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segunda-feira, 31 de maio de 2010

ASTERIX

Hoje, nós vamos à França para dar uma olhada em um dos maiores sucessos na história dos quadrinhos franceses, e um dos meus favoritos pessoais, Asterix.
Você já leu Asterix?
Se você é europeu, a resposta provavelmente é sim.
Desde seu humilde início em 1961, esta série de álbuns de humor em quadrinhos foi traduzida para vários idiomas e teve sucesso em muitos países – e é possivelmente a mais bem sucedida banda desenhada francesa...
E com razão. Asterix é o melhor, é sofisticado e inteligente, com enredos intrigantes e humor inteligente - tudo sem perder o seu apelo. Basicamente, é um olhar satírico no mundo, e particularmente na França (na época conhecida como Gália), nos tempos do Império Romano - não completo e historicamente exato, mas, talvez...
Vamos apenas deixar que o enredo se resuma:

Mapa que mostra a localização da aldeia gaulesa na abertura de todas as histórias em quadrinhos de Asterix

O ano é 50 antes de Cristo. A Gália está totalmente ocupada pelos romanos. Bem, não totalmente... Uma pequena aldeia dos gauleses indomáveis ainda mantém-se contra os invasores, a vida não é fácil para as guarnições dos legionários romanos que estão nos campos fortificados de Totorum, Aquarium, Laudanum e Compêndio...

A história de Asterix é a história de uma pequena aldeia gaulesa em algum lugar sem nome, na costa da Armórica (Bretanha), a única aldeia que nunca foi conquistada pelos romanos porque esta vila tem uma arma secreta, ou seja, uma poção mágica que dá força sobre-humana a quem bebê-la.
Não é muito realista, talvez? Não, mas do ponto de Asterix não há realismo. O fato de quase todos os personagens (exceto as de pessoas históricas reais, como Júlio César e Cleópatra) possuírem nomes como trocadilhos dize-nos mais do que precisamos saber.
Seja em sua aldeia no norte da Gália, último reduto não conquistado pelo Império Romano, ou em outras partes do mundo antigo, as aventuras de Asterix, Obelix e companhia começaram a serem contadas pelo ilustrador Albert Uderzo e pelo roteirista René Goscinny em 1959. Desde então, foram 34 álbuns com histórias que viraram clássicos dos quadrinhos traduzidos em 107 línguas e dialetos, que venderam mais de 325 milhões de exemplares, na conta de seus criadores. Verdade, existe trinta e quatro álbuns de Asterix (trinta e três histórias de longa-metragem e uma coleção de histórias curtas), e só porque eu realmente quero hoje falar sobre Asterix, eu vou dar um run-down completo, com comentários e minha opinião pessoal, em todos os trinta e quatro. Antes, porém, a apresentação de alguns dos personagens.
Conheça o universo de Asterix, Obelix, do druida Panoramix e sua poção mágica e de todos os loucos romanos que insistem em conquistar aquela última aldeia gaulesa.

Quem é quem em Asterix

Asterix: o personagem que dá nome ao livro é baixinho, não possui um físico avantajado, mas é valente e destemido, é o maior herói dos gauleses. Lidera as aventuras contra os romanos e outras ameaças à sua aldeia gaulesa. É esperto e inteligente e essa inteligência e astúcia são essenciais para as bem-sucedidas missões, além da poção mágica preparada pelo druida Panoramix, que ele leva sempre em um cantil em suas aventuras. Esperto e inteligente, mas leva sempre um cantil de poção mágica em suas aventuras.
O seu nome provém da palavra asterisque (asterisco).

Obelix: é o passional e fiel companheiro de Asterix, e tem duas paixões: seu cãozinho de estimação Ideiafix e um bom prato de javali. Obelix tem uma força sobre-humana, porque quando era pequeno,um bebê, caiu no caldeirão de poção mágica preparado pelo druída Panoramix e, por isso não precisa mais tomá-la para manter sua força monumental. Fiel escudeiro de Asterix, trabalha como entregador de menires. Seu lazer predileto é uma boa briga, principalmente contra os legionários romanos.
Só pensa em duas coisas: comer javali e bater nos romanos. O seu nome provém do francês
Obelisque (obelisco) e está relacionado com o seu trabalho com menires.
Panoramix: o druída Panoramix é o druida da aldeia, o grande responsável por preparar a poção mágica que dá força sobre-humana aos gauleses, pela resistência gaulesa. É ele quem guarda a fórmula ultra-secreta da poção mágica. Além disso, é um dos principais conselheiros de Asterix e de Abracurcix, o chefe da aldeia gaulesa. O seu nome provém da palavra panoramique (panorâmico).

