A literatura celta, conhecida pelos textos irlandeses (que influenciaram os da Escócia e da ilha de Man) e pelos galeses (modelo dos da Cornualha e da Bretanha francesa), constituiu-se da expressão escrita das arraigadas tradições orais, e foi obra de profissionais, com vistas a objetivos nacionais, locais e religiosos.
Com a chegada do cristianismo, desapareceram os druidas, dada sua condição de sacerdotes pagãos, mas a tradição foi herdada, preservada e ampliada pelos filidh irlandeses e pelos bardos galeses.
A esse fundo de folclore e de sabedoria ancestral se somariam elementos das culturas clássica (diretamente na Grã-Bretanha e na Bretanha francesa, mediante a conquista romana, e indiretamente na Irlanda, por meio do cristianismo), cristã e saxônica.
Na Irlanda, a cultura céltica teve muito menos dificuldades para sobreviver do que na Grã-Bretanha.
Em primeiro lugar, porque ali não chegaram nem a conquista romana nem a invasão saxônica e, em segundo, porque a evangelização, embora profunda, foi muito mais tolerante com a tradição vernácula do que em qualquer outra região da Europa.
O cristianismo introduziu a escrita na Irlanda; e graças à igreja se conservou grande parte da literatura oral primitiva, recolhida em coletâneas manuscritas em língua gaélica, nas quais figuram textos muito díspares.
As mais antigas dessas coleções são o Leabhar na h-Uidhe (c. 1100; Livro da vaca castanha), também chamado Livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (c. 1150; Livro de Leinster).
Depois, no século XVI, vieram juntar-se a esse acervo importantes coletâneas, como o Livro do deão de Lismore, que mostra a conexão cultural entre os celtas irlandeses e galeses.
As obras incluídas nesses manuscritos estão agrupadas em ciclos: o de Ulster, mitológico e histórico, e o de Leinster.
O primeiro desses ciclos é o mais importante, pois nele se acha contida a grande epopéia irlandesa, a Táin.
Essa literatura se caracterizava por fundir história, magia e lenda, em narrações de grande plasticidade e força descritiva.
Onze contos galeses que formam o chamado Mabinogion (Disciplina) foram preservados, sobretudo em dois manuscritos: o Livro branco de Rhydderch e o Livro vermelho de Hergest, ambos do século XIV, embora incluam textos mais antigos.
O nome Mabinogion só se aplica propriamente aos quatro ramos ou histórias de Pwyll, Braswen, Manawyddan e Math, narrativas cuja forma e temática derivam da tradição oral dos bardos. Acrescentam-se a elas um relato que parece provir de fontes muito antigas, Cuhlwch e Olwen, e outros três posteriores marcados pelas lendas do rei Artur - na versão do francês Chrétien de Troyes no século XII - por sua vez oriundas do folclore galês.
Na poesia, os filidh irlandeses e os bardos escoceses e galeses mantiveram a tradição de poemas panegíricos em metros muito rigorosos e complicados (o irlandês dan direach e o galês canu caeth).
Essa tradição, à qual se somaram poemas descritivos e alegorias cristãs, se manteve na Irlanda até o século XVII, resistindo à dura hegemonia inglesa.
Todavia, em conseqüência das perseguições e do exílio da nobreza, os filidh perderam seu prestígio e com eles se extinguiram o gênero e sua métrica.
Em Gales - onde surgiu a figura mítica do bardo Taliesin - o desaparecimento das cortes principescas, em fins do século XIII, marcou o ocaso da profissão bárdica, e os cantos de louvor foram aos poucos sendo substituídos por poemas de amor e bucólicos, cuja linguagem aboliu os arcaísmos e a métrica dos anteriores.
Da primitiva literatura celta da Bretanha francesa e da região de Cornualha conservaram-se apenas pequenos trechos.
Os escassos exemplos medievais e modernos indicam que, nessas regiões, os bardos sucumbiram muito mais rapidamente à pressão das culturas dominantes.
Mais tarde, os autores do País de Gales, da Escócia e da Irlanda começaram a escrever em inglês e os da Bretanha, em francês.
Apesar disso, surgiram já em fins do século XIX importantes movimentos que pretendiam recuperar as línguas autóctones e promover seu emprego como idiomas literários.
No âmbito temático, a magia e os devaneios da literatura céltica se estenderam pela Europa por meio das lendas arturianas, e em suas fontes se abeberaram muitos autores modernos.
