
Koukoi
Límios
Nerioi
Sewroroi
Túrodes Artabroi
Zoelae
Abobrigoi
Artodioi
Bracaroi
Ekwesioi
Interammikoi
Kalaikoi


Referências e notas
1 Schmitz, Leonhard. A Manual of Ancient Geography: With Map Showing the Retreat of the 10,000 Greeks Under Xenophon, Blanchard and Lea, 1857
2 Strabo, Geography, Book III, Chapter 3.
3 A caetra era um escudo redondo usado por povos indígenas do Norte da Hispânia.
4 Murguía, Manuel (1968): "Etimología del nombre de Galicia", in Irmandade, no. 32, p. 8


A maioria dessas tribos deu origem aos nomes das províncias romanas na Europa que mais tarde batizaram os estados/nações modernas.
O único estado/nação independente de origem céltica atualmente é a República da Irlanda.
O País de Gales também se identifica com a cultura e a etnia célticas, mas é uma entidade subnacional do Reino Unido.
A Cornualha (Reino Unido), a Bretanha (França) e a Galícia (Espanha) também são regiões onde línguas e costumes celtas predominam até hoje, ainda que na Galícia a língua Galega não é de origem celta.
Os celtas eram de etnia similar à dos povos Germânicos: altos, com muitos pêlos e de olhos e cabelos claros (ainda que, entre os celtas, os pêlos ruivos e alaranjados fossem mais comuns). São, no entanto, ramos étnicos e culturais distintos tanto geograficamente quanto historicamente.
Note-se, porém, que nos atuais irlandeses, tradicionalmente relacionados com os antigos celtas, predominam muito os cabelos escuros e menor estatura do que os germânicos.

Gróvios

(foto) Castro de Santa Tegra (Galiza), do povo dos Gróvios


Os gróvios (em latim grovii) era um povo pré-romano de origem desconhecida. Os gróvios viviam no vale do rio Minho, entre a Galiza e Portugal. O seu oppidum ("cidade") mais importante era Tude (actual Tui, Galiza). Eram particularmente devotos do deus Turiaco.
Mencionados em as obras de Pompônio Mela, Plinio o Velho, Sílio Itálico e Ptolomeu[1]
Pompônio Mela os situa geograficamente, em a sua obra "De Chorographia" em as terras banhadas pelos rios "Avo", "Celadus", "Nebis", "Minius" e o "Límia/Oblivio". Recebe as águas do rio "Laeros" e do "Ulla", em o limite norte. Em suas terras se situa o oppidum de Lambriaca. Na concepção geográfica de Pompônio os Gróvios ocupavam conseguintemente, pelo menos, parte das regiões que depois se denominaram Galiza e Entre-Douro-e-Minho.
Referências
1 "Os Grovios" José Leite de Vasconcelos. O Archeologo Português. VOL. X. (1905). Nums. 10 a 12. pag. 19.
Ligações externas
Mapa de povos pré-romanos da Ibéria em o seculo II (em inglês)


OBS: Este artigo é um esboço sobre História de Portugal.
Continua...

segunda-feira, 8 de março de 2010

GALÍCIA

GALÍCIA














Coordenadas: 43° 00' N 8° 00' W
GalizaGalicia, Galiza



Hino: Queixumes dos Pinos
Hoc hic misterium fidei firmiter profitemur




Capital : Santiago de Compostela


- Total 29 574 km²
- % de Espanha 5,8%

- Total (2005) 2.762.198
- % de Espanha 6,28%



Gentílico
galegos ou galicianos (ver nome)


Idioma oficial
Galego e castelhano


- Congresso 25 assentos
- Senado 19 assentos


A Galiza (em galego, Galiza ou Galicia, em castelhano Galicia; no Brasil também se utiliza Galícia, adaptação da forma castelhana, ver secção "nome"), é uma comunidade autónoma espanhola situada no noroeste da Península Ibérica. Limita-se ao sul com Portugal, ao oeste com o Oceano Atlântico, ao leste com as Astúrias e Castela e Leão. Tem o estatuto de nacionalidade histórica.
É formada pelas províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra. Geograficamente, limita-se ao norte com o mar Cantábrico, ao sul com Portugal, a oeste com o oceano Atlântico e a leste com o Principado das Astúrias e Castela e Leão (províncias de Zamora e de Leão).
À Galiza pertence o arquipélago das ilhas Cíes, o arquipélago de Ons, e o arquipélago de Sálvora, assim como outras ilhas como Cortegada, Arousa, as Sisargas, ou as Malveiras.
Galiza possui cerca de 2,78 milhões de habitantes (2008), com uma densidade demográfica que aglomera maior na faixa entre Ferrol e Vigo. Santiago de Compostela é a capital da Galiza com um estatuto especial, dentro da província da Corunha.
O hino da Galiza, Os Pinos, elaborado por Eduardo Pondal, se refere à Galiza como a nação de Breogán, herói celta. O Estatuto de autonomia, em seu primeiro artigo, define a Galiza como uma nacionalidade histórica.[1]