Idéiafix ou Dogmatix: cachorrinho de Obelix, é pequeno, mas acompanha Asterix e Obelix em quase todas suas empreitadas.

O cãozinho é famoso por sua preocupação ambiental, pois sempre reclama quando árvores são derrubadas na série.

Já era um ecologista militante desde os anos 60. Defensor da natureza, não admite que árvores sejam derrubadas.

Quando isso acontece, fica tão desesperado que Obelix acaba por plantá-las de volta para acalmar o amiguinho.Nas palavras de seu criador, Idéiafix é "o primeiro ecologista do mundo canino",
Ideiafix (no original, Idéfix).
O seu nome provém do francês ideé fixe (idéia fixa).
Abraracucix ou Matasetix: o valente chefe da vila gaulesa é corajoso, colérico e respeitado tanto pelos súditos como pelos inimigos. Seu único medo é que o céu caia sobre sua cabeça. É casado com a temperamental Naftalina, que odeia viver na aldeia.
Abracurcix (no original, Abraracurcix), o seu nome provém do original francês à bras raccourcis (braço partido), em português evoca "abra um curso".

Chatotorix ou Cacofonix: o trovador, o bardo da vila se vangloria por seus talentos musicais, mas quase sempre fica excluído das comemorações devido à sua voz desafinada.
O péssimo cantor da aldeia, mas bom companheiro é considerado o bardo mais chato de toda a Gália. Irrita todos os moradores quando toca sua harpa e canta. Muitas vezes termina amarrado em alguma árvore distante de onde os outros gauleses estão.
Chatotorix ou Cacofonix, (no original, Assurancetourix, o seu nome provém do francês assurance tous risques (seguro contra todos os riscos).
Veteranix ou Decanorix: o mais idoso habitante da aldeia é um veterano de guerra. Apesar dos seus mais de 90 anos, é casado com a jovem, bela e atraente Naftalina Veteranix (no original, Agecanonix), o ancião da aldeia, também é conhecido como Geriatrix em algumas versões. O seu nome provém do francês age canonique (idade canonica).

Júlio César: o imperador romano, principal inimigo dos gauleses, não se conforma em não ter o domínio completo da Gália, e está sempre em busca de uma solução para vencer os gauleses. Tem como obsessão conquistar aquele único cantinho da Gália que não foi subjugado pelo seu exército. Vaidoso e perspicaz, César tem sempre planos mirabolantes para atingir esse objetivo. Mas, normalmente eles vão por água abaixo graças à incompetência de seus comandados e à astúcia dos gauleses.

Automatix ou Éautomatix (no original, Cétautomatix), o ferreiro que sempre critica a qualidade dos peixes vendidos por Ordenalfabetix. O seu nome provém do francês c'est automatique (é automático).

Ordenalfabetix ou Ordemalfabetix (no original, Ordralfabetix), o peixeiro que está sempre em disputa com Automatix por causa das suas críticas. O seu nome provém do francês ordre alfabetique (ordem alfabética).

Naftalina ou Boapinta, (no original, Bonemine) é a mulher de Abracurcix, sempre arrependida de ter casado com ele. O seu nome, no original (Bonemine), vem do francês bonne mine, significando "estar em forma", "estar bem".
• O bordão de Obelix é: -"Esses... [nome do povo]... são uns loucos", sendo "romanos" o povo mais frequente.
• O péssimo canto de Chatotorix (que em livros tardios enerva os deuses e leva à chuva), é geralmente impedido por Automatix.
• Automatix reclama dos peixes de Ordenalfabetix, iniciando uma briga entre toda a aldeia.
• Obelix pede para tomar a poção mágica apesar desta ter efeito permanente nele.
• Legionários reclamarem após terem sido espancados.
• A gula de Obelix.
• Um grupo de piratas (paródia de Barbe Rouge, uma história contemporânea) que ao se encontrar com Asterix e Obelix, geralmente têm o seu navio afundado (às vezes, eles até sacrificam o seu próprio barco para evitar a surra dos gauleses).
• Chatotorix ser amarrado na hora do banquete para que não possa cantar.

Uma das bases do humor são os trocadilhos, a começar pelos protagonistas, batizados com os símbolos para notas de rodapé: asterisco (*) e obelisco (†).
Para aumentar os trocadilhos, todos os povos têm terminações comuns de nomes:
os gauleses terminam em -ix e as gaulesas em -a
os romanos em -us
normandos em -af
bretões em -ax e -os
egípcios em -is
gregos em -os e -as
vikings em -sen
godos em -ic
e hispânicos nomes compostos

Asterix e Obelix encontram muitas alusões ao século XX durante as suas jornadas.
Os godos são militaristas, lembrando os alemães dos séculos XIX e XX;
os bretões são educados, falam ao contrário (numa tradução direta do inglês, como "Eu peço seu o perdão?"), bebem cerveja quente e água quente com leite (até Asterix trazer o chá) e se conduzem pelo lado esquerdo da estrada;
a Hispânia é um local cheio de pessoas de sangue quente e turistas;
e os lusitanos são baixinhos e educados (Uderzo disse que todo os portugueses que ele conhecera eram assim).
Há também humor com franceses: os normandos comem tudo com creme, e os corsos são preguiçosos e têm queijos nauseabundos.


COMO TUDO COMEÇOU

Asterix, o pequeno guerreiro gaulês que conquistou várias gerações de leitores, celebrou seu 50º aniversário no dia 29 de outubro com um novo livro, o de número 34 da série, e deve continuar resistindo à passagem dos anos.
Tudo começou em agosto de 1959 em um edifício de Bobigny, subúrbio do leste de Paris. René Goscinny e Albert Uderzo trocavam ideias sobre novos personagens para uma revista de quadrinhos que seria lançada em outubro.
E a ideia finalmente surgiu: dois gauleses, um baixinho e outro gordo. Em duas horas, Uderzo desenhou os primeiros esboços dos principais personagens: Abracurcix, o chefe da aldeia, Panoramix, o druida, Chatotorix, o bardo, e Ideiafix, o cão. Dois meses depois, Asterix e Obelix apareciam pela primeira vez no número um da revista Pilote.
Passados dois anos, chegou às lojas o primeiro livros de Asterix, com uma tiragem de 6.000 exemplares. O sucesso foi imediato. Asterix e seus gauleses passaram a fazer parte da vida dos franceses. Em setembro de 1966, a revista L'Express estampou em sua capa o que chamou de "o fenômeno Asterix".
Goscinny, filho de uma família judia de origem polonesa, e Uderzo, filho de imigrantes italianos, criaram uma mitologia francesa.
Na França dos anos 60, Asterix se transformou em um símbolo do orgulho recuperado, do pequeno que se recusa a capitular e resiste ao poder dos maiores.
Na época, eram publicados um ou dois livros por ano. Rapidamente, a série se popularizou para além do universo infantil, criando uma legião de fãs entre jovens e adultos. Foi a época dos primeiros desenhos animados. A partir de 1967, a primeira edição de cada livro começou a ultrapassar um milhão de exemplares.
O mais surpreendente, no entanto, foi que a história fez tanto sucesso na França quanto fora dela: em 50 anos, foram vendidos em todo o mundo mais de 325 milhões de exemplares das aventuras de Asterix, e a série já foi traduzida para 107 idiomas.
Este êxito fenomenal quase terminou em novembro de 1977, quando René Goscinny, o genial roteirista que encarnava o "espírito" de Asterix faleceu subitamente.
Albert Uderzo, no entanto, decidiu continuar a série sozinho e lançou mais dez títulos em 30 anos.
No final dos anos 90, o cinema fez reviver a célebre dupla de gauleses com três longa-metragens, que juntos tiveram mais de 60 milhões de espectadores.
O sucesso de Asterix desperta ambições, e houve muitas propostas para retomar a série. No fim de 2008, Uderzo decidiu vender à Hachette Livres a editora Albert René, criada por ele em 1979.
Asterix, então, passou dos quadrinhos aos tribunais, quando o desenhista foi acionado por sua única filha, Sylvie Uderzo, que reclamou das condições da venda.
Ao vender sua editora à Hachette, Albert Uderzo, hoje com 82 anos de idade, aceitou que as aventuras de Asterix continuem depois de sua morte. Para isso, encarregou oficialmente os desenhistas Fréderic e Thierry Mébarki, que trabalham com ele há anos. Resta encontrar um roteirista que aceite o desafio de criar novas histórias para os irredutíveis gauleses.

“Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum..."
Todos os quadrinhos de aventuras do Asterix e do Obelix, esses dois simpáticos e maravilhosos gauleses, começam com esse trecho acima e com um mapa.
Nossos amigos vão passando por diversas aventuras sempre tendo como pano de fundo à roma Antiga de César e companhia.
O interessante de cada título é que aprendemos muito sobre a história antiga real através deles. Obelix, acredito que seja o personagem mais encantador. Com seu menir nas costas, com o companheiro IDEAFIX e com seu apetite por javalis, é doce e com muito bom humor, pode ser bem durão quando se trata de salvar os amigos. É, sem dúvida, o pesadelos das legiões romanas, sendo muito divertidas as passagens em que bate numa legião inteira as vezes até sozinho. Já Asterix, é astuto e inteligente, o grande pensador da aldéia além de parceiro inseparável de Obelix.
Outros personagens desta aldeia são: Chatotorix, que é o bardo chato que sempre acaba o episódio pendurado, amarrado na árvore e amordaçado, o Abracurxix que é o chefe.
Os gaulês são corajosos e adoram uma briga, mas só tem um medo:
"Que o céu caia sobre suas cabeças".

Estão entre os melhores títulos:

Asterix, O Gaulês;
Asterix entre os Bretões;
Asterix nos Jogos Olímpicos;
Asterix e o Adivinho;
A Odisséia de Asterix;
Os Doze Trabalhos de Asterix,
entre outros.

Além dos quadrinhos, suas aventuras também aparecem em filmes e desenhos animados.
O terceiro longa-metragem a chegar às telonas é “Asterix nos Jogos Olímpicos”, lançado no Brasil simultaneamente com as Olimpíadas de Pequim, na China.
O filme é baseado na história em quadrinhos homônima publicada originalmente em 1968.
O enredo mostra que, ao descobrirem que há uma competição esportiva entre gregos e romanos, a cada quatro anos, Asterix e seus companheiros ficam interessados em participar e partem para a Grécia, para desespero dos súditos de César.
Além do talento expresso nos desenhos e nos roteiros bem-humorados, o segredo do sucesso das historinhas de Asterix, o gaulês, passa pelo tema universal da vitória do mais fraco sobre o mais forte.
Jovens e adultos têm sido cativados pelas hilariantes aventuras dos habitantes de uma pequena aldeia gaulesa nos anos 50 antes de Cristo, que infernizam e ridicularizam um dos maiores e mais poderosos impérios da história.
Aventuras que consagram o espírito da rebelião gaulesa que aconteceu na mesma época liderada por Vercingétorix, que enfrentou de verdade durante quase dois anos as legiões do Império Romano chefiadas por Júlio César.

Biografia de Asterix

Asterix é um guerreiro gaulês, que no ano 50 A.C. vive numa aldeia da Armórica que resiste bravamente á ocupação de Júlio César e o Império Romano. Essa aldeia tem um druida, Panoramix, que prepara uma poção mágica que dá força sobre-humana.
Filho de Astronomix e Pralina, Asterix nasceu no mesmo dia que seu melhor amigo, Obelix (embora em Obélix e Companhia se comemore apenas o aniversário de Obelix). Ele é pequeno porém corajoso, e um dos mais sábios e sãos habitantes da aldeia (conhecida por "aldeia dos loucos"), e por isso geralmente é designado para missões. Sua idade não fora determinada, embora apenas se saiba que ele não participou da batalha de Alésia.
Asterix é solteiro, e embora não tenha sido introduzido um interesse romântico para ele (ao contrário de Obelix, apaixonado por Falbala), o gaulês aparecera por duas vezes afetado por um beijo, por Falbalá em Asterix Legionário e por Latraviata em Asterix e Latraviata.
Uma característica marcante do visual do personagem é seu capacete alado, com as asas alterando-se junto com o humor do personagem.
Fora interpretado no cinema por Christian Clavier (2 filmes) e Clovis Cornillac (um filme). Asterix é dublado em francês por Roger Carel. No Brasil, Carlos Silveira faz o personagem (exceto em Astérix et les Vikings, por Rodrigo Scarpa).


Obelix, interpretado por Gerard Depardieu, com seu cãozinho Idéiafix em cena do longa-metragem "Asterix nos Jogos Olímpicos"


Asterix e a vingança dos gauleses

Na real, as tropas romanas não tiveram muito trabalho para conquistar a Gália. Exceto pelo período em que Júlio César foi obrigado a enfrentar a rebelião gaulesa chefiada por Vercingétorix, não houve maiores problemas. Mas, não há melhor vingança do que séculos depois tornar um sucesso mundial essa história recontada sob o ponto de vista dos gauleses.
Claro que desta vez eles não só resistem como ridicularizam o domínio romano. Para deixar isso evidente, todas as historinhas de Asterix começam mostrando a desproporção de forças entre os irredutíveis gauleses e as legiões romanas. Numa Europa ocupada por milhões de súditos de César, resta uma ínfima aldeia a ser conquistada. Não por acaso, ela foi geograficamente localizada pelos criadores de Asterix, Alberto Uderzo e René Goscinny, na Britânia, uma região historicamente rebelde, de tradições separatistas e cheia de lendas sobre magias e heróis aventureiros, como a do Rei Arthur.
É nessa aldeia que vive Asterix, um baixinho e astuto guerreiro gaulês, que tem como companheiro inseparável Obelix, um carregador de menires de força sobre-humana que adora uma boa briga e javalis assados. O segredo da resistência gaulesa vem de uma poção mágica criada pelo druida Panoramix que faz com que Asterix e seus companheiros fiquem muito mais fortes do que seus adversários. As vítimas mais rotineiras deles são os legionários das quatro guarnições romanas que ocupam os campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum, no entorno da aldeia.
O humor refinado das historinhas vai das brincadeiras com a linguagem até citações que misturam fatos e personagens históricos com situações e comportamentos contemporâneos.

Em “Asterix e Cleópatra”, as falas dos egípcios são retratadas nos balõezinhos em hieróglifos, às vezes “dublados para comodidade dos leitores”.

Em “Obelix e Companhia”, o plano romano para conquistar os gauleses é ocupá-los o tempo todo para que eles fiquem sem tempo para lutar. O plano foi traçado por Caius Saugrenus, um personagem romano igual ao então prefeito de Paris Jacques Chirac, quando a historinha foi escrita.
Ele prevê que os gauleses forneçam incessantemente menires para o Império Romano. Mas, a idéia vai por água abaixo quando há uma saturação de menires e seu preço despenca, obedecendo às leis de oferta e procura do mercado.

Cena do filme "Asterix nos Jogos Olímpicos": os longas-metragens apesar de baseados nos quadrinhos têm focado o público infantil

As narrativas sempre trazem também uma crítica bem-humorada aos comportamentos, principalmente aos modismos. Nos quadrinhos “O Combate dos Chefes”, o chefe gaulês Tomix aderiu completamente aos romanos e exige que todos os aldeões usem toga e cabelo curto. Para ter mais pinta ainda de romano, ele pensa em construir um aqueduto. Mesmo que para justificar ter esse símbolo arquitetônico romano tenha de desviar o rio que já atravessa a aldeia. Em “O Domínio dos Deuses”, Júlio César refere-se a si mesmo sempre na terceira pessoa, o que causa uma divertida confusão em suas comunicações com os súditos.
Com esses elementos, os quadrinhos de Asterix são um sucesso internacional desde os anos 60. Ao atingir uma popularidade comparável a de personagens da Disney ou aos super-heróis norte-americanos, Asterix ajudou a fortalecer a identidade cultural dos franceses. Mas, mais do que isso, as historinhas mesmo situadas no mundo antigo, décadas antes de Cristo, mostram heróis, personagens e situações que ironizam valores e atitudes do mundo contemporâneo de uma forma otimista e divertida.


Algumas das melhores historinhas de Asterix

Não é fácil selecionar quais são as melhores histórias em quadrinhos de Asterix. Mas, para começar podemos situá-las entre aquelas escritas por René Goscinny. Foram 23 roteiros completos, desde “Asterix, o Gaulês”, de 1961, até “Obelix e Companhia”, de 1976. Quando morreu em 1977, Goscinny estava escrevendo “Asterix e os Belgas”, que foi finalizado por Uderzo e lançado em 1979.

Seqüência de "Asterix e Cleópatra": a fala dosegípcios parece como hieróglifos nos balõezinhos


Em “Asterix e Cleópatra”, uma aposta entre a rainha do Egito e o imperador romano Júlio César leva Asterix, Obelix, Idéiafix e Panoramix para Alexandria. Para provar a capacidade dos egípcios, Cleópatra promete a César a construção de um palácio em sua homenagem em três meses. O arquiteto Numeróbis fica encarregado do feito e, para evitar que seja lançado aos crocodilos caso falhe, acaba por recorrer ao seu amigo Panoramix. O divertido pastiche histórico habitual em Asterix mostra nesta historinha a inserção de questões trabalhistas modernas no sistema de trabalho do Egito antigo. Assim, as chicotadas nos trabalhadores obedecem a um sistema de turnos e revezamento e uma greve é feita para reivindicar a diminuição do número de chicotadas. Outras piadas históricas incluem a perda de parte do nariz da Esfinge após Obelix tentar escalá-la e a frase de Panoramix parodiando Napoleão: “Do alto dessas pirâmides, Obelix, vinte séculos nos contemplam”.
Em “Asterix e os Bretões”, a historinha começa com Júlio Cesar indo com toda sua frota e exércitos conquistar a Bretanha. Apesar de bravos guerreiros, os bretões mantinham hábitos excêntricos, como parar a batalha todos os dias às cinco da tarde para tomar água quente com tostadas ou descansarem dois dias a cada sete, no que chamavam de fim de semana. Assim, a sagacidade de Júlio César o levou a atacar os bretões apenas após as cinco da tarde e nos dias em que eles repousavam. Isso fez com que a Bretanha fosse quase que inteirinha dominada pelos romanos. Quase, porque uma ínfima aldeia resiste aos ataques.


Goscinny
Para ajudá-la resolvem recorrer a seus amigos gauleses, do outro lado do canal da Mancha.
Algumas das piadas giram em torno do modo de falar rebuscado dos bretões e de sua elegância, o que inclui roupas de tweed e o hábito de “sacudir as mãos” para se cumprimentarem.
Entre as típicas trapalhadas romanas sempre presentes, uma delas mostra os legionários confiscando e experimentando a bebida de todos os barris das adegas de Londinium para tentar encontrar a poção mágica dos gauleses.

No final, toda a tropa fica embriagada.

As piadas incluem também o fog londrino, a má culinária dos bretões e uma aparição dos bardos mais famosos da época, numa clara referência aos Beatles.

Em “O Domínio dos Deuses”, o plano de Júlio César para finalmente derrotar os irredutíveis gauleses é a construção de um supercondomínio de luxo rodeando a aldeia. Algumas das cenas mais engraçadas se concentram nas atrapalhadas tentativa dos romanos de derrubarem a floresta no entorno da vila gaulesa para iniciarem as obras. Tendo à frente o arquiteto Compassus, contramestres e escravos iberos, lusitanos, númidas, belgas e godos são enviados para iniciarem o trabalho de retirada das árvores.

Albert Uderzo

Escoltados pelas legiões romanas locais que, calejadas de apanharem dos gauleses, os orientam a fazerem o mínimo de barulho para não terem sua presença notada.

Os exóticos comportamentos e a malandragem dos escravos constroem cenas antológicas onde os romanos acabam sempre ridicularizados.

Esses são apenas alguns exemplos de como as aventuras de Asterix trazem divertidas ironias, que criticam do imperialismo aos modismos.

Cheias de referências que remetem o leitor a outros conteúdos culturais, as historinhas criadas por René Goscinny e Alberto Urdezo figuram entre as mais inspiradas obras das histórias em quadrinhos.

Mas só lendo para entender o quanto elas são divertidas.


Asterix nos Jogos Olímpicos, o filme
“Asterix nos Jogos Olímpicos” chegou aos cinemas como o terceiro longa-metragem que transporta as aventuras de Asterix dos quadrinhos para as telonas com atores de verdade. A historinha em que o filme se baseia, lançada originalmente em 1968, foi a quinta aventura de Asterix desenvolvida por Goscinny e Uderzo.
O argumento mostra que, ao descobrirem que há uma competição esportiva entre gregos e romanos a cada quatro anos e ficarem interessados em participar dela, Asterix, Obelix e os moradores da aldeia têm de assumir sua face galo-romana, pois só romanos e gregos podem competir nos Jogos. Mas há mais um detalhe importante, os gauleses não poderão tomar da poção mágica de Panoramix para competir.
Com participações especiais de Michael Schumacher e Zinedine Zidane, o filme traz o ator Clovis Cornillac como Asterix, Gerard Depardieu como Obelix e Alain Delon como Júlio César.

A direção é de Frédéric Forestier e Thomas Langmann, que após as primeiras críticas negativas em relação ao filme justificou que o público-alvo da produção são as crianças e não os adultos.

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