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quarta-feira, 29 de julho de 2009

QUEM FOI ARTHUR?


Ambrosius Aurelianos. Talvez essa seja a verdadeira identidade do rei predestinado por um mago, abençoado ou amaldiçoado por fadas e fiel a Jesus Cristo.
Para entender atributos tão excêntricos, é preciso recuar mais de dois mil anos no tempo e saber que as Ilhas Britânicas já foram muito disputadas por povos de diversas origens.
Quando Júlio César ali chegou, faltavam ainda 56 anos para o nascimento de Cristo.
As legiões romanas comandadas por aquele grande general enfrentaram, além do mau tempo, habitantes orgulhosos de suas tradições – os bretões.
Duzentos anos antes os bretões, um povo celta, haviam migrado do continente para aquelas ilhas inóspitas, onde se refugiaram do crescente domínio de Roma.
Mas a expansão do Império Romano iria alcançá-los também ali.
De qualquer forma, as Ilhas Britânicas eram muito distantes da capital do Império, que, enfraquecido por problemas internos, preocupava-se agora com os povos germânicos que lhes invadiam as fronteiras.
A Grã Bretanha ou Britannia, como a chamavam os latinos, foi então esquecida.
Não se pode dizer, entretanto, que os bretões foram deixados em paz.
O domínio romano fora também a garantia contra invasores talvez mais inconvenientes. Valendo-se da agonia de Roma, ali desembarcaram hordas germânicas e escandinavas – saxões, anglos, frísios e jutos – numa verdadeira onda migratória que durou até o século VII.
E mais uma vez os bretões foram desapropriados.
Empurrados para a Cornualha, para a região do País de Gales e para a Ilha de Eire (nome celta da Irlanda), tiveram poucas chances de resistir.
Alguns valentes, no entanto, levantaram-se contra os invasores.
Vortigern, Hengist, Horsa, Port, Cerdic e “o último dos romanos”, Ambrosius Aurelianos, são alguns dos heróis da resistência aos anglos e saxões de que temos notícia. Foram todos derrotados.
Mas sua atitude destemida diante de um inimigo muito superior tornou-os legendários.
Dentre todos, destacou-se Ambrosius Aurelianos, talvez descendente de uma família romana aristocrática, que lutou ao lado dos bretões.
Seus feitos transmitidos oralmente de geração para geração, tomaram proporções fabulosas, dignas de um deus.
Muito tempo depois, quando a cultura celta passou a ser registrada por escrito, Ambrosius, o personagem histórico, já era mencionado sob o nome de Artor, e referido como entidade divina.
O cristianismo que desde de 312 era a religião oficial do Império Romano, foi introduzido na Inglaterra no século VI.
Evangelizados pelos missionários, os bretões, a princípio, não abandonaram suas crenças, e , por algum tempo, os elementos da fé cristã e celta conviveram em seus espíritos.
É dessa forma, por exemplo, que o Caldeirão da Abundância, do deus druída Dagda, deu lugar ao cálice sagrado de Cristo – que têm, ambos, o poder de nutrir com as melhores iguarias e iluminar espiritualmente.
A partir da Idade Média, as versões sobre a origem de Artur apresentam-no como descendente de Constantino I, o soberano que converteu o Império Romano ao cristianismo.
A história de Artur, afinal, é a história de um povo subjugado e incorporado à cultura de civilizações materialmente superiores.
Mas os celtas eram poetas e acreditavam na imortalidade da alma.
Portanto, eles venceram: Artur sobrevive como um dos mais poéticos personagens da literatura de aventura de todos os tempos.

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