1. História da Galiza



1.1Pré-historia
Devido ao caráter ácido do solo galego, é incomum a conservação de restos orgânicos e inorgânicos.
Todavia, no reservatório de Cova de Eirós foram preservados restos de animais e líticos dos neandertais até o médio Paleolítico, graças a seu ambiente básico. Também existem outras reservas do Médio Paleolítico no Baixo Minho e na depressão de Ourense.
1.1.1Cultura megalítica
A primeira grande cultura claramente identificada, se caracterizava por sua capacidade construtora e arquitetônica, junto com seu sentido religioso, fundamentado no culto aos mortos como mediadores entre o homem e os deuses.
Diz-se que a sociedade estava organizada num tipo de estrutura de clãs. Da época do megalítico depõe milhares de túmulos[2] estendidos por todo o território, em seu interior estes túmulos escondiam una câmara funerária de dimensões maiores ou menores, edificada com brames de pedra, conhecidas como dólmen.

1.2 Cultura céltica castreja
Período de tempo da chegada dos celtas e assentamento, bem como fortificação nos seus castros


Castro de Santa Tegra. (FOTO)



Floresceu na segunda metade da Idade de Ferro, resultado da fusão da cultura da Idade de Bronze e outros contributos posteriores, coexistindo em parte com a época romana. Os celtas trouxeram novas variedades de gado, o cavalo domesticado e provavelmente o centeio.
O primeiro povo celta que invade Galiza é o dos Saefes, no século XI a.C. Submeterá ao Oestrymnio, mas este influirá no primeiro sobretudo no terreno da religião, da organização política e das relações marítimas com Bretanha e Inglaterra. O seu carácter eminentemente guerreiro fez que Estrabão dissera deles que eram os mais difíceis de vencer de toda a Lusitânia. É preciso dizer que a província romana da Gallaecia própria dos galaicos ainda não estava constituída política e administrativamente.
Os castros são recintos fortificados de forma circular, providos de um ou vários muros concêntricos, precedidos geralmente do seu correspondente fosso e situados, os mais deles, na cimeira de colina e montanhas. Entre os castros de tipo costeiro destacam o de Fazouro, Santa Trega, Baronha e O Neixón. No interior podem mencionar-se os de Castromao e Viladonga. Comum a todos eles é o facto de que o homem se adapta ao terreno e não ao contrário.



1.3 Século XIX
Até ao século XIX, a Galiza estava dividida em sete províncias: Mondonhedo, Lugo, Ourense, Tui, Santiago, Corunha e Betanzos. Desde essa época, as províncias foram reduzidas a apenas quatro.
Tinha órgãos de governo próprios, sendo eles, a Junta da Galiza ou Xunta de Galicia (em galego) e o Parlamento Galego.
Portugal foi um destino migratório para muitos galegos, desde o tempo da reconquista.[3]



2. Política
Número de deputados no Parlamento de Galiza, em 2009:
Partido Popular de Galiza (PPdG): 38 deputados
Partido Socialista da Galiza (PSdG): 25 deputados
Bloco Nacionalista Galego (BNG): 12 deputados
Número de votos das forças políticas com representação parlamentar nas eleições (19. julho 2005):
Partido Popular de Galiza (PPdG): 756.202
Partido Socialista da Galiza (PSdG): 555.246
Bloco Nacionalista Galego (BNG): 311.839
Número de votos das forças políticas sem representação parlamentar:
Esquerda Unida (coligação que inclui o PCG, Partido Comunista da Galiza): 12.042
NÓS-UP (independentista de esquerda): 1.749



2.1 Nacionalidade galega
Atualmente, o Estatuto de Autonomia de Galiza define a Galiza como "nacionalidade histórica".
A "Defesa da Nacionalidade" foi assinada em público (Pacto de Governo), após o acordo de coligação.


3. Geografia


Catedral de Santiago de Compostela, sita na Praça do Obradoiro. (FOTO)


Praça da Galiza no Porto (Portugal).

(FOTO)


A Galiza divide-se em quatro províncias: Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra. Sua capital é a cidade de Santiago de Compostela, na província da Corunha.
Além da divisão provincial, a Galiza também subdivide-se em comarcas e concelhos (ver comarcas da Galiza e concelhos da Galiza)
As cidades mais populosas são: Vigo (293.000 habitantes), Corunha (243.000), Ourense (108.000), Lugo (93.000), Santiago de Compostela (93.000), Pontevedra (81.000) e Ferrol (76.000) Área: 29.575 km². População aproximada: 2.760.000 milhões.
A densidade total da população é 93,8 habitantes por quilômetro quadrado.

4. Cultura

4.1Língua
A língua galega é a língua própria da Galiza, e assim foi reconhecida legalmente no seu Estatuto de Autonomia, tornando-se uma das suas línguas oficiais. A outra língua oficial é o castelhano, língua alheia ao território e imposta por diversas causas políticas que remontam à Idade Média. Além disso, em várias comarcas de Leão e Astúrias, que limitam com o oriente da Galiza, fala-se também galego. Estas comarcas, separadas da Galiza administrativa no século XVIII, são reivindicadas por uma parte do nacionalismo galego como pertencente à nação galega.

