Mais um nascimento.
No capítulo anterior o leitor trava conhecimento com o “Nascimento do Buscador”,
o homem anseia por experiências espirituais,
o amor por mais intenso e profundo que seja por uma outra pessoa não o satisfaz,
ele deseja algo divino como que se encontrar frente a frente com DEUS,
como se isso fosse possível, os bens materiais ficam relegados em um segundo plano.
Sir Galahad tentando captar os pensamento do Mago chega a dizer:
- Eu acho que é nesse estágio que a busca do Graal começa.
É o momento propício para uma pausa, para uma meditação,
temos que olhar para dentro de nós e sondarmos o nossa eu:
O QUE BUSCAMOS?
Estamos satisfeitos com o que somos?
Continuemos com a nossa leitura.
O Rei Arthur nas brumas de Avalon
Quinta Etapa
- O Nascimento do Buscador -
(Segunda Parte)
- Os buscadores alcançam automaticamente as visões e experiências que desejam? - indagou Galahad.
- Todo mundo obtém a versão do divino que concebe na mente. Alguns vêem Deus em visões, outros numa flor. Existem muitos tipos de buscadores. Alguns exigem atos de intervenção e redenção milagrosos, outros seguem uma força invisível que se manifesta nas mais mundanas ocorrências. O buscador é simplesmente motivado pela sede de uma realidade superior. Isso não significa que o estágio anterior de dar desapareça. Mas o dar agora é realizado sem uma motivação egoísta, ele é feito com compaixão."
Pela primeira vez a exigência do ego de ser onisciente e todo-poderoso é questionada. Por conseguinte, o nascimento do buscador pode ser extremamente turbulento. Imagine-se como uma carruagem conduzida por uma estrada por uma parelha de cavalos. Durante um longo período de tempo, não existe um cocheiro, e os cavalos vieram a acreditar que são os donos da carruagem. Então, um dia, uma voz suave, vinda de dentro da carruagem, sussurra: 'Parem'. No início, os cavalos não escutam a voz, mas ela repete: 'Parem'. Incapazes de acreditar no que estão ouvindo, os cavalos avançam ainda mais impetuosamente, apenas para provar que não têm um amo. A voz interior não emprega a força; ela não protesta. Apenas continua a repetir: 'Parem'”.
"É isso que acontece dentro de vocês. A carruagem é seu eu total, os cavalos o ego, a voz dentro da carruagem o espírito.
Quando este último proclama sua entrada em cena, o ego inicialmente não escuta, porque está certo de que seu poder é absoluto. Mas o espírito não utiliza o tipo de poder ao qual o ego está acostumado. O ego está habituado a rejeitar as coisas; está acostumado a julgar, separar e tomar o que ele acha que lhe pertence. O espírito é simplesmente a voz mais tranqüila do Ser, asseverando o que é. Com o nascimento do buscador, essa é a voz que vocês começam a ouvir, mas vocês precisam estar preparados para uma violenta reação do ego, que, afinal de contas, não vai entregar o poder sem lutar."
- Como essa luta chega ao fim se o espírito não tem poder? - perguntou Percival.
- Eu disse que o espírito não utiliza o poder da maneira como o ego está habituado. Com o tempo, vocês aprenderão que o espírito é apenas poder, um poder de alcance infinito. Ele é um poder organizador que mantém cada átomo no universo em perfeito equilíbrio. Comparado com ele, o poder do ego é absurdamente limitado e insignificante. Não obstante, vocês só compreenderão isso depois de terem renunciado à necessidade do ego de controlar, predizer e defender. O poder do ego se limita a essas três coisas. Se o ego pudesse renunciar às três ao mesmo tempo, não haveria necessidade de outras etapas de crescimento; o nascimento do buscador seria suficiente.
“ Entretanto, este não é o caso. A voz do espírito anuncia que existe uma realidade mais elevada. Ascender a essa realidade é outra questão”.
- Isso me faz pensar que os buscadores devem ser raros, considerando-se como é árdua a luta - declarou Galahad.
-Muitos devem fracassar e perder a esperança. É por isso que tão poucos nascem para alcançar o Graal?
- Todos nascem para alcançar o Graal - lembrou-lhe Merlim.
- O motivo pelo qual os buscadores parecem raros é basicamente uma questão de aparências sociais. A busca é uma experiência completamente interior. É impossível dizer, a partir de indícios externos, quem está buscando e quem não está. A sociedade não oferece distinções ou recompensas especiais para o buscador, que poderá inclusive se retirar ao total isolamento, deixando a sociedade para trás, ou, por outro lado, continuar a viver a vida numa posição elevada.
- Como a pessoa saberá que é um buscador? - indagou Percival.
- As marcas internas do buscador são as seguintes: o dar passa a ser motivado pelo amor altruísta e pela compaixão, sem desejar nada em troca, nem mesmo gratidão; a intuição torna-se um guia fidedigno para a ação, substituindo a rígida racionalidade; a pessoa vislumbra lampejos de um mundo invisível como a realidade superior; surgem sugestões de Deus e da imortalidade. Esses indícios se farão acompanhar de um crescente gosto pela solidão, da autoconfiança em vez da necessidade de aprovação social, da atividade do Ser e de uma disposição para confiar. Os padrões de hábito começarão a desaparecer. A meditação e a prece tomam-se parte da vida cotidiana. E, no entanto, ao mesmo tempo em que todas essas manifestações espirituais os afastam do mundo material, vocês sentirão, paradoxalmente, uma maior ligação com a natureza, mais conforto no corpo e uma maior aceitação das outras pessoas. Isso acontece porque o espírito não é o oposto da matéria. O espírito é tudo, e o surgimento dele na sua vida tornará as coisas melhores, até mesmo coisas que parecem ser opostas.
O Buscador acaba de nascer, e com ele determinadas mudanças no nosso comportamento.
O que mais o Mago tem a nos ensinar?
Aguardem a continuação.
Segue...
Nenhum comentário:
Postar um comentário