Com a chegada do cristianismo, desapareceram os druidas, dada sua condição de sacerdotes pagãos, mas a tradição foi herdada, preservada e ampliada pelos filidh irlandeses e pelos bardos galeses.
A esse fundo de folclore e de sabedoria ancestral se somariam elementos das culturas clássica (diretamente na Grã-Bretanha e na Bretanha francesa, mediante a conquista romana, e indiretamente na Irlanda, por meio do cristianismo), cristã e saxônica.
Na Irlanda, a cultura céltica teve muito menos dificuldades para sobreviver do que na Grã-Bretanha.
Em primeiro lugar, porque ali não chegaram nem a conquista romana nem a invasão saxônica e, em segundo, porque a evangelização, embora profunda, foi muito mais tolerante com a tradição vernácula do que em qualquer outra região da Europa.
O cristianismo introduziu a escrita na Irlanda; e graças à igreja se conservou grande parte da literatura oral primitiva, recolhida em coletâneas manuscritas em língua gaélica, nas quais figuram textos muito díspares.
As mais antigas dessas coleções são o Leabhar na h-Uidhe (c. 1100; Livro da vaca castanha), também chamado Livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (c. 1150; Livro de Leinster).
Depois, no século XVI, vieram juntar-se a esse acervo importantes coletâneas, como o Livro do deão de Lismore, que mostra a conexão cultural entre os celtas irlandeses e galeses.
As obras incluídas nesses manuscritos estão agrupadas em ciclos: o de Ulster, mitológico e histórico, e o de Leinster.
O primeiro desses ciclos é o mais importante, pois nele se acha contida a grande epopéia irlandesa, a Táin.
Essa literatura se caracterizava por fundir história, magia e lenda, em narrações de grande plasticidade e força descritiva.
Onze contos galeses que formam o chamado Mabinogion (Disciplina) foram preservados, sobretudo em dois manuscritos: o Livro branco de Rhydderch e o Livro vermelho de Hergest, ambos do século XIV, embora incluam textos mais antigos.
O nome Mabinogion só se aplica propriamente aos quatro ramos ou histórias de Pwyll, Braswen, Manawyddan e Math, narrativas cuja forma e temática derivam da tradição oral dos bardos. Acrescentam-se a elas um relato que parece provir de fontes muito antigas, Cuhlwch e Olwen, e outros três posteriores marcados pelas lendas do rei Artur - na versão do francês Chrétien de Troyes no século XII - por sua vez oriundas do folclore galês.
Na poesia, os filidh irlandeses e os bardos escoceses e galeses mantiveram a tradição de poemas panegíricos em metros muito rigorosos e complicados (o irlandês dan direach e o galês canu caeth).
Essa tradição, à qual se somaram poemas descritivos e alegorias cristãs, se manteve na Irlanda até o século XVII, resistindo à dura hegemonia inglesa.
Todavia, em conseqüência das perseguições e do exílio da nobreza, os filidh perderam seu prestígio e com eles se extinguiram o gênero e sua métrica.
Em Gales - onde surgiu a figura mítica do bardo Taliesin - o desaparecimento das cortes principescas, em fins do século XIII, marcou o ocaso da profissão bárdica, e os cantos de louvor foram aos poucos sendo substituídos por poemas de amor e bucólicos, cuja linguagem aboliu os arcaísmos e a métrica dos anteriores.
Da primitiva literatura celta da Bretanha francesa e da região de Cornualha conservaram-se apenas pequenos trechos.
Os escassos exemplos medievais e modernos indicam que, nessas regiões, os bardos sucumbiram muito mais rapidamente à pressão das culturas dominantes.
Mais tarde, os autores do País de Gales, da Escócia e da Irlanda começaram a escrever em inglês e os da Bretanha, em francês.
Apesar disso, surgiram já em fins do século XIX importantes movimentos que pretendiam recuperar as línguas autóctones e promover seu emprego como idiomas literários.
No âmbito temático, a magia e os devaneios da literatura céltica se estenderam pela Europa por meio das lendas arturianas, e em suas fontes se abeberaram muitos autores modernos.
Muito interessante este post, me tirou umas dúvidas antigas. Pode me recomendar algum livro que aborde os ciclos irlandeses ou a literatura céltica em geral?
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