4.1.1 Disputa linguística
Não existe consenso quanto à relação entre a língua galega e a língua portuguesa. A postura oficial na Galiza afirma a total distinção entre ambas línguas, não havendo nenhuma menção desta semelhança no Estatuto autonômico, o qual prevê apenas a Real Academia Galega como competente para determinar a normativa da "língua própria" da Galiza. Porém no atual acordo ortográfico (2003) é feita uma referência ao português[4] como critério utilizado à hora de elaborar a norma.
No entanto, existe na Galiza um movimento reintegracionista, que defende a tese de que a língua portuguesa e o galego nunca se separaram realmente, sendo variantes da mesma língua, tal como podem ser o português de Portugal e o português brasileiro. Denominam à variante da Galiza como galego, galego-português, portugalego ou português da Galiza.

4.2 Nome
Em galego os nomes oficiais são Galiza e Galicia, esta última forma considerada maioritária e preferente pela Real Academia Galega e também usada em castelhano. A Real Academia Galega e o Instituto da Língua Galega admitiram Galiza e Galicia na sua normativa de concórdia do verão de 2003. A Associação Galega da Língua, pertencente ao movimento reintegracionista, admite apenas Galiza.
No Brasil, diversas obras utilizam o termo "Galícia", inclusive dicionários e enciclopédias tais como o Minidicionário Antônio Olinto,[5] o Minidicionário Soares Amora,[6] o Minidicionário Sacconi,[7] o Dicionário Silveira Bueno,[8] a Grande Enciclopédia Larousse Cultural,[9] a Enciclopédia Geográfica Universal[10] e o Dicionário Houaiss, de Antônio Houaiss. Este último utiliza tanto "Galiza" como "Galícia" no seu verbete sobre o gentílico "galiciano", não o citando, porém, no verbete "galego", em que aparece apenas a forma de Portugal "Galiza".
Todavia, obras como o Dicionário de Questões Vernáculas de Napoleão Mendes de Almeida ou A imprensa e o caos na ortografia de Marcos de Castro, afirmam com veemência a condição de barbarismo que representaria o uso do termo Galícia em detrimento do português Galiza. Outras obras, como o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado nem mesmo registram o referido termo, cujo uso, segundo alguns autores, teria sido disseminado no Brasil como adaptação do topônimo mais comum na Galiza, Galicia, por uma possível influência dos numerosos imigrantes galegos que chegaram ao país.[11]

4.3 Clubes de futebol
Salientam-se as equipas que jogaram na Primeira Divisão espanhola ou jogaram finais da Copa do Rei: o Real Club Deportivo de La Coruña, o Real Club Celta de Vigo, a Sociedad Deportiva Compostela, o Pontevedra Fútbol Club e o Racing Club de Ferrol.

5. Curiosidades

Em muitas regiões do Nordeste do Brasil, galego é o termo mais popular para identificar pessoas com aparência Norte-Europeia, tal como o vocábulo "alemão" e "russo" são usados em São Paulo. Isso ocorre principalmente porque no Nordeste os alemães não marcaram tanta presença, e portanto durante o período colonial, as pessoas mais claras eram majoritariamente de Portugal do Norte e da fronteira Galega, que foi excluída das grandes navegações espanholas (para tentar evitar o separatismo da nação Suevo-galego-norte-portuguesa) e provavelmente mandou muitos de seus filhos ao Brasil durante o período colonial, sendo quase impossível determinar quantos brasileiros possuem ao menos um ancestral galego hoje em dia.
Referências
1 Estatuto de Autonomia de Galicia (em português). Artigo 1: «Galiza, nacionalidade histórica, se constitui numa Comunidade Autônoma para acessar a seu autogoverno de conformidade com a Constituição Espanhola e com o presente Estatuto, que é sua norma institucional básica»..
2 http://www.ctv.es/USERS/sananton/ponteved.pdf.
3 Imigração de galegos no Norte de Portugal (1500-1900).
4 pg6. ponto4(…) nomeadamente no referido aos ámbitos científico e técnico, o portugués será considerado recurso fundamental (…) in http://www.xunta.es/linguagalega/arquivos/normasrag.pdf
5 Minidicionário Antônio Olinto da Língua Portuguesa, 2ª ed. São Paulo, Moderna, 2001
6 Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa, 17ª ed. São Paulo, Saraiva, 2003.
7 Minidicionário Sacconi da Língua Portuguesa, 2ª ed. São Paulo, Educacional, 2007
8 Dicionário Global Escolar Silveira Bueno da Língua Portuguesa, 2ª ed. São Paulo, Global, 2007 9 Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo, Nova Cultural, 1998.
10 Enciclopédia Geográfica Universal. São Paulo, Globo, 1996.
11 Chacon, Vamireh. A grande Ibéria: convergências e divergências de uma tendência. UNESP, 2005.