TÁ MÍLE FÁILTE ROIMH - YN FIL O WEILHAU CROESO - ARE A THOUSAND TIMES WELCOME - SEJAM MIL VEZES BEM VINDOS

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A ORIGEM DE MORGANA E A SUA OUTRA FACE

A origem de Morgana


Desde os autores da Idade Média até aos da literatura contemporânea nada se apresenta mais controverso do que a figura de Morgana, onde em algumas versões ela é tida como a grande vilã no enredo enquanto outros designam a ela o papel de fundamental aliada de Arthur.
No principal documento que a cita historicamente, a saber o livro intitulado "Vita Merlini ( Vida de Merlin ) de autoria de Geoffrey of Monmouth ( 1100 - 1155 ) , Morgana é apresentada como uma das nove irmãs que governavam um mágico lugar a que chamavam ´´ ilha de maçãs´´ e que homens conheciam pelo nome de "A Ilha Afortunada" ( o mesma é citada em ´´ Navigatio Sancti Brendani´´ por São Brandão na narrativa de suas lendárias viagens aum Paraíso Perdido ) pelo fato de que ali a Mãe Natureza nutria seus habitantes com tamanha abundancia que nem havia necessidade de cultivar a terra e nela passar o arado.
Morgana é aqui chamada de ´´Morgen´´por Geoffrey , sendo descrita por ele como tendo notável beleza, extraordinários conhecimentos e incríveis poderes de mudar a sua própria forma. Seria ela uma espécie de líder e mentora de suas irmãs. Porém, a importância que dá a ela no ´´Vita Merlini ´´é secundária já que o texto concentra mais em falar de Merlin ( praticamente só um parágrafo é gasto para menciona-la ) que encerra uma espécie de trilogia que deu inicio com ´´Prophetiae Merlini´´ ( Profecias de Merlin ) e passa por ´´ Historia Regum Britanniae ´´ ( Histórias dos Reis da Britania ).
Posteriormente a mesma personagem com certas mudanças é citada com um pouco mais destaque como ´´Morgawse´´ ( vemos outros autores menos renomados a chama-la também de ´´ Anna´´ ) por Sir Thomas Malory ( 1405-1471 ) em seu livro ´´Le Morte d´Artur´´ onde é compilado para o francês as sagas arturianas. Porém, seja qual fosse o nome o fato é que Morgana e outros personagens femininos figuram como secundários em face Arthur , Merlin e os Cavaleiros da Távola Redonda.
Tempos depois já no século XX a escritora norte-americana Marion Zimmer Bradley ( 1930-1999 ) tem a iniciativa de criar uma versão sob o ponto feminino das lendas arturianas em seu livro ´´ As Brumas de Avalon ´´ onde Morgana é finalmente elevada a condição de quase personagem central da estória só que assumindo a alcunha de ´´Morgana Le Fey´´ no enredo.

A outra face de Morgana

Ocorre que seja como Morgen, Morgawse, Anna, Morgana Le Fey ou qual for o nome , tomada como personagem principal ou mero coadjuvante na trama bem como também encarando seu papel como vilã ou heróina na vida de Arthur , o fato é que toda esta narrativa não passa de uma espécie de ´´releitura´´ de lendas bem mais antigas.
Nesta perspectiva, centrando a obra de Geoffrey of Monmouth como grande paradigma na criação da mitologia arturiana, pelo o qual outros escritores vieram depois para se inspirar pelos século afora, a tese mais aceita é que ele fez uma versão ´´franco-normanda ´´ de mitos célticos e o mesclou com ficção histórica, ou seja, pegou lendas ancestrais e procedeu uma ´´revisão´´ nos eventos históricos de modo que lendas e fatos se misturassem como sendo uma só coisa.
Seja quem fosse a Morgana como personagem histórica, partindo é claro do pressuposto que ela tenha de fato existido, não resta dúvida que Morrigan ( ou se muito a sua versão galesa como ´´deusa Gwyar´´ ) é a principal base de inspiração para Geoffrey compor a personagem.
Evidências que comprovam esta ascendencia mítica sobre Morgana são inúmeras que vão desde sua descrição física , seus poderes e atitudes que são bem típicos daqueles vistos em Morrigan. Leia-se , por exemplo, o poema ´´Morgan le Fay ´´ de autoria de Madison Julius Cawein ( 1865 -1914 ) e vejam se ´´a sombra de Morrigan´´ não aparece lá :

De Samito * era feito o seu leito,
No seu cabelo um aro de ouro,
Como luminescência orgânica, no amarelo-torrado da luz do luar,
Era luzente e fria.
Com olhos cinzentos claros, ela olhava ameaçadora e fixamente;
Com lábios vermelhos claros cantava uma canção:
Qual era o cavaleiro que ao olha-la,
Não a receava?

Obs : *samito era uma espécie de tecido pesado de seda usado na Idade Media

Nenhum comentário:

Postar um comentário