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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O PERÍODO LA TÈNE

O segundo período é designado como “Período de La Tène”, entre 450 e 50 AC (período das civilizações clássicas grega e romana) no qual ocorreram mudanças significantes na cultura e tradições celtas. O nome “La Tène” vem de uma aldeia perto do lago de Neuchatel, na Suíça, onde foram feitas descobertas, desta vez de habitações construídas sobre estacaria e de espadas de ferro, assim como outros itens deste período. Por alguma razão os celtas abandonaram os fortes nas colinas de Hallstatt e emergiu uma nova sociedade guerreira. A cultura celta predominante encontrava-se no norte dos Alpes.





Os celtas eram pessoas competentes no fabrico de armas como espadas, e também inventaram a chain mail. Ficaram conhecidos pelas suas capacidades guerreiras por entre as culturas vizinhas, e eram frequentemente contratados como mercenários. Mesmo alguns faraós egípcios escolhiam celtas para mercenários ou guarda-costas. A bravura dos Celtas em batalha é lendária. Eles desprezavam com frequência as armaduras de batalha, indo para o combate de corpo nu.

Ao que parece também foi nesta época que os druidas, como sacerdotes, xamãs, conselheiros, juízes e cronistas, começaram a ganhar importância na sociedade, havendo um incremento do interesse pelo estudo, e surgiram novas formas de arte. Os Celtas transmitiram a sua cultura oralmente, nunca escrevendo a sua história ou os seus fatos. Isto explica a extrema falta de conhecimento quanto aos seus contactos com as civilizações clássicas de Grécia e Roma. Os Celtas eram na generalidade bem instruídos, particularmente no que diz respeito á religião, filosofia, geografia e astronomia. Há no entanto uma ideia consistente sobre os Druidas, de que o culto pode ter sido confinado às ilhas britânicas e em grande parte da Gália, podendo ter sido desconhecido pela maior parte dos celtas continentais da Idade do Ferro. Também havia igualdade entre homens e mulheres na sociedade Celta, nomeadamente em termos de cargos e desempenhos. As mulheres tinham uma condição social igual á dos homens sendo muitas vezes excelentes guerreiras, mercadoras e governantes.


A cultura guerreira estava contudo no coração da sociedade celta, como as sagas heróicas de registos antigos da Irlanda. Como resultado parcial das guerras, muitas tribos celtas migraram de uma região da Europa para outra. Desde a sua terra-natal na Europa Central espalharam-se para oeste na França (leste) e ilhas britânicas, para sudoeste em direcção á Ibéria, para sul, em direcção á Itália, estabelecendo-se no Po Valley, e também para a Alemanha, Áustria e Bohemia (posteriormente para os Balcãs e Ásia Menor). Com as expansões tribos antigas tornaram-se celtas, incluindo os Helvetii, na Suíça, os Boii, na Itália, os Averni, na França, os Scordisci, na Sérvia, e os Belgae, a norte da Gália e no sul da Grã-Bretanha em tempos imediatamente pré-romanos.


A cultura celta era muito tribal e muitos dos nomes das tribos chegaram até nós.
Em 390 AC, os guerreiros celtas gauleses, liderados por um certo Brennus, invadiram a Itália e conquistaram a própria Roma. Claro que na altura Roma não estava sequer perto de ser um império. É dito que os celtas pilharam a maior parte da cidade e destruíram muitos registos escritos romanos, apagando toda a História da civilização até à data (razão pela qual muita da história romana até aí é meio lendária, pois teve que ser reescrita). Demorou 7 meses para que os celtas deixassem a cidade, e foi só porque se fez um acordo segundo o qual os romanos pagariam um resgate, que não era menos que o peso de Brennus em ouro, que famosamente exclamou “vae victis”, que significa “mágoa aos vencedores”. Instalaram-se então no Po Valley, que se tornou a Gália Cisalpina.

Muitas batalhas entre os celtas e romanos seguiram-se durante o período de La Tène, contudo um evento notável foi sem dúvida a invasão celta à Grécia. Em 279 AC, os celtas invadiram a Grécia até Delphi, o maior altar grego, e saquearam o templo. Regressaram com perdas terríveis, contudo, ao que parece, acabaram por se separar e alguns decidiram atravessar a Anatólia (agora Turquia) e instalar-se como uma espécie de reino em volta da moderna Ankara. Os gregos designaram-nos “galatae”, acabando por ser essa a fonte do nome que foi dado á terra: “Galatia”. São estes os galatianos do Novo Testamento.



Em cerca de 200 AC, os celtas ocuparam uma vasta região da Europa, que atravessava da Holanda e Bélgica às ilhas britânicas e Irlanda, passando pela França, Alemanha, Suíça, à Espanha e pelos Alpes no norte de Itália. Mas mais cedo ou mais tarde a sua expansão foi interrompida pelos romanos, que depois começaram a atacar os celtas na Espanha (os celtiberos).

Durante os três últimos séculos AC a expansão romana foi gradualmente subjugando todo o mundo celta continental, excepto nas zonas do Reno e do Danúbio, que foram cedo invadidas por um novo grupo de bárbaros: os germanos. Em 58 AC, o bem conhecido Júlio César começou a sua conquista na Gália (nome dado pelos romanos aos territórios celtas na França, Alemanha e norte de Itália), já tendo começado a conquistar os celtas do norte de Itália, por batalhas que ficaram conhecidas como as Guerras Gaulesas. Estas terminaram numa total derrota dos celtas gauleses, assim como das tribos belgas, que possivelmente tinham tanto origem celta como germânica. A guerra teve o seu auge na batalha de Alésia, em 52 AC, onde Júlio César derrotou Vercingétorix, um celta que foi um dos primeiros a unir as várias tribos da Gália.

Em 51 AC as Guerras Gaulesas terminaram, assim como o período de La Tène da História celta, começando a romanização das tribos celtas, que extinguiu o estilo de vida e a língua celta, passando-se a falar dialectos latinos ancestrais aos actuais espanhol, francês, português, catalão, etc.

No séc III DC, os celtas do sul da Alemanha foram invadidos pela confederação das tribos germânicas, designados por Alamanni. Desde então passaram-se muitos séculos, com muitas invasões posteriores em terras celtas, contudo a cultura celta nunca foi eliminada da Europa e sem dúvida continuará a prosperar no próximo milénio